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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Melhor e o Pior da Semana (15 à 28/1)



   O MELHOR DA SEMANA   


Dois Irmãos


Apesar de o estilo de Luiz Fernando Carvalho dividir opiniões (para seus amantes, um defensor da arte; para seus detratores, exagerado e repetitivo), o diretor soube produzir uma adaptação fiel à obra original de Dois Irmãos. Diminuiu-se o tom lúdico e os figurinos excessivamente exóticos e aumentou o pé na realidade, visto na constituição da Manaus entre os anos 1920 e 1980, traduzida em belos cenários e fotografia deslumbrante. O tom barroco permaneceu, mas dialogou perfeitamente com a época e a trama em si. Com isso, não afugentou o público um tanto avesso às novidades e sem precisar abrir mão da qualidade para isso. Não há dúvidas de que Dois Irmãos foi uma verdadeira obra de arte na TV.

Dois Irmãos também teve o mérito do texto afiado. A trama, adaptação de Maria Camargo da obra de Milton Hatoum, foi intensa, inquietante, cheia de elementos capazes de fisgar o público. A saga dos gêmeos Omar e Yaqub traduziu a eterna luta do bem e do mal e a dicotomia das relações humanas. Trata-se de uma saga bíblica, desde Caim e Abel, colocando irmãos em pontos opostos, vértices de uma disputa eterna. Aqui, a distância entre Omar e Yaqub pode ter sido construída ainda na infância, com a escolha meio inexplicável da mãe entre um e outro. Zana cuidou de Omar, o protegeu e o escolheu para ficar ao seu lado quando precisou separar os irmãos, mandando Yaqub para o Líbano. O tempo e a distância, no entanto, não fizeram diminuir a rivalidade entre ambos, muito pelo contrário, gerando novos conflitos e tragédias. Ou seja, um drama familiar e humano cheio de camadas, e é impossível o público ficar indiferente.

Houve quem acusasse Dois Irmãos de ser lenta, arrastada ou enfadonha. Concordo com o lenta, mas discordo veementemente do arrastada e enfadonha. Dois Irmãos andou ao seu próprio ritmo, com pausas e sinalizações herdadas da literatura, mas que destoam do ritmo veloz da TV de hoje, daí a estranheza. No entanto, tais pausas e contemplações foram fundamentais para que o público criasse seus laços com os personagens e as situações, compreendendo seus movimentos. Neste contexto, Dois Irmãos mandou um recado claro para a audiência: não importa se o ritmo é lento ou veloz, desde que haja uma história e um motivo claro para determinar qual o melhor tom da velocidade. Precisamos ir além da atual máxima que prega que apenas obras com ritmo de YouTube ou de séries americanas fazem sucesso nos dias de hoje.

Isso sem falar no incrível trabalho dos atores, sendo impossível apontar quem foi melhor. Antonio Fagundes (Halim), Eliane Giardini (Zana), Juliana Paes (Zana), Irandhir Santos (Nael), Antonio Calonni (Halim), todos tão plenos, viscerais e entregues ao enredo e donos de grandes momentos. O jovem Matheus Abreu foi uma grata revelação. E Cauã Reymond, surpreendentemente, mesmo com uma imagem um tanto saturada depois de tantos trabalhos repetitivos seguidos, mostrou seu melhor momento na TV. Omar e Yaqub eram distintos e o trabalho do ator deixou isso bem claro ao público. Os momentos finais da minissérie foram todos de Fagundes (principalmente na excelente e emocionante sequência da morte de Halim), Cauã (se destacando no repulsivo momento em que Omar agrediu e xingou o pai morto) e Eliane (interpretando com precisão toda a decadência de Zana após a morte do marido e seu processo de agravamento da loucura). Como toda regra sempre tem uma exceção, Bárbara Evans (Lívia) já é uma forte candidata ao título de pior atriz do ano. Sua única cena revelante em toda a minissérie foi quando fez sexo com o personagem do Cauã. Também achei surreal o Irandhir Santos ser filho do Cauã Reymond. Poderiam ter envelhecido o Cauã com uma boa maquiagem ou então terem chamado um ator mais novo para viver Nael. Mas o talento do Irandhir compensou tamanho erro de escalação na passagem de tempo. De qualquer forma, Dois Irmãos encerrou sua trajetória abrindo a programação 2017 da Globo com chave de ouro.

Pesadelo na Cozinha


Nesta semana, a Band estreou Pesadelo na Cozinha, sob comando de Erick Jacquin, onde o jurado do MasterChef agora enfrenta as agruras dos donos de restaurantes que vão de mal a pior. Nesta estreia, o chef conheceu o escondidinho da Amada. Porém, o maior problema não residia no estabelecimento comercial em si, mas em Fernando, o marido de Amada. Jacquin encarna a figura de Supernanny dos restaurantes. Ele observa o movimento, percebe os pontos fracos e, em um receituário, passa sugestões para o incremento do local. Cris Poli fazia o mesmo com os pais das crianças. E, em muitas oportunidades, os filhos não eram o real problema, mas sim os pais que escreveram para o programa do SBT. E isso aconteceu no Pesadelo da Cozinha. A convivência nada pacífica de marido e esposa no ambiente de trabalho prejudicava todo o resto. E, nos momentos finais, um final feliz apareceu. Restaurante reformado. Novo menu. Amada e Fernando em clima de respeito mútuo. O programa apresentou um bom ritmo. Jacquin comanda com sobriedade sem humilhar os socorridos (ao contrário do que rola no MasterChef).

Tardes de domingo da Globo


Em sua segunda temporada, o ótimo The Voice Kids agora conta com o comando de André Marques no lugar do Tiago Leifert. André atinge o objetivo de entrelaçar o show do palco com a tensão dos bastidores. A substituição não prejudicou o ritmo do talent show. Thalita Rebouças também é outra novidade. Ela cumpre a função de assistente no programa. E muito bem, por sinal. O júri é a grande base para a competição. Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e a dupla Victor e Leo formam uma boa bancada (apesar de já não aturar mais ver a cara do Carlinhos nos dois realities). Eles têm a preocupação de passar incentivo até para aqueles eliminados da disputa. O telespectador fica encantado com o show das crianças e jovens. The Voice Kids tem o mérito de valorizar o cancioneiro nacional. É rara a aparição de músicas em inglês ou espanhol. Menos de 20% do repertório. Os jurados claramente escolhem uma voz "kid". Eliminam de supetão os(as) candidatos(as) que cantam como adultos. E isso é certíssimo. A Globo acertou na grade de programação. A divertidíssima Nova Escolinha do Professor Raimundo e o The Voice Kids formam uma boa dupla para se assistir durante o almoço nas tardes de domingo da Globo. Ótima opção para quem procura QUALIDADE e não apelação.

Volta do Tá no Ar - A TV na TV


E o Tá no Ar  voltou com tudo, mostrando que Marcelo Adnet, Marcius Melhem e companhia estão cada vez melhores na função de transformar o efeito zapping numa divertida e esperta paródia do cotidiano nacional. Seja emulando programas conhecidos, parodiando comerciais ou simplesmente exercitando o melhor do besteirol, Tá no Ar segue como o melhor programa de humor da televisão brasileira na atualidade. No atual contexto político nacional, o que não faltam são assuntos que podem ser tratados de maneira crítica, irônica e, ao mesmo tempo, engraçada. Isso pôde ser visto nesta estreia com a chamada do filme "A Dama da Delação", atração do "canal Brasília". No enredo, muita sacanagem, ou seja, esquema de corrupção, tudo sendo gravado por uma moça, digamos, saliente. Ótima sacada! Outra esquete divertida parodiava o comercial de um supermercado do Rio de Janeiro, onde um animado garoto-propaganda anunciava demissões em massa num momento de crise ("Recessão, não tem contratação!"). E a atração colocou o dedo na ferida de maneira contundente ao parodiar o comercial do Banco do Brasil, com o slogan "Branco no Brasil: há mais de 500 anos levando vantagem". Bingo!

