Antes de A Regra do Jogo estrear, João Emanuel Carneiro havia dito que escreveria cada capítulo como se fosse o último. E, de fato, o autor não estava mentindo: a cada dia, uma nova história de tirar o fôlego é contada com uma nova revelação sobre os personagens. A novela está há duas semanas no ar e eu ainda não sei qual é a regra do jogo! Afinal, que ódio todo é esse que Romero (Alexandre Nero) tem de Djanira (Cássia Kis) para querer seduzir e conquistar Tóia (Vanessa Giácommo), filha de criação de sua mãe, só para se vingar dela? Qual a verdadeira história por trás do famoso massacre na Seropédica que muitos personagens estão envolvidos? Quem é o tal "Pai" da facção criminosa da qual Romero faz parte? Que seita é essa que envolve a facção? Quem "emprenhou" Nelita (Bárbara Paz)? Juliano (Cauã Reymond) é mesmo inocente como ele diz ou culpado como Dante (Marco Pigossi) garante? Quando Kiky (Débora Evelyn), filha de Gibson (José de Abreu) e Nora (Renata Sorrah), dada como morta, vai aparecer? Por que Suely (Paula Burlamaqui) é tão obcecada em Atena (Giovanna Antonelli)? Zé Maria (Tony Ramos), acusado no passado pelo massacre na Seropédica, do qual jura inocência e motivo pelo qual vive foragido da polícia, diz que o culpado por toda essa desgraça é Romero e nutre um ódio mortal pelo protagonista. Estará ele falando a verdade? Dou um milhão de dólares para quem descobrir!
Perder um capítulo de A Regra do Jogo é como acompanhar um "Quem matou?" e, no final, perder quem é o assassino. É uma novela que precisa ser acompanhada diariamente mesmo para não se perder o fio da meada. E acho que, além de suceder um fiascão como Babilônia e a dura concorrência de Os Dez Mandamentos, esse seja outro grande fator para a baixa audiência da atual novela das nove. Minha vózinha, por exemplo, está dormindo mais cedo por achar a trama confusa demais e porque detesta que estão falando o tempo todo de facção criminosa. Tudo bem que uma pessoa só não representa a opinião de todo o país, mas pode ser que os telespectadores mais conservadores estejam torcendo o nariz para a trama cheia de mistérios, reviravoltas, crimes e segredos, que já virou marca do autor. Particularmente, adoro esse tipo de história que mais parece um thriller (filme de suspense) ou um seriado policial.
Lembro que na época de A Favorita muita gente reclamava que não entendia nada, a audiência capengava e Os Mutantes fazia o maior sucesso na Record. O fato é que era preciso paciência e muita atenção para assistir a trama. João Emanuel Carneiro tinha duas protagonistas: Flora (Patrícia Pillar) e Donatela (Cláudia Raia). Uma das duas matou Marcelo, marido de Donatela e amante de Flora, com quem teve uma filha, Lara (Mariana Ximenes), que foi criada por Donatela enquanto Flora esteve presa acusada de matar o amante. Uma das duas estava mentindo. E, durante os primeiros 55 capítulos, A Favorita girava justamente nessa discussão sobre quem era mocinha e quem era vilã. Só que a história da novela já começava na metade, a partir do momento em que Flora saía da cadeia disposta a provar sua inocência e recuperar os anos perdidos com a filha. Todo o mistério sobre o assassinato do Marcelo era contado apenas por meio de flashbacks, em que Flora, Donatela e alguns outros personagens davam suas versões da história. Algumas verdadeiras, outras não. Tal situação é muito parecida com A Regra do Jogo. Um massacre na Seropédica ocorreu nos anos 90. Tal crime une, de certa forma, todos os personagens principais. Só que a história é apresentada ao público vinte anos depois, já na atualidade. Aos poucos, o autor vai soltando algumas pistas sobre o que realmente aconteceu. Em A Favorita também era assim. Até que, no capítulo 56, ocorreu a grande virada na história: foi revelado que Flora era a assassina. Este fato desencadeou novos mistérios e entrechos. A Favorita virou outra novela. Ainda mais instigante e cheia de reviravoltas. Aliás, foi a partir dessa revelação que a novela finalmente cativou o público e engrenou na audiência. E, quando todo mundo pensava que o mistério em torno do assassinato de Marcelo já estava resolvido, o autor ainda trouxe, muitos capítulos depois, uma nova revelação: Lara não era filha de Marcelo e sim de Dodi (Murílo Benício)! Foi por isso que a vilã o matou, após ele descobrir toda a verdade. Já imaginaram se Carneiro tivesse alterado sua ideia por causa da rejeição do público? A Favorita não seria esse novelão de sucesso, criativo e diferente.
O enredo do autor é cativante pela maneira como o autor narra sua história. Seus personagens caminham, o tempo todo, na corda bamba entre o bem e o mal. O diferencial de Carneiro está em saber brincar com essas nuances de personalidade como quem manipula peças de um jogo de xadrez. Que os mais apressadinhos esperem antes de criticar o novo que o autor tenta apresentar. Avenida Brasil, por exemplo, ao contrário das outras duas novelas para o horário das nove do autor, apresentava uma trama clássica de vingança: Carminha (Adriana Esteves) era vilã, Nina (Débora Falabela) era a heroína, Carminha desgraçou a vida de Nina no passado e, anos depois, Nina retorna querendo se vingar da ex-madrasta. Tudo bem que o autor deixou sua marca colocando o grande mistério (o passado da "Família Lixão"), a grande virada (quando Carminha descobriu que Nina, na verdade, era Rita) e novas revelações sobre os personagens (quando Santiago/Juca de Oliveira, pai de Carminha, se revelou o grande vilão da história), mas era uma trama, digamos assim, mais simples de entender. A Regra do Jogo não. É preciso paciência para ver o desenrolar da novela antes de reclamar nas redes sociais. O tabuleiro já foi armado, mas poucas peças foram movimentadas. Ainda falta muito para a grande virada. E para o xeque-mate!
Quero ver quando essa Os Dez Mandamentos acabar. A Record vai despencar na audiência e A Regra do Jogo vai bombar!
ResponderExcluirTambém to achando A Regra confusa demais. Mas com o tempo deve ficar mais clara e vai bombar na audiência. No JEC eu confio!
ResponderExcluirOi gente!
ResponderExcluirGostei do seu blog, (sua divulgação no Zamenza deu certo! ) Rsrs
Só um detalhe dessa postagem que concordo bastante: na verdade JEC não teve que adiantar o grande mistério da trama? Que Flora era a verdadeira vilã? Se sim, entendo que isso tenha alterado um pouco um roteiro, já que havia uma previsão maior de tempo dessa ambiguidade entre Donatella e Flora.
Olá, Maxxi. Sim, o mistério em torno de 'A Favorita' foi adiantado para o cap 55. Inicialmente, JEC pretendia levá-lo até o fim. Particularmente, ficou mil vezes melhor assim. Creio que ele deva fazer algo parecido com 'A Regra do Jogo', mas sem 'babilonizar' seu roteiro. Um abraço!
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