Um bando de galalaus numa espécie de adolescência tardia em situações bobas, infantis e simplórias demais para uma novela. Assim está Sol Nascente, que mais parece uma Malhação para adultos. Pensando bem, até Malhação vem apresentado tramas mais adultas...
Sol Nascente está no ar há quase um mês e, até o momento, nada de muito importante aconteceu. A única "grande" reviravolta foi o beijo entre os mocinhos Mário e Alice. Falta história. Falta gancho. Falta agilidade. Faltam acontecimentos relevantes. Vamos combinar que uma amizade de infância que vira romance não rende nem mais em Malhação, né? Essa problematização toda em torno de um beijinho entre melhores amigos não empolga, nem é capaz de sustentar uma novela por vários meses. São situações bobinhas demais para uma trama "adulta", assim como a inconsequência do mocinho que sofre de amor e fica de birra porque a amada foi embora e porque o amigo ficou com a menina que ele gosta ou do irmão mais velho ciumento que não admite que a irmã mais nova se aproxime de homem nenhum. Até o casal da terceira idade (Gaetano e Geppina) vivem de ciuminhos e brigas tolas.
A impressão que eu tenho é que Sol Nascente é escrita especialmente para agradar os famosos fandoms, que, para quem não sabe, é quando uma galera se junta para torcer veemente para um casal da ficção e "shippar" eles, ou seja, juntar pedaços dos dois integrantes do casal, formando um nome só. Talvez, por isso, se explique a escolha da Giovanna Antonelli para o papel da mocinha Alice. A atriz virou uma espécie de curinga da teledramaturgia da Globo, emendando uma novela atrás da outra e, por mais que a trama seja um belo fracasso, sempre fazendo papéis de sucesso de público, nas redes sociais e, principalmente, na CAT (Centro de Atendimento ao Telespectador). Um caso raríssimo de atriz com talento, carisma e estrela. Características estas que se faz fundamental na formação dos pares românticos. Antonelli protagonizou alguns dos romances mais bem-sucedidos de novelas recentes (Romena que o diga). Com naturalidade, ela impõe aos parceiros de cena a tal química capaz de gerar os mais poderosos fandoms.
E são justamente esses fãs shippadores que estão garantindo alguma repercussão para a novela nas redes sociais. Quase que diariamente, é possível ver entre os assuntos mais comentados do Twitter no momento, hashtags e comentários a respeito de Maralice (Mário + Alice), Alicesar (Alice + César) e Lenittorio (Lenitta + Vitório). Este último, levando-se em conta o valor nostálgico: Letícia Spiller e Marcelo Novaes já provaram que tem química juntos desde Quatro por Quatro e o icônico casal Babalu e Raí ainda povoa a mente dos noveleiros mais antigos.
Só mesmo esses fandoms para aturar essa novela, que, além de pecar pelo ritmo lento e uma história clichê e simplória demais, abusa de inverossimilhanças. Por mais carismática e talentosa que seja, Giovanna Antonelli não tem mais o perfil de mocinha romântica juvenil, né? Não dá para engolir uma mulher madura, ousada e independente como a Lenita tendo que namorar escondida para que o irmão ciumento não descubra. Não dá para engolir atores maduros vivendo situações tipicamente juvenis e quase beirando o infantil. A construção do personagem César também é extremamente forçada. Já sabemos que ele é vilão. Não precisa ficar provando isso durante toda cena, né? E o que dizer daquele japonês de araque interpretado pelo Luís Melo (falei mais sobre isso AQUI)? Como diria Glória Perez, "vamos voar". Mas tá difícil, viu...
Agora que a maravilhosa Laura Cardoso entrou na trama e já assumiu o posto de vilã-mor (ela vive Dona Sinhá, avó de César e grande mentora do plano para tomar a empresa da família Tanaka), fica a expectativa para que a história dê uma movimentada. Por enquanto, Sol Nascente tem servido unicamente como um ótimo remédio para aqueles que não conseguem dormir.
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