Nesse blog, o melhor da TV será exaltado e o pior será humilhado. Sem dó nem piedade. Sem bajulação. Com bastante acidez e uma pitada de ironia. Entre. Fique a vontade. E critique também. Afinal, eu critico, tu criticas.
O enredo inicial de Seu Lugar No Mundoera bem interessante: a rivalidade entre dois colégios. De um lado, a Leal Brazil, uma das instituições mais respeitadas do país e de primeira linha; do outro, o precário Dom Fernão, que reflete bem as dificuldades das instituições bancadas pelo governo. A temporada focaria nesta discrepância que separa esses dois universos, tão próximos e tão distantes ao mesmo tempo. A rivalidade entre os estudantes desses dois colégios seria a protagonista deste enredo e focaria nos imensos preconceitos que ambos os lados têm, já que a turma do Leal Brazil acha que os integrantes do Dom Fernão são uns ignorantes, enquanto os rivais os chamam de "burguesinhos" e elitistas. Entretanto, parece que essa trama, que mais chamava a atenção antes mesmo da estreia, foi esquecida pelo autor para dar destaque a história de Ciça (Julia Konrad), que ficou paraplégica e está se aproveitando disso para conquistar o mocinho Rodrigo (Nicolas Prattes) e se vingar pela morte do ex-namorado, que vem a ser irmão dele. O que deixou a trama ainda mais monótona.
Mesmo optando em mostrar tramas mais verossímeis e se aproximar da realidade do jovem brasileiro, os personagens são rasos e sem um pingo de carisma. Não dá pra torcer nem criar empatia por nenhum dos vilões, muito menos pelos mocinhos! Isso também se deve as atuações bem medianas do elenco jovem. Enquanto na temporada passada tivemos grandes revelações como a Isabelle Santoni (Karina), Rafael Vitti (Pedro) e o Felipe Simas (Cobra), na atual são poucos os atores iniciantes que se destacam positivamente, bem longe de ser considerado algo realmente bom. Por incrível que pareça, o único destaque entre os novatos de Seu Lugar no Mundo é o cantor Lucas Lucco, que está muito bem em cena como o ingênuo, bondoso e trabalhador Uodson. Quem diria, né!?
Outro fator contra a atual temporada, dirigida por Leonardo Nogueira, são as filmagens. A fotografia, esteticamente, é linda, mas os closes nos rostos dos atores e as câmeras "nervosas" incomodam bastante. Cinco minutos assistindo essa Malhação e já ataca a minha labirintite de tanto que a câmera fica tremendo! Parece que a produção se preocupou mais em querer capitar todos os ângulos dos atores colocando as câmeras em todo tipo de local pra dar mais veracidade as cenas e se esqueceram de se preocupar com o principal: uma boa história que nos prenda na frente da TV!
A atual temporada da novelinha teen não é de todo ruim. O autor, Emanuel Jacobina, sabe retratar muito bem assuntos sociais. Neste primeiro mês, ele já abordou satisfatoriamente o machismo e ainda prometeu se aprofundar nos temas como HIV e o precário ensino público do país em breve. Seu Lugar No Mundo pode melhorar, mas ainda não empolgou e nem vem fazendo o mesmo sucesso que sua antecessora nas redes sociais. Vamos aguardar os próximos meses para fazer uma nova crítica sobre a temporada. Por enquanto, só tenho uma coisa a dizer: VOOOOOOLTA, PERINAAA!!!!
O Vale a Pena Ver de Novo é uma das atrações mais tradicionais da TV Globo. Está no ar desde maio de 1980 e virou um programa quase orgânico. Mesmo que não se assista, você sabe que ele está lá. E muita gente assiste! A seguir, confira as 10 maiores audiências do VAPVDN (o chamarei assim a partir de agora porque dá uma preguiça tremenda escrever esse nomão todo):
10º lugar - Alma Gêmea
Além de ser a novela de maior audiência do horário das seis do século XXI, Alma Gêmea também está na lista das maiores audiências do VAPVDN. Reapresentada em 2009, a história de amor entre Serena (Priscila Fantin) e Rafael (Eduardo Moscóvis) rendeu média de 20 pontos à tarde.
