O MELHOR DA SEMANA
Velho Chico traz um alívio ficcional certo na hora certa
Depois de meses de tensão crescente em um jogo enigmático, truncado e cheio de cartas na manga criado por João Emanuel Carneiro, chegou a hora de relaxar e mergulhar nas águas do Velho Chico, um rio que tem muita história pra contar. Nesse mergulho, o público sabe exatamente onde pisar, sem riscos de perder o fôlego. É a nostalgia de volta à telinha, com direito a coronéis, capatazes, amores proibidos, enfim, o jeito antigo de fazer novela. É claro que muita gente pode estranhar a nova trama. Depois de uma sequência no horário nobre de novelas realistas e urbanas (no eixo Rio-São Paulo) desde 2002, o fluxo lento e rural de Velho Chico assusta. Por que tanta cantoria, paisagens e cenas longas sem diálogo nenhum? Porque esse é o estilo de Benedito Ruy Barbosa, um autor das antigas, incompreensível para as novas gerações, mas marcante para a história da teledramaturgia.
Há uma semana no ar, ainda é cedo para dizer se Velho Chico repetirá o mesmo sucesso de clássicos do Benedito como Renascer, Pantanal e O Rei do Gado. Até porque a história de Velho Chico ainda não disse a que veio. Afinal, o que está no ar é uma espécie de prólogo da história que ainda será contada, mostrando a origem da rivalidade entre as famílias Rosa e os de Sá Ribeiro, que vai atravessar gerações até os dias de hoje, e o início da trajetória como coronel do personagem que, daqui a algumas semanas, passará a ser defendido por Antonio Fagundes. O texto está sendo um mero adorno nessa primeira fase. Se não tivesse, não faria falta. Está tudo focado na expressão corporal e imagens. Por enquanto, é a direção artística de Luiz Fernando Carvalho o grande trunfo/destaque da novela.
Com referências às obras como Vidas Secas, Morte e Vida Severina e Meu Pedacinho de Chão (segunda versão), o primeiro ato de Velho Chico tem sido (tecnicamente) impecável/perfeito. A novela parece uma pintura de tão linda que é. Dava para emoldurar e colocar na parede facilmente. Quanto a isso, não tem o que botar defeito. Tomadas de encher os olhos, paisagens deslumbrantes, fotografia belíssima, ângulos de câmera cinematográficos, figurinos, a ótima edição, a beleza plástica (destaque para as cenas rodadas na seca), a luz, a trilha sonora marcante e que exala brasilidade regional (tem Caetano Veloso, Gal Costa, Alceu Valença, Xangai), a estética lúdica e aquela atuação visceral que apenas o Luiz Fernando Carvalho consegue extrair dos seus dirigidos. #SintoCheiroDeEmmy
Rodrigo Santoro é o ponto alto do elenco como o protagonista Afrânio, sujeito antagônico, que carrega muito da cultura coronelista regionalista e é um tipo capaz de despertar amores e ódios no público. Além de ser um profissional maduro e seletivo, Santoro ainda tem a pinta de bonitão que encantou a mulherada quando estourou em Pátria Minha. Só espero que ele não demore mais 13 anos para dar o ar de sua graça. A gente não merece. Em uma participação especialíssima no primeiro capítulo, Tarcísio Meira (Coronel Jacinto) nos lembrou porque é um dos monstros sagrados da teledramaturgia. Chico Diaz (Belmiro) e Cyria Coentro (Piedade) possuem poucas falas, mas nem precisa: eles atuam apenas com o olhar e o corpo. E arrasam. Julio Machado (Capataz Clemente), Selma Egrei (Encarnação), Rodrigo Lombardi (Ernesto Rosa) e Carol Castro (Iolanda) também estão impecáveis.
