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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Supermax tornou-se refém de si mesma



Como trazer um público que se afastou da TV de volta? Criar novelas para atrair telespectadores jovens e antenados como a ficção científica Além do Horizonte e a tecnológica Geração Brasil, ambas às 19h? Trazer uma aura de seriado à novela, como Avenida Brasil e A Regra do Jogo? Apostar em formatos seriados consagrados internacionalmente, como Dupla Identidade e Justiça? Lançar (tardiamente) um aplicativo (Globo Play) com vídeo sob demanda tal qual Netflix? Todas essas perguntas devem ter sido feitas ao longo dos últimos cinco anos na Globo. Todas, evidentemente, respondidas com atraso.

Hoje, as novelas viram que não tem como atrair esse público que afastou-se da TV aberta, abriu seus HDs para downloads ilegais de seriados internacionais e passou a assinar produtos da Netflix e TV paga. São, portanto, obsoletas (ainda que com qualidade extrema, como Velho Chico, Verdades Secretas, Sete Vidas, Além do Tempo e tantas outras mais recentes) e estão distante de quem é conectado. As séries, entre uma ou outra experiência bem sucedida, ainda tentam encontrar um caminho. O Globo Play, que oferece todo o cardápio da emissora, incluindo capítulos diários de novelas, tem relativo sucesso. Mas faltava mais.

Em 2015, iniciava-se o processo de criação de uma série original, diferente de tudo que já havia sido mostrado na TV aberta. Uma prisão, um reality show, acontecimentos sobrenaturais, terror, suspense. Estava criado o hype em torno de Supermax. Depois de todo o frisson criado (com direito a painel na Comic Con, referência para os jovens que devoram séries e tudo o mais do mundo dos quadrinhos em todo o planeta) e do adiamento (seria exibida no primeiro semestre, ficou para o segundo), a série estreou em uma iniciativa inédita. Pela primeira vez, a Globo disponibilizou toda a série no Globo Play. Diante do crescente da Netflix, que usa da estratégia ao liberar todos os episódios de uma só vez, a Globo viu nesse tipo de estratégia uma forma de manter o hype e mostrar: "Vejam, nós também estamos nesse jogo!".

Na verdade, quase todos os episódios. Exibida semanalmente às terças-feiras, na segunda linha de shows após a novela das nove, Supermax terá o seu último episódio exibido para todos, telespectadores da TV aberta e assinantes da Globo Play, em dezembro. Dos 12 episódios, 11 já estão disponíveis. E é aí que a história desandou. Pra que perder tempo assistindo pela TV, tendo que esperar semanalmente por cada episódio, quando se pode ver tudo logo de uma vez pela internet (e sem intervalo comercial)?

A tentativa de criar ainda mais hype com o lançamento de todos os episódios de uma só vez provavelmente não causou o que a emissora desejava. Haja vista que a série vem acumulando recorde negativo atrás de recorde negativo e acumula os números de audiência mais baixos já registrados por uma série da Globo na faixa horária de exibição, normalmente dedicada... A séries cômicas (como Tapas e Beijos e Louco por Elas) ou à novela das 23h. Outra tremenda bola fora da Globo: Supermax deveria ser exibida numa sexta-feira, após o Globo Repórter, um horário que a própria emissora costuma apresentar produtos, digamos, mais pesados (como foi o caso de Dupla Identidade, que também tinha elementos de terror e suspense).

Supermax é um produto de alta complexidade técnica. Por outro lado, derrapa em uma história com uma premissa interessante, mas que se mostra rocambolesca ao desenrolar da trama. A primeira (má) impressão começou ainda nas chamadas de estreia. Se antes havia um interesse por conta do formato aparentemente ousado que criou a expectativa de que Supermax seria um fenômeno ou, ao menos, criaria um novo padrão de produto seriado na TV aberta, ao lançar a série como “reality show”, a Globo cometeu outro grande erro.



As chamadas mostravam Pedro Bial, (ex-)apresentador do (famigerado para alguns, viciante para outros) BBB, no comando do reality show que dá nome à série. Os personagens, apresentados como participantes. A série, como um programa tal qual o BBB. O telespectador comum ficou confuso. Reality show? Série? O que é, afinal, esse novo programa? Caso pessoal: um familiar perguntou se nós, telespectadores, poderíamos votar para eliminar os participantes. Esse familiar não vê TV aberta com frequência, um ou outro produto. Não é nenhum desatento ou desinformado. Caiu na falsa armadilha, assim como milhares (ou milhões) de outros telespectadores completamente alheios. Supermax tornou-se refém de si mesma.

O telespectador que comprou a ideia de reality show desistiu. O jovem (quando digo jovem, não digo de faixa etária, e sim de comportamento) desistiu ao ver Pedro Bial como apresentador (ainda mais canhestro). Supermax, enfim, ficou presa à armadilha que ela própria criou. Tentou atirar em todos os lados: o telespectador que ama BBB e derivados, o assinante da Netflix que quer abocanhar todos os episódios de uma só vez, o jovem que ama séries e nem sai de casa para acompanhar. Atirou também em todos os formatos e gêneros: reality show, suspense, terror, sobrenatural, série. Errou todos. Errou feio. Errou rude.

Errou ao acreditar que o telespectador de reality show acompanharia. Não comprou a ideia por ver que aquilo é uma série e não poderia interferir nos rumos. Desistiu porque talvez não esteja acostumado a ver terror (é medroso e pudico). Quem faz binge watching (assistir vários episódios de uma só vez) achou um disparate não ver o último episódio. O jovem que devora séries viu as atuações, diálogos e situações canhestras e repetiu o mantra preconceituoso: “Ah, tinha que ser série brasileira, nada presta”.

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É uma pena que Supermax não tenha engrenado (em números e repercurssão). A sua premissa é das mais interessantes. A impressão que tenho é que os criadores juntaram todas as ideias possíveis para criar algo teoricamente “ousado” e gastaram todas as balas na concepção de Supermax . A mistura não deu liga.

Supermax repete a estratégia: personagens com histórias clichês (o assessor parlamentar corrupto, a ricaça perua, o jogador de futebol problemático, o policial bem intencionado, o padre com traços psicológicos problemáticos) e atuações (mais por conta do roteiro do que pelos atores) pra lá de forçadas. Além disso, premissa natural em qualquer série, não há sequer um personagem que cause empatia. Essa empatia não é necessariamente pelo personagem justo, vide Walter White de Breaking Bad e Frank Underwood de House of Cards (ou, num exemplo bem brasileiro, vilãs de novela como Carminha, Nazaré e Odete Roitman).

