Nas últimas semanas, ficou bem claro aos olhos do público que A Lei do Amor, em baixa na audiência (até o momento, possui média de 25.93 pontos no Ibope da Grande São Paulo, apenas 0.48 décimos a mais que a fracassada Babilônia), vem passando por ajustes. De repente, tramas paralelas foram deixadas de lado e muita ação foi injetada à trama principal, fazendo com que a história de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari ficasse mais clara para a audiência. Entre os ajustes percebidos, está a maior valorização da presença dos mocinhos Pedro (Reynaldo Gianecchinni) e Helô (Claudia Abreu), a ascensão de Tião Bezerra (José Mayer) como o grande vilão da obra e a revelação de que Magnólia (Vera Holtz) e Ciro (Thiago Lacerda) são amantes, colocando-os na linha de frente como responsáveis pelos principais mistérios da trama policial.
Deste modo, os autores parecem querer corrigir os rumos equivocados da história que foram percebidos com a mudança de fases, ainda na primeira semana da novela. Afinal, quando a trama deixou os anos 1990 para chegar ao presente, deu a impressão ao público de que o enredo foi completamente deslocado. Isso porque o prólogo de A Lei do Amor ficou parecendo uma trama à parte, bastante desconexa da história que vimos no ar depois. Em seus primeiros capítulos, a novela foi toda centrada no casal principal, Pedro (Chay Suede) e Helô (Isabelle Drummond), e nas armações da vilã Magnólia para separá-los. Quando saltou 20 anos no tempo, o enredo, inexplicavelmente, diluiu a presença de Pedro (Reynaldo Gianecchinni) e Helô (Claudia Abreu), apostando num punhado de novas histórias que foram despejadas, de uma vez, no público.
Quando aconteceu o atentado contra Fausto Leitão (Tarcísio Meira) e Suzana (Regina Duarte), A Lei do Amor ganhou cores de trama policial. A história passou a girar em torno dos mistérios do atentado. Mas Pedro e Helô pouco participaram deste entrecho, preferindo viver reencontros amorosos e sendo seguidos por Tião Bezerra, que já foi apresentado como vilão para o público, mas que agia com parcimônia para os demais personagens da obra, escondido sob uma máscara de homem direito. Neste contexto, logo Pedro e Helô descobriram todas as armações que fizeram para separá-los e, assim, concluíram os acontecimentos da primeira fase. Ou seja, ficou parecendo que os primeiros capítulos não serviram para nada.
Enquanto isso, inicialmente, os mistérios em torno do atentado contra Fausto eram investigados por Élio Bataglia (João Campos), um personagem secundário que ganhou status de protagonista. Foi Élio quem agitou a trama policial em seu início, investigando o atentado contra sua tia Suzana, além de participar de uma ciranda amorosa juvenil que ganhou o primeiro plano da novela. Jovens personagens, como Analu (Bianca Müller), Camila (Bruna Hamu), Aline (Arianne Botelho), Jéssica (Marcella Rica), Edu (Matheus Fagundes), Wesley (Gil Coelho), Marcão (Paulo Lessa), Xanaia (Bella Piero), entre tantos outros, ganharam os holofotes. Neste contexto, ganhou força o triângulo amoroso entre Tiago (Humberto Carrão), Isabela (Alice Wegmann) e Letícia (Isabella Santoni), que ganhou o protagonismo romântico jovem da trama.
Com o desaparecimento de Isabela, os protagonistas jovens também se integram ao enredo policial da novela. E foi a partir daí que os autores voltaram a colocar em primeiro plano o eixo central da história. Nos últimos capítulos, as tramas envolvendo os jovens foram abandonadas, o assassinato de Zelito (Danilo Ferreira) foi antecipado e Tião Bezerra se colocou como um vilão a olhos vistos. Atacando de frente Pedro e Helô, o malvado se aproxima cada vez mais de Magnólia, com quem tem um passado mal resolvido, fazendo com que estas tramas se unifiquem cada vez mais. Assim, Pedro e Helô voltaram a agir juntos no intuito de derrubar os vilões, batendo de frente com Tião e Mag que, por sua vez, tentam separá-los novamente. Tiago também segue presente, buscando a verdade sobre o desaparecimento de Isabela.