Tá no Ar atira para todos os lados e não perdoa grupo nenhum, como foi visto na esquete "Crentes", uma brincadeira com o seriado Friends, mas formado por um grupo de evangélicos. No canal ao lado, Silvio Santos segue com seus "greatest hits" e canta sua própria versão de "Bem que se Quis", cuja letra comemorava o fato de ele ter dito Jequiti na Globo sem ser notado. Impagável! Outra qualidade do Tá no Ar é saber manter quadros fixos sem cansar. Estão de volta sucessos como o "Jardim Urgente", sempre denunciando conflitos provocados por crianças (e o indefectível "Foca em mim!", besteirol que parece não perder a validade), ou o militante esquerdista, personagem de Marcelo Adnet que repete as mais variadas teorias da conspiração contra "a réde Glóbo de televisão". Novidade da última temporada, o Te Prendi na TV, paródia de programas de João Kleber, segue no ar, desta vez tentando descobrir quem é a celebridade oculta. "Será o Celso Portiolli?", perguntou o apresentador à sua animada plateia. Ver a Sandy relembrando os velhos tempos da série Sandy e Júnior e falando um monte de palavrões não teve preço!

Se continuar tão inspirado assim, Tá no Ar terá vida longa. Sorte a nossa!


     O PIOR DA SEMANA     


Tom didático do Amor e Sexo



A maior qualidade do Amor e Sexo é justamente conseguir tocar em assuntos importantes de uma maneira leve, divertida e para desmistificar alguns temas. Porém, infelizmente, na estreia da sua décima temporada, o programa pesou a mão. O tom adotado para debater feminismo e a questão de gêneros, por exemplo, foi de um tremendo didatismo. O entretenimento ficou em segundo plano (quiçá, em terceiro). Não adianta pensar que o formato de programa de auditório é capaz de popularizar discussões mais sérias e aprofundadas. Não funciona. Os melhores momentos do programa foi, justamente, quando deixou de lado o tom pseudo-educativo e partiu para as brincadeiras e opiniões aleatórias e para a galhofa. Fica muito mais divertido. Fernanda Lima é linda, simpática, divertida e comanda muito bem o Amor e Sexo. Espero que o programa volte a equilibrar entretenimento e informação nos próximos episódios, como sempre fez tão bem.

Descaso do JN com a morte de Russo


Tudo bem que o Russo nos últimos tempos estava brigado com a Globo, mas o Jornal Nacional ignorar a sua morte na edição deste sábado (28) foi algo grotesco. Não estou falando nem de fazerem uma homenagem, mas a questão é que não houve nenhum comentário sequer a respeito, nada. O Russo é só o maior e mais famoso assistente de palco da história da TV brasileira, já tendo trabalhado com Chacrinha, Angélica, Xuxa, Faustão e Luciano Huck. Não merecia esse descaso. Atitude lamentável e desrespeitosa!

Nova temporada de Cidade dos Homens


Para quem acompanhou a série que marcou os anos 2000 na TV, foi decepcionante essa sua reeleitura. Na prática, a nova temporada de Cidade dos Homens (que mostrou que rumo tomaram as vidas de Acerola/Douglas Silva e Laranjinha/Darlan Cunha dez anos após a conclusão da série original) nada mais foi do que um prato requentado, com passagens das temporadas anteriores sendo relembradas ao longo dos três episódios iniciais, onde apenas o quarto e último teve uma história totalmente inédita. Sem falar também que deixaram de lado todo o (ótimo) tom documental em mostrar a realidade da favela, marca registrada da série, para dar lugar a uma trama pra lá de melodramática: uma enorme quantia de dinheiro do traficante do morro é encontrada, levando ao dilema de devolver ou não, já que o dinheiro salvaria a vida do filho de Laranjinha, que tem uma doença grave e precisava ser operado urgentemente. Esperava mais...

Sem Volta


A Record tentou, mas não foi desta vez. Sem Volta prometeu, entrou com fôlego em seu primeiros capítulos no roteiro e em outros aspectos, mas tropeçou e não empolgou. Com overdose de violência nos episódios, cenas de ação que pareciam terem sido criadas só para enrolar e não levavam a história para lugar nenhum, flashbacks fracos e confusos, distribuídos em um enredo parado em poucas ambientações (o que não deu ideia de movimento), Sem Volta se mostrou cansativo na maior parte dos seus 13 episódios. De modo geral, Sem Volta perdeu seu potencial, passou despercebida e deve fazer jus ao nome, talvez até para produções similares.

A Lei da Incoerência e do Dramalhão


Sabe uma velha senhora chamada coerência? Ela anda passando bem longe de A Lei do Amor, que parece ter aderido de vez ao mantra de Glória Perez em Salve Jorge: "vamos voar!". Além da eliminação sem controle de alguns personagens que mereciam ficar na trama e a chegada de outros que inexplicavelmente brotam do nada na história, um dos últimos absurdos se centraliza na volta da Isabela (Alice Weigmann), que, dada como morta depois de ser jogada de uma lancha no mar, reaparece vingativa como Marina. Até ai, ok. O problema é o fato de vários personagens que conviveram com a Isabela sequer acharem a Marina parecida com ela, com exceção de Tião (José Mayer), o único ser que mostrou ter mais de dois neurônios. Jura que bastou pintar o cabelo da menina de preto, tirarem a franjinha característica, enfiarem um óculos de grau E NINGUÉM RECONHECEU ELA?! Tá, né...

E tudo só piorou no capítulo da última terça (24). Magnólia (Vera Holtz) foi desmascarada diante de todos, tendo seu caso de mais de 20 anos como o genro Ciro (Thiago Lacerda) exposto durante uma exposição. A vilã foi xingada, humilhada, estapeada pela filha, jogada no chão pelo Fausto (que, mesmo doente, sabe-se lá como encontrou tanta força para derrubá-la, mas tudo bem) e ainda levou um soco de Tião. Ufa! Lembra daquelas grandes sequências de revelações bombásticas em família ou em festas na fase de ouro das novelas do Manoel Carlos (como quando Clara revelou pra todo mundo que Capitu era prostituta em Laços de Família)? Então... Não chegou nem perto! Do início ao fim, o exagero deu o tom do capítulo. A fraca direção, o texto pra lá de mexicanizado e os cortes que iam acontecendo deixou tudo muito anticlímax: começou intensa e, de tanto enrolar, terminou morna e bem fraquinha. Mas o pior ainda estava por vir. No final do capítulo, Fausto teve algum tipo de ataque que atingiu todos os índices da cafonice. A cena continua com ele moribundo, deitado na cama, já próximo da morte, com toda a sua família em volta. Fraco, o personagem tem tempo de se despedir de um por um. E enquanto isso acontece, ninguém teve a brilhante ideia de chamar um médico ou uma ambulância para tentar salvar a vida do homem. Ficaram lá, esperando a Dona Morte levá-lo. Afinal, Fausto estava superbem há apenas alguns instantes e, repentinamente, sofreu um problema. Como diria uma certa pensadora contemporânea, gente velha é um perigo, morre por qualquer coisinha... E assim encerra-se a participação de Tarcísio Meira em A Lei do Amor. Ele, que passou a maior parte do tempo deitado numa cama e vinha formando uma dupla até que divertida com Grazi Massafera (Luciane), quando finalmente deu a volta por cima, morre. Enquanto isso, Chatícia, Mileide, Sansão, Padre Paulo, Edu, Olavo e aqueles frentistas seguem firmes e fortes.


