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domingo, 31 de julho de 2016

Haja Coração é muito instável



Após um início promissor, Haja Coração entrou em um período instável, sofrendo com uma fraca distribuição de destaque dos núcleos e pela falta de acontecimentos relevantes.

Um deles é a trama principal, que envolve a protagonista Tancinha (Mariana Ximenes) e seus pretendentes Apolo (Malvino Salvador) e Beto (João Baldasserini). A feirante vinha protagonizando cenas divertidas ao lado do publicitário, que de início é um conquistador barato que apenas a deseja como um troféu, mas acaba alimentando um sentimento verdadeiro.

Porém, Tancinha perde força quando está ao lado do caminhoneiro, um grosseirão que volta e meia apela para a violência para resolver seus problemas. As constantes brigas entre os dois cansam e tornam o casal entediante, uma vez que ambos apresentam um excessivo ciúme um do outro. Outro problema é a diferença entre as atuações: Mariana Ximenes tira leite de pedra e esbanja talento e carisma (embora a Tancinha seja um tipo difícil de engolir); João Baldasserini mostra-se uma ótima surpresa em um papel cômico após alguns papeis densos, além de esbanjar química nas cenas com Mariana; já Malvino Salvador interpreta o mesmo tipo de papel e se mostra limitado em cenas que exigem mais. E o fato da trama praticamente se resumir às desventuras amorosas da protagonista mostra falta de fôlego para encabeçar uma novela, uma vez que este núcleo era apenas coadjuvante na novela que o baseou, Sassaricando (1987).


Um entrecho que poderia render bons conflitos para o mesmo seria a busca de Tancinha por seu pai, Guido (que será vivido por Werner Schunemann) e uma movimentação chegou a ocorrer com a entrada de Paulo Tiefenthaler como Rodrigo, um homem misterioso que tem informações valiosas sobre o patriarca dos Di Marino. Contudo, não há um maior desenvolvimento do tema, ficando solto na história. E, surpreendentemente, Apolo foi aprovado no grupo de discussão promovido junto aos telespectadores, algo até pouco crível, uma vez que ele é insuportável.

No núcleo dos Abdalas, o problema envolve a morte de Teodora (Grace Gianoukas). Teoricamente, esta morte é falsa e ela voltará para assombrar o marido. No entanto, até agora nada de relevante ocorreu, deixando grande parte dos personagens sem função. As situações envolvendo Fedora (Tatá Werneck) e Leozinho (Gabriel Godoy), que deveriam divertir (e até divertiam no começo), também cansaram. Enquanto isso, Aparício (Alexandre Borges) tem se encontrado cada vez mais com a amada Rebeca (Malu Mader) e vive tentando reconquistá-la, todavia, a postura do personagem (que deu um golpe do baú e se faz de vítima) é irritante. E Lucrécia (Claudia Jimenez) e Agilson (Marcelo Médici) parecem irrelevantes para a história.


O triângulo entre Giovanni (Jayme Matarazzo), Camila (Agatha Moreira) e Bruna (Fernanda Vasconcellos) alterna altos e baixos. Uma virada interessante resultou na retomada do relacionamento entre o irmão de Tancinha e a fotógrafa, quando ele conseguiu um emprego na agência da namorada para ficar mais perto dela. A história chegou até Bruna, que, inconformada por ter sido trocada pela patricinha, juntou-se a Enéas (Johnnas Oliva) em uma armação que revelou que Giovanni teria sido o autor da explosão do Grand Bazzar (crime pelo qual ele foi acusado injustamente pela própria Camila, antes que esta perdesse a memória). O núcleo rende bons entrechos e destaca as boas atuações de Agatha Moreira e Fernanda Vasconcellos, contudo, nem sempre rende o que poderia em função do pouco destaque em alguns capítulos. Em alguns deles, Bruna simplesmente não aparece, o que impede o papel de crescer mais.

O trio de amigas Rebeca (Malu Mader), Penélope (Carolina Ferraz) e Leonora (Ellen Rocche) é outra história que anda a passos lentos, embora ainda divirta em função do talento das três atrizes (em especial, Ellen Rocche, conhecida por interpretar mulheres sensuais, que está hilária como a ex-BBB fracassada e desta vez o papel não faz muitas referências à forma física da atriz). Quem também contribui para o bom resultado é Renata Augusto, que vive a divertida empregada Dinalda. Outro ponto positivo do núcleo é o romance entre Penélope e Henrique (Nando Rodrigues), um ótimo casal, que tem como maior conflito o fato de ela ser mãe de Beto, melhor amigo dele. Os dois atores esbanjam química em cada cena. Em breve, o núcleo contará com participações de três ex-BBBs da última edição: Daniel, Munik e Ana Paula (Olha ela!!!).

