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domingo, 30 de outubro de 2016

O Melhor e Pior da Semana (23 à 29/10)




   O MELHOR DA SEMANA   


Lenittorio



O tempo passa, mas a química é a mesma. Letícia Spiller e Marcelo Novaes estão confirmando em Sol Nascente que a imensa química de Babalu e Raí em Quatro por Quatro segue firme até hoje. O ex-casal é um dos poucos atrativos da fraquíssima e sonolenta novela das seis. A trama de Lenita e Vittório é bem mais interessante e shippável que do (insosso) casal protagonista.

Drama em Haja Coração


 Fedora descobre que Leozinho queria matá-la e fica arrasada (Foto: TV Globo)

A cena em que Carmela confessa que foi responsável pela deficiência da irmã primou pela total entrega das três atrizes. As irmãs tiveram uma briga feia e tudo acabou vindo à tona, para o desespero de Francesca. Carmela amava imensamente a irmã e nunca se perdoou por te-la deixado manca. A sua saída foi transformar o amor em ódio e ficou invejosa. Foi uma sequência grandiosa, onde o talento da Sabrina Petraglia (a mocinha oficial da novela) pôde ser observado mais uma vez, assim como o de Chandelly Braz (que vive o perfil mais complexo da trama na pele de Carmela) e Marisa Orth. Esta última, inclusive, pela primeira vez, ganhou uma personagem não puramente dosada no humor e sem os resquícios da Magda do Sai de Baixo, como a maioria das personagens que ela viveu depois do término do humorístico.

Outra atriz voltada para a comédia que saiu de sua zona de conforto e deu um show no drama essa semana em Haja Coração foi Tatá Werneck. Sim, ela mesmo! Eu sempre achei todo o contexto do casal Fedora e Leozinho tosco e infantil demais. Mas devo confessar que foi muito bonitinho e emocionante a cena em que Fedora confronta Leozinho na cadeia e ele lhe revela toda a verdade. Ela, chorando de decepção; ele, arrependido e apaixonado de verdade.

Cassia Kis


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É impressionante a capacidade única da Cassia Kis em pegar um papel pequeno e o agigantar diante das câmeras sem precisar de peripécias de interpretação, nem caracterização especial. Quase de cara limpa, com rugas assumidas, Cassia ressalta o significado de arte dramática. E isso pode ser comprovado em Nada Será como Antes. Na série, ela interpreta a sofrida empregada doméstica Odete, mãe da jovem estrela da TV Beatriz (Bruna Marquezine). Cassia não precisou de muitas palavras para exprimir a intensidade da emoção de sua personagem ao reencontrar a filha e vê-la brilhando na tela preto e branco dos primórdios da TV no Brasil. Foram cenas bem singelas, mas que certamente comoveram a muitos telespectadores também.

     O PIOR DA SEMANA     


Duelo de Mães


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No sábado da semana passada (22), o SBT estreou o Duelo de Mães. Ticiana Villas Boas comanda a nova atração que aposta em disputas gastronômicas entre mães de "famosos" como das cantoras Tays Reis (aquela do "Pega a metralhadora e trá trá trá trá trá") e Vanessa Jackson e da youtuber Maju Trindade (???). Vai vendo o nível. Portanto, nenhuma grande famosa. Ticiana poderia ter convocado mães de contratados do SBT. Teria sido muito mais interessante.

A nova aposta da emissora de Silvio Santos entrou na faixa das 19h15, anteriormente ocupada pelo Corre e Costura. O programa se divide em duas partes. Na primeira, as mães apresentam a sua própria receita. Já na parte final, elas recebem uma receita do chef Rodolfo de Santis. O problema é que o programa não passa simpatia no vídeo, totalmente "sem sal e sem tompero" (como diria o mestre Jacquin, do MasterChef). As mães, não acostumadas a como agir num programa de TV, parecem desconfortáveis na tela. O programa, em si, não rende e poderia ser somente um quadro dentro de algum outro programa maior como Eliana ou Domingo Legal.