Assim, A Lei do Amor ficou mais redondinha, pois conseguiu se livrar das "gorduras" presentes nas tramas paralelas, ganhando mais foco. Além de, finalmente, acender a luz sobre seu enredo principal, deu mais destaque a personagens que mereciam estar nesta linha de frente, como a maravilhosa Luciane (Grazi Massafera), responsável pelos melhores momentos da trama. Paralelamente, ganhou força a história envolvendo o divertido casal Antônio e Ruty Raquel (Pierre Baitelli e Ruty Raquel, excelentes em cena). Também ganhou força o triângulo envolvendo Augusto (Ricardo Tozzi), Vitória (Camila Morgado) e Beth (Regiane Alves), que acaba de chegar para colocar mais molho neste entrecho (e deixar Vitória menos chata). Ou seja, até aqui, as mudanças impressas fizeram a novela fluir melhor, sem excessos.
E as mudanças não param por aí. Anteriormente, dada como morta, Isabela voltaria à trama com um novo visual e outro nome e começaria uma vingança contra Tiago por achar que o namorado a jogou no mar após uma briga. Porém, a volta da personagem, que já era para ter acontecido, foi adiada para meados de janeiro de 2017. Sem Isabela, Tiago ficará soltinho e carente. Nesse meio tempo, Letícia mostrará ao ex-noivo que está mudada e não é mais aquela garota mimada e egoísta. Além de ajudar a tirar a fábrica da família Leitão do vermelho, a patricinha o ajudará a superar o trauma com a suposta morte de Isabela. Com isso, a amizade com a priminha começará a ter clima de romance. O plano é claro: fazer o público ficar dividido entre torcer por Letícia ou Isabela pelo coração de Tiago e "salvar" a personagem de Isabella Santoni, até agora, a mais odiada pelo público (com razão, como falei AQUI). Será que vai dar certo? Duvido muito!
Outra mudança: toda a história de corrupção e política na novela (até então, tratada de forma caricata e superficial), que seria deixada de lado, agora passará a ganhar mais espaço e um rumo mais cômico, justamente pelo retorno que alguns personagens envolvidos nesse núcleo dão com o público. Uma das queridinhas é Luciane, que, daqui pra frente, deve aparecer em várias cenas batendo boca nos comícios da vida com Salete (Cláudia Raia), que se tornará vice na chapa com o marido dela; bem como o corrupto Venturini (Otávio Augusto hilário), que, como a arte imita a vida, irá cumprir prisão domiciliar.
Outra mudança: toda a história de corrupção e política na novela (até então, tratada de forma caricata e superficial), que seria deixada de lado, agora passará a ganhar mais espaço e um rumo mais cômico, justamente pelo retorno que alguns personagens envolvidos nesse núcleo dão com o público. Uma das queridinhas é Luciane, que, daqui pra frente, deve aparecer em várias cenas batendo boca nos comícios da vida com Salete (Cláudia Raia), que se tornará vice na chapa com o marido dela; bem como o corrupto Venturini (Otávio Augusto hilário), que, como a arte imita a vida, irá cumprir prisão domiciliar.
Resta saber se, com toda esta ação, A Lei do Amor não tenha queimado cartuchos demais e acabe ficando sem muita história para contar mais adiante. Tião sendo vilão às vistas de todos deve colocá-lo, em breve, atrás das grades. O que acontecerá com ele depois disso? Sempre corre o risco de esvaziar o personagem, afinal, todo mundo já sabe do que ele é capaz. Além disso, a revelação de que Mag e Ciro são amantes os coloca como responsáveis por boa parte das ações e mistérios que envolvem a trama policial da novela. O atentado contra Fausto, o fato de Vitória ser emocionalmente instável, e até a estranha morte de Carmen (Bianca Salgueiro), primeira mulher de Hércules (Danilo Granghéia), podem ser creditados ao casal. O que virá depois? E os trocentos personagens secundários que serão deixados de lado (caso da ótima Maria Flor, cuja Flávia está sendo desvalorizada)? Ficarão sem função mesmo na trama, só fazendo enfeite, ou sumirão de vez? Os autores terão agora que propor novas surpresas para manter a temperatura em alta.