Apesar de ser uma produção de apuro estético, novamente é mais um produto que aposta na embalagem em detrimento da história. Pese ainda o fato da série se passar em uma prisão no meio da selva amazônica, que poderia render lendas e sobrenatural “coisa nossa”. O caminho adotado, aparentemente, é o de exportar a série para outros países. Um erro. O que há de melhor em produto seriado (incluindo séries e minisséries) é o brasileiro. Exemplos não faltam: O Canto da Sereia, Amores Roubados, A Teia, Doce de MãeDupla Identidade (mesmo com um pé em um conceito de serial-killeramericanizado), Os Experientes, Felizes Para Sempre?, AmorteamoLigações Perigosas (uma releitura do clássico francês, mas que poderia se passar no Rio de Janeiro daquela época facilmente), Justiça... Até mesmo fora da Globo, como A Lei e o Crime, Fora de Controle, Conselho Tutelar e Plano Alto, na Record, e Magnífica 70, na HBO (TV paga).

Ainda que preconceituosos afirmem que a TV brasileira não sabe fazer séries ou minisséries, os exemplos acima (entre uma falha e outra, encontradas também naquilo que é considerado o “padrão americano”), o melhor ainda é falar do Brasil, com formato do Brasil. O único caminho para o produto seriado brasileiro é falar de sua gente. Supermax, enfim, emula um formato feito para atrair um público que, certamente, dispensou o produto. Até mesmo os criadores e a Globo, apesar da pretensão, não apostaram tão alto quanto parece: não tem esteio e não pensaram em uma segunda temporada. Também, pudera: com tanta bala disparada, a arma ficou sem munição. A história, esse item primordial, tem que ser coisa nossa. E Supermax falha ao tentar criar uma mitologia (falarei sobre o fantástico 10º episódio no melhor e pior dessa semana, esperem!) que começa interessantíssima (os primórdios da prisão de segurança máxima), mas desemboca para um ritualístico sem sentido, quando poderia apostar em algo mais “brasuca”.

domingo, 27 de novembro de 2016

O Melhor e Pior da Semana (20 à 26/11)




   O MELHOR DA SEMANA   


Carinha de Anjo



O SBT encontrou um belo nicho ao produzir novelinhas infantis, conquistando uma relevante fatia de público com suas tramas para crianças no horário nobre. Carinha de Anjo é outra boa trama feita pela emissora. A pequerrucha Lorena Queiroz, de 5 anos, que interpreta a órfã Dulce Maria, é o maior achado do SBT. A escolha de uma menina tão nova para segurar o papel de protagonista da novela foi uma ousadia e tanto. Mas, até agora, Lorena segurou bem a responsabilidade e mostra talento de gente grande. As cenas dela com Lucero (em uma participação mais do que especial na pele de Tereza, mãe falecida da Dulce, com quem ela interage em sonhos) foram os momentos mais lúdicos, bonitos e emocionantes dessa primeira semana. Estou apostando minhas fichas também na Priscila Sol, à frente da adorável Tia Perucas. A atriz poderia ter seguido a linha caricata que a personagem tem na versão mexicana, mas ela se mostrou segura e bem mais do que uma cópia. Aguardemos! A trama, em si, está sendo uma graça e agrada todo tipo de público. Inclusive, já estou com o tema de abertura e a música Joia Rara na ponta da língua!

Gui e Zac



Vladimir Brichta e Nicolas Prattes se destacaram na cena em que pai e filho finalmente se aproximaram e se abraçaram, logo após Gui ter salvado Zac de um espancamento. A relação dos personagens, como eu já havia previsto, é uma das melhores em Rock Story. A novela segue deliciosa, atraente e bem dinâmica.

     O PIOR DA SEMANA     


"Figuração" de Ivete no The Voice Brasil


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Para quem foi anunciada como grande novidade na atual temporada do The Voice Brasil, Ivete Sangalo não teve uma função à altura do superlativo que vem à frente do título do cargo que lhe deram. De Supertécnica não teve nada. Muito pelo contrário. A cantora teve uma atuação até menos expressiva do que tinham os chamados "assistentes" nas temporadas anteriores, como, por exemplo, Luiza Possi, Rogério Flausino, Ed Motta, Maria Gadú e Di Ferrero. E eles apareciam não apenas nos ensaios, como se faziam presentes assistindo junto aos técnicos a cada apresentação dos candidatos. Um detalhe que faz, sim, toda a diferença. O que ficou parecendo é que o convite a Ivete aconteceu muito mais para criar factoides em torno de uma possível rivalidade entre ela e Claudia Leitte. Se a ideia foi fazer lobby e fornecer material para a mídia sensacionalista, até nisso o tiro saiu pela culatra. O assunto já até se esgotou em si.

Mais um capítulo da série "Como salvar o Vídeo Show?"


 

É deprimente ver a Globo atirando para todos os lados tentando salvar o Vídeo Show. O programa, que faz parte da história do canal, vem sofrendo desde 2010 com uma fraca audiência. Porém, a cerca de oito meses, com a criação do quadro Hora da Venenosa dentro do jornalístico Balanço Geral SP, o programa vem levando surras no horário e abalando a hegemonia da Globo, algo que a emissora não permite.

Depois de transformar Susana Vieira em apresentadora, trazer Miguel Falabella de volta à bancada e testar Angélica e Luciano Huck (tudo sem sucesso, diga-se de passagem), agora o Vídeo Show apela para dramas. O vespertino trouxe de volta o Caso Verdade, no qual pessoas comuns relatam casos parecidos com o das novelas, como o vivido por Carolina Dieckmann como Camila em Laços de Família (já tinha o criticado AQUI). Ou seja, não apenas as concorrentes escorregam na pieguice e apelam para chamar a atenção do público. Se você estiver zapeando e se deparar com uma trilha sonora bem dramática, Otaviano Costa e Joaquim Lopes forçando choro e uma longa reportagem, podem ter certeza que não é o Domingo Show!