Mas, apesar das inovações visuais, a trama tem um indisfarçável sabor de déjà vu. É mais uma história sobre coronéis que disputam poder, sobre o filho pródigo que volta para a casa quando o pai morre para assumir os negócios do pai, sobre a rivalidade entre duas famílias que vai durar por muitos e muitos anos, sobre um amor proibido dos descendentes dessas duas famílias inimigas... Adeus, ambiguidade de A Regra do Jogo: aqui a gente sabe de cara quem é quem e qual a história que o autor quer nos contar. Uma história que já vimos ser contada inúmeras vezes pelo Benedito Ruy Barbosa e com aquele velho jeito de fazer novela: cenas arrastadas, diálogos longos e ritmo lento. Um folhetim clássico. Bem anos 70/80 mesmo. Embora devagar, mergulhar nas águas do Velho Chico é muito mais tranquilo e prazeroso do que o mar de lama que circunda a catastrófica realidade do nosso país. É o alívio ficcional certo na hora certa! Resta ter história suficiente para isso...
Semana de grandes viradas em Totalmente Demais
Totalmente Demais tem feito algo que poucas conseguem: elevar e muuuuito a audiência. Para se ter uma ideia, TODOS os dias desta semana a novela teve médias acima dos 30 pontos (tirando sábado, que deu 26, mas isso já está muito bom também). Nas duas semanas anteriores, idem. A novela já bateu Velho Chico nesta quinta-feira (17/03) no Ibope (30.4 contra 30.1) e vem registrando números altíssimos que o horário das sete não via desde 2012, após o fim da tão maravilhosa quanto Cheias de Charme. E sabem o que é mais incrível? Ainda faltam oito semanas para o final da novela, ou seja, não é um aumento repentino de reta final. Totalmente Demais é um fenômeno. Merecidamente, diga-se de passagem. Essa semana, em especial, onde bateu seu próprio recorde (33 pontos), foi também a melhor semana, até então, da trama, com grandes viradas de tirar o fôlego em todos os núcleos.
A mocinha Eliza (Marina Ruy Barbosa) foi do céu ao inferno em apenas uma semana: começou sendo anunciada a grande vencedora do concurso Garota Totalmente Demais e terminou a semana sendo presa. Embora previsível, o capítulo da finalização do concurso e o anúncio da vitória de Eliza foram emocionantes. O bom é que agora esse tedioso lengalenga do concurso, finalmente, chegou ao fim e a trama iniciará um novo ciclo a partir de agora. Quer dizer, já iniciou. Com o novo enfrentamento entre Dino e Eliza, implicando na prisão injusta da mocinha. Marina Ruy Barbosa impecável.
Quem também foi do céu ao inferno essa semana foi Carolina (Juliana Paes). Lembram que ela tinha apostado seu cargo de editora-chefe da revista Totalmente Demais e Arthur sua agência de modelos? Se ela ganhasse, ele passaria a agência para o seu nome. Mas se ele ganhasse e, de fato, conseguisse fazer a Eliza ganhar o concurso, Carol iria largar a revista e trabalharia com ele na agência. Eliza ganhou, logo, como diria Maysa, o mundo da Carolina caiuuuuu... Além de ter perdido a aposta, levou um tapão bem dado de Lili e foi humilhada por Germano, que declarou guerra por ela ter traído sua confiança e revelado à Lili que Eliza era sua filha (na intenção de que Lili desclassificasse a vitória de Eliza no concurso). Duas sequências fantásticas. O enfrentamento entre Germano e Lili após a revelação do segredo também. Humberto Martins, Vivianne Pasmanter e Juliana Paes sempre ótimos.
Por fim, o núcleo de Curicica (que, até então, era de humor e não estava muito envolvido com a trama central) ganhou ares dramáticos e também sofreu uma grande reviravolta. Muito bem feita a cena da surra que Cascudo (Felipe Silcler), que é constantemente intimidado pelo tio violento e criminoso, tomou do tio. A sequência do atropelamento de Wesley também foi excelente e muito bem feita. Destaque para o grito desesperado de Florisval e o desespero de Rosângela. Spoilers dão conta de que Wesley ficará paraplégico. Pelo visto, Totalmente Demais ficará ainda mais totalmente demais!