09º lugar - Senhora do Destino
A novela das nove mais assistida dos anos 2000 também foi um enorme sucesso no VAPVDN e bateu recordes de audiência em sua reprise vespertina, em 2009. Estava cotada para ser re-reprisada após o fim de O Rei do Gado, mas a Globo preferiu botar Caminho as Índias ao invés da Raposa Loira e Felpuda da Nazaré Tedesco (Renata Sorrah). Depois não sabem porque a audiência do VAPVDN está caindo...
08º lugar - Chocolate com Pimenta
Reprisada em 2006 e 2012, obteve êxito em ambas as vezes, com média geral de, respectivamente, 21 e 15 pontos de audiência.
Pense numa novela que sempre faz sucesso por onde passa. É incrível o poder de A Viagem em sempre fisgar o público em qualquer época. A novela foi reapresentada duas vezes no VAPVDN (em 1997 e 2006) e num canal de TV por assinatura, o Canal Viva (em 2014), e alcançou ótimos índices de audiência nas três reprises.
05º lugar - Quatro por Quatro
Um dos melhores trabalhos de Carlos Lombardi dos anos noventa fez um estrondoso sucesso no VAPVDN, em 1998. Aliás, foi reprisada em 2011 no Canal Viva (repetindo o sucesso).
04º lugar - Anjo Mau
O remake de Anjo Mau, com Glória Pires dando vida a ambiciosa babá Nice, rendeu índices invejáveis à muita novela das sete atualmente quando passou no VAPVDN (em 2003).
03º lugar - O Rei do Gado
Sucesso de Benedito Ruy Barbosa nos anos 90, a saga das famílias Mezenga e Berdinazzi cativou o público quando foi exibida originalmente em 1996 e nas suas três reprises (duas no VAPVDN, em 1999 e 2015, e uma no Canal Viva, em 2011).
02º lugar - A Gata Comeu
O romance conturbado e divertidíssimo entre Jô Penteado (Christiane Torloni) e o Professor Fábio (Nuno Leal Maia) fez a audiência do VAPVDN explodir em 1989 e 2001.
01º lugar - Mulheres de Areia
Com uma média geral com dez pontos acima da meta (sente só o poder de Mulheres de Areia!), a trama das gêmeas Ruth e Raquel (Glória Pires) foi um verdadeiro fenômeno de audiência em suas duas reprises no VAPVND (1997 e 2011).
Mas nem só de sucessos vive o VAPVND. A seguir, confira as 10 piores audiências do VAPVDN:
10º lugar - Terra Nostra
Como uma novela que foi um fenômeno em sua exibição original no horário nobre conseguiu ser um dos maiores fracassos do VAPVDN? É o caso de Terra Nostra (reprisada em 2004).
Se em 1995, A Próxima Vítima conseguiu parar o país em torno de um grande mistério, tal feito não se repetiu quando a novela passou, em 2000, no VAPVDN. E olha que, na versão reprisada, até trocaram o serial killer para manter o mistério, mas nem isso empolgou o público.
Embora seja o Rei do VAPVDN, Walcyr Carrasco também tem seus fracassos. Como é o caso de Sete Pecados, que não fez sucesso quando foi exibida originalmente no horário das sete (em 2007) e foi ainda mais fracassada no VAPVDN (em 2010).
05º lugar - Roque Santeiro
Ao mesmo tempo em que está no primeiríssimo lugar na lista das maiores audiências da história da teledramaturgia brasileira, Roque Santeiro possui um lugar de destaque na lista das piores audiências da história do VAPVDN (reprisada em 2000). Curioso que ela foi reprisada no Canal Viva em 2011 e foi um fracasso também.
