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quarta-feira, 29 de março de 2017

Mesmo com imagem escura e sotaques variados, Novo Mundo impressiona


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Depois das altas doses de sonífero proporcionadas por Sol Nascente, a estreia de Novo Mundo serviu como um agradável despertar. Claro, estreia de novela costuma investir muito para prender a atenção do telespectador. Se irá manter tal fôlego, só o tempo vai dizer. Mas, até aqui, Novo Mundo trouxe uma boa e interessante impressão, com jeito de aventura clássica e apostando em personagens históricos.

Claro, como se trata de uma novela das seis, o folhetim há de imperar. Em Novo Mundo, temos o casal Anna (Isabelle Drummond) e Joaquim (Chay Suede), que traz os jovens atores repetindo a vitoriosa parceria da primeira fase de A Lei do Amor. Ela é a professora de português da princesa Maria Leopoldina (Letícia Colin) e ruma com a nobre para a colônia portuguesa para que esta conheça seu futuro marido, Dom Pedro I (Caio Castro). E Joaquim é um ator que se mete numa enrascada justamente na festa da princesa, de onde sai fugido com a esposa, Elvira (Ingrid Guimarães). Anna e Joaquim, claro, vão parar no mesmo navio e se apaixonam, mas terão Elvira como a pedra no sapato. E não apenas ela, já que Anna despertou a atenção do oficial inglês Thomas Johnson (Gabriel Braga Nunes), esse sim o vilãozão.

Com direção artística de Vinícius Coimbra, o nome por trás das igualmente belas Ligações Perigosas e Liberdade Liberdade, Novo Mundo aposta em cenários suntuosos, fotografia original e takes inusitados. Todas estas qualidades puderam ser observadas nas cenas da fuga de Joaquim, quando descobrem que Elvira pegou para si uma barra de ouro da festa da princesa. A correria, inspirada nas grandes aventuras do cinema, teve direito a saltos incríveis, truques de despiste e até a indefectível corda cortada que solta um lustre do teto. Escondido na embarcação que rumará ao Brasil, Joaquim teve seus dias de pirata.

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Outro ponto positivo é o texto dos autores estreantes Alessandro Marson e Thereza Falcão. A ideia de mesclar o folhetim de aventura com reais passagens históricas mostrou-se acertada, juntando figuras já tão conhecidas, como toda a Família Real Portuguesa, em meio aos personagens ficcionais que ajudarão a contar esta história dos tempos da colônia. O que me incomodou (não só nesta, mas em quase todas as produções de época) são os velhos e repetidos estereótipos. Dom João VI é o comilão de frango. Dom Pedro I é o garanhão. E por aí vai. Dom João VI deveria ser mais valorizado. Foi um líder importante para o Brasil. Suas obras permanecem até hoje, como o Jardim Botânico e a Biblioteca Nacional.

Outro ponto que anda me incomodando é a qualidade da imagem (apesar da riqueza da produção). A direção deveria fugir da coloração escura. Porém, o maior ruído de Novo Mundo recai nos sotaques das personagens. Caio Castro aposta no sotaque português. Já Leticia Colin adota o sotaque austríaco. Gabriel Braga Nunes fala com o atual sotaque brasileiro. Por outro lado, Leopoldo Pacheco fala com sotaque inglês ao interpretar o pirata Fred Sem Alma. É uma miscelânea que compromete o desenvolvimento da novela.

Agora é torcer para que Novo Mundo recoloque o horário das seis na boa trajetória que a faixa vinha nos últimos tempos, sobretudo com a trinca Sete Vidas, Além do Tempo e Eta Mundo Bom.

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