O PIOR DA SEMANA
MasterChef estreia com gosto de prato requentado
É assim que se começa a estragar um programa. MasterChef é um sucesso, tem boa audiência, vai muitíssimo bem nas redes sociais, enfim, gera conversa entre as pessoas, discussões e tal. Daí, na estreia desta nova temporada (a terceira), a Band já começa a pisar na bola. Primeiro que nem esperou o BBB acabar, o que foi um erro. Tanto que a audiência de estreia foi a pior da história do reality. Para piorar, este primeiro episódio chegou bem no dia de paredão do programa da Globo. Duplo tiro no pé. Daí, outro erro da Band: MasterChef terá cinco meses de duração. É muito tempo. Ninguém aguenta um reality tanto tempo assim. As pessoas já reclamam da duração dos episódios do programa, que chegam a quase três horas. Imagina aguentar episódios longos durante uma temporada mais longa ainda. Cinco meses é muita coisa. Sério. Além disso, o programa continua o mesmo de sempre, sem nenhuma grande novidade em relação as outras duas temporadas. O trio de jurados, então, voltou do mesmo jeito: bipolar. Nesta fase inicial, aparentam ser adoráveis e melosos com quem vão com a cara ou são extremamente rudes e antipáticos com os candidatos ruins. Paolla, Erick e Henrique viraram uma caricatura exagerada deles próprios na primeira temporada, quando eram mais espontâneos e engraçados. Desse jeito, o MasterChef vai acabar se desgastando...
Vídeo Show: duas estreias, duas decepções
Finalmente rolou a esperada mudança de apresentadora do Vídeo Show, com Maíra Charken (quem?) ao lado de Otaviano Costa no lugar da Mônica Iozzi. Foram feitos trocentos testes para encontrarem alguém que conseguisse se segurar no improviso assim como a antiga apresentadora e Maíra foi eleita. Confesso que sempre torci o nariz para ela. Numa emissora que tem Tatá Werneck, Ingrid Guimarães, Dani Calabresa, Fabiana Karla, entre outras "divas" do humor/improviso, porque causa, motivo, razão ou circunstancias escolher justo a Delegada Vera (quem?) do trambolho Babilônia? Como já previa, a estreia de Maíra foi desastrosa. A impressão que ficou é que ela fica o tempo todo querendo imitar a Iozzi. Uma das coisas que eu curtia na Mônica era sua cara de desconforto eterna, algo do tipo "eu não queria estar aqui e estou odiando estar ao seu lado, Otaviano" e Maíra passa longe disso. Ou seja, imitar a antiga apresentadora deixa tudo meio estranho. Sem falar nas tiradas nada espontâneas e situações armadas que eram para ser engraçadas, mas foi pura vergonha alheia. Isso quer dizer que tô aqui ligando para o partido da oposição e exigindo um impeachment da Maíra? Claro que não. Acredito que ela vai se ajeitar com o tempo e até vejo um potencial de boa apresentadora nela. Só precisa ser mais ela mesma e parar de querer imitar a Iozzi.
Outra novidade que se tornou uma decepção no Vídeo Show essa semana foi a estreia de Ana Paula como repórter. E o seu desempenho foi próximo do lamentável. Ela entrevistou Anamara, a saudosa maloca Maroca do BBB10 e do BBB13, e quem ficou com cara de desconforto fui eu mesmo. Todo mundo que acompanha o blog sabe que eu torci muuuuito pela Ana Paula no BBB, mas depois que saiu da casa ela tem se tornado uma celebridade muito inconveniente na televisão, se forçando para virar o personagem que as pessoas diziam que ela era. Ou seja, ela fica o tempo inteiro gritando "Olha elaaaaaaaaa" e fingindo ser uma pessoa descontrolada. Um bom apresentador tem que dar espaço para o entrevistado e não constantemente puxar a atenção para si. Mas como, ao contrário da Suzana Vieira, eu tenho paciência para quem tá começando, creio que ela também irá se ajeitar com o tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Bora comentar, pessoal!