Na realidade, a TV (em especial, Band e SBT) se empanturra com competições gastronômicas. É a moda do momento. Então, as emissoras apostam no mesmo segmento para faturar e conquistar audiência. Vai chegar uma hora que o modelo estará exaurido. Se já não está, né?

Posto de Salete



Já tenho um núcleo para odiar com todas as minhas forças em A Lei do Amor: o posto de gasolina de Salete (Claudia Raia). A personagem, em si, até que é bem interessante (principalmente essa sua relação conturbada com a filha). Já as dancinhas dos frentistas do posto dela são ridículas. Aquilo não é dança. É um festival de cenas explorando apenas o corpo dos atores, que tentam ser sensuais se remexendo como lagartixas. Nesta segunda (24), o núcleo bateu todos os índices da vergonha alheia. Na cena, Salete mostra um novo empregado que começa a trabalhar no local. É um tipo franzino e freio, bem diferente dos outros modelos que trabalham por lá. Daí, os fortões resolvem zoar o rapaz, dando um banho no lava-rápido do posto. A ideia era que o telespectador risse e tivesse um pouco de humor, mas foi apenas constrangedor mesmo. Tá ficando difícil defender a novela das nove (falarei mais em breve).

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Danilo, Porchat ou Adnet: qual o melhor talk show dos "sucessores" de Jô?



A direção da Globo surpreendeu a todos quando anunciou que a temporada 2016 do Programa do Jô seria a última. A atração das madrugadas da Globo estreou em 2000, ou seja, são 16 anos de boas e divertidas entrevistas. Somados aos 11 anos do Jô Soares Onze e Meia, do SBT, onde Jô começou sua bem-sucedida incursão no mundo dos late shows, já são quase 30 anos dedicados ao bate-papo informativo, descontraído e com humor nas antes sonolentas madrugadas da televisão brasileira.

Quando Jô Soares optou por deixar os programas de humor que o consagraram para trazer ao Brasil o formato de late nights, tão populares na televisão estadunidense, o artista abriu um importante espaço na televisão brasileira. O final da noite, antes “morto”, ganhou mais vida com as entrevistas de Jô Soares. Jô virou sinônimo de boa opção de entretenimento de qualidade na faixa de tarde da noite, fazendo jus ao texto que o anunciava nas chamadas do SBT, que repetia o bordão “Não vá para a cama sem ele”. Outra curiosidade das chamadas do Jô Soares Onze e Meia é que o programa, muitas vezes, era anunciado como exibido “mais ou menos às onze e meia da noite”, deixando claro que o horário da atração variava a cada dia da semana. Em seus últimos anos de SBT, Jô já entrava em cena depois da meia-noite. Na Globo, seu horário também variava, girando em torno da meia-noite e meia e 1h da matina.

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Em praticamente todos estes anos, Jô Soares seguiu um estilo único na TV brasileira. Mas, nesta década, o cenário começou a se modificar e outros jovens comediantes surgiram para comandar programas de formato semelhante e em horário parecido. A aposta começou na Band, quando escalou Danilo Gentili para comandar Agora É Tarde. Quando migrou para o SBT, Danilo lançou o The Noite e deixou o Agora É Tarde nas mãos de Rafinha Bastos. Até aí já eram três late shows nas madrugadas de três canais abertos diferentes. O Agora É Tarde porém, não sobreviveu muito tempo sem seu primeiro comandante e saiu do ar. The Noite e Programa do Jô passaram a polarizar a atenção da audiência insone até o segundo semestre deste ano, quando ganharam novos “companheiros”: Fabio Porchat e seu Programa do Porchat, na Record, e Marcelo Adnet e o seu semanal Adnight, na Globo.