Dudu Camargo fazendo strip-tease no SBT Notícias




Preciso nem comentar, né? Está cada vez mais difícil levar o jornalismo do SBT a sério...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Deu a louca nos Silvios!



Que Silvio de Abreu e Silvio Santos são, respectivamente, um dos principais autores de novelas do país e o maior apresentador da TV brasileira, isso ninguém pode negar. O primeiro, que emplacou grandes sucessos como Guerra dos Sexos (1983), Cambalacho (1986), Rainha da Sucata (1990), A Próxima Vítima (1995) e Belíssima (2005), recentemente, recebeu a missão de assumir o posto de diretor de teledramaturgia diária da Globo. Passados dois anos, a gestão do veterano autor tem sido marcada por decisões controversas.

A primeira polêmica se deu quando decidiu adiar A Lei do Amor, que sucederia A Regra do Jogo, para colocar Velho Chico, que estava na fila das 18h, em seu lugar. Na época, se alegou que a história de Maria Adelaide Amaral tinha uma trama política muito forte, que seria comprometida se coincidisse com as eleições municipais de 2016. Outra razão comentada foi a mudança de estilo, deixando de lado as tramas urbanas e realistas, ambientadas em grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo; para abrir espaço para uma linha mais bucólica e regionalista, valorizando o nordeste brasileiro. Ao longo do tempo, porém, a motivação política para o adiamento de A Lei do Amor mostrou-se infundada, uma vez que Velho Chico, em sua segunda fase, teve fortes tintas políticas (que chegou até a ganhar mais espaço que o romance principal da trama em determinado momento). Na atual novela, o contexto político envolvendo a sucessão municipal em São Dimas não mostra nem 1% da força que deveria ter, além de ter virado uma grande galhofa  —  muito em função de embates envolvendo Luciane (Grazi Massafera), Mileide (Heloísa Perissé), Salete (Cláudia Raia) e Hércules (Danilo Grangheia) que, se eram para serem cômicos, missão realizada sem sucesso.


Mais recentemente, a atuação de Sílvio tem chamado a atenção pelo cancelamento ou alteração de sinopses de autores. O primeiro exemplo envolveu O Homem Errado, ideia original de Duca Rachid e Thelma Guedes, autoras que fariam sua estreia às 21h após A Força do Querer, próximo trem doido de Glória Perez. A trama teve a sinopse aprovada e estava com 12 capítulos prontos e bem avaliados, porém, foi cancelada sem maiores explicações. No lugar da dupla, assume seu lugar Walcyr Carrasco, o homem que nunca descansa. Pouco depois, a maravilhosa Lícia Manzo teve o projeto de sua história das 23h (intitulada Jogo da Memória) transformado em uma minissérie e adiado para meados de 2018. O lugar dela passou a ser ocupado por uma trama das novatas Ângela Chaves e Alessandra Poggi, que falará sobre a ditadura.

Alterações de ordem também têm sido constantes, como as antecipações das novelas de Izabel de Oliveira e Paula Amaral (Anos Incríveis) e Alcides Nogueira (Amor e Morte)  —  esta última jogou mais para frente a nova sinopse de Elizabeth Jhin, agora prevista para 2018. E ainda foram canceladas sinopses de Cláudia Lage (para a faixa das 18h), Rui Vilhena (com um projeto para as 19h), Maurício Giboski (que apresentaria uma novela sobre uma dupla sertaneja, também às 18h), Benedito Ruy Barbosa (cuja história mesclaria elementos religiosos e nazismo), Lauro César Muniz (que teve seu retorno à Globo anunciado, a convite de Abreu, mas os projetos foram cancelados) e Antônio Calmon. Por um lado, há a possibilidade de estas obras apresentarem possíveis problemas em função de elementos de suas tramas que poderiam afugentar o público, o que é até compreensível. Em alguns casos, as alterações podem surtir efeito, como no caso de Liberdade Liberdade, cuja autora original Márcia Prates foi substituída pelo roteirista Mário Teixeira em função de inconsistências no texto da primeira. Por outro lado, fica a sensação de desprestígio, dificultando que novos valores possam se consolidar, ainda mais se considerar que enquanto algumas destas obras sofrem alterações são arquivadas ou alteradas, tramas pífias como Sol Nascente, do veterano Walther Negrão, que já mostrava ser um sonífero desde as fracas chamadas, são aprovadas e até esticadas. Olha só como foi a apresentação especial da novela e me diga se você também não já pressentia o flop:


Outra atuação polêmica de Abreu diz respeito às alterações de rumo em novelas com problemas de audiência, como é o caso de Babilônia e A Lei do Amor. A primeira, cuja estrutura central já era fraca, teve seus núcleos de humor aumentados e núcleos promissores foram destruídos (como foi o caso de Alice/Sophie Charlotte, que se prostituiria e acabou virando uma simples mocinha e chata). A segunda, com uma espinha dorsal superior, também vem sofrendo com a descaracterização de seus núcleos, com o sumiço de personagens importantes e a mudança repentina na personalidade de alguns outros. Ambas viraram novelas Frankenstein. Boa parte dessas mudanças é reflexo dos resultados dos grupos de discussão promovidos pela emissora e estas alterações não estão surtindo efeito. Mas deve-se lembrar que Sílvio não é o único responsável, uma vez que Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari obedeceram a essas mudanças, prejudicando a condução do enredo  —  ao contrário do autor Benedito Ruy Barbosa e do diretor Luiz Fernando Carvalho, que bateram o pé e disseram que em Velho Chico Silvio não iria meter a mão.

A julgar pelos resultados apresentados, a gestão de Sílvio de Abreu como diretor de teledramaturgia vem trazendo mais erros do que acertos. É justo reconhecer que os outros horários (18h, 19h e 23h) estão cada vez mais sólidos, com novelas de sucesso. E não se está aqui questionando, de nenhuma forma, a competência do veterano autor, uma vez que há a intenção de acertar com essas mudanças, em algumas vezes até dando certo. Mas apenas deve-se registrar que a interferência de Abreu no planejamento da dramaturgia diária da emissora carioca vem se caracterizando por decisões erradas  —  em especial na agora frágil faixa das 21h, outrora a mais forte da Globo. Até porque, se nem as próprias novelas Silvio conseguiu salvar (como foi o caso do remake de Guerra dos Sexos), vai conseguir melhorar a dos outros?


Já o outro Silvio segue de férias nos EUA, mas a cabeça dele ainda está na Anhanguera, sempre matutando a grade (voadora) do SBT e ordenando novas mudanças. A nova ordem do patrão recai, novamente, sobre o Fofocando, que estreou às pressas para confrontar o bem-sucedido quadro Hora da Venenosa, do Balanço Geral, e já passou por inúmeras mudanças desde a estreia, seja no elenco (o Homem do Saco/Dudu Camargo saiu e entrou Décio Piccinini), tempo de duração ou horário de exibição, com direito ao formato sendo transmitido, durante alguns dias, somente para São Paulo. Depois de uma experiência matinal ainda mais fracassada, a produção retornou para as tardes, agora com o título Fofocalizando (!!!), logo após o Clube do Chaves (que vem registrando boa audiência, mas mesmo assim foi extinguido e dias depois já voltou ao ar). A impressão que fica é que o público do SBT realmente não está interessado num programa de fofocas, seja ele de manhã ou de tarde. Ou seja, por mais que Silvio Santos brinque de "escravos de Jô" com o programa, mudando-o de horário trocentas vezes, é muito pouco provável que ele consiga ir além do que já alcançou. Fora que mudar de horário o tempo todo não ajuda em nada o programa se estabelecer.

