Não perca nenhum dos nossos posts

domingo, 13 de setembro de 2015

A Regra do Jogo: uma novela que exige paciência e muita atenção



Antes de A Regra do Jogo estrear, João Emanuel Carneiro havia dito que escreveria cada capítulo como se fosse o último. E, de fato, o autor não estava mentindo: a cada dia, uma nova história de tirar o fôlego é contada com uma nova revelação sobre os personagens. A novela está há duas semanas no ar e eu ainda não sei qual é a regra do jogo! Afinal, que ódio todo é esse que Romero (Alexandre Nero) tem de Djanira (Cássia Kis) para querer seduzir e conquistar Tóia (Vanessa Giácommo), filha de criação de sua mãe, só para se vingar dela? Qual a verdadeira história por trás do famoso massacre na Seropédica que muitos personagens estão envolvidos? Quem é o tal "Pai" da facção criminosa da qual Romero faz parte? Que seita é essa que envolve a facção? Quem "emprenhou" Nelita (Bárbara Paz)? Juliano (Cauã Reymond) é mesmo inocente como ele diz ou culpado como Dante (Marco Pigossi) garante? Quando Kiky (Débora Evelyn), filha de Gibson (José de Abreu) e Nora (Renata Sorrah), dada como morta, vai aparecer? Por que Suely (Paula Burlamaqui) é tão obcecada em Atena (Giovanna Antonelli)? Zé Maria (Tony Ramos), acusado no passado pelo massacre na Seropédica, do qual jura inocência e motivo pelo qual vive foragido da polícia, diz que o culpado por toda essa desgraça é Romero e nutre um ódio mortal pelo protagonista. Estará ele falando a verdade? Dou um milhão de dólares para quem descobrir!

Perder um capítulo de A Regra do Jogo é como acompanhar um "Quem matou?" e, no final, perder quem é o assassino. É uma novela que precisa ser acompanhada diariamente mesmo para não se perder o fio da meada. E acho que, além de suceder um fiascão como Babilônia e a dura concorrência de Os Dez Mandamentos, esse seja outro grande fator para a baixa audiência da atual novela das nove. Minha vózinha, por exemplo, está dormindo mais cedo por achar a trama confusa demais e porque detesta que estão falando o tempo todo de facção criminosa. Tudo bem que uma pessoa só não representa a opinião de todo o país, mas pode ser que os telespectadores mais conservadores estejam torcendo o nariz para a trama cheia de mistérios, reviravoltas, crimes e segredos, que já virou marca do autorParticularmente, adoro esse tipo de história que mais parece um thriller (filme de suspense) ou um seriado policial. 


Lembro que na época de A Favorita muita gente reclamava que não entendia nada, a audiência capengava e Os Mutantes fazia o maior sucesso na Record. O fato é que era preciso paciência e muita atenção para assistir a trama. João Emanuel Carneiro tinha duas protagonistas: Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia). Uma das duas matou Marcelo, marido de Donatela e amante de Flora, com quem teve uma filha, Lara (Mariana Ximenes), que foi criada por Donatela enquanto Flora esteve presa acusada de matar o amante. Uma das duas estava mentindo. E, durante os primeiros 55 capítulos, A Favorita girava justamente nessa discussão sobre quem era mocinha e quem era vilã. Só que a história da novela já começava na metade, a partir do momento em que Flora saía da cadeia disposta a provar sua inocência e recuperar os anos perdidos com a filha. Todo o mistério sobre o assassinato do Marcelo era contado apenas por meio de flashbacks, em que Flora, Donatela e alguns outros personagens davam suas versões da história. Algumas verdadeiras, outras não. Tal situação é muito parecida com A Regra do Jogo. Um massacre na Seropédica ocorreu nos anos 90. Tal crime une, de certa forma, todos os personagens principais. Só que a história é apresentada ao público vinte anos depois, já na atualidade. Aos poucos, o autor vai soltando algumas pistas sobre o que realmente aconteceu. Em A Favorita também era assim. Até que, no capítulo 56, ocorreu a grande virada na história: foi revelado que Flora era a assassina. Este fato desencadeou novos mistérios e entrechos. A Favorita virou outra novela. Ainda mais instigante e cheia de reviravoltas. Aliás, foi a partir dessa revelação que a novela finalmente cativou o público e engrenou na audiência. E, quando todo mundo pensava que o mistério em torno do assassinato de Marcelo já estava resolvido, o autor ainda trouxe, muitos capítulos depois, uma nova revelação: Lara não era filha de Marcelo e sim de Dodi (Murílo Benício)! Foi por isso que a vilã o matou, após ele descobrir toda a verdade. Já imaginaram se Carneiro tivesse alterado sua ideia por causa da rejeição do público? A Favorita não seria esse novelão de sucesso, criativo e diferente.


O enredo do autor é cativante pela maneira como o autor narra sua história. Seus personagens caminham, o tempo todo, na corda bamba entre o bem e o mal. O diferencial de Carneiro está em saber brincar com essas nuances de personalidade como quem manipula peças de um jogo de xadrez. Que os mais apressadinhos esperem antes de criticar o novo que o autor tenta apresentar. Avenida Brasil, por exemplo, ao contrário das outras duas novelas para o horário das nove do autor, apresentava uma trama clássica de vingança: Carminha (Adriana Esteves) era vilã, Nina (Débora Falabela) era a heroína, Carminha desgraçou a vida de Nina no passado e, anos depois, Nina retorna querendo se vingar da ex-madrasta. Tudo bem que o autor deixou sua marca colocando o grande mistério (o passado da "Família Lixão"), a grande virada (quando Carminha descobriu que Nina, na verdade, era Rita) e novas revelações sobre os personagens (quando Santiago/Juca de Oliveira, pai de Carminha, se revelou o grande vilão da história), mas era uma trama, digamos assim, mais simples de entender. A Regra do Jogo não. É preciso paciência para ver o desenrolar da novela antes de reclamar nas redes sociais. O tabuleiro já foi armado, mas poucas peças foram movimentadas. Ainda falta muito para a grande virada. E para o xeque-mate!


4 comentários:

  1. Quero ver quando essa Os Dez Mandamentos acabar. A Record vai despencar na audiência e A Regra do Jogo vai bombar!

    ResponderExcluir
  2. Também to achando A Regra confusa demais. Mas com o tempo deve ficar mais clara e vai bombar na audiência. No JEC eu confio!

    ResponderExcluir
  3. Oi gente!

    Gostei do seu blog, (sua divulgação no Zamenza deu certo! ) Rsrs


    Só um detalhe dessa postagem que concordo bastante: na verdade JEC não teve que adiantar o grande mistério da trama? Que Flora era a verdadeira vilã? Se sim, entendo que isso tenha alterado um pouco um roteiro, já que havia uma previsão maior de tempo dessa ambiguidade entre Donatella e Flora.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Maxxi. Sim, o mistério em torno de 'A Favorita' foi adiantado para o cap 55. Inicialmente, JEC pretendia levá-lo até o fim. Particularmente, ficou mil vezes melhor assim. Creio que ele deva fazer algo parecido com 'A Regra do Jogo', mas sem 'babilonizar' seu roteiro. Um abraço!

      Excluir

Bora comentar, pessoal!

Poderá gostar também de

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...