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Porchat e Danilo apostam em formatos parecidos em seus programas. Enquanto Jô Soares seguiu a cartilha de David Letterman e outros “dinossauros” do gênero, priorizando a entrevista e dedicando algum momento ao bom humor, seus jovens seguidores já fazem o inverso. Tanto o Programa do Porchat quanto o The Noite têm forte inspiração no The Tonight Show with Jimmy Fallon (exibido por aqui pelo GNT), que aposta em convidados e entrevistas, mas prioriza o humor. O que os difere é justamente a personalidade de seus comandantes: Gentili é mais ácido (principalmente, em relação a política) e atira para todos os lados, enquanto Porchat costuma ser mais brando e não tira sarro de minorias. Além disso, o The Noite conta com um elenco afiado (Ultraje a Rigor, Juliana, Dieguinho, Léo Lins e Murilo Couto) que traz quadros de humor diversos à atração, enquanto no Programa do Porchat a aposta está em propor brincadeiras com o convidado.

O Programa do Porchat estreou bem, mas logo perdeu terreno na madrugada. Seu Ibope oscila muito, de acordo com a programação da linha de shows da Record. Porchat ainda não garante o segundo lugar todos os dias, mas aumentou a audiência de seu horário, anteriormente ocupado por enlatados. Também agregou mais prestígio à grade da emissora, propondo um programa bem produzido, com bom roteiro e ótimas tiradas - mesmo que com uma gama limitada de artistas. Além disso, Porchat tem um bom domínio de palco e raciocínio rápido, levando a atração com muita destreza. Pouco mais de dois meses após a estreia, o programa tem tido bons momentos e, sem dúvidas, é uma das melhores estreias do ano.

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Enquanto isso, a Globo não quis bater de frente com os novos talk shows noturnos e fez sua aposta num night show numa faixa semanal, entregando a Marcelo Adnet o Adnight. Exibido nas noites de quinta-feira, o programa muito prometia, pois Adnet é uma das maiores novidades do humor e da TV nos últimos anos. Mas, até aqui, seu programa tem decepcionado e, de longe, é o mais fraco dentre os três mais recentes night shows do Brasil. Adnet tentou fugir do formato adotado pelos seus colegas e apostou num programa mais voltado ao espetáculo, com um convidado e coisas acontecendo com ele a todo o momento. E é aí que está o problema, pois Adnight tem tanta parafernália para mostrar que acabou excessivamente dependente de um roteiro bem amarrado. E este roteiro culmina com apresentador e convidado ensaiados ao extremo e o humor acaba ficando meio sem graça. Ensaiar um apresentador como Adnet é um erro grave, já que a capacidade de improviso sempre foi algo a ser destacado no artista. E pior ainda é ensaiar um convidado, afinal, uma das graças de um programa com um entrevistado é justamente pegá-lo de surpresa. Ao contrário do Danilo e do Porchat, que conseguem fazer o programa render por si só, o Adnight só rende quando o entrevistado está inspirado (como foi com Cauã Reymond, Dani Calabresa, Mateus Solano e Lília Cabral com Alexandre Nero).

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Com o fim do Programa do Jô, portanto, os “late shows brasileiros” ficarão todos mais voltados ao humor do que à entrevista. O que não é um demérito: trata-se de uma proposta válida e que os dois primeiros têm sabido fazer bem (o terceiro ainda tateia em busca de um propósito). Enquanto isso, o espectador brasileiro que gosta de um bom programa de entrevistas terá de se contentar com as atrações do segmento que apostam em outros formatos, como o Mariana Godoy Entrevista, da RedeTV, ou o Programa com Bial, do GNT. Aliás, Pedro Bial ocupará a vaga de Jô na Globo no ano que vem. Se ele fizer algo semelhante ao programa do GNT, pode vir coisa boa por aí. Vamos ver. Quanto ao destino de Jô Soares, nos resta é continuar torcendo para que o fim do seu programa não seja sinônimo de aposentadoria. Queremos continuar a ver o Jô, seja na Globo ou fora dela, na TV aberta ou paga.


domingo, 23 de outubro de 2016

O Melhor e Pior da Semana (16 à 22/10)




   O MELHOR DA SEMANA   


Grazi Massafera


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Depois do marco que foi a sua atuação como a viciada Larissa em Verdades Secretas (pela qual está até concorrendo ao Emmy de Melhor Atriz), Grazi vem roubando a cena em A Lei do Amor. A personagem é uma ex-garota de programa casada com Hércules e que sonha em se tornar a primeira-dama de São Dimas. Para isso, ela faz de tudo, inclusive trair o marido. Com Luciane, Grazi consegue ser um bom alívio cômico na trama. Ao mesmo tempo em que tem de fazer humor, sua personagem também tem um lado obscuro e denso bem forte. A dobradinha com Danilo Granghéia e Vera Holtz (sua sogra, Mag, com quem vive em pé de guerra) é ótima.