A maior bizarrice de Silvio, porém, foi quando resolveu escalar à queima-roupa um garoto de 18 anos  desconhecido e sem o menor preparo para apresentar o Primeiro Impacto em detrimento das excelentes âncoras Karin Bravo e Joyce Ribeiro, formadas e experientes no jornalismo. Falando na Joyce, a jornalista, junto com Patrícia Rocha, foi demitida pela emissora na última sexta-feira (20) depois de ter sido jogada de um lado para o outro no SBT. Dudu Camargo, porém, segue firme e forte na emissora, se dedicando ao bloco matinal do SBT Notícias, onde é campeão de vergonha alheia com suas dancinhas. SBT Notícias que, aliás, ganhou mais meia hora com a saída do Fofocando da grade matinal, ficando no ar até 8h30.

Como disse no início desse texto (ou melhor, textão), Silvio é o maior apresentador da TV brasileira e, mesmo aos 86 anos, continua divertindo e sendo a maior estrela do SBT. Porém, quando resolve se meter a diretor de programação, sai de baixo! Ele parece acordar e aí do nada tem uma ideia mirabolante e, sem nenhum planejamento, dá ordens, desrespeitando o público fiel de sua emissora e os funcionários que nela trabalham, e depois tudo acaba em merda. Foi graças a essa grade voadora que o SBT perdeu a vice-liderança em 2004 para a Record, que iniciou uma fase mais profissional e de vitórias após o sucesso do remake de A Escrava Isaura. A rasteira que tomou da rival culminou na surpreendente estabilidade da programação do SBT, voltando a ter índices na casa dos dois dígitos. Porém, se continuar assim com tantas mudanças bruscas, poderá perder novamente o segundo lugar isolado na audiência agora também.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Melhor e o Pior da Semana (8 à 14/01)




   O MELHOR DA SEMANA   


Vera Holtz


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E Magnólia finalmente disse a que veio e entregou o que prometeu: uma vilã sádica e ambiciosa e, ao mesmo tempo, apaixonada e passional capaz de matar com frieza e, pouco depois, fazer uma oração como se fosse a mais pura das carolas. São essas contradições que a tornam tão interessante e complexa.

Em capítulos recentes de A Lei do Amor, Vera Holtz exibiu uma performance esplendorosa e cheia de energia. Tirou a personagem do marasmo a que ficou acorrentada na maior parte dos três meses no ar. As chamadas veiculadas antes da estreia criaram a expectativa de uma nova Carminha: uma vilã sarcástica com potencial de seduzir os noveleiros e ofuscar mocinhas e heróis ao seu redor. Porém, a trama de Magnólia foi mantida estática por tempo excessivo. A personagem carecia de ação dramaturgia e perdeu espaço para Tião (José Mayer), esse sim, alçado ao posto de vilão-mor da trama (embora sem o mesmo charme e ambiguidade que ela). Problema agora corrigido! Apaixonada pelo genro e amante, Ciro (Tiago Lacerda), foi capaz de matar Beth (Regiane Alves) ao descobrir que os dois tinham um caso, em uma sequência aterrorizantemente excelente; assumindo, assim, para si a condução dos principais enredos do folhetim.

Com uma galeria de ótimos tipos na TV, Vera Holtz ganha com atraso a oportunidade de fulgurar em sua primeira grande antagonista. A injeção de atitude dada pelos autores em Magnólia é o que a atriz precisava para presentear os telespectadores com mais uma atuação irretocável. A Lei do Amor voltou a empolgar!

Homenagem ao retorno de Laura Cardoso na novela das seis


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Oxente, my good! SOL DORMENTE NO MELHOR DA SEMANA?! Sim, por incrível que pareça, pode acreditar! Esta semana, para a felicidade de todos, Laura Cardoso voltou em cena em Sol Nascente e foi aclamada e aplaudida por todo elenco já caracterizada como a Dona Sinhá, com direito a piscadinha de olho para o público. A cena nada tinha a ver com a trama, mas foi uma espécie de homenagem (bem bonita, criativa e divertida) dos autores ao retorno da grande atriz, que havia se afastado da trama por problemas de saúde e a possibilidade da sua volta antes do término de Sol Nascente já estava quase fora de cogitação. A vovó do mal é a ÚNICA personagem interessante e que gera algum tipo de empatia nessa novela e o retorno de Laura merece ser comemorado, pois só ela consegue amenizar o marasmo da história.

O falso sequestro de Néia



Perceberam que, de uns tempos pra cá, a Ana Beatriz Nogueira só anda interpretando o mesmo tipo, o de mãe possessiva e controladora? Foi a Eva de A Vida da Gente, a Emília de Além do Tempo e, agora, é a Néia de Rock Story. Dessa vez, mais puxado para o lado cômico. Em todos os casos, porém, Ana sempre consegue roubar a cena e vem se mostrando um dos maiores destaques da atual novela das sete. Hilárias as cenas de Neia no cativeiro enquanto forjava o próprio sequestro (que acabou virando de verdade).

Primeira semana de Dois Irmãos


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A minissérie Dois Irmãos, adaptação do romance de Milton Hatoum, chegou mostrando a que veio e prendendo a atenção do telespectador; não somente pela história arrebatadora e tumultuada dos dois irmãos gêmeos, pela produção da mais alta qualidade e ótima execução do elenco (onde todos se saíram bem, em especial, Juliana Paes e o estreante Matheus Abreu), mas também por conta da dificuldade no entendimento de determinados diálogos. Assim como em Velho Chico, Meu Pedacinho de Chão e Hoje é Dia de Maria, a títulos de exemplo, Luiz Fernando Carvalho imprime sua marca e estilo único, o que o torna um dos melhores diretores da teledramaturgia brasileira. Detalhista ao extremo na seleção de tomadas, trilha sonora, técnicas e produção no geral, ele também extrai o máximo da capacidade de seu elenco. Como resultado, eis um ponto negativo em Dois Irmãos: de tão visceral o desempenho dos atores, a dicção deles é afetada. Às vezes, é quase impossível entender simples palavras ou frases inteiras. É preciso aumentar o volume do aparelho de TV ou ativar as legendas para uma melhor experiência. Com alta carga dramática, os gemidos, choradeiras, gritos e sussurros, em meio ao texto e interpretações, testam a atenção do telespectador. Problemas à parte, nada que diminua o (ótimo) resultado final da minissérie.


     O PIOR DA SEMANA     


As substitutas de Ana e Fátima



Mais Você e Encontro seguem ao vivo, mesmo com as férias das titulares: Cissa Guimarães faz as vezes de Ana Maria Braga, enquanto Ana Furtado se junta ao elenco do Encontro (sem Fátima Bernardes). O problema é que as duas deveriam rever melhor as suas substitutas e escalarem outras menos chatas e falastronas. Sinceramente, não sei porque a Globo insiste tanto na Ana. Pelo menos, no vídeo, ela só transparece antipatia e carisma zero. Ah, lembrei: ela é esposa do Boninho, nome de peso dentro da Globo... Já a Cissa é muito esganiçada, grita a todo momento, tudo que dizem ela emenda com um "Adooooooro" bem falso. É irritante! PELAMORDEDEUS, VOLTA ANA, LOURO JOSÉ E FÁTIMA!!!

