Acompanhando a programação da Record, a impressão que eu tenho é que, hoje, só existe um único diretor para todos os seus programas, porque o modelo é único: o sensacionalismo disfarçado de assistencialismo. A cada edição, atrações do canal, como o Domingo Show e o Gugu, apostam suas fichas em pautas praticamente integrais de apelo emocional. Difícil não vermos uma edição desses programas que não tenham realização de sonhos, reencontros de pessoas que não se veem a tantos anos e outras coisas do gênero se transformando em uma espécie de padrão na emissora (com exceção de poucos, como o Legendários, Programa da Sabrina e até mesmo o programa da Xuxa, que, mal ou bem, apostam no entretenimento do começo ao fim). A proposta da Record parece clara: tentar fisgar o telespectador pela emoção.
Parece que a emissora muda apenas os apresentadores, porque não existe variação nenhuma no conteúdo de um programa para outro. Veja o caso do Rodrigo Faro. Antes ele fazia um sábado alegre, animado, sempre pra cima, se fantasiando e dançando. Na mudança para o domingo, entrou na onda do excesso de pieguice, com assistencialismo e choro o tempo todo. Caiu no mais do mesmo. Uma pena, porque é um ótimo e carismático apresentador (quando Rodrigo vai ao Troféu Imprensa, sempre forma uma dobradinha impagável com o mito Silvio Santos).
O que mais me impressiona é que esse gênero de pauta garante ótimos índices de audiência para a Record (quase sempre, leva a emissora à liderança no Ibope). Vai entender o público...
Só para ressaltar que esta crítica não é totalmente em cima do assistencialismo em si, já que, apesar de alguns pontos negativos, de alguma maneira, os programas geralmente auxiliam e tornam possível o sonho de algumas pessoas, muitas carentes. A crítica é feita com um olhar apontado especialmente para a televisão e se sustenta em cima do apelo e da exploração exagerada que as atrações fazem em cima desse tema. É evidente que o abuso do assistencialismo não surgiu agora. Quem acompanha TV há mais tempo, sabe que esse tema já foi utilizado com exaustão em pautas de programas de outras emissoras e em outras épocas.
E nem é uma característica exclusiva da Record. Taí o Domingo Legal que não me deixa mentir. Como um programa pode ter o nome de Domingo Legal se, em vez de tentar ser alegre, também caiu na linha do chororô barato? O dominical apresentado por Celso Portiolli no SBT foi transformado em rascunho do Domingo Show na tentativa de derrotar o rival. Não deu certo. Continua com índices baixíssimos. Mas antes da reformulação, ao menos, fazia jus ao título.
Por tudo isso, ao se diferenciar completamente na forma e conteúdo deu seus concorrentes no horário, o Tamanho Família acabou se tornando, disparadamente, a melhor opção nas tardes de domingo. E nele se vê, com ampla e completa nitidez, a diferença de um programa que tem direção por trás de outro que não tem ou só tem para cumprir o regulamento. Algo que tem tudo a ver com o sucesso (de audiência e nas redes sociais) que alcançou merecidamente.
Um dos grandes desafios dos apresentadores dos programas diurnos é fazer uma atração que agrade a toda a família. Ainda mais aos domingos, dia em que, tradicionalmente, toda a família está em casa e geralmente se reúne no sofá durante o almoço. Imaginem algo que agrade aos pais, mães, filhos e até aos avós? Tarefa difícil. Tamanho Família cumpre bem esse objetivo. O apresentador, aliás, continua afiado e muito seguro com o microfone na mão. Popular e fanfarrão, no estilo de quem não tem vergonha, Marcio Garcia, realmente, fez falta na função.
Tamanho Família é daqueles programas que dá para assistir com os parentes todos reunidos no sofá. Não há a pretensão de fazer pensar, incitar discussão, levantar polêmica. Seu único objetivo é divertir e emocionar. E até mesmo quando entra numa fase mais chororô (quase sempre nos momentos finais, em que as famílias dos artistas preparam uma homenagem para eles), seu script é completamente outro. Sem apelação. Sem exageros. Taí uma qualidade da Globo. Pode-se acusá-la de muitas coisas, mas nunca de se ancorar no sensacionalismo barato.
Tamanho Família é daqueles programas que dá para assistir com os parentes todos reunidos no sofá. Não há a pretensão de fazer pensar, incitar discussão, levantar polêmica. Seu único objetivo é divertir e emocionar. E até mesmo quando entra numa fase mais chororô (quase sempre nos momentos finais, em que as famílias dos artistas preparam uma homenagem para eles), seu script é completamente outro. Sem apelação. Sem exageros. Taí uma qualidade da Globo. Pode-se acusá-la de muitas coisas, mas nunca de se ancorar no sensacionalismo barato.
Uma pena que o Tamanho Família deixará a grade da Globo (temporariamente) para dar lugar ao péssimo EXXXXXXquenta, com uma Regina Casé canastrona tentando ser do povão. Por que a Globo ainda insiste nisso?! Como diria a minha amada Carminha, "toca pro inferno, motorista"!
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