04º lugar - Tropicaliente
Tropicaliente não foi nenhum sucesso em sua versão original, em 1994. Pra falar a verdade, tinha uma repercussão bem mediana. Mas quando foi exibida, em 2000, no VAPVDN, aí mesmo que foi um verdadeiro fiasco!
03º lugar - Deus nos Acuda
Pra vocês terem uma ideia, a reprise de Deus nos Acuda, em 2004, foi tão flopada, mas tão flopada que, em vários dias, chegava a perder para a reprise de Maria Do Bairro, no SBT, que chegou a liderar inúmeras vezes por alguns minutos.
02º lugar - O Profeta
A Globo apostou todas as fichas, em 2013, em O Profeta para reerguer os índices derrubados pela re-reprise de Da Cor do Pecado. Entretanto, o que ela conseguiu foi afundar ainda mais o VAPVDN!
01º lugar - Você Decide
Em 2001, a Globo quis transformar o VAPVDN em uma faixa de reprises dos seus programas de entretenimento. Por isso, decidiram reprisar o famoso seriado Você Decide. Mas a ideia foi totalmente rejeitada, rendendo a Globo o maior fracasso do VAPVDN de todos os tempos.
Confira algumas médias geral e a meta de cada novela em suas determinadas épocas das reprises do VAPVDN dos anos 90 até hoje:
1989:A Gata Comeu(meta 30; média 37 = fenômeno) 1993: Mulheres de Areia (meta 20; média 30 = fenômeno) 1998:O Salvador da Pátria (meta 20; média 17 = razoável) 1998/99: Quatro por Quatro(meta 20; média 25 = sucesso) 1999: O Rei do Gado (meta 20; média 27 = fenômeno) 1999/2000: A Indomada(meta 20; média 20 = sucesso)
2000: Tropicaliente (meta 20; média 14 = fiasco) 2000: A Próxima Vítima (meta 20; média 16 = razoável) 2000/01:Roque Santeiro(meta 20; média 15 = fiasco) 2001: Você Decide (meta 20; média 11 = fiascão) 2001: A Gata Comeu (meta 20; média 18 = razoável) 2001/02:História de Amor (meta 20; média 22 = sucesso) 2002/03:Por Amor (meta 20; média 21 = sucesso) 2003: O Cravo e a Rosa(meta 20; média 23 = sucesso) 2003/04: Anjo Mau(meta 20; média 27 = fenômeno) 2004:Corpo Dourado (meta 20; média 21 = sucesso) 2004: Terra Nostra (meta 20; média 17 = razoável) 2004/05:Deus nos Acuda (meta 20; média 14 = fiasco) 2005:Laços de Família (meta 20; média 22 = sucesso) 2005/2006:Força de Um Desejo (meta 18; média 15 = razoável) 2006:A Viagem (meta 18; média 22 = sucesso) 2006/07: Chocolate com Pimenta (meta 18; média 21 = sucesso) 2007: Era uma Vez (meta 18; média 18 = sucesso) 2007:Da Cor do Pecado (meta 18; média 19 = sucesso) 2007/08: Coração de Estudante (meta 18; média 17 = razoável) 2008: Cabocla (meta 18; média 17 = razoável) 2008/09:Mulheres Apaixonadas (meta 18; média 18 = sucesso) 2009: Senhora do Destino (meta 18; média 21 = sucesso) 2009/10: Alma Gêmea (meta 18; média 20 = sucesso) 2010: Sinhá Moça (meta 18; média 15 = razoável) 2010/11:Sete Pecados (meta 18; média 13 = fiasco) 2011: O Clone (meta 18; média 17 = razoável) 2011/12:Mulheres de Areia (meta 18; média 16 = razoável) 2012: Chocolate com Pimenta (meta 18; média 15 = razoável) 2012/13:Da Cor do Pecado (meta 18; média 13 = fiasco) 2013: O Profeta (meta 18; média 12 = fiasco) 2013/14:O Cravo e a Rosa (meta 15; média 14 = razoável) 2014:Caras e Bocas (meta 15; média 14 = razoável) 2014/15:Cobras e Lagartos (meta 15; média 12 = razoável) 2015: O Rei do Gado (meta 15; média 17 = sucesso)