Drama de Nicolau


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Vocês sabem muito bem que eu amo Rock Story e considero-a a melhor novela inédita em exibição atualmente (listei até seis motivos porque acho isso, que pode ser conferido AQUI). Porém, tem uma coisinha na trama que não amo tanto assim e me parece uma afronta a inteligência do telespectador: a fantástica história do menino que esconde que tem câncer!!! Desde o início, essa história do Nicolau (Danilo Mesquita) me intriga e só veio ser descoberta essa semana. Como uma pessoa esconde um câncer da família? Como esse menino se tratou sem revelar o que estava acontecendo pros pais? Sério que ele seguiu vivendo a vida com uma doença séria, sem fazer direito o tratamento adequado e que isso só mudou depois que ele magicamente conheceu outra pessoa que tem câncer? A trama toda não faz o mínimo sentido e parece estar meio deslocada dentro da história. Qual é a real necessidade de colocar um personagem que esconde uma doença séria dos pais? Não colou! Isso sem contar que já faz coisa de dois meses que o médico falou pra ele que a doença tava avançando e ele seguiu fingindo que nada aconteceu.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O Melhor e o Pior dos Programas de TV



E depois de muito atraso, enfim, chegamos a última retrospectiva de 2016. Já falei das melhores e piores atrizes, dos melhores e piores atores, do melhor e o pior da dramaturgia e hoje, para encerrar com chave de ouro, é sobre os pontos positivos e negativos dos programas de TV no ano passado. Confira!


            O MELHOR            



14º lugar: Ding Dong — Claramente adaptado do extinto Qual é a música?, do SBT, o quadro se revelou uma grata surpresa do Domingão do Faustão, trazendo vários nomes esquecidos atualmente do mercado musical com músicas inesquecíveis. É um quadro que uniu todas as gerações: provocou nostalgia nos mais velhos e fez os mais novos descobrirem que a música vai muito além dos MCs de hoje.

13º lugar: Dança dos Famosos — Mais uma vez, a competição de dança se mostrou o melhor quadro do Domingão do Faustão. É um entretenimento despretensioso e que conquista facilmente quem assiste. Essa temporada, em especial, achei a melhor e mais bem disputada de todas, graças às performances engrandecedoras de Sophia Abrahão e Felipe Simas. O formato segue com bastante fôlego!

12º lugar: Tamanho Família — Em meio ao sensacionalismo barato dos seus concorrentes, Domingo Show e Domingo Legal, Tamanho Família provou que é possível divertir e emocionar sem exagerar na apelação. Despretensioso, conseguiu agradar toda a família (que, tradicionalmente, se reúne aos domingos no sofá durante o almoço). O apresentador, aliás, continua afiado e muito seguro com o microfone na mão. Popular e fanfarrão, no estilo de quem não tem vergonha, Marcio Garcia, realmente, fez falta na função.

11º lugar: Zorra — Em seu primeiro ano, lá em 2015, ele já havia enveredado pela política, explorando o tema da corrupção em alguns quadros. Mas foi na estreia da segunda temporada, agora em abril do ano passado, que o humorístico mostrou a intenção de ir fundo no assunto, com referências óbvias e, às vezes, explícitas aos principais personagens de Brasília. Se aproveitando do caos da política brasileira em 2016, o programa pintou e bordou, divertindo com um texto esperto e ganhando cada vez mais relevância.

10º lugar: Programa do Jô — Jô Soares fez a última temporada de seu programa com um vigor impressionante. Talvez para fechar este ciclo com chave de ouro, sua produção não economizou nos convidados e nas atrações. Sempre em ritmo de despedida, Jô recebeu grandes personalidades e fez entrevistas antológicas, com destaque para Fausto Silva, Roberto Carlos e Ziraldo, seu último convidado, que transformou o episódio final do Programa do Jô numa grande homenagem ao multiartista. O programa saiu de cena por cima, mostrando porque ainda era o melhor talk show da TV brasileira. Fará falta!


09º lugar: Conexão Repórter — A única coisa que se salva no jornalismo do SBT. Neste ano, em especial, Roberto Cabrini, sempre competente, deitou e rolou no vasto noticiário que marcou 2016. Realizou entrevistas exclusivas e envolventes com figuras como Dilma Rousseff, Eduardo Cunha, Garotinho e aquela jovem que foi estuprada por mais de 30 homens no Rio de Janeiro; viajou para a Colômbia para cobrir o local da tragédia aérea que envolveu dezenas de jornalistas e jogadores e dirigentes da Chapecoense; entre outras reportagens interessantíssimas, como dos narcotraficantes e prostituição infantil. Sempre com muita seriedade e dando a sua marca especial para cada reportagem.

08º lugar: Amor & Sexo — A Família Tradicional Brasileira ficou em polvorosa, pois o Amor & Sexo voltou ainda mais picante em 2016. A atração deixou para trás a busca de romper tabus relacionados aos temas indicados por seu título. O amor e o sexo foram só pretextos para outro show. A guinada, positiva, foi a marca da temporada, que abraçou de vez a causa da diversidade, sabendo discutir o preconceito com muito bom humor e irreverência. Não que o programa fosse ruim antes, pelo contrário. Mas esse era um pulo do gato necessário para evitar o esgotamento. Além disso, Fernanda Lima é uma excelente apresentadora. Conquistou com muito mérito o bom lugar que tem hoje na televisão.

07º lugar: Nova Escolinha — Mais uma temporada pra lá de bem-sucedida. Em tributo a Chico Anysio, a Nova Escolinha do Professor Raimundo provou que a TV tem história e, em meio ao saudosismo, resgatou o velho humor sem perder a tradição. Os bordões, personagens caricatos, piadas de duplo sentido e politicamente incorretas e infantilidades voltaram com tudo. As piadas parecem ser as mesmas de sempre, só que acompanhado por um frescor moderno, ou seja, inovaram e renovaram o texto sem perder a essência dos personagens originais. Além de apresentar um excelente texto, o maior acerto da Escolinha está no elenco homenageando os grandes nomes que fizeram história na famosa sala de aula. Escolhido a dedo, alguns atores e humoristas parecem ter nascido para o papel, num encaixe perfeito.

06º lugar: Programa do Porchat —  A Record optou por entrar nesta onda de talk shows na madrugada e apostou no talento do jovem Fabio Porchat, escolha mais do que acertada. O formato é o mesmo dos similares, mas tem na presença de Porchat o seu diferencial. Divertido, irreverente, rápido e carismático, ele comanda seu programa com grande presença de palco e, tirando leite de pedra às vezes, seus bate-papos sempre arrancam boas risadas. A única pessoa capaz de simular um boquete em uma esquete com Roberto Justus e fazer a Xuxa voltar a ser interessante merece todo o nosso respeito.

05º lugar: MasterChef Profissionais — Sucesso de audiência e repercussão, o programa manteve as características vitoriosas da franquia, com boas provas e as presenças sempre marcantes do trio Paola Carrosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça, além da apresentadora Ana Paula Padrão. Mas ganhou um tômpero especial com seus participantes, todos chefs profissionais, o que dava uma dimensão ainda maior a cada erro ou falha do concorrente. Mesmo que a Band ainda use e abuse (exageradamente) da franquia, o fato é que MasterChef Profissionais garantiu uma interessante sobrevida ao programa.


04º lugar: Power Couple Brasil — A grande (e melhor) estreia da Record em 2016. Ao longo de quase três meses, acompanhamos oito casais de ex-famosos e pretensos famosos convivendo em uma mesma casa enquanto disputavam várias provas e tentavam arruinar ainda mais a vida uns dos outros. Embora, à primeira vista, a gente se pergunte "quem são?" ao ver a grande maioria desse povo desconhecido, foi o melhor elenco reunido em um reality como a tempos não se via. Todos os participantes, gostando ou não, foram interessantes (destaque para o maravilhoso casal Laura e Jorge, o surto de Gretchen e a derrota da Simony). A dinâmica do jogo foi muito boa e as provas foram todas bem feitas. Empolgou e divertiu como entretenimento descompromissado. Ansioso para a próxima temporada!