E a coerência é outra senhora que anda passando longe de A Lei do Amor, com situações difíceis de engolir. Jéssica, até então, uma garota ambiciosa e nada sentimental, virou uma santa e, do nada, passou a nutrir um amor súbito pelo médico Bruno (Armando Babaioff), aniquilando o único conflito com a mãe Salete e a irmã Flávia. Bruno, por sua vez, era um bacaca e nutria uma inveja pelo mocinho Pedro e, do nada, também virou um santo. Aproveitando que eu citei a Salete, Daniel Rocha não combina com Claudia Raia. Eles não têm química e fica difícil acreditar que um mulherão como Salete vai se apaixonar por Gustavo. Renato Góes, inicialmente escalado, era mais apropriado. Uma dúvida: quando foi que Salete deixou de ser uma devorada de homens (já que assediava sexualmente os frentistas bonitões do seu posto de gasolina)? O caso mais gritante, porém, é o da Letícia. Ela era egoísta e mimada, tinha verdadeira idolatria pelo Tião e odiava Pedro. Aí, um belo dia, acordou odiando Tião, amando Pedro e se tornando a pessoa mais madura do mundo, a filha perfeita para Helô, além de expert em negócios. Tudo de uma hora pra outra. Aham, tá...
O grande problema é que, embora tenha ganhado agilidade e ficado mais compreensível, A Lei do Amor perdeu uma grande qualidade: a sutileza. Ao escancarar tudo explicadinho, personagens dúbios que demonstravam desvios de caráter perderam sua essência e mudaram radicalmente o comportamento. É o caso de Tião, um personagem difícil de engolir. José Mayer tem se esforçado para fazê-lo verossímil, mas não dá para acreditar nele. Ele virou a personificação do próprio diabo. É mau o tempo todo e só vive para destruir quem cruza seu caminho. É um vilão gratuito e exagerado, com intenções confusas e não muito lógicas. Não me surpreenderia se em breve surgisse um "quem matou Tião?". Suspeitos não iriam faltar.
E a coerência é outra senhora que anda passando longe de A Lei do Amor, com situações difíceis de engolir. Jéssica, até então, uma garota ambiciosa e nada sentimental, virou uma santa e, do nada, passou a nutrir um amor súbito pelo médico Bruno (Armando Babaioff), aniquilando o único conflito com a mãe Salete e a irmã Flávia. Bruno, por sua vez, era um bacaca e nutria uma inveja pelo mocinho Pedro e, do nada, também virou um santo. Aproveitando que eu citei a Salete, Daniel Rocha não combina com Claudia Raia. Eles não têm química e fica difícil acreditar que um mulherão como Salete vai se apaixonar por Gustavo. Renato Góes, inicialmente escalado, era mais apropriado. Uma dúvida: quando foi que Salete deixou de ser uma devorada de homens (já que assediava sexualmente os frentistas bonitões do seu posto de gasolina)? O caso mais gritante, porém, é o da Letícia. Ela era egoísta e mimada, tinha verdadeira idolatria pelo Tião e odiava Pedro. Aí, um belo dia, acordou odiando Tião, amando Pedro e se tornando a pessoa mais madura do mundo, a filha perfeita para Helô, além de expert em negócios. Tudo de uma hora pra outra. Aham, tá...
E não para por aí. Aline, a vilã jovem da trama que fez de tudo para conquistar Tiago, e uma das poucas personagens bem desenvolvidas entre esses 987 que existe na história, saiu da trama, acabando com o único conflito do núcleo de Yara (Emanuelle Araújo, que mais parece "papagaio de pirata" da Helô). O mesmo aconteceu com Zelito, que deu sinal de que uma história ousada na novela estaria por vir com seu envolvimento com Wesley, frentista do posto de gasolina e pai solteiro, mas foi assassinado, deixando-o sem história. Com tantos outros tipos bem mais desnecessários pra tirarem... Com esse sumiço sem explicação da Isabela até meados de janeiro, fica totalmente sem sentido o fato de Helô ter avistado Isabela em Paraty. Afinal, se a moça está tão perto, por que não apareceu pelo menos para os amigos?
Resta saber se as mudanças chegaram a tempo de conquistar o telespectador insatisfeito ou se vai desfigurar A Lei do Amor e transformá-la numa colcha de retalhos mal remendados, tal como Babilônia...
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