As maluquices de Silvio na grade de programação do SBT


No início da década de 2010, o SBT passou a adotar uma postura mais responsável em sua grade de programação. Antes, o canal era caracterizado pela instabilidade eterna, sempre creditada às vontades de Silvio Santos, que lançava e cancelava programas ao sabor do vento, mudava horários de atrações a todo instante e decretava ordens que pareciam absurdas. Isso mudou bastante. A grade se tornou menos instável e foram lançados programas de grande viabilidade financeira. Os resultados vieram: após perder o segundo lugar para a Record, o SBT voltou a brigar de igual para igual com a concorrente.

Mas o ano de 2016 vai ser marcado como uma espécie de "retorno" de Silvio Santos atacando como "diretor de programação". Nos últimos meses, não faltaram mudanças e ideias malucas que, segundo a imprensa especializada, são ordens do dono do canal. Difícil defende-lo, viu... Programas lançados às pressas, mudanças de horário e de padrão e algumas ideias que não parecem combinar com o jeito moderno de se fazer televisão. Muitas coisas esquisitas acabaram acontecendo no SBT. E elas ainda não acabaram.

Nessa semana, o jornalístico Primeiro Impacto voltou a ter Joyce Ribeiro e Karyn Bravo, mas numa "primeira parte". A segunda continua sob o comando do "incrível" jornalista Dudu Azevedo. Coitadas. Delas e do público, é claro! O Fofocando, que já está fazendo hora extra em se tratando de Silvio, agora vai ao ar apenas para São Paulo. Como consequência, o restante do Brasil passa a acompanhar a re-re-re-re-re-re-re-reprise A Usurpadora a partir do capítulo 11 (e agora às 15h15), assim como ele já fez com A Mentira, que passou a ser exibida nacionalmente no meio da exibição por não ter ido bem em SP.

Tem que ser muito fã mesmo para aguentar essa grade voadora do SBT, viu...

O assassinato de Isabela


Fininho ameaça a atirar em Isabela (Foto: TV Globo)

Até agora não me conformei com o amadorismo nas cenas do assassinato de Isabela em A Lei do Amor. Tudo foi pobre, desde o roteiro até a sua realização. Como é possível engolir que duas pessoas (Isabela e Tiago) estejam a bordo de uma lancha relativamente pequena e não vejam que há uma pessoa escondida em um dos cômodos da embarcação? Tudo bem, eles estavam apaixonados e loucos para passear que sequer foram conferir isso, mas é que muitas outras pontas ficaram soltas nesse assassinato.

Depois de uma semana sofrendo com as desconfianças (descabidas) de Tiago, coincidentemente, Isabela leva dentro da sua bolsa exatamente o extrato que prova o depósito de 15 mil reais feito por Helô. Que tremenda coincidência, não é mesmo? Isso sem falar que, mesmo sabendo que Tiago tinha um pé atrás com essa história, ela cede aos apelos do namorado e viaja em um passeio quase lua de mel.

Agora, vamos a cena propriamente dita. Simplesmente, do nada, depois de ter em suas mãos a suposta prova de que Isabela aceitara o dinheiro de Helô para afasta-lo de Letícia, Tiago se transforma, acusando a amada de falsa e aproveitadora. Isabela, num rompante de raiva, diz que vai embora e, ao ser puxada por ele, se desequilibra, cai, bate a cabeça e desmaia. Meu Deus, quantas "coincidências", é preciso muita imaginação para voar nessa história, viu... Para coroar a cena e fechar em alto estilo, o tal bandido (a mando de Tião) escondido na lancha desde o início do passeio entra em cena, dá uma coronhada em Tiago e joga Isabela no mar. Muito fraca tanto a batida de cabeça dela, quanto a coronhada na cabeça dele. Não convenceu o impacto pro desmaio. Com o agravante de que o bandido pega Isabela no colo e ela, DESMAIADA, passa o braço no pescoço dele. Não vou nem continuar porque vocês já sabem que Isabela vai sobreviver e aparecer linda e loura e com outra identidade para se vingar. Ai, ai, quanto clichê...

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Prêmio Eu Critico Tu Criticas 2016


Chegou a hora de escolher os grandes destaques em 2016 no mundo das novelas, séries, seriados, minisséries, realitys e programas da TV aberta em 36 categorias. A votação será encerrada no dia 29/12 (quinta-feira) e o resultado será divulgado aqui no blog dia 31 (sábado), último dia do ano. Que vença os melhores... E os piores também!


Se não estiver conseguindo visualizar a enquete abaixo, clique nesse link AQUI.


quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Deliciosa mistura de ficção e História, Nada Será Como Antes não deveria ser semanal



Deve ser a primeira vez que isso acontece: não há comédias dentre as produções de séries em exibição na Globo. Atualmente, são dois produtos do gênero em cartaz, todos nas noites de terça: Nada Será Como Antes, um drama, e Supermax, de terror/suspense. Duas boas experimentações na grade da emissora.

Apesar de vir numa embalagem bem diferente do que normalmente aparece nas produções de séries da Globo, Nada Será Como Antes conta com um enredo simples e à prova de erros. Sua espinha dorsal trata das idas e vindas de um casal, formado por Saulo (Murilo Benício) e Verônica (Débora Falabella). Ele é um empresário visionário que aposta fundo no lançamento da televisão no Brasil; e ela uma atriz de radionovelas que desponta como uma das primeiras estrelas da telinha. Casados, eles se separam quando Saulo descobre ser estéril, num momento em que Verônica sonha em ser mãe. O casal vai e volta, sendo impedido sempre de permanecer unido por percalços que vão surgindo no desenrolar do enredo.

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O plot é quase um folhetim água-com-açúcar, mas ganha um tempero especial graças ao seu pano de fundo. Ao mostrar o início da televisão no Brasil por meio da fictícia TV Guanabara, Nada Será Como Antes mostra, também, a telenovela como um produto feito para vender sabonetes, mas que arrebata o público e se torna uma paixão nacional. Neste contexto, o drama vivido por Saulo e Verônica se confunde com o mais básico folhetim e a série assume-se como uma grande homenagem ao seu próprio veículo; além de brincar com os estereótipos típicos do "mundinho pantanoso" dos famosos, como diria uma certa cobríola.