03º lugar: Tá no Ar — Mantendo o alto padrão em 2016, o programa não aliviou para ninguém e riu, com coragem, de tudo que há de exagerado, sensacionalista e ridículo na TV brasileira. Da esquete sobre os maiores spoilers das séries dos últimos tempos, passando pelo encontro de todas as Helenas do Manoel Carlos, até a participação de Carlos Alberto da Nóbrega que levou A Praça É Nossa para o plim plim, não há mais amarras em Marcelo Adnet e Márcio Melhem. Aliando inteligência, humor e ousadia, o programa se diferencia de tudo que há na televisão pela capacidade de se posicionar politicamente sem deixar de divertir a audiência com esquetes que quebram a barreira do brilhantismo. Que venha a próxima temporada!

02º lugar: The Voice Kids — A versão infantil do The Voice não foi exatamente um concurso musical, como prometia, mas ofereceu um entretenimento da melhor qualidade, perfeito para quem estava diante da TV no início da tarde aos domingos. Tudo flui melhor: as crianças, talentosas e lindas, os técnicos, sensíveis e com boa empatia com os meninos e meninas (destaque para Ivete Sangalo, sempre tão espontânea, inteligente, engraçada e com ótimas tiradas), o apresentador, a edição, a montagem… Tudo no The Voice Kids apresentou uma qualidade satisfatória, emocionando e explodindo em fofura em todos os momentos.

01º lugar: Ana Paula no BBB16 — Munik foi a grande vencedora do BBB16. E quem se importa? A verdadeira protagonista e vencedora moral da edição do ano passado do reality teve nome e sobrenome: Ana Paula. Goste você dela ou não, o fato é que há muitos anos não víamos uma participante tão incrível e lacradora como Ana Paula. Ela fez história e levou o programa inteiro nas costas, tirando o BBB do tédio e deixando um legado de surtos, barracos, bom-humor, bebedeiras, bordões (Olha elaaaaaa!) e, principalmente, bom entretenimento. Falei sobre Ana em várias matérias: Ana Paula foi o maior trunfo e a maior ruína do BBB16Ana saiu da vida para entrar na históriaAna Paula: heroína vingativa ou vilã surtada?A volta daquela que foi sem nunca ter sido... Que o BBB17 nos traga outra grande protagonista.


               O PIOR                



14º lugar: Vídeo Show — O clássico programa vespertino da Globo voltou a dar dor de cabeça para os diretores da emissora. A apresentadora Monica Iozzi não refrescou tanto assim o programa em termos de audiência, mas é inegável que ela colaborou para dar uma nova cara e um novo rumo ao programa. A dupla que formava com Otaviano Costa funcionava. Mas ela saiu, o canal fez inúmeros testes para encontrar uma nova apresentadora e a escolhida, Maíra Charken, simplesmente não funcionou. Ou seja, a emissora errou ao escalar outra atriz com veia cômica para substituir Iozzi, pois ficou parecendo que Maíra imitava sua antecessora. Logo a dupla foi desfeita, o Vídeo Show virou um samba do crioulo doido num rodízio de apresentadores, até fixar Joaquim Lopes ao lado de Otaviano. Nada adiantou, Vídeo Show voltou a perder para a Record e a atração fica cada vez mais desinteressante, repetitiva e descaracterizada.

13º lugar: Daniela Mercury como jurada do Superstar — O Superstar já teve uns jurados chatos como Dinho Ouro Preto (que não falava nada com nada), Fábio Jr. (que não sabia o que estava fazendo lá) e até a Sandy, mas a Daniela ganhou disparadamente de todos esses. Primeiro, que ela sempre se complicava na hora de votar. Parecia que não entendia muito bem os botões que tinha de apertar, votava "não" quando queria o "sim"... Fora isso, a cantora queria aparecer e chamar a atenção a todo momento, o que só causou vergonha alheia em quem assistia. O programa já era chato, com ela ficou ainda pior.

12º lugar: Panico na Band — Chega a ser triste constatar que um programa que já foi a representação da renovação do humor mostra-se incapaz de se reinventar e passou mais um ano se apoiando no tripé bunda-humilhação-escatologia que parece divertir apenas os diretores do programa. Mesmo "reformulado", continua a mesma porcaria de sempre. O Pânico não tem mais graça e agora só dá constrangimento mesmo de tão tolo e grosseiro que é. E ainda perdeu terreno para o Encrenca, outro programa que também não tem muita graça, mas que está dando mais audiência que ele.

11º lugar: Programa Xuxa Meneghel — Passa ano, entra ano e ele sempre figura em matérias que versam sobre o seu fracasso ou sobre o fato da Record estar arrumando maneiras de trazê-lo de volta à vida. Xuxa confirmou na Record que é apenas uma celebridade que serve para estampar capas de revistas de celebridades e engrandecer os programas dos outros. Não traz brilho para o seu próprio programa, não envolve mais o telespectador e nem desperta interesse para acompanhá-la na semana seguinte.

10º lugar: Adnight — Quando a Globo anunciou que teria um novo talk show apresentado por Marcelo Adnet, acreditava-se que viria uma atração que seria uma resposta da emissora aos novos talk shows que surgiram nos últimos tempos, os ótimos The Noite e Programa do Porchat. No entanto, quando entrou no ar, Adnight mostrou-se sem nenhum "talk" e um "show" um tanto sem graça. Muita parafernália numa atração excessivamente roteirizada e ensaiadinha, fazendo tudo soar asséptico e sem nenhuma emoção. Um programa sem propósito e que desperdiça o talento de Adnet. Poderia não voltar mais, mas terá nova temporada em 2017. Se sua produção se convencer de que menos é mais, talvez tenha alguma solução.


09º lugar: Domingo Show — Um show de chororô na TV brasileira. Todo domingo, Geraldo Luis conta uma história "do povo que emociona o telespectador". Tragédia. Desgraça. Miséria. Pobreza. Subcelebridade afastada da mídia que enfrenta problemas financeiros. Tudo isso, em exceso, cansa.

08º lugar: Batalha dos Cozinheiros — Programa errado, no dia errado, no horário errado. O reality culinário bateu de frente com o bem-sucedido MasterChef, da Band. A emissora escalou uma atração semelhante no mesmo dia e horário do concorrente direto. Tal estratégia estapafúrdia comprometeu a Record. A nova aposta da Record também não apresentou nada de atrativo. A dublagem de Buddy Valastro foi pavorosa. A voz do dublador combinou em nada com o gringo. O chef parava de falar e a voz ainda saía da sua boca! Foi estranhíssimo acompanhar uma disputa com brasileiros e um apresentador dublado.

07º lugar: The X Factor Brasil — Tentativa da Band de entrar na seara dos reality shows musicais, a versão brasileira de The X Factor mostrou-se um grande equívoco. A repercussão negativa começou na primeira audição, marcada por muita desorganização, e a impressão seguiu por toda a trajetória da atração. Jurados fracos, apresentadora insossa, competidores sem brilho e repercussão quase zero fizeram de X Factor um programa para ser esquecido. Mas vai vir nova temporada em 2017. Vai vendo…

06º lugar: Glória Pires no Oscar — O mico do ano! Glória, definitivamente, tal como sua Beatriz na pavorosa Babilônia, não estava "disposta" a fortalecer a cobertura do Oscar 2016 na transmissão da Globo. Pouco à vontade na transmissão e totalmente monossilábica, com comentários do tipo "Curti", "Não curti""Médio", "Não sou capaz de opinar!". Disse filmes que nem concorrendo ao Oscar estavam. "Não assisti!", disparou a atriz sobre alguns concorrentes. Visivelmente, a atriz não estava bem. O telespectador ficou extremamente irritado com a displicência. Um verdadeiro desastre (involuntariamente divertido, não vou negar)! As redes sociais inundaram de críticas e tiraram sarro da performance da Glória Pires.