Bruna Marquezine


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Finalmente, a tão alardeada nudez da Bruna Marquezine foi apresentada em Nada Será Como Antes. Porém, mais do que essa nudez, a cena valeu pela dose milimétrica de sensualidade. Beatriz deu uma aula de sexo ao já experiente Otaviano (Daniel de Oliveira). Em seguida, foi a vez de Júlia (Letícia Collin), a irmã do rapaz. Foram cenas fortes, ousadas e polêmicas que deram uma vida nova ao seriado (que estava bem morninho, diga-se de passagem). O que mais chamou minha atenção neste fato é que, mesmo correndo o risco, como correu, os autores seguraram os grandes momentos do seriado para o terceiro episódio, com a nudez e a sensualidade dentro de um contexto, não apenas um puro chamariz de audiência. Aliás, Bruna vem apresentando na pele dessa dançarina de boate alçada à fama como estrela de telenovela sua evolução na carreira, demonstrando maturidade ao optar pela sutileza em cena, ao invés de muitos tons acima do necessário. Uma pena que o povo só queira saber dos nudes e se voltou ou não pro Neymar...

     O PIOR DA SEMANA     


Falta de estratégia da Rede TV


A Rede TV nadou contra a maré neste ano e lançou algumas atrações. Mas de que adiantou? Estreou programas, os colocou em meio a atrações religiosas e logo cancelou metade do que botou no ar. Nos últimos meses, rodaram Olha a Hora, Sem Rodeios e Plantão Animal. Agora, mais uma vez, a Rede TV está jogando dinheiro fora com a contratação de Boris Casoy. Tenho o pé atrás com ele por conta do seu preconceito latente (lembram da vergonhosa declaração sobre os garis?), mas é um dos principais nomes do jornalismo brasileiro. Porém, de que adianta contratá-lo e colocá-lo para apresentar o RedeTV News entre um programa caça-níquel e um programa religioso que traçam no Ibope? Conclusão: o programa sofre para dar 1 ponto de audiência! Esses programas religiosos atrapalham, praticamente, toda a grade da Rede TV. A única que opera milagres é Sônia Abrão com seu A Tarde É Sua (a maior audiência do canal). Investimento é necessário, mas é preciso estratégia. As atrações próprias pagam caro por isso.

A chatice de Letícia



Lembram quando eu disse lá na nossa fan page que a Letícia de A Lei do Amor parecia uma Camila 2? Estava errado... A Letícia é mil vezes mais irritante que a chatonilda interpretada por Carolina Dieckmann em Laços de Família! Totalmente dependente dos pais e do namorado depois que superou um câncer, a personagem abusa do direito de se sentir frágil e desprotegida, obrigando a mãe Helô (Claudia Abreu) a ficar e fingir um casamento feliz ao lado de Tião (José Mayer), além de criar uma situação para Tiago (Humberto Carrão) se sentir obrigado a casar-se como ela mesmo estando em dúvidas sobre a relação. Ela usa a doença para garantir somente a sua "felicidade", mesmo que, para isso, todos que estão a sua volta estejam infelizes.

Além disso, Letícia tem a arrogância típica de quem se acredita superior aos demais e com o direito de julgar as atitudes e os sentimentos alheios. Tudo isso escondido atrás da máscara de filha amorosa, irmã parceira, namorada perfeita e doente indefesa. Tal como bem fazia a Camila em Laços de Família. Só falta a Letícia se apaixonar pelo Giannechinne e querer roubá-lo da mãe também. Já quero uma Íris 2 em A Lei do Amor para gritar JUUUUUUUUDAAAAAS!!!

