A teledramaturgia brasileira vive uma fase cinzenta (em especial, a Globo). Não há uma novela que possa ser considerada grande sucesso de audiência e repercussão – seja no boca a boca do povo ou nas redes sociais. Em todas as emissoras, o índice das tramas no Ibope está apenas ok, nada mais do que isso. Falta empolgação popular. Há ausência de expectativa em relação aos desfechos.
Sempre que a TV aberta registra uma fase assim, e isso é mesmo cíclico, surge a hipótese do fim das novelas. "O telespectador teria se cansado do gênero?".
Não, não se cansou. Mas está cada vez menos interessado em enredos monótonos e repetitivos. A maioria das pessoas tem cada vez menos paciência para ficar uma hora diante da TV a fim de acompanhar um capítulo inteiro. Para dar prioridade à televisão, o público exige uma novela arrebatadora, que seja mais interessante do que o infindável menu dos canais pagos e as opções igualmente infinitas na internet. Se a trama vacilar, a atenção é desviada para um filme, uma série, uma transmissão ao vivo no Facebook, a timeline do Instagram, a interação ágil no Twitter, um vídeo besteirol qualquer do Youtube...
Fenômenos de audiência e mobilização virtual de outrora são cada vez mais necessários às emissoras, porém, difíceis de serem reproduzidos. Talvez, por isso, se explique o verdadeiro "Vale A Pena Ver de Novo" que virou a reexibição de Avenida Brasil (último grande sucesso que reuniu todas as tribos em frente a TV às 21hrs na Globo e última novela realmente boa do horário) no quadro Novelão do Vídeo Show. O quadro pega apenas a história principal da novela, conta tudo com uma narradora simpaticona e ilustra com uma ou outra cena da própria trama. Acontece que a edição ficou um poucããããão diferente no Novelão da saga de Nina e Carminha, pois a novela foi exibida quase na íntegra. Longas cenas que não faziam a história avançar foram exibidas, o texto da narração foi bem minimalista e exibiram até as tramas dos núcleos secundários. Foi quase uma exibição pro Vale a Pena Ver de Novo, só que dentro do Vídeo Show, demorando mais de um mês para o seu fim (quando deveria ter sido, no máximo, umas duas semanas).
Falando no Vale a Pena Ver de Novo, se antes a faixa de reprises era visto como um tapa-buraco na programação, hoje possui importante relevância na média diária de audiência da Globo. Frequentemente, atrai três vezes mais público do que Record e SBT no mesmo horário. A reprise da deliciosa Cheias de Charme, que termina hoje (21) e foi outro fenômeno de 2012 junto com Carminha e cia, chega ao fim com média geral de 17 pontos. Um verdadeiro sucesso, tendo marcado em alguns capítulos mais de 20 pontos.
Para esticar a boa fase da faixa de reprises, a Globo escalou Senhora do Destino, a novela mais assistida dos anos 2000 e última trama realmente decente escrita pelo Aguinaldo Silva. A primeira reexibição na faixa vespertina, em 2009, alcançou média de 21 pontos, com alguns capítulos quase chegando aos 30. Basta uma pesquisa básica para constatar que as empreguetes e Nazaré Tedesco dominam os assuntos mais comentados e geram mais euforia nas redes sociais do que todas as novelas inéditas que estão no ar.
Para esticar a boa fase da faixa de reprises, a Globo escalou Senhora do Destino, a novela mais assistida dos anos 2000 e última trama realmente decente escrita pelo Aguinaldo Silva. A primeira reexibição na faixa vespertina, em 2009, alcançou média de 21 pontos, com alguns capítulos quase chegando aos 30. Basta uma pesquisa básica para constatar que as empreguetes e Nazaré Tedesco dominam os assuntos mais comentados e geram mais euforia nas redes sociais do que todas as novelas inéditas que estão no ar.
Esse ótimo desempenho ressalta tanto o saudosismo dos noveleiros por tramas envolventes e carismáticas quanto a dificuldade das produções atuais em atender essa demanda básica. Nos últimos anos, o consumidor de teledramaturgia se mostrou mais exigente, enquanto as novelas parecem ter ficado menos interessantes. O formato não precisa ser reinventado. Basta deixar de ser previsível, entediante ou excessivamente inverossímil. E, acima de tudo, mostrar eficiência na pretensão de entreter, ao invés de irritar (cofcofALeiDoAmorcofcof) ou provocar nossa indiferença (cofcofSolNascentecofcof).
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