05º lugar: Silvia Abravanel no Bom Dia & Cia — Essa mania do Silvio Santos de colocar todas as filhas para apresentar programas no SBT já passou bem dos limites. Patrícia Abravanel virou estrela do canal à força, de tanto ser colocada nas mais diversas atrações por seu pai. Outra que foi pelo mesmo caminho é Silvia, que atualmente comanda o Bom Dia & Cia. Acontece que ela não tem o menor jeito para apresentar. É durona, apática, não é engraçada, sem aquele jeitão de "tia da criançada", carisma zero. Triste geração que não acompanhou o Yudi e a Priscila e a Maísa e é obrigada a aturar a Silvia no programa...


04º lugar: Fofocando — Criado a toque de caixa para fazer frente ao Hora da Venenosa, da Record, ainda não disse a que veio (e nem vai dizer). A atração uniu Leão Lobo e Mamma Bruschetta, que traziam notícias tiradas de sites da internet, e ainda enfiou o tosco Homem do Saco (que é o Dudu Camargo) para fazer volume por ali. Como o programa patinou, tratou de reforçá-lo com as presenças de Léo Dias, que finalmente trouxe notícias exclusivas por ali, e Mara Maravilha, que parece orientada a criar polêmicas a qualquer custo. O resultado é um programa tolo, artificial e engessado, que chega a irritar e que derrubou a boa audiência vespertina do canal. Por conta do fracasso, se tornou gravado e foi deslocado para a faixa das 8 da manhã, o que só piorou ainda mais a audiência e o coloca cada vez mais perto do fim.

03º lugar: João Kleber Show — Após extinguir o Você na TV, João Kléber bem que tentou se reinventar e deixar de lado seu estilo pitoresco de fazer TV. Porém, o apresentador não foi bem-sucedido com o João Kleber Show, quando resolveu adotar uma postura e formato diferente do que o seu público estava acostumado a ver, apostando em shows de calouros (ainda que bem mequetrefes). De olho nos ponteiros negativos do Ibope, João retornou aos moldes de outrora e pisou fundo dessa vez na baixaria, na tosquice e na apelação. Destaque para a volta dos famosos segredos "surreais e impressionantes", como o da esposa que revelou que dá sonífero para o marido para poder sair e dançar o ritmo "Ragatanga", e das pegadinhas picantes no estilo Teste de Fidelidade. Um lixo total! Alguém tem coragem de assistir?

02º lugar: Gugu abrindo o mausoléu de Dercy — Já não bastou escandalizar o país com a farsa do PCC, lá em 2003, quando ainda estava no comando do Domingo Legal, e amenizar a culpa de psicopatas assassinos como Suzane Von Richthofen e o goleiro Bruno com entrevistas que os transformavam em celebridades bonitinhas e dóceis, Gugu resolveu abrir o túmulo de uma ícone da TV brasileira, Dercy Gonçalves, para conferir se a finada teria sido enterrada com o caixão em pé. A patifaria ganhou ar de mistério, investigação e lenda urbana. Era para ser uma "homenagem", mas não passou de uma exploração barata da imagem da Dercy. Com tamanha aberração e desrespeito girando em torno dela, Gugu conseguiu, mais uma vez, quebrar a barreira do sensacionalismo, do ridículo e mau gosto na TV. Lastimável!

01º lugar: Dudu Camargo no Primeiro Impacto — Assim como o Fofocando, o Primeiro Impacto foi outra atração criada a toque de caixa por Silvio Santos. Como o jornalístico apresentado por Joyce Ribeiro e Karyn Bravo não conseguiu fazer frente aos noticiosos de Globo e Record no horário, Silvio resolveu "causar" e tratou de substituir as veteranas jornalistas por Dudu Camargo, um rapaz de 18 anos e sem a menor experiência. Sem repertório para comentar as notícias, Dudu fez do noticioso uma grande piada, chegando a dançar (quer dizer, se retorcer como uma lagartixa com câimbra) funk no programa em vários momentos. Uma das metas foi cumprida: o apresentador levou o noticiário a repercutir muito na internet e até quem não conhecia o jornal matinal do SBT passou a conhecê-lo. Pena que a repercussão foi bastante negativa e ainda não teve efeito nenhum no Ibope, que segue em baixa. Joyce e Karyn, felizmente, acabaram voltando para a bancada, mas Dudu seguiu ali, fazendo a credibilidade da atração ir ladeira abaixo. Nesta semana, o SBT anunciou o fim do Primeiro Impacto, mas Dudu Camargo seguirá "firme e forte" no horário, participando do revezamento de apresentadores do SBT Notícias. Eu dispenso!

Obviamente, a lista é baseada unicamente na opinião desse humilde redator que vos escreve. Portanto, está sujeita a injustiças e esquecimentos. Cabe a cada um dos leitores concordar ou não, dar a sua opinião, completar a lista, me esculhambar nos comentários...


terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Escrava Mãe foi novelão na veia



A Record atirou no que viu e acertou no que não viu. Escrava Mãe foi uma novela que passou por tantos percalços antes de estrear que muitos passaram a duvidar da qualidade da história de Gustavo Reiz, que pretendia narrar a trajetória da mãe da famosa Escrava Isaura. A trama foi aprovada quando se buscava uma substituta para Vitória, novela de Christiane Fridman que não conseguiu ampliar os índices de audiência das novelas da Record. Entretanto, a novela perdeu a vaga quando a direção da emissora decidiu transformar o projeto da minissérie Os Dez Mandamentos em novela. Aí, ficou decidido que Escrava Mãe seria sua sucessora e a trama entrou em produção, realizada pela Casablanca e gravada em Paulínia, no interior de São Paulo. Depois, nova mudança: com o sucesso de Os Dez Mandamentos, a emissora decidiu dedicar a faixa das 20h30 apenas às produções bíblicas e, mais uma vez, Escrava Mãe foi deixada de lado.

Enquanto isso, as gravações da trama prosseguiam e foram tantos adiamentos e indefinições sobre sua exibição que Escrava Mãe foi totalmente concluída sem estrear, ficando engavetada por longos  e longos meses, enquanto era promovido um reprisaço de quase todas as produções bíblicas da emissora. Até que a direção da Record, finalmente, decidiu abrir a faixa das 19h30 para lançar a novela. E a surpresa foi altamente positiva: Escrava Mãe mostrou-se a melhor novela da emissora em anos. O Ibope também respondeu positivamente, revelando que a Record acertou em cheio ao reavivar a nova faixa de horário.


Escrava Mãe foi um acerto em todos os sentidos. O texto de Gustavo Reiz foi correto, redondo e trouxe os principais elementos do bom e velho folhetim clássico sem pudores, apostando fundo numa história de amor proibido, cheia de idas e vindas e reviravoltas, além da ousadia de um final trágico (que já era esperado, mas, mesmo assim, deu um nó no coração). Além disso, tratou com muita propriedade de seu pano de fundo, o período da escravidão (abordou o tema de forma bem mais interessante que Liberdade Liberdade, como disse AQUI). Primeira novela que teve sua produção terceirizada nessa nova leva, o orçamento de toda a história da mãe da Isaura não paga nem o artefato de ouro falso na cabeça do Ramsés em Os Dez Mandamentos. O custo de Escrava Mãe foi infinitamente menor que o da novela do Moisés e, mesmo assim, o que vimos na tela foi algo de outro nível. Saiu o Egito antigo que mais parecia cenário de alguma produção mexicana dos anos 60 e entrou um Brasil colonial com uma fotografia belíssima.