Walcyr Carrasco conseguiu um feito quase impossível: escreveu um fim para Verdades Secretas tão sensacional quanto foi a novela inteira. O desfecho de seus personagens foi coerente com a história contada desde o início e o autor não se preocupou se poderia chocar ou não. Walcyr escreveu o que quis, surpreendeu com a ousadia e a direção de Mauro Mendonça Filho foi essencial na realização de uma novela tão forte e densa. Angel (Camila Queiroz) era uma demônia: essa foi a maior verdade secreta que veio a tona no desfecho. Sem clichês – talvez o único tenha sido Larissa (Grazi Massafera) se convertendo, mas foi emocionante as cenas dela sendo resgatada da Cracolândia pelos missionários, mostrando que a fé salva as pessoas –, o fim teve suicídio, sexo e assassinato friamente planejado. Logo de cara, assistimos a uma Drica Moraes magistral dando um tiro na própria cabeça (quer dizer, a personagem, Carolina). O que vimos na sala da mansão foi uma poça enorme de sangue e uma filha com seu destino já condenado por sua traição. Na sequência, houve alguns inteligentes respiros, com Pia (Guilhermina Guinle) revendo seus conceitos e Visky (Rainer Cadete) se acertando com Lurdeca (Dida Camero). Teve espaço ainda para um show de falta de auto estima com Fanny (Marieta Severo) mendigando migalhas de amor de Anthony (Reynaldo Gianecchini). E aí voltamos para o que realmente interessava no último capítulo: Angel. Após dias na casa do pai, Alex (Rodrigo Lombardi), sem nenhum tipo de remorso, a procura. Com olhar diabólico, até então não revelado, a modelo trama seu fim. Convida o amante para um fim de semana em Angra, dá uma de viúva negra e, após a sedução, parte para um nada romântico passeio de lancha. Fria, Angel atira em Alex e, com ele já caído no barco, dá mais uns três tiros de misericórdia. E quando todos já achávamos ter visto de tudo em uma única noite, Letinha surge triunfante (e ainda mais diabólica) casando com Guilherme (Gabriel Leone). Ah…saiu da igreja a bordo de um helicóptero! Pois é. A Angel era a diaba. Traiu a própria mãe, matou friamente o tio do homem com quem casou e sorriu sordidamente para a câmera indicando o começo de uma nova vida. Claro que houve licença poética pela polícia não ter sequer desconfiado da versão de que Alex simplesmente caiu no mar e se afogou. Mas ok, pessoal. É novela! A mãe morreu para ela viver e ela o matou para poder, de fato, viver. Quanto a ele, morreu provando do próprio veneno. O último capítulo da novela ficará na história da teledramaturgia por ser extremamente coeso e forte. Não foi um final nem um pouco moralista, visto que Fanny não foi punida pelo book rosa, Carolina morreu sem saber que a filha fazia book rosa e achando que Fanny era uma santa e Antonny e Giovana (Ágatha Moreira) terminaram impunes e felizes em Paris, mesmo depois de tudo que fizeram. E ainda mostrou que a grande vilã de Verdades Secretas sempre foi aquela que nos enganou por 64 capítulos com um nome que representava o completo oposto: Angel. Genial!
O Pior: Patty Dejesus
Em meu último texto sobre I Love Paraisópolis, havia comentado o quanto que a novela das sete era repetitiva e que não avançava nunca. Entretanto, devo admitir que a entrada de Dom Peppino (Lima Duarte) e Alceste (Pathy Dejesus) deram uma movimentada na história. Tava precisando! O problema é que a atuação da Pathy Dejesus está muito fraca. Ela tem um personagem de ouro nas mãos e de grande destaque na trama, mas fica fazendo caras e bocas exageradas que acabam comprometendo o resultado final. Pra completar, Alceste, do nada, virou uma maluca psicopata do dia para a noite, foi internada no hospício, fugiu de lá, jurou vingança contra todo mundo, está sendo odiada por nove de cada dez personagens e ainda sequestrou o bebê de Margot (Maria Casadeval). Que novela é essa, Brasil?! I Love Paraisópolis se perdeu completamente!