Na trama, a TV Guanabara produz e exibe, ao vivo, sua primeira novela, uma adaptação do romance Anna Karenina. Verônica Maia, estrela das radionovelas e rosto da TV Guanabara, vive o papel-título, enquanto Beatriz de Souza (Bruna Marquezine), uma ex-dançarina de boate transformada em atriz pelo namorado, o patrocinador da obra, é sua antagonista. Rodolfo do Vale (Alejandro Claveaux) é o galã da obra e vértice do triângulo amoroso. A trama torna-se um grande sucesso, para a alegria do magnata Pompeu (Osmar Padro), mas é Beatriz quem cai nas graças do público apaixonado pela história. Verônica não aceita ser ofuscada por uma dançarina e dá seus chiliques típicos de estrela. A solução encontrada é transformar sua personagem na grande vilã da trama, invertendo os papéis. Assim, a trama fala sobre a paixão do público das novelas por grandes vilãs, além de deixar claro que a vontade da audiência influi nos rumos da obra.

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Nada Será Como Antes também enfoca o universo da televisão nos anos 50 reforçando ideias que ficam no imaginário do público e não necessariamente são verdades absolutas. Um exemplo é a glamorização vista nos bastidores da TV Guanabara, com cenários e figurino impecáveis. Sabe-se que o início da televisão foi de uma precariedade absoluta, mas, aos olhos do público, o mundo dos famosos é praticamente um universo particular e é isso que a série reforça. E há também personas típicas deste universo, como o patrocinador que coloca a namorada como protagonista ou o galã que esconde sua homossexualidade para garantir seu lugar na mídia e não decepcionar suas fãs apaixonadas. A “pimenta” da história fica por conta também de Beatriz, que, ao mesmo tempo em que namora Otaviano (Daniel de Oliveira), também se envolve com a irmã dele, Júlia (Letícia Colin). O que me incomoda é esse artifício de tentar criar uma relação incestuosa entre os irmãos. Podem me chamar de careta, mas acho desnecessário. Só serve para querer chocar. Tudo isso sob a direção firme e arrojada de José Luiz Villamarim, cujo nome já se tornou uma grife, e com um elenco competente e homogêneo, sem destaques negativos.

Ou seja, Nada Será Como Antes mostra os anos 50 com uma lente de aumento, quase idealista, mas encanta pela sua temática, que traz a TV falando da própria TV. O canal, porém, perdeu a chance de ousar mais, colocando a história da TV, de fato, como protagonista, menos glamourizada, e ido fundo em questões políticas e sociais que permeiam a implantação da TV no Brasil. Neste ponto, a série acaba ficando na superfície. O fato de ser semanal também quebra o ritmo, bem como o tempo de arte reduzido dos episódios, que compromete o ritmo da narrativa, deixando-a em certos momentos lenta e morna demais. Poderia ter seguido o exemplo de Justiça, que tinha uma estrutura de série, porém, era diária (exibida às segundas, terças, quintas e sextas). Mas, ainda assim, Nada Será Como Antes é uma deliciosa opção e abre novos caminhos para a narrativa seriada nacional dentro da programação da Globo.

domingo, 13 de novembro de 2016

O Melhor e o Pior da Semana (6 à 12/11)




   O MELHOR DA SEMANA   


Início de Rock Story



Depois de uma sequência de comédias românticas leves, engraçadas e água-com-açúcar, que vinha ditando esse estilo desde Alto Astral (2014), Rock Story chegou dando um tremendo chacoalhão no horário das sete. Sai o colorido e a descontração de Haja Coração e entra uma história (pelo menos, nesses primeiros capítulos) focada no drama, um tanto mais densa, soturna e, até aqui, sem muito espaço para o riso.

A autora Maria Helena Nascimento ousou em fazer um primeiro capítulo mais focalizado na ruína do protagonista Gui e, a partir do segundo episódio, fazer uma maior apresentação dos personagens. A boa direção de Dennis Carvalho contribuiu decisivamente para o impacto das sequências, apesar de uma pequena impressão de correria no primeiro bloco do primeiro capítulo, felizmente atenuada.

Embora esteja envolto num clima musical, Rock Story não tem nada de sonho ou de fantasia (como Cheias de Charme, por exemplo, que também explorou o universo musical e pode ser acompanhada atualmente no Vale A Pena Ver de Novo). Um exemplo de que Rock Story é mais "pé no chão" que suas antecessoras é a comunidade onde Zac, vive: bem realista, distante do Borralho, de Cheias de Charme, da Paraisópolis de I Love Paraisópolis, do bairro de Fátima de Totalmente Demais ou do bairro da Mooca de Haja Coração.


A única semelhança (e também seu ponto negativo) em relação às últimas novelas do horário das sete é a abertura preguiçosa ao estilo caleidoscópio que deixa a gente com labirintite ao olhar. Só se salva graças a música-tema: a ótima versão da (ótima) Pitty para "Dê Um Rolê", dos Novos Baianos; bem como a inclusão do clássico "We Will Rock You", do Queen, nas vinhetas de ida e volta dos intervalos comerciais.

Outra novidade é o protagonista explosivo, que apareceu berrando em boa parte dos episódios. Cantor de rock decadente, Gui Santiago é o personagem mais rico (dramaturgicamente falando) da trama, devido à personalidade repleta de altos e baixos em sua luta para recuperar o sucesso do passado, provar que Léo Regis roubou sua música e salvar seu casamento com Diana. Vladimir Brichta voltou às novelas em grande estilo, com um desempenho que tem tudo para ser o melhor de sua carreira. As melhores e mais intensas cenas dele foram ao lado de Nicolas Prattes, que faz o problemático Zac (emocionante o momento em que Gui diz ao filho que iria mil vezes atrás dele se ele fugisse dele). Os dois vivem uma relação bem conflituosa e vão, aos trancos e barrancos, criando uma relação bonita entre pai e filho. Já amando! Nicolas vem se mostrando mais à vontade do que na Malhação - Seu Lugar no Mundo, onde esteve um tanto apático.


