O MELHOR DA SEMANA
Entrada de Safira
Haja Coração estava precisando urgentemente de uma sacudida. A trama está no ar há três meses e o único grande acontecimento foi a morte de Teodora (Grace Gianoukas). Desde então, as tramas vinham se repetindo o tempo todo, com Tancinha (Mariana Ximenes) nesse lenga-lenga sem fim estando "divididinha" por Apolo (Malvino Salvador) e Beto (João Baldasserini). Haja paciência! Falei mais sobre essa instabilidade da novela AQUI. Porém, nessa quinta (8/9), a novela ganhou um novo fôlego com a entrada de Cristina Pereira dando vida à prima Safira. Ela, aliás, foi a Fedora original em Sassaricando e, tal como Cláudia Raia com sua Tancinha, roubou a cena. Propositalmente, a Safira tem o mesmo perfil (ninfomaníaco e voluntarioso) e figurino (extravagante) da sua Fedora de 1987, como se o tempo não tivesse passado, fazendo o telespectador mais antigo viajar na nostalgia e no talento da Cristina Pereira. A atriz estava fazendo muita falta à TV em um bom papel e está arrancando gargalhadas na novela.
A queda de Afrânio e a ascensão de Carlos como vilão-mor
Velho Chico sempre se mostrou uma novela diferente do que estávamos acostumados. O ritmo mais lento afastou parte do público, mas a qualidade da trama agradou quem conseguiu compreender a lógica (quase surreal) da história. Porém, faltando menos de um mês para o seu fim, ela passou por reviravoltas que deram a agilidade necessária à história e está imperdível.
Tudo começou a mudar (para muito melhor, diga-se de passagem) a partir da queda de Afrânio (Antonio Fagundes). Carlos Eduardo (Marcelo Serrado) colocou suas manguinhas de fora e assumiu o posto de Coronel Saruê, mostrando-se um vilão à altura de heróis fortes como Santo (Domingos Montagner) e Bento (Irandhir Santos). Inicialmente, mostrado apenas como um personagem servil e meio capacho, o deputado ganhou outros contornos nesta reta final e confesso que passei a gostar mais do personagem e da novela. Essa transformação serviu para mostrar também do que um ator é capaz quando tem um papel que gosta em mãos.
A impressão que eu tinha era de que o Marcelo Serrado estava totalmente desmotivado com o Carlos Eduardo do início, praticamente sem sentido dentro da trama, a não ser o fato de ser o marido da Tereza (Camila Pitanga). O que na trama nunca serviu de empecilho para ela viver o amor ao lado de Santo, afinal, quem os separou na primeira fase da trama foi o pai dela, Afrânio. Porém, hoje é notável o entusiasmo do ator à frente do deputado, com a mesma maestria que ele mostrou em outros personagens que marcaram sua carreira. O ar asqueroso, com aquele bigodinho quase imoral, deixa o personagem ainda mais crível e adoravelmente detestável.
Aqui também vale um destaque especial para Antônio Fagundes. Ele, tão criticado (com razão) no início por ter destruído toda a brilhante construção do Rodrigo Santoro nas primeiras fases (relembre AQUI), deu a volta por cima e está dando um show nessa nova fase do personagem. A libertação do fardo de coronel trouxe de volta essa duelo interno entre Saurê e Afrânio, do homem que abriu mão de seus desejos e sonhos, criando para si uma máscara de coronel populista, da qual, gradativamente, está prestes a se libertar e tentando resgatar seu rumo.
O PIOR DA SEMANA
Peregrinação de convidados pelos programas de auditório e entrevista
A falta de criatividade das produções dos principais programas da TV aberta é impressionante. Nos últimos dias, Sandy esteve em quantos programas? E Anitta? O Tiririca começou a peregrinação pelo Programa do Jô, passou por diversos formatos e, na segunda (12), é o principal convidado da Xuxa. Reparem: se programa X convida Eduardo Costa, as demais letras do alfabeto também querem. Exemplo: em uma semana, foi destaque no aniversário do programa Eliana. Olha a surpresa: na outra, foi o convidado do aniversário do Sabadão. Um copia o outro e a falta de criatividade inclui os convidados. Com tantos artistas no Brasil, dos talentosos aos que só são famosinhos, é tão difícil assim sair da repetição e apostar na diversidade?!