Curiosamente, a novela de maior sucesso do ano na Globo quer dizer, até o momento, porque A Regra do Jogo pode muito bem virar esse jogo não estava na faixa das nove e sim no tardio horário das onze da noite. Verdades Secretas sai de cena como a novela das onze de maior audiência (ela possuiu média geral de 20 pontos em um horário que, normalmente, registra em torno de 13 a 16 pontos) e repercussão desde que a faixa foi criada, em 2011. Com temas polêmicos, cenas ousadas e personagens interessantes, Verdades Secretas fez jus a todo o sucesso que alcançou. Já que fazemos "O Melhor e o Pior da Semana" das novelas que estão no ar todo domingo, agora faremos "O Melhor e o Pior" ao final de cada novela. Confira, então, os pontos positivos e negativos de Verdades Secretas:
O Melhor:Grandes estrelas, grandes atuações
O elenco da novela apresentou um trabalho primoroso. Destaque para a performance de Marieta Severo, que na pele da cafetina de luxo Fanny exorcizou de vez a imagem da doce Dona Nenê, a qual interpretou por 14 anos no seriado A Grande Família. A atriz fazia falta nas novelas. Drica Moraes, sempre competente, provou que o destino agiu certo ao colocá-la no papel que chegou a ser interpretado por Deborah Secco em cenas descartadas após a atriz deixar a novela por estar grávida. Drica merecia um presente desses após ter passado por um grave problema de saúde tempo atrás e depois do mico que foi a Cora, a vilã mequetrefe de Império que só soltava pum e roubava cuecas. Rodrigo Lombardi esteve muito bem e, por incrível que pareça, conseguiu despertar torcida em parte do público, mesmo com um personagem tão sádico e manipulador como o Alex. Eva Wilma (Fábia), Guilhermina Guinle (Pia) e Ana Lúcia Torres (Hilda) não deixaram a peteca cair e viveram ótimos momentos mesmo com personagens menores. Reynaldo Gianecchini (Anthonny), Genézio de Barros (Oswaldo) e Fernando Eiras (Mauricie) também merecem menção.
O Pior: Burrice extrema da Carolina
Sinceramente, você conseguia botar fé na Carolina? Pois é, não dá, né?! Chegava até a ser engraçado a sua burrice extrema, embora ela não tivesse um pingo de humor, assim como toda a situação tensa e trágica em que esteve envolvida e fosse muito bem defendida pela Drica Moraes. Mas percebam que para a trama ter evoluído a Carolina precisava ser muito burra. Quando a gente achava que ela tava começando a pescar as coisas, a dona de casa voltava para a estaca zero. Quando a gente achava que ela ia pegar a filha e o marido na cama, um imprevisto acontecia. Quando a gente achava que Carolina ia largar o Alex, ela sempre era enganada por ele. Não é a toa que Carolina só foi descobrir toda a verdade no penúltimo capítulo, afinal, se ela tivesse descoberto antes, a novela não teria nem 30 capítulos! Mas não precisava deixá-la tão burra assim, né?