A diferença entre as duas é que Camila, apesar dos pesares, tinha motivo para ser uma pessoa insegura: seu namorado, Edu (Reynaldo Gianecchini), tinha tido um romance com sua mãe, a Helena gata e poderosa vivida por Vera Fischer. Já Letícia ainda não tem razão para demonstrar tamanha insegurança, já que ela nem imagina que Tiago esteja apaixonado por outra. Um namoro bem morno e nada shippável, diga-se de passagem. A sua intromissão no casamento dos pais é algo bem difícil de engolir. A menina tem cerca de 19 anos e age como se tivesse 10!

A atitude imatura dela em relação a uma possível separação dos dois, além de ser de uma tremenda chatice, mais parece uma total falta de criatividade da autora da novela em criar outros empecilhos menos preguiçosos e cansativos para a história de amor do casal de mocinhos. Até porque, falando sério, nada impede Helô e Pedro de reviverem logo esse amor. Fora isso, Isabella Santoni não encontrou o tom da personagem. Sua atuação é fria, sem expressão, apática. Uma jovem atriz que roubou todas as cenas como a esquentadinha Karina em Malhação tem talento para reverter a situação com o tempo. Amenizar a chatice da Letícia já ajudaria bastante.

Exageros na novela das sete


Resultado de imagem para fedora haja coração dreads Nair se ajoelha para se desculpar com Adônis (Foto: TV Globo)

Haja Coração é uma novela que atira para todos os lados. Só essa semana, ela foi do humor quase infantil e beirando o ridículo buscando o riso fácil (como essa história da Teodora e do Tarzan e a fuga de Leozinho e Fedora) ao dramalhão mexicano barato buscando o choro fácil (como a revelação do segredo de Nair e o término de #Shirlipe). Nos dois casos, pesou a mão!

domingo, 16 de outubro de 2016

O Melhor e o Pior da Semana (9 à 15/10)



   O MELHOR DA SEMANA   


#Peloísa



Claudia Abreu e Reynaldo Gianechinni, que assumiram a Helô e o Pedro nesta segunda fase, estão em perfeita sintonia. E isso ficou comprovado na linda cena em que os dois começam a cantar juntos ("What's Up") no carro para quebrar a timidez. Muita gente disse que a cena foi copiada de Sense 8. Gente, a música já existia beeeeeeem antes da série (foi lançada em 1993)! Não é exclusividade nenhuma dela! E a cena não ficou idêntica. Apenas duas pessoas cantando juntas, como na vida real. Os perfis (atrativos) de ambos os personagens também ajudou muito. Maria Adelaide Amaral não criou tipos rancorosos ou desiludidos, apesar de terem sofrido um duro baque no passado. A Helô é solar e radiante, mesmo vivendo um casamento de fachada e infeliz. E o Pedro, mesmo com uma família desmoronada, se manteve integro e sonhador, sem parecer pedante. Esse perfil somado a não enrolação do encontro dos dois, que logo na primeira semana reascendeu o amor adormecido por 20 anos e terem se resolvido rapidamente, fazem do casal um dos mais críveis dos últimos anos do horário.

Nova fase de A Lei do Amor



Aliás, de um modo geral, A Lei do Amor está me agradando bastante, com uma trama interessante e contada com inspiração, sem as pretensões vazias de revolucionar a teledramaturgia. Há total sintonia entre o texto objetivo, as atuações no tom certo e uma direção discreta, longe de querer roubar a cena. Após um prólogo (arrastado e cansativo) com velocidade de bicicleta, a novela chegou em sua fase atual correndo que nem carro de Fórmula 1! Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari foram hábeis ao apresentar o perfil psicológico dos personagens e lançar as principais tramas sem didatismo, nem grandes recursos dramatúrgicos.

Suzana (Regina Duarte) sofreu um atentado ao lado de Fausto (Tarcísio Meira). É o famoso "quem