A sempre talentosa Nathalia Dill também merece o reconhecimento pela segurança na composição de Júlia (que, apesar de ter se mostrado bem idiota ao cair numa armadilha do namorado, ainda não me despertou antipatia) e esbanjou química com Vladimir Brichta na cena do primeiro beijo dos dois. Mais elogios também devem ser feitos para a também ótima Alinne Moraes, uma das melhores de sua geração, que se entregou com muita verdade aos conflitos vividos por Diana (um tipo dúbio), chama atenção pela versatilidade e sua reinvenção a cada personagem. Ana Beatriz Nogueira (apesar de viver mais um papel parecido com os anteriores, a de mãe enérgica que vive em função do filho, desta vez, numa linha cômica) e João Vicente de Castro (como o invejoso Lázaro, empresário de Gui e de Léo) ainda não foram muito explorados, mas certamente brilharão muito mais pra frente. Uma ressalva, porém, deve ser feita para Rafael Vitti. Meio travado, o tom adotado pelo ator para viver o ídolo teen Léo Régis ainda lembra muito o Pedro, seu personagem de sucesso na Malhação Sonhos. Espero que Vitti corrija esta má impressão a tempo.

A julgar pelas qualidades apresentadas nos capítulos iniciais, Rock Story mostrou ter uma trama bastante promissora. As nuances e ambiguidades dos personagens principais (fugindo do maniqueísmo), a trama densa e ágil, a trilha sonora eletrizante e os bons desempenhos de parte do elenco contribuíram decisivamente. Fica o desejo de que os próximos capítulos mantenham a boa impressão dos primeiros.

O "despertar" de Supermax


Depois de um início morno e um tanto confuso, Supermax finalmente engatou numa explosão de ação, terror e acontecimentos bizarros e já está começando a mostrar qual é, de fato, sua proposta.

Esse "despertar" da série já havia acontecido semana passada, no sexto episódio (1/11), com duas importantes reviravoltas: a doença misteriosa de Cecília e o acidente de Sabrina (que quase perdeu a perna por conta de uma armadilha que foi colocada dentro da cadeia para pegar os participantes). Depois de aparecer, aparentemente, curada, Cecilia se transformou. Parece que o provável vírus que está nela tomou conta de seu sistema nervoso, ou sei lá o que, só sei que ela virou um monstro, arriscaria até a chamá-la de zumbi. As cenas dela possuída foram bem-feitas, principalmente a das cordas (em que ela quebrou os próprios braços para se soltar), que me fazia retorcer na cadeira a cada estalo. E tenho que dar os parabéns a cena do ataque de Cecília. Os gritos de possuída dela atacando os colegas, a luta pela sobrevivência deles (que conseguem capturá-la e decidem assassiná-la), a trilha sonora incidental, tudo ali foi magnífico.

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No episódio dessa semana, o sétimo (8/11), depois de eliminarem Cecília, Arthur decidiu explorar o compartimento secreto que achou em um daqueles túneis, trafegando pelas dependências e corredores misteriosos do presídio, até chegar a sala de controle e monitoramento do "falecido" reality show. Ele encontra o operador morto na mesa de controles. Como ele morreu? Também quero saber, mas creio que essas respostas virão mais para o final. Arthur vê os depoimentos dos participantes e descobre o segredo de quase todos eles; além de conseguir ver o que os participantes estavam fazendo e falando (o que achei meio forçado, já que eles pararam de usar seus microfones no episódio anterior) e ouvir que eles estavam planejando sua possível morte, já que foi mordido por Cecília. A questão do perigo eminente e de um desconfiando do outro deu o tom a este episódio, que teve uma grande carga de suspense e tensão. Foi um episódio tão delicioso de assistir que, mesmo ele sendo um dos mais longos, foi um dos que passaram voando e, quando voltei a mim, o episódio já tinha finalizado e eu desejando por mais respostas.

Ao final do episódio, a mosca demoníaca que picou Cecília atacou novamente e apareceu bem no pescoço do ex-padre Nando. Será que picou ele? Será que teremos um novo infectado? Ou novos? E ainda temos as suas visões. Dessa vez, ele viu todos serem queimados vivos em um milharal, outra cena bizarra.

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De fato, Supermax tem muitas referências com filmes e séries americanas. A princípio, comecei a pensar que seria algo meio The Walking Dead, mas então comecei a examinar com mais detalhe as atitudes de Cecília e vi que era igual aos contaminados/possuídos do filme espanhol Rec. Mas o legal é ver como essas referências estão sendo utilizadas dentro de Supermax. Não é apenas um cópia e cola barata, mas sim dando a sua identidade ao que já existe e deixando tudo ainda mais denso e interessante de se assistir. Agora teremos mais sangue, mais "contaminados" e mais mortes. Já espero ansioso pelo próximo!

     O PIOR DA SEMANA     


Final de Haja Coração



O penúltimo capítulo de Haja Coração pecou pela resolução atropelada de questões pendentes e prejudicadas pela barriga da trama (falei sobre isso AQUI), como a revelação de que Guido, além de pai de Shirlei, era padrasto de Felipe e a de Adônis confessando a Nair que gastava o dinheiro que ela lhe dava para pagar a faculdade na farra. As sequências da morte de Bruna tiveram como ponto mais positivo as atuações de Fernanda Vasconcellos, Jayme Matarazzo e Agatha Moreira, mas pecou pela trilha sonora calma num momento tenso e soou inverossímil a finalização curta da cena, além da mudança para uma tomada geral da cidade ao som de um pagode de Thiaguinho (?) e a rápida recuperação de Giovanni (??), sem nenhum arranhão depois. Salvou-se a linda cena do casamento de Shirlei e Felipe, que emocionou.

O último capítulo repetiu o mesmo erro das cenas atropeladas, além de finais péssimos. Shirlei anunciou sua gravidez e Felipe não ficou sabendo, nem ao menos houve uma lua-de-mel para o melhor casal da trama (quiçá, dos últimos tempos na TV). Tancinha, por sua vez, se reconciliou com Fedora, participou de uma apresentação de balé e foi assistir à corrida de Apolo, tudo isso em poucos minutos. Numa velocidade impressionante. Enquanto isso, eram dado os finais dos outros personagens. Todas as cenas foram atropeladas para dar espaço para a resolução do mistério de Tancinha. Confirmando o que já era previsto pelo desenvolvimento, a feirante se despediu de Beto e escolheu Apolo, um final diferente da original de 1988, o que contrariou parte considerável do público, dada a imensa rejeição ao insuportável protagonista.