Perda de protagonismo da Rose
A história apresentada por Justiça às quinta-feiras se tornou a mais fraca da série por uma razão simples: a trama da protagonista Rose (Jéssica Ellen) se dilui por completo e o foco passou a ser a busca de Débora (Luisa Arraes) pelo seu estuprador, enquanto ela foi relegada para o segundo plano "ajudando" a amiga a encontrá-lo e numa traminha paralela com Celso (Vladimir Brichta) que não acrescenta muito à história. A trama da Rose só existiu mesmo no primeiro episódio, numa crítica corajosa e muito bem trabalhada sobre o racismo (relembre AQUI). Porém, desde que ela saiu da cadeia, virou a coadjuvante da própria história.
Rose e Fátima (Adriana Esteves) são as únicas protagonistas que não planejam vingança. Vicente (Jesuíta Barbosa) foi preso por matar a filha de Elisa (Débora Bloch) e ela quer se vingar dele; e Maurício (Cauã Reymond) foi preso por aplicar a eutanásia na esposa e, após anos de prisão, planeja se vingar de Antenor (Antonio Calloni) por ter atropelado Beatriz (Marjorie Estiano) sem prestar socorro e te-la deixado tetraplégica. A diferença é que Fátima não se vinga por questões de princípios, mas tem todo um drama próprio com os dois filhos e quer provar que vingança e ódio não fazem justiça. Já Rose não se vinga de ninguém justamente porque não tem de quem se vingar e nem história própria mais tem. Ela foi presa com razão, afinal, comprou drogas porque quis. A questão foi a Débora, que estava com ela e também tinha comprado drogas, não ter sido presa também por puro racismo do policial, Douglas (Enrique Diaz).
Uma ótima reviravolta para essa história seria se a personagem estivesse secretamente se vingando do Celso (de quem comprou as drogas) e da Débora por terem se calado. Sempre achei que a Rose perdoou o namorado e a amiga fácil demais. Sem falar que ela fez muitas amizades com pessoas perigosas dentro da cadeia. E se foi ela quem mandou aquele pedreiro estuprar a Débora?! Só isso seria justificável para essa mudança no foco da trama.
P.S.: O capítulo dessa quinta (8/9) abusou do mantra "Vamos voar" da Glorinha Perez. Não teve a menor lógica a Débora abrigar em casa um bandido que ela pensou ser o seu estuprador e mandou espancar e se enganou, mas que se aproveitou e roubou a casa inteira. Irreal.
Os perfis de Mário e Ralf
Um bando de galalaus numa espécie de adolescência tardia em situações bobas, infantis e simplórias demais para uma novela. Assim está Sol Nascente, que mais parece uma Malhação para adultos. Pensando bem, até Malhação vem apresentado tramas mais adultas...
Vamos tomar por base o "drama" do protagonista Mário (Bruno Gagliasso), cujo perfil lhe apresenta como um homem inconsequente, irresponsável e que tinha se negado a crescer. Ele e Alice (Giovanna Antonelli) são dois amigos best friend forever que, de repente, após tantos anos, se dão conta do despertar do amor entre eles após um beijo. Alice não quer que esse beijo estrague a amizade dos dois e decide viajar para o Japão. Desde então, Mário só faz sofrer. Já apareceu embriagado se atirando no mar, chegou a ser preso por perseguir uma jovem na rua pensando ser Alice e, em outra ocasião, passou a noite com Paula (Anna Lima), a quem acabou chamando de "Alice". E fica horas com o olhar perdido e vazio, num desespero sem fim.
Nesta semana, o personagem chegou ao ápice do desespero e tentou SE MATAR pelo simples fato de ter descoberto que o amigo Ralf (Henri Castelli) havia tido um romance amoroso com Alice na adolescência. Assim como uma criança turrona, Mário se fechou em copas e começou a se estrebuchar, alegando que Alice tinha a obrigação de ter contado sobre o romance. Depois, foi para a praia e, diante daquela imensidão azul, decidiu tomar um banho de mar. Sofrido e chorando copiosamente, ele grita: "É tudo meu! Tudo meu...". Então, cai na água, sendo puxado cada vez mais pela correnteza para dentro do mar. Ai, ai... Quanto mimimi, SEN-HOR!!!
Falando no Ralf, esse é outro personagem que parece não ter amadurecido e não admite que a irmã, Lenita (Letícia Spiller), se aproxime de homem nenhum. E ela, que é uma mulher madura, ousada e independente, tem que namorar escondida para que o irmão ciumento não descubra.
Espero que o personagem tome logo seu rumo com a volta da Alice e as infantilidades do Mário sejam, pelo menos, mais "adultas", se é que me entendem. Não dá para aguentar um personagem no auge dos seus 30 e poucos anos de birra porque o amigo ficou com a menina que ele gosta.
Algo me diz que a Globo vai encurtar essa novela em alguns meses...
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