No núcleo de Apolo, a situação é ainda pior. A talentosa Ana Carbatti, que vive Nair, mãe do caminhoneiro, está interpretando um personagem muito semelhante ao que viveu em Alto Astral, do mesmo autor (Daniel Ortiz): a mãe batalhadora que é humilhada constantemente pelo(a) filho(a) mau-caráter ( um clichê já conhecido e explorado em obras como Dona Xepa, Morde e Assopra e Fina Estampa). Naquela novela, Ana interpretava Aurélia e sua filha era a ambiciosa Sueli (Débora Nascimento). Agora, quem interpreta o filho ingrato, ironicamente, é José Loreto, marido de Débora. O personagem de Loreto, Adônis, é irmão de Apolo e gasta com baladas e mulheres o dinheiro que a mãe dá para financiar os estudos, além de ser altamente arrogante. A fraca atuação de Loreto torna o personagem ainda mais insuportável do que já se mostra. Por sua vez, a irmã mais nova de Apolo e Adônis, Larissa (Marcela Valente), até agora não disse a que veio. Sabe-se apenas que é namorada de Renan (Conrado Caputto), um atleta de esportes radicais extremos. E este personagem também não tem qualquer função na trama, o que é uma pena, uma vez que Conrado se destacou em Alto Astral ao lado de Cláudia Raia, com a dupla cômica Samantha Paranormal (Raia) e Pepito (Caputto), que viraram os donos da novela.

A história de Tamara (Cleo Pires), uma mulher que vive perigosamente e apresenta sintomas de transtorno de personalidade, é outra subtrama promissora que não é explorada a contento. Filha de Penélope e irmã de Beto, Tamara é piloto de Fórmula Picape e, em decorrência do transtorno, causou um grave acidente com um colega de sua equipe. Recentemente, ela se desentendeu com a amiga Adriana (Bel Wilker), chefe da equipe, devido ao investimento em Apolo como o novo piloto. Estas situações renderiam conflitos interessantes, mas o pouco espaço dedicado às mesmas faz com que este núcleo também fique solto na história, tanto que a personagem já ficou sem aparecer por vários capítulos. E até agora nada dela se envolver com Apolo, já que Tamara (que, ironicamente, é irmã de Beto) disputará com Tancinha o amor do caminhoneiro


Mas nem tudo está perdido. Uma trama promissora que vem ganhando um merecido espaço é a história envolvendo Shirlei (Sabrina Petraglia), irmã caçula de Tancinha, e Felipe (Marcos Pitombo). O estopim do romance entre os dois é uma bota ortopédica perdida após ela ser quase atropelada pelo mesmo, pois a mocinha sofre de um problema na perna que a faz mancar. Algum tempo depois, Shirlei vai trabalhar na casa dele como faxineira e ambos se encantam ainda mais um pelo outro, provocando a ira de Jéssica (Karen Junqueira), namorada patricinha do rapaz, que aproveita para humilhar a rival da pior forma possível através do emprego. Não bastasse isso, Shirlei ainda é vítima da inveja da irmã Carmela (Chandelly Braz), que sempre acusa a mãe, Francesca (Marisa Orth), de dar menos atenção para ela e mais para a irmã, devido à lesão. O estilo conto de fadas desta trama também é um clichê conhecido, mas está sendo bem retratado pelo autor e os bons desempenhos de Sabrina Petraglia, Marcos Pitombo, Karen Junqueira e Chandelly Braz também ajudam. A química entre Sabrina e Pitombo é outro destaque, fazendo com que o casal se torne um dos preferidos da trama nas redes sociais.

É preciso que haja um melhor desenho da trama e uma melhor distribuição dos núcleos mais promissores, como as histórias de Tancinha e Beto, o retorno de Teodora, a doença de Tamara, as armações de Bruna e os lapsos de memória de Camila, os romances entre Shirlei e Felipe e Penélope e Henrique e o triângulo de amigas, em vez de perder tempo com situações que não agregam. A novela começou promissora, porém, a instabilidade que apresenta impede que se torne ainda melhor (e fica a torcida para que o autor corrija estas falhas a tempo).


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3 comentários:

  1. Apolo é o mais insuportável dessa turma!

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  2. Haja Coração nao é remake nem releitura, mas sim a destruição de Sassaricando. Se a intenção de daniel ortiz era essa esta de parabens.

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  3. O que salva essa novela é o talento dos atores, porque o texto é de uma mediocridade sem tamanho. A novela simplesmente não tem historia.

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