Se ao menos o autor tivesse melhorado a personalidade do piloto e o tornado mais tragável, o final seria um pouco mais aceitável, mas não foi o que aconteceu. Apolo nunca mudou seu jeito grosseiro, chato e machista e Daniel Ortiz fez de tudo para empurrá-lo desta forma goela abaixo do público. Isto se caracteriza mais como uma vaidade pessoal do autor do que propriamente preservação da coerência da história e, principalmente, a preferência do público, presenteando a atuação inexpressiva do Malvino Salvador ao invés da atuação segura de João Baldasserine. Dizem que o cenário político atual do país pesou na decisão sobre o final de Haja Coração. O que é uma justificativa estapafúrdia, como disse AQUI.

A volta de A Usurpadora (de novo!)



A Usurpadora é a minha novela mexicana favorita. É quase perfeita. Só se perde um pouco depois do julgamento da Paulina. Já vi inúmeras vezes, sempre dizia que não ia assistir de novo e lá estava eu vendo novamente, mas com apenas um ano e alguns meses da última reprise não dá. A Usurpadora, Maria do Bairro e Marimar são muito queridas, mas mereciam um bom descanso na grade do SBT. Calculo uns 5 anos. Se, pelo menos, esse prazo fosse respeitado, sempre marcariam uma audiência satisfatória.

A milionésima volta de A Usurpadora é mais uma intervenção louca de Sílvio Santos na grade do SBT. Tudo para tentar salvar o engessado Fofocando. Não é uma decisão tão absurda assim porque hoje o Fofocando é antecedido por um programa infantil, o que dificulta a transição. Mas não precisava ser A Usurpadora o produto escolhido ou exatamente uma novela. Poderia ser uma série de comédia, como Eu, a Patroa e as Crianças ou As Visões da Raven, que não são tão infantis assim e seria uma boa ponte. Até porque a série, se não obtiver resultado, é só tirar da grade. É menos traumático que ir metendo a tesoura numa novela.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Exagerada, Haja Coração conseguiu rir e emocionar, mas poderia ter sido melhor



Despretensiosa, simples, com bastante romance açucarado e humor ingênuo e meio infantil. Esta é a fórmula adotada pela direção de teledramaturgia da Globo que colocou a faixa das sete numa curva crescente de audiência desde a estreia de Alto Astral, em 2014. De lá para cá, o público diante da TV no horário só cresceu com I Love Paraisópolis e Totalmente Demais. Todas coloridas, de humor pueril e muitos sonhos. Haja Coração, do mesmo Daniel Ortiz que reergueu a faixa, é mais um êxito no filão, colocando a faixa das sete num patamar de acertos que ela não via há décadas. No passado, era este o horário que mais dava trabalho à Globo; hoje, é a faixa das nove que dá mais dor de cabeça aos Marinhos. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

Baseada em Sassaricando, o novelista mudou o perfil de alguns personagens, transformou a coadjuvante de 1987 em protagonista, criou novos tipos e acrescentou tramas. A aposta revelou-se acertada: Haja Coração chega ao fim com média de 27 pontos no Ibope da Grande São Paulo, a mesma da trama anterior no horário, Totalmente Demais. Apesar disto, a qualidade da novela, infelizmente, não acompanhou a audiência, pois a trama promissora logo deu lugar a uma grande barriga, que prejudicou o desenvolvimento da história, repleta de altos e baixos.

Mariana Ximenes, que aceitou a bomba de encarnar uma das personagens mais icônicas da nossa teledramaturgia, sai sob merecidos aplausos. Ela criou sua própria Tancinha e o fez com muita verdade, imprimindo seu carisma ao papel, fazendo uma personagem mais romântica, em comparação com o furacão sensual e bonachão que foi a versão original de Cláudia Raia. A competência de Mariana driblou o estranhamento inicial envolvendo sua escalação. O problema foi a falta de um enredo mais consistente para a feirante ao transformá-la em protagonista.


A trama de Tancinha mostrou-se limitada, resumida à indecisão amorosa entre Apolo e Beto. Para piorar, o caminhoneiro mostrou-se, logo de cara, um sujeito insuportável, marrento e machista, cuja inexpressividade de seu intérprete, Malvino Salvador, só piorou a situação. Enquanto isso, João Baldasserine, com todo seu talento e carisma, fez Beto cair nas graças do público com seu humor involuntário, em face de suas atitudes inicialmente inconsequentes e do sentimento que alimentou ao se apaixonar de verdade. Ainda assim, o grupo de discussão da novela revelou algo surpreendentemente inacreditável: Apolo era o personagem mais querido da novela. Desde então, o autor fez de tudo para forçar sua aceitação, proporcionando um excessivo destaque e prejudicando o enredo de Tancinha. A armação de Beto, que culminou na separação da feirante com o caminhoneiro, foi um golpe baixíssimo para favorecer Apolo!

Além disto, a procura da protagonista pelo pai, Guido, foi abandonada sem qualquer explicação, sendo retomada apenas na reta final. Isto evidencia um equívoco cometido por Ortiz, que foi promover a trama original de Tancinha para protagonista sem reforçá-la com conflitos que a tornassem mais densa; bem como a rivalidade inicial com Fedora, desprezada ao longo dos meses. Elas mal contracenaram, mesmo tendo rendido cenas ótimas juntas. A inimizade da patricinha rica com a feirante pobre tinha tudo para render bastante, o que não ocorreu.

Tarzan e Safira são pegos com a 'boca na botija' (Foto: TV Globo) Teodora fica chocada com o que vê (Foto: TV Globo)

Sem o peso de ser a trama principal, a saga de Varella e da família Abdalla se viu livre para usar e abusar do humor. Neste núcleo, o nonsense imperou. O principal destaque foi Teodora, personagem tão bem defendida por Grace Gianoukas, que acabou escapando da morte (inicialmente, ela morreria para valer, tal como em Sassaricando) e retornando com tudo na reta final. O núcleo, porém, foi prejudicado pela sua falsa morte, que deixou todos os personagens sem função. Com o desaparecimento, a trama passou a andar em círculos, desperdiçando o talento de vários atores envolvidos. Fedora (Tatá Werneck funciona muito mais no improviso), meio perdida no início com aquela história de se tornar a rainha das redes sociais, ganhou substância quando sua parceria com o marido Leozinho (Gabriel Godoy) se fortaleceu; e mais ainda quando surgiu Safira (Cristina Pereira, revivendo a "velha" Fedora de Sassaricando). Teodora, Fedora e Safira protagonizaram excelentes momentos. Pena que Cláudia Jimenez (Lucrécia) e Marcelo Médici (Agilson) acabaram tendo seus talentos desperdiçados.