Com uma carpintaria bem delineada, Escrava Mãe contou ainda com tramas paralelas interessantes e que não perdiam de vista a história principal. Entre elas, destaque para a saga de Filipa, que inicialmente se disfarçava de homem para circular pela boemia da Vila de São Salvador, até que se apaixona pelo poeta Átila, partindo daí uma envolvente história de amor. Outro núcleo que rendeu boas histórias foi o da taberna de Rosalinda Pavão, que movimentou a trama com sua rixa hilária com a baronesa falida Urraca.

Aliás, a produção foi muito feliz na escalação de seu elenco, todos muito bem em cena. Gabriela Moreyra, prata da casa, não decepcionou com sua primeira protagonista e o ator português Pedro Carvalho foi uma grata revelação. Os doiz esbanjaram química com o casal Juliana e Miguel. Isso sem falar em veteranos como Jussara Freire (Urraca), Antonio Petrin (Custódio), Luiz Guilherme (Quintiliano), Bete Coelho (Beatrice), Zezé Motta (Tia Joaquina) e Jayme Periard (Osório), entre outros, que emprestaram suas credibilidades à obra. Thaís Fersoza também se mostra cada vez mais madura e roubou a cena como a vilã Isabel. Merecem ainda destaques: Leo Rosa (Átila), Adriana Lessa (Catarina), Milena Toscano (Filipa), Roberta Gualda (Teresa), Sidney Santiago (Sapião), Lidi Lisboa (Esméria) e Fernando Pavão (Almeida). Escrava Mãe também contou com uma direção segura de Ivan Zettel e uma produção impecável da Casablanca, que abusou de uma fotografia mais naturalista, dando um ar cinematográfico aos takes.


Uma pena que uma novela com tantos êxitos como Escrava Mãe seja substituída pela enésima reprise de A Escrava Isaura. Por melhor que seja a novela de 2004, protagonizada por Bianca Rinaldi, sua produção é muito mais modesta que a de Escrava Mãe e as comparações serão inevitáveis. Aliás, é preciso mencionar que o autor não fez direitinho o dever de casa antes de bolar essa história "prequela" e a Record nem se preocupou, pois há incoerências vergonhosas e muitos erros de continuidade entre as duas histórias (falei sobre isso detalhadamente AQUI). De qualquer forma, a faixa das 19h30 da Record, recém-inaugurada, merecia ser continuada por uma produção inédita, até para consolidar seu público. Que Belaventura, também escrita pelo Gustavo Reiz e que deve substituir A Escrava Isaura, não demore muito a estrear.

domingo, 8 de janeiro de 2017

O Melhor e o Pior da Semana (1 à 7/01)




   O MELHOR DA SEMANA   


Raízes na Globo



Baseada no livro homônimo de Alex Haley, Raízes faz um retrato histórico da escravidão nos Estados Unidos através da saga de uma família que luta para sobreviver, resistir e continuar seu legado, enfrentando dificuldades abissais e muita crueldade. A história conta a vida de Kunta Kinte (Malachi Kirky), jovem guerreiro de uma tribo africana que é capturado como escravo, e acompanha também as vidas da filha, do neto e do bisneto de Kunta, a luta pela liberdade da família, e passa pelas mudanças políticas e sociais até chegar ao fim da escravidão. A história de Kunta Kinte faz eco na de milhões de norte-americanos de origem africana e revela poderosas verdades sobre a resistência universal do espírito humano. Rodada na África do Sul e New Orleans, a superprodução tem um sublime trabalho de fotografia, de edição, de montagem, de roteiro e de atuação. Trata de forma visceral todo o processo de escravidão nos Estados Unidos. Tremendo acerto da Globo em ter comprado os direitos autorais e exibido a série. Imperdível!

Sem Volta


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Mesmo sem ousar muito no início, Sem Volta, nova aposta da Record que felizmente foge do filão bíblico (aleluia!), buscou uma simbiose entre o formato das consagradas séries internacionais e o padrão de novelas sacramentado no Brasil. Seja para atrair o público de séries, seja para aguçar o paladar dos adeptos da TV, Sem Volta mergulhou num toma lá, dá cá de recursos dos dois formatos. Uma mistura que, para a nova aposta, não pegou tão mal e não se deu de forma agressiva aos nossos olhos, mas ficou evidente.

Na lista de "coincidências" de Sem Volta, estão tomadas que se aproximavam das feitas nas séries norte-americanas e aqui se uniram a trilhas sonoras eloquentes, empregadas mais na teledramaturgia. Também estão presentes flashbacks utilizados em excesso em muitas séries e pouco vistos na TV brasileira, mas que abandonaram a sutileza e precisaram entregar-se como tais, assumindo uma paleta de cores alaranjada, diferente da paleta do "tempo presente", para não confundir o público mais distraído (o que achei de uma tremenda bobagem e subestimação). Em outras palavras, Sem Volta bebeu e se fartou em Lost!


Vale ressaltar ainda que faltou capricho nos efeitos especiais, percebidos descaradamente (como nessa imagem acima, onde o chorme key é gritante). Erraram rude! Por outro lado, a trama abocanhou pontos fortes, como o roteiro e a atuação, e faturou por isso. Até aqui, a série não "inventou a roda", mas agradou e, mesmo sendo uma colcha de retalhos, tem potencial para dar certo ou abrir caminho para novas produções do gênero, com chances de se tornarem bem-sucedidas e de caírem no gosto.


     O PIOR DA SEMANA     


Sérgio Marone no comando do Hoje Em Dia



Não adianta. Seja atuando ou apresentando, Sérgio (Canastrone) Marone não consegue se livrar do encosto Cigano Igor. Ele estreou na primeira segunda (02) do ano no Hoje em Dia para cobrir as férias de César Filho, titular do matinal ao lado de Ana Hickmann, Renata Alves e Ticiane Pinheiro. A função do ator é comandar a parte jornalística do formato e ele tem demonstrado necessitar de bastante auxílio da direção. Se o programa já era engessado, piorou. Até pra dar um "Bom dia" e quebrar o gelo nas frases iniciais, Sérgio parece estar usando um texto pronto. Nervoso e robótico, ele se posiciona pior até que Dudu Camargo, aposta bizarra de Silvio Santos; copiando os trejeitos de diversos profissionais. Se a intenção do Sérgio é seguir a trilha de sucesso de Rodrigo Faro e Marcio Garcia, vai precisar melhor muuuuito!

A Cara do Pai



Apostando numa comédia simples e dois atores com grande presença cênica (Leandro Hassum e Mel Maia), A Cara do Pai não trouxe nada de novo. O enredo soou até batido: um pai separado tenta agradar a filha em seus finais de semana juntos, mas ela é uma pré-adolescente que tem vergonha do pai e suas atitudes infantis. A espinha dorsal explorou o já conhecido pai infantilizado e meio moleque, em contraposição a uma menina precocemente madura. Ou seja, A Cara do Pai seguiu religiosamente a cartilha das sitcoms familiares, sobretudo aquelas que subvertem os papéis entre pais e filhos. Porém, faltou o primordial para qualquer comédia: fazer rir! Tudo muito chato e engessado. Já chegou ao fim e não deixou saudades...

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