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domingo, 9 de agosto de 2015

Apesar do tom teatral e da limitação no elenco, Os Dez Mandamentos é uma ótima opção fora da Globo


Enquanto Babilônia tem sido motivo de tristeza para a Globo, Os Dez Mandamentos está dando muita alegria para a Record. A primeira novela bíblica da emissora estreou no dia 23 de março e desde então vem atingindo índices excelentes de audiência, até mesmo acima das expectativas mais otimistas dos responsáveis. A novela chegou ao seu centésimo capítulo nessa última sexta-feira (07/08) com um saldo pra lá de positivo. Sua média geral, até o momento, é de 14 pontos, um índice que a Record não via desde o fim de Vidas em Jogo, em 2011/2012. Com boa repercussão nas redes socias, a novela conseguiu tirar parte do público do Jornal Nacional e já ganhou da novela das nove diversas vezes em alguns estados. O alto custo da trama (cerca de R$700 mil por capítulo) tem valido muito a pena, fazendo desta produção um grande êxito do canal.


A Record acertou em cheio ao exibir a novela às 20h30. O folhetim se tornou uma alternativa no horário, oferecendo mais opções para o público, competindo com atrações muito diferentes: o Jornal Nacional da Globo, a novela infantil Chiquititas do SBT e a novela turca Mil e Uma Noites da Band. Outra vantagem é a temática religiosa, que já faz parte do DNA da emissora. A Record tem seu público cativo de minisséries bíblicas e apostar nesse filão em uma atração diária e de longa duração, como a telenovela, foi uma vantagem em cima dos folhetins contemporâneos anteriores.


Para contar a saga de Moisés em formato de telenovela, a autora Vivian de Oliveira se permitiu total liberdade de criação, seja em relação à linguagem, seja ao texto. A novela usa e abusa de diálogos coloquiais, bem como não tem pudor algum em inventar personagens e histórias sem qualquer relação com a Bíblia. O maior exemplo disso é a supervilã Yunet (Adriana Gambarone), que pintou e bordou a trama inteira, chegando até a ofuscar o próprio protagonista e ser o grande destaque por alguns momentos. Prova disso foi a hashtag #YunetDesmascarada que os internautas subiram e colocaram entre os assuntos mais comentados do twitter quando todos os podres e crimes da vilã vieram à tona e ela levou uma bela surra. Yunet não existiu na história de Moisés (ainda bem, né? Que mulher diabólica), foi inventada pela autora, mas a trama não teria a mesma graça sem ela.


Dando asas à imaginação, Vivian de Oliveira caprichou no drama e, especialmente, nas possibilidades de romance entre os protagonistas e nos triângulos amorosos. Com isso, a novela não se tornou um documentário e possui um enredo simples com bastante romance, não exigindo muita reflexão do público. A história, além de já ser conhecida, é desenvolvida de forma linear, sem sutileza ou ambiguidade alguma. Tudo é muito bem explicado e claro. Não há dúvidas sobre o caráter e a intenção dos personagens. Os principais vilões, Yunet e Ramsés (Sérgio Marone), por exemplo, foram desenhados com altas tintas de caricatura. Excluindo a natureza bíblica da história, muita vezes Os Dez Mandamentos é apenas um melodrama clássico, como tantas outras novelas.


Entretanto, é preciso mencionar o tom teatral de várias cenas. Claro que, como é uma trama de época, não há como manter interpretações exageradamente naturalistas. Porém, muitas sequências ficam vários tons acima, o que prejudica a obra. Não é teatro, é novela! E novela brasileira, não mexicana! Muitas vezes, este exagero prejudica o desenvolvimento da história, deixando os conflitos e embates artificiais demais. Outra questão é a irregularidade do elenco. Apesar de alguns bons desempenhos, há muitos que deixam a desejar... Como o Guilherme Winter, por exemplo. O problema é que ele vive Moisés, o grande protagonista da trama, e sua inexpressividade está fazendo com que até mesmo as cenas mais cruciais para a história tenham seu resultado comprometido. Imagine que Deus resolva falar com você. Qualquer um ficaria assustado, né? Ou então ficaria com medo, com receio, surpreso, sei lá, esboçaria algum tipo de reação. Afinal, não é toda hora que Deus dá uma palavrinha com a gente! Só que, nessa passagem de extrema importância para a história, o ator simplesmente esqueceu (ou ninguém avisou pra ele) que era preciso fazer cara de surpresa. Na maioria das cenas, o ator está quase sempre fazendo cara de paisagem. Falta emoção, faltam lágrimas, falta veracidade para o Moisés de Guilherme WinterPorém, no caso da trama, as qualidades se sobrepõem aos equívocos mencionados.



Por fim, Os Dez Mandamentos tem se mostrado uma produção bem caprichada e a Record tem feito por merecer os bons índices alcançados pela velha história adaptada por Vivan de Oliveira e tão bem dirigida por Alexandre Avancini. Investir em tramas bíblicas já virou um grande trunfo da emissora, após ter produzido tantas minisséries do gênero. Os anos de experiência têm sido benéficos, pois é possível ver uma clara evolução tanto nos cenários quanto nos figurinos. Apesar do tom teatral e da limitação no elenco, Os Dez Mandamentos é uma ótima opção fora da Globo.


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Não assisto a novela

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