O Melhor: Gratas surpresas e revelações
E se os atores veteranos mandaram super bem, os mais novos também arrebentaram. Camila Queiroz (Angel) surpreendeu em seu primeiro papel na TV, e já como protagonista num papel pra lá de desafiador e intenso. Ela se mostrou uma das maiores revelações da TV dos últimos tempos e, certamente, terá um futuro bem promissor. Ágatha Moreira (Giovanna) e Gabriel Leone (Gui) evoluíram bastante desde os tempos de Malhação e se destacaram positivamente. Outro rosto novo na TV que brilhou na novela foi João Vitor Silva, que veio ter seu merecido destaque nessa reta final quando Bruno se envolveu com as drogas. Mas quem mudou da água para o vinho nessa novela foi Rainer Cadete na pele de Visky, totalmente diferente de seu último personagem, o delicado e correto advogado Rafael em Amor à Vida. Verdade seja dita, sua atuação exagerada no início chegava a ser insuportável, mas, com o tempo, o ator acertou o tom e conseguiu divertir e emocionar na pele de uma bicha pra lá de afetada. Flavio Tolezani (Roy) também merece ser mencionado. E é impossível deixar de citar Grazi Massafera. Ao viver Larissa, uma modelo famosa que se afunda no crack e depois é salva pela fé e se redime virando evangélica, ela calou os incrédulos de seu talento e sepultou de vez o título pejorativo de ex-BBB. Sem a menor dúvida, foi o grande destaque da novela.
O Pior: Texto didático e nada sutil
As novelas de Walcyr Carrasco têm dois pesos e duas medidas: se por um lado o autor é um dos mais talentosos na criação de tramas para movimentar suas histórias, elas pecam pelo texto excessivamente didático, com diálogos banais, quase teatrais, e que não combinam em nada com o naturalismo da televisão. Exemplos de falta de sutileza no texto da novela das onze não faltam. Lembra, no início, quando todo mundo repetia a palavra book rosa a cada frase? Ou quando Hilda (Ana Lúcia Torres) pergunta a Oswaldo (Genézio de Barros) se ele sabia o que era uma doença autoimune e ele, praticamente, dá uma aula de medicina para responder que sabia? Precisava mesmo o Anthonny (Reynaldo Gianechinne) dizer a cada transa que ia "destruir" a pessoa? E o que dizer das ofensas gratuitas que beiravam o infantil? Os personagens ganham adjetivos pejorativos de acordo com as características físicas de seus próprios atores: gordo, narigudo, velha, baleia, bicha, feia, libélula... E por aí vai! Chegava a ser desrespeitoso com os profissionais que dão as caras no vídeo! A sorte é que Verdades Secretas tem um elenco ultra convincente que tirou "leite de pedra" desse texto.
O Melhor: Direção e fotografia primorosa
Quando o texto não é dos melhores, espera-se que a direção consiga, ao menos, dar dignidade a ele. É o caso de Verdades Secretas. Todas as cenas de sexo, por exemplo, foram bem dirigidas, quase coreografadas, com imagens bonitas e nada vulgares, bem diferente do que se viu nos diálogos apresentados. A fotografia, bonita, bem iluminada, bem cortada e editada, com sofisticação de encher os olhos, foi outro espetáculo a parte. Mauro Mendonça Filho e sua equipe fizeram um trabalho primoroso, dando ao enredo os contornos necessários para tornar a novela uma obra densa e adulta. Se Grazi Massafera deu um show na fase em que sua personagem Larissa se afundou no crack, parte desse sucesso deve-se também à direção, principalmente nas cenas rodadas na Cracolândia, que deixou a atuação da atriz ainda mais realista. Verdades Secretas é um caso em que a assinatura do diretor foi tão ou mais importante quanto a do autor para o bem-sucedido resultado dessa obra.
O Pior: Porque tudo tão explícito?
Quem acompanha Walcyr Carrasco, sabe que na sua lista a sutileza não tem espaço. Com o mesmo texto duro e sobrecarregado de outras obras, o autor perdeu boas oportunidades de deixar o telespectador pensar, tirar conclusões próprias e preencheu a novela de momentos desnecessários e puramente chocantes, sem maior importância para o desenrolar da história. O maior exemplo disso é em relação à arma do pai da Carolina (Drica Moraes), que aparecia mais em cena do que muita gente. Desde o primeiro capítulo, alguém aí tinha alguma dúvida que essa arma seria a grande protagonista do desfecho, após uma série de cenas na qual a dona de casa aparecia apontando aquele negócio pra tudo quanto é quanto? Ficou bem claro que a trama teria um final trágico, não precisava disso. O público não é burro! Era tudo muito explícito e "mastigadinho" para não haver dúvidas. Tem horas que é preciso deixar um espacinho para a imaginação, para as entrelinhas, para a subjetividade. Jogar a granada e sair correndo, sabe?
