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sexta-feira, 16 de setembro de 2016

E quando a vida imita a arte?


Ferido, Santo (Domingos Montagner) é levado pelo Velho Chico

A morte de Domingos Montagner nesta quinta-feira (15) é uma infeliz coincidência de quando a vida imita a arte. O personagem Santo dos Anjos, vivido pelo ator na novela Velho Chico, chegou a ser dado como morto há alguns capítulos, quando sofreu um atentado e ferido por tiros, caiu no rio, sendo levado pelas místicas águas. Ensanguentado, abatido por três tiros, ele foi resgatado por uma tribo indígena, praticamente morto. Muito debilitado, Santo foi tratado pelos índios e conseguiu se recuperar e voltar para os braços de sua amada, Tereza (Camila Pitanga).

Mas na vida real, o final não foi nada feliz. Domingos Montagner tinha acabado de gravar cenas dos capítulos finais da novela e infelizmente, ao mergulhar no rio com a Camila Pitanga, foi levado pela forte correnteza e encontrado morto horas depois. Na vida real, nada foi possível fazer para salvar a vida de Domingos. As sete vidas perderam o Miguel. O sertão perdeu o Capitão Herculano. Grotas do Sul perdeu Santo. E nós perdemos um grande ator.



Relembre alguns casos em que a ficção ultrapassou as barreiras da realidade:

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Em Corpo a Corpo, Zezé Motta vivia um relacionamento inter-racial com Marcos Paulo. Ela, uma negra de classe média. Ele, um jovem galã branco de família rica. Mas não foi só na novela que a atriz sofreu com o preconceito. Corpo a Corpo ficou marcada pelo pior exemplo de racismo que já se viu na história da nossa televisão, pois parte dos telespectadores se revoltou contra esse romance. O ator, um dos homens mais bonitos da TV na época, chegou a receber ameaças por causa do papel. Nas cartas que enviavam para a central de atendimento da Globo, houve relatos de telespectadores dizendo que mudavam de canal porque não podiam acreditar "que um gato como o Marcos Paulo pudesse ser apaixonado por uma mulher preta horrorosa", que achavam que "o Marcos Paulo devia estar precisando muito de dinheiro para se humilhar a esse ponto" e chegando a fazer um abaixo-assinado pedindo que a personagem de Zezé Motta fosse morta na trama porque achavam um absurdo uma negra beijando um galã branco na TV.

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Muitos famosos acabam se rendendo aos encantos dos colegas de elenco e uma história de amor na ficção passa a vida real também. Débora Nascimento, por exemplo, acabou terminando um casamento para dar chance à química que sentiu ao contracenar com José Loreto em cenas tórridas em Avenida Brasil; que também formou outro casal, Murilo Benício e Débora Falabella (em algum momento na trama, Tufão se apaixonou por Nina). Entre muitos outros casos: Claudia Raia e Edson Celulari (Deus nos Acuda), Daniel de Oliveira e Sophie Charlotte (O Rebu), Nathalia Dill e Sérgio Guizé (Alto Astral), Letícia Spiller e Marcelo Novaes (Quatro por Quatro)...

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Toda a questão do problema do transplante e da doação de órgãos no Brasil abordado em De Corpo e Alma foi suplantado por um crime que chocou todo o país e gerou mudanças na Lei de Crimes Hediondos: a morte da jovem atriz Daniella Perez, filha da autora do folhetim, Glória Perez, assassinada pelo seu colega de elenco Guilherme de Pádua, na noite do dia 28 de dezembro de 1992. Os dois interpretavam um casal romântico da novela: Yasmin e Bira. 

No trágico dia, Daniella e Guilherme gravaram uma cena em que Yasmin dava um fora em Bira. Após a cena, o ator teve uma crise de choro nos bastidores, esmurrou o estúdio e procurou por Daniella no camarim. De acordo com as camareiras, ele entregou bilhetes à atriz, que não queria vê-lo. Segundo atores do elenco da novela, Guilherme assediava muito Daniella na esperança de que ela, sendo filha da autora, pudesse fazer com que ele ganhasse mais espaço na trama. Porém, pouco antes do crime, Guilherme ficou transtornado ao receber o roteiro dos próximos capítulos da novela e ver que seu papel no folhetim era cada vez menor e com poucas falas.

Após as gravações do dia 28, Guilherme saiu do estúdio e foi até Copacabana, onde morava com a esposa Paula, extremamente ciumenta em relação ao ator. Dez dias antes, Guilherme havia tatuado o nome da mulher no pênis, e ela tatuou o nome dele na virilha. Por volta das 21h, Daniella terminou de gravar e seguiu para o estacionamento com Guilherme. Após tirarem fotos com fãs, a atriz entrou em seu carro e saiu sozinha do estacionamento. Guilherme partiu em seguida. Pouco depois, Daniella parou para abastecer em um posto na avenida Alvorada. Quando a atriz saía do posto, teve seu carro fechado pelo de Guilherme. Os dois desceram do carro e Guilherme deu um soco no rosto de Daniella, que caiu desacordada. Dois frentistas testemunharam a agressão. Ele, então, colocou a atriz desacordada no banco de trás do seu carro, que passou a ser dirigido por Paula e partiram para um terreno baldio, onde o corpo de Daniella foi deixado com 18 perfurações provocados por Paula com uma tesoura que atingiram pulmão, pescoço e coração. Segundo as investigações, ela foi ferida dentro e fora do carro.

Mesmo abatida com a fatalidade, Glória conduziu a história até o fim. Durante os sete dias que seguiram ao crime, Gilberto Braga e Leonor Bassères assumiram a responsabilidade de escrever os capítulos e dar uma solução para o desaparecimento dos personagens. Depois de uma semana, Glória Perez retomou e aproveitou para incluir mais dois assuntos polêmicos na trama: a morosidade da Justiça e a inadequação do Código Penal. Ao final do primeiro capítulo sem Daniella Perez, os atores e o diretor Fábio Sabag prestaram uma homenagem à atriz com depoimentos gravados e a história prosseguiu. A saída de Yasmin da novela foi explicada com uma viagem de estudos. Já o personagem Bira simplesmente deixou de existir.

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