Desde 2012, com o fim de Avenida Brasil, que nunca mais vimos uma vilã tão querida, maravilhosa e diabólica como a Carminha (Adriana Esteves). De lá pra cá, nenhuma outra vilã conseguiu chegar aos seus pés: Lívia Marine foi um mico total com aquelas seringadas assassinas, Shirley (Vivianne Pasmanter) foi um marasmo do início ao fim, Cora (Drica Moraes/Marjorie Estiano) prometeu muito e não cumpriu e Beatriz (Glória Pires) e Inês (Adriana Esteves) travaram um duelo de vilãs que mais parecia um joguinho de gato e rato. A Regra do Jogo ainda está no início e Atena (Giovanna Antonelli) ainda tem chances de fazer a sucessão na lista das malvadas inesquecíveis da teledramaturgia, mas, por enquanto, tá mais pra núcleo cômico do que uma vilã de fato. Enquanto não encontramos uma vilãzona daquelas no horário nobre global, a Record nos presenteou com Yunet (Adriana Garambone), a bruxa-mor de Os Dez Mandamentos.
Para contar a saga de Moisés em formato de telenovela, a autora Vivian de Oliveira se permitiu total liberdade de criação, seja em relação à linguagem, seja ao texto. A novela usa e abusa de diálogos coloquiais, bem como não teve pudor algum em inventar personagens e histórias sem qualquer relação com a Bíblia. O maior exemplo disso é a própria Yunet, que pintou e bordou a trama inteira, chegando até a ofuscar o próprio protagonista e ser o grande destaque em diversos momentos.
Yunet sempre foi apaixonada por Disebek (Eduardo Lago), mas seu amado a deixou grávida para se casar com a princesa Henutmire (Vera Zimmermann). Para atrapalhar a vida do casal, ela foi morar no palácio fingindo ser prima dele e, desde então, fez de tudo para separá-los. Para isso, Yunet seduziu Paser (Giuseppe Oristânio) e se casou com ele, enganando o sacerdote com sua suposta virtude e escondendo a real paternidade de Nefertari (Camila Rodrigues), que não sabia que é filha do general.
Yunet sempre invejou a beleza de Henutmire, sua posição social, sua firmeza e, principalmente, o fato dela ser a mulher de Disebek. Sempre que descobria que a princesa estava grávida, servia bebida envenenada que fazia com que ela perdesse o filho. Após inúmeros abortos provocados pela vilã, Henutmire chegou a pensar em se matar. Mas acabou percebendo que Moisés (Guilherme Winter), o menino que encontrara no rio Nilo, poderia ser um presente dos deuses. Tomada pelo desejo de ser mãe, a princesa tirou o hebreu das mãos de Joquebede (Denise Del Vecchio) e proibiu o contato do menino com a família biológica, escondendo sua verdadeira origem por muitos anos.
O tempo passou e o grande sonho de Yunet passou a ser que sua filha, Nefertari, se casasse com Ramsés (Sérgio Marone) e se tornasse a rainha do Egito. Ao notar que ele estava apaixonado por Maya (Bárbara França), a vilã mostrou que estava disposta a fazer de tudo para atingir seus objetivos... Até mesmo matar! Para tirar a filha do sumo sacerdote do seu caminho, a vilã envenenou a maquiagem de Maya, provocando a morte da personagem. Infeliz com o relacionamento de Moisés e Nefertari, já que Moisés era adotado, portanto, não chegaria a governar o Egito, Yunet arquitetou mais um de seus planos. Para tentar separar o casal, ela revelou toda a verdade sobre o passado do príncipe e o incentivou a buscar pela verdadeira família hebreia. Após a revelação, Moisés encontrou sua verdadeira família e se mostrou cada vez mais revoltado com o sofrimento do povo hebreu. A nova postura do príncipe provocou desentendimentos com Nefertari, que não o apoiava. Após constantes discussões, o relacionamento chegou ao fim. Para se livrar da culpa, Yunet chegou a dizer para Henutmire que foi Leila (Juliana Didone) a grande culpada pela descoberta de Moisés. A princesa ficou inconformada e expulsou a hebreia do palácio. Vale lembrar que, desde que Leila chegou ao palácio, a vilã não parou de provocá-la e chegou até a cortar os cabelos da moça enquanto ela dormia.
Depois de ouvir Moisés confessar a Ramsés que matou um hebreu, Yunet joga sujo e revela para o marido, Paser, sobre o crime do príncipe. Ela chantageia o sacerdote para ele revelar este segredo ao faraó Seti (Zé Carlos Machado). Sem saída, Paser mente para Seti que teve um sonho no qual Moisés era traidor e provocava uma rebelião de hebreus contra o rei. Ele explica que o falso sonho mostrava Moisés matando um egípcio e contava que foi possível ver onde o corpo foi enterrado. Após receber a confirmação da morte do oficial egípcio, Seti conclui que o crime de Moisés não tinha perdão e o condenou à morte por enforcamento. Para tentar se salvar, Moisés fugiu do Egito. Ele passou dias vagando pelo deserto até chegar a Midiã, onde conheceu Zípora (Giselle Itié), sua futura mulher.
Com Moisés e Maya fora do caminho, Yunet finalmente realizaria seu sonho de ver sua filha se casando com Ramsés, certo? Errado! Para a sua surpresa, o faraó Seti não autorizou o casamento do herdeiro com Nefertari. Revoltada, a vilã mata o faraó envenenado. Tudo para que sua filha se tornasse rainha do Egito. Mas a vilã não esperava que, após tanto esforço, Nefertari decidiria se tornar sacerdotisa e deixar o palácio. Inconformada, ela recorreu a Ramsés, mas o novo faraó estava decidido a cumprir o último desejo de seu pai e se casar com a noiva escolhida por ele. Pela primeira vez, a vilã não precisou organizar nenhum plano para que o destino ficasse a seu favor. Ramsés não gostou da pretendente e ordenou o retorno de Nefertari ao palácio para se tornar sua rainha. Mas, quando o sonho estava prestes a se tornar realidade, Yunet é flagrada aos beijos com seu amante, Bakenmut (Kiko Pissolato), e tem seus crimes descobertos. A vilã é desmascarada na frente de todos no dia do casamento da filha com o novo faraó, leva uma surra de Henutmire e é expulsa do palácio.
E engana-se quem achou que a função de Yunet na novela já tinha acabado. Após um longo período vivendo como moradora de rua, a vilã arruma um jeito de voltar a viver no palácio roubando o cajado de Moisés, pois acreditava que o poder dele e das pragas que se abatiam sobre o Egito estava no objeto, e o oferece a Ramsés. O faraó fica grato e aceita a sogra de volta, que vira o palácio de cabeça para baixo. Henutmire fica perplexa e, mesmo implorando para que Ramsés expulse-a do palácio, é obrigada a aceitá-la novamente. Atormentada pela rival e farta da intolerância do soberano, a irmã do Faraó resolve fugir do palácio para viver na vila dos hebreus. Seu plano, no entanto, é descoberto por Yunet (Adriana Garambone), que a prende e tortura com ameaças. Sem comer, com medo de que a vilã colocasse veneno na sua comida, Henutmire foi ficando cada vez mais debilitada e também sofreu com as pragas do Deus hebreu, contraindo sarna e úlceras. Salva por Moisés e levada para a casa de Joquebede, a princesa não resistiu e morreu nos braços de seu filho de criação.
Durante uma conversa calorosa sobre a acusação pela morte da princesa com Paser, seu ex-marido, Yunet acaba confessando o assassinato do faraó Setti. Nefartari, que estava escondida, acaba escutando a confissão da mãe e se decepciona profundamente. Ela, então, denuncia a própria mãe ao marido, que condena a vilã a pena de morte. Yunet até consegue fugir da prisão, mas tem um final trágico do mesmo jeito. A sétima praga chega sobre o Egito trazendo grandes bolas de fogo, que destroem boa parte do palácio e de todo o reino e matam muitos egípcios. Entre eles, Yunet.
A vilã não existiu na história de Moisés. Foi inventada pela autora. Mas você há de concordar comigo que a trama não teria a mesma graça sem ela, né? Sem uma super-vilã como a Yunet, a autora jamais teria conseguido fazer Os Dez Mandamentos durar mais de 160 capítulos. E a Adriana Garambone segurou muito bem a peteca, dando um tremendo show de atuação. Foi um prazer enorme odiar a Yunet ao longo de toda a novela. Que ela tenha uma boa entrada no mundo dos mortos, pois no mundo das vilãs mais marcantes de toda a teledramaturgia já tem um lugar lhe esperando!
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