Deve-se lamentar também o pífio desenvolvimento de Tamara (Cleo Pires), que sofria com transtornos de personalidade. A personagem demorou vários capítulos para aparecer, sendo praticamente uma figurante de luxo. Pouco depois, se envolveu com Apolo, em um relacionamento atraente e repleto de química, tornando o piloto mais tragável. Porém, tudo se esvaiu quando Tamara, que era segura de si, foi transformada em uma mulher obsessiva, no momento em que Apolo se reaproximou de Tancinha para adotar os irmãos Carol, Nicolas e Bia (outra trama mal conduzida que demorou longos meses para acontecer e, enfim, mexer com a trama). A fraca condução do autor prejudicou um dos tipos mais promissores da novela.


Outra trama porcamente desenvolvida foi a de Nair (Ana Carbati) e Adônis (José Loreto canastríssimo), com um plot já manjado na nossa teledramaturgia: o filho que sente vergonha da mãe. Para culminar, só no penúltimo capítulo que Nair soube que o rapaz não usou o seu dinheiro para pagar a faculdade e sim curtir a vida. Outro equívoco que merece ser citado foi o péssimo personagem dado a Conrado Caputo, depois do sucesso do Pepito em Alto Astral. O ator ficou avulso o tempo todo (Renan, no início, era um vlogger fracassado e virou ajudante da cantina de Tancinha), assim como Marcella Valente (Larissa, irmã de Apolo e Adônis).

A história de Giovanni, Camila e Bruna chegou a ter bons momentos, mas também sofreu com a condução equivocada do autor, onde o excesso de bondade da Camila pós-acidente a transformou numa completa idiota. Isso sem falar na facilidade com que ela perdia e recuperava a memória e na cegueira de Giovanni em cima dos surtos de Bruna. Duas situações pra lá de inverossímeis, convenientes apenas para a enrolação do enredo. Apesar dos pesares, destaque para a atuação de Fernanda Vasconcellos, que driblou o fraco desenvolvimento do roteiro e chamou atenção pela versatilidade, vivendo uma vilã psicopata após várias mocinhas seguidas.

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O roteiro do trio de amigas, juntamente com a empregada Dinalda (Renata Augusto), se mostrou limitado para tantos meses no ar. O resultado foi a perda de destaque delas, incluindo a inserção de Rebeca (Malu Mader) em repetitivas e tediosas idas e vindas com Aparício, a separando sutilmente das demais. A única que conseguiu manter situações atrativas foi Leonora, que passou a formar uma dupla com Dinalda, protagonizando divertidas cenas em busca da fama. Ellen Roche sambou na cara de muita gente e mostrou que pode viver papéis que não explorem só seu corpo. A participação da ex-BBB Ana Paula deu um gás para o núcleo. Já Penélope (Carolina Ferraz) formou um lindo casal com Henrique (Nando Rodrigues), mas os dois acabaram ficando de lado após Beto descobrir que o melhor amigo estava namorando sua mãe, sem grandes conflitos. Só nas semanas finais houve a entrada da mãe esnobe do rapaz (vivida pela Sônia Lima), proporcionando boas cenas com a futura nora, ambas quase da mesma idade. Mas era tarde e a falta de aproveitamento de um casal que havia funcionado ficou claro.


A história mais bem-conduzida da trama foi a do casal Shirlei e Felipe. Sabrina Petraglia e Marcos Pitombo esbanjaram química, gerando uma enorme torcida e se tornando o maior destaque da novela, apesar de, em alguns momentos, a ingenuidade excessiva de Shirlei e o tom romântico de conto de fadas ter esbarrado no piegas, com direito a duas vilãs perversas: Jéssica e Carmela (Karen Junqueira e Chandelly Braz ótimas). Marisa Orth e Paulo Tiefenthaler também formaram um casal adorável como Francesca e Rodrigo, principalmente em relação às "maluquices" dele (que sofria de TOC). Marisa, aliás, se saiu muitíssimo bem no drama.

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As loucuras de Fedora para conseguir mais seguidores na internet. O filho mau-caráter que rejeita e engana a mãe pobre e batalhadora. O príncipe encantado que coloca o sapatinho de cristal (no caso, bota ortopédica) na Cinderela. As vilãs terrivelmente más e diabólicas. As aulas de balé que Tancinha fazia, onde sofria bullying das colegas; bem como as armações de Fedora e Leozinho para sabotar a cantina da feirante, como se disfarçar de velhinhos e criar uma guerra de cupcakes, e as brigas ao estilo pastelão entre as duas. Haja Coração passou longe do sútil e apostou na ótica do exagero, pesando a mão tanto no melodrama, quanto na comédia. Ainda sim, mesmo que decepcionando pelo desenvolvimento fraco de várias tramas que poderiam tornar a novela ainda melhor do que foi, conseguiu divertir e emocionar sem deprimir o telespectador que liga a TV às 7 da noite querendo assistir a algo leve e efêmero.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Melhor e Pior da Semana (30/10 à 5/11)




  O MELHOR DA SEMANA  


Atuações em cenas-chave na novela das sete


Após um longo período andando em círculos, Haja Coração veio aos poucos retomando o fôlego em sua reta final. Apesar de seus últimos capítulos não serem tão excelentes quanto suas primeiras semanas, alguns dos personagens principais apresentaram cenas importantes para o desenrolar da história. E estas sequências valorizaram uma boa parte do elenco.

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No núcleo principal, veio se formando uma forte mobilização de torcidas em torno de Tancinha e a indecisão sobre quem ficará com ela: Apolo ou Beto. O limitado enredo, que pecou por não ter proporcionado conflitos mais fortes para a protagonista, avançou em uma importante sequência: o momento em que Beto finalmente revela para a amada que armou, com a ajuda de Carmela, para impedir que a feirante se casasse com o motorista, em plena cerimônia de casamento. Mariana Ximenes mostrou a atriz talentosa que sempre foi e emocionou com a decepção da mocinha ao descobrir que o homem de quem estava gostando foi capaz de fazer algo assim. João Baldasserini também se destacou positivamente com o arrependimento e sentimento de culpa do playboy, que inicialmente pretendia se aproximar de Tancinha apenas como mais uma de suas conquistas amorosas, mas acabara se apaixonando verdadeiramente por ela. Mariana já havia protagonizado outra grande cena dias antes, quando finalmente a exuberante vendedora reencontrou Guido (Werner Schunemann), seu pai, que havia sumido.

Giovanni fica cada vez mais assustado com as atitudes de Bruna (Foto: TV Globo)

Quem também tem se destacado é Fernanda Vasconcellos. Depois de outro período sem aparecer com frequência, a atriz voltou a ter oportunidades de brilhar e as aproveitou totalmente, nas sequências em que Bruna sequestra Giovanni e o mantém como refém, a fim de evitar que ele fique com Camila. A psicopatia da advogada ficou ainda mais evidente, além de ressaltar o acerto de escalar Fernanda para um tipo totalmente diferente das mocinhas que vinha interpretando. A atriz deu show e protagonizou cenas repletas de impacto, em que transitou pela obsessão e pela psicopatia, inclusive com doses de sarcasmo e sensualidade.

Teodora fica chocada com o que vê (Foto: TV Globo)  Tarzan e Safira são pegos com a 'boca na botija' (Foto: TV Globo)

É preciso ainda elogiar a dobradinha entre Teodora (Grace Gianoukas) e Safira (Cristina Pereira). Apesar de meio non sense essa disputa entre as duas pelo Epaminondas, o "Tarzan", ambas estão arrasando. Os duelos verbais, gestuais, capilares... Tudo aquilo é divertido demais!

Bárbara França


Bárbara diz poucas e boas para Ricardo, mas ele não admite tamanha falta de respeito (Foto: TV Globo)

Bárbara França é o maior achado dessa temporada de Malhação (talvez, até dos últimos tempos). E, diferentemente dos outros ídolos revelados na novelinha, a atriz tem chamado mais atenção por sua atuação do que pelo número de seguidores nas redes sociais. A loura, que interpreta a vilã Bárbara, mostra talento desde o início da novela, mas nos últimos capítulos tem se destacado ainda mais. As cenas da moça, depois da descoberta de que sua rival Joana é sua irmã, estão um primor. Fazia tempo que não via uma vilã realmente vilã na Malhação.

     O PIOR DA SEMANA     


Teleton e Silvio


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O tradicional Teleton deu as caras no SBT neste final de semana. Com esforço postergado até 2 da manhã e uma doação anônima de 200 mil reais, a campanha beneficente cumpriu o objetivo de arrecadar R$ 27 milhões para a AACD. Neste ano, como nas edições recentes, o SBT apostou, mais uma vez, numa maratona com formato acomodado. Artistas do SBT, alguns contratados de outras emissoras e cantores pedem a doação. Além dos números musicais, reportagens sobre as pessoas que precisam da AACD vão ao ar ininterruptamente.

Não há mais um trabalho maior da produção que deveria trazer atrações renovadas ao telespectador. Isso acontecia lá atrás. De alguns anos para cá, é a mesma coisa. Se reprisar a campanha de 2014, por exemplo, o público não sentirá a menor diferença. Tal impressão imperou e contribuiu para a dificuldade extra de atingir a meta. Isso sem falar que, ao contrário do inesquecível encerramento de 2013 (com Silvio Santos e Ivete Sangalo dando show de simpatia e formando uma inédita dupla de humor na TV), dessa vez, tivemos a companhia de um Silvio zangado. Ácido. Passou a impressão de insatisfeito de estar ali. Sobrou até para um grupo de gordinhas. Comentários infelizes e até preconceituosos surgiram durante o bate-papo.

Os produtores precisam de energia nova para as próximas edições do Teleton. O Criança Esperança enfrentou o mesmo desgaste e a Globo teve que reformular totalmente a campanha. Caso contrário, o SBT ficará, cada vez mais, dependente da "tropa do cheque".

Falta de assunto do Superpop



Semana sim, na outra também, o Superpop discute sobre pessoas que fizeram pornôs e viraram evangélicas. Ou pessoas que estiveram em polêmicas e viraram evangélicas. Ou simplesmente falam sobre subcelebridades envolvidas em pornografia. Além disso, em meio a essa pobreza de pautas, o programa tem entrevistas com Jair Bolsonaro ou Marco Feliciano, trazendo à tona polêmicas já adormecidas do passado. Luciana Gimenez recebe os convidados, que já estiveram ali diversas vezes, repercutindo as mesmas questões de sempre e fazendo cara de surpresa, como se dissessem grandes novidades. Tá na hora de virar o disco e trazer alguma novidade.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Dicas para o Enem de acordo com as vilãs de novela



Atenção você, que vai fazer o ENEM, para as dicas valiosíssimas das vilãs de novela e boa sorte!


Soraya Montenegro: "Quem vai fazer prova de espanhol, sugiro assistir alguns episódios de Maria do Bairro pra dar aquela revisada";

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Lívia Marine: "Diga ao instrutor que quer ir no banheiro e quando estiver a sós com ele..."

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(G)Aline: "Leve cupcakes com aquele 'ingrediente especial' que eu sempre dou para o César e distribua para todos da sala".

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Flora: "Durante a prova, cante Beijinho Doce. Isso vai desestabilizar os seus concorrentes, que vão ficar com a música grudada na cabeça";



Maria Altiva: "Invoque o raio divino para arruinar a vida das outras quengas e garantir que Deus toque o coração do corretor";

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Irina: "Se te pegarem colando ou mexendo no celular, diga..."



Nazaré Tedesco: "Se inspirem no meu meme para fazerem as questões de exatas. E se tiver escada, já sabem o que fazer, né...";

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Rubi: "- Oi, o senhor é o instrutor?
-Sim.
-Então, tô com uma dúvida.
-Qual?
-Tá aqui na ponta da língua."

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Atena: "Use a melhor roupa para aparecer na TV e virar meme na internet quando chegar atrasado no portão da prova";

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Paola Bracho: "Deixe um beijo de batom vermelho no final da redação. Além de ser um diferencial e um mimo ao corretor, um beijo vale mais que mil palavras. Outra dica também é que, durante a prova, solte uma gargalhada macabra e diga bem alto "Mas que provinha mais fácil" para intimidar os concorrentes e mostrar quem é que manda!";

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Carminha: "Se não tirar uma pontuação boa, bote a culpa na Rita!";

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Norma: "Eu não preciso disso PORQUE EU SOU RICAAAAA".

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