O Melhor: Poucos capítulos e mais agilidade
O sucesso de Verdades Secretas foi tanto que, diariamente, li comentários pedindo para a novela ser esticada ou, os mais radicias, que ela não acabasse nunca. Vão por mim, foi melhor assim, só com esses 64 capítulos mesmo. Se a trama foi ágil, redonda e sem percalços, repleta de ótimos ganchos, isso se deve também ao formato enxuto da obra, com poucos capítulos e personagens. Nenhuma trama paralela pareceu desnecessária (com exceção ao relacionamento entre Visky e Lourdeca, que era para ser cômico, mas não colou e parecia avulso) e todos estiveram a serviço do eixo central, o que fez com que todos os personagens tivessem razão de existir e seus momentos de brilho ao longo de toda a novela. Tramas com poucos capítulos e personagens rendem bem melhor porque dão mais oportunidade para o elenco inteiro brilhar e não enchem linguiça com centenas de tramas paralelas.
O Pior: Pelado, pelado, nu com a mão no bolso
O horário das 23h ofereceu em suas produções anteriores a possibilidade de maior experimentação quando o assunto é nudez e sexo. E isso é muito válido, especialmente na nossa televisão. Em Verdades Secretas, a coisa meio que abusou, abandonando a pureza de se ilustrar com realismo uma boa história. Imagino que dada a repercussão da primeira vez em que Rodrigo Lombardi ficou com sua parte traseira à mostra, a coisa mudou de proporção e virou uma correria para arranjar novas cenas em que esse tipo de falatório pudesse se repetir (e conseguiram muitas e muitas vezes, com um leque bem variado de atores e atrizes, para todos os gostos). O problema em nada tem a ver com puritanismo, moralismo ou caretice. O problema é que, na maioria das vezes, isso chamou mais a atenção do que outros aspectos que mereciam mais destaques e manchetes em relação ao desempenhos do atores, os bons momentos do roteiro ou outros deleites. Bastava algum ator aparecer pelado em cena que as redes sociais e os sites de TV iam à loucura. Qualquer bundinha ou peitinho já era uma "Nooooooossa!!!". Foi o que também aconteceu com Felizes para sempre?. Qual a primeira associação com o nome da série? O bumbum da Paolla Oliveira, é claro! Aposto que muitos nem lembram da história. Só do bumbum da Paolla! Tudo isso demonstra que apesar de ser uma trama excelente e inteligente, o motivo de sucesso de Verdades Secretas foram os belos rostos e corpos e muita pegação. Dessa forma, quem é responsável? O autor que não conseguiu transmitir os verdadeiros dilemas da novela ou o público que não está preparado para uma novela desse tipo?
O Melhor: Ambiguidade
Ninguém foi inocente em Verdades Secretas. Alex era um canalha, daqueles que acreditam que poder e dinheiro compram tudo nessa vida. É um insensível e, pior, aliciador de menores. Angel é fraca de caráter, pois não teve coragem de contar à mãe a verdade sobre Alex, deixando-a se casar com um bandido. Pior: submeteu-se ao papel de amante do padrasto, traindo a própria mãe sob o mesmo teto. Fanny cafetina suas modelos, mas não tem um pingo de amor próprio em relação a Anthonny, um cafajeste de marca maior que só demonstrava sentimentos verdadeiros em relação à mãe, a quem amava de verdade. E tantos outros (já falei disso bem aqui em outra matéria). Walcyr Carrasco saiu do convencional e, ao invés de mocinhos e vilões, criou personagens complexos, vítimas das suas próprias fraquezas e que conseguiram despertar ódio e paixão do público ao mesmo tempo.
O Melhor: A verdade nua e crua
A novela descortinou o glamour das passarelas de moda mostrando um lado obscuro de modelos que fazem book rosa. E foi justamente esse um dos maiores atrativos e motivo de discussão ao longo desses quatro meses em que esteve no ar: de um lado, modelos e donos de agência negando veementemente que a prática de prostituição ocorria em seu meio e muito menos que as agências serviam de intermediárias; do outro lado, Walcyr Carrasco e outra vertente de profissionais da moda afirmando que tal prática é rotina dentro desse ambiente, embora nem todas as modelos conheçam essa prática ou aceitem fazer parte. Independente dessas divergências, muita gente ficou chocada com a relação quase doentia de Alex, um quarentão, com Angel, de apenas 16 anos. Sem maior burburinho, a trama se desenrolou, não recuou e falou de muita coisa séria, mostrando a verdade nua e crua que acontece na nossa sociedade com a coragem que uma novela das nove não permite: drogas, sexo, prostituição, pedofilia, crack, alcoolismo, exploração de menores, aborto, péssimas relações familiares, crimes, beijo gay, homossexualidade, estupro, assassinatos, entre outros. Em uma época em que valores familiares foram postos à prova em Babilônia, Walcyr conseguiu contar a história que pretendia sem rejeições e sem fazer concessões às alas conservadoras.
No geral, Verdades Secretas tem muito mais motivo para se orgulhar do que para se envergonhar. Foi um pontapé inicial bem dado para as novelas originais do horário das 23h, com sucesso de audiência e nas redes sociais, trazendo um frescor empolgante para a teledramaturgia. Do início ao fim, fazendo o Brasil dormir mais tarde para assisti-la e instigando o telespectador a sempre subir um degrau a mais para desfrutar melhor da trama , mereceu cada elogio que recebeu. Vai deixar saudades!
E os personagens de Verdades Secretas ganhadores do nosso The Oscars são...
Melhor atriz: Drica Moraes (Carolina)
Melhor ator: Rodrigo Lombardi (Alex)
Pepeca de ouro: Angel (Camila Queiroz), que só tem 17
anos e já viu mais piupiu que muitas mulheres de 30!
Melhor atriz coadjuvante: Grazi Massafera (Larissa)
Revelação do ano: Camila Queiroz (Angel)
Melhor ator coadjuvante: Rainer Cadete (Visky)
Pior atriz: Alessandra Ambrosio, que como atriz é uma ótima modelo
Empregado do ano: Mordomo figurante do Alex,
que chamou o patrão de filha da put@
Pior ator: Pedro Gabriel Toniniversão cheia de botox e com olhar psicopata do Luiz Bacci
Bunda do ano: Rodrigo Lombardi
Prêmio "Morreu ou tá na Record?": Darlene (Bel Kutner)
Pica de ouro: Anthony (Reynaldo Gianecchini), que conseguiu dar no coro tendo três amantes (uma quenga velha, uma quenga novinha e uma bicha vintage)
Figurante de luxo: Everaldo (Mouhamed Harfouch)
Melhor striper da terceira idade: Fábia (Eva Wilma)
Melhor participação especial: Maju do 'Jornal Nacional'
Trouxa do ano: Carolina (Drica Moraes)
Curadora de gays: Lourdeca (Dida Camero)
Troféu “Era melhor ter ido ver o filme do Pelé”: Estela (Natallia Rodrigues)
Percebam que ela foi tão irrelevante na novela que não tem nenhuma cena importante da Estela para eu usar aqui. Tive que pegar uma foto na festa de lançamento da novela!
Palavra do ano: Book rosa
Mistério do ano: Bruno (João Vitor Silva) era passivo ou ativo com Sam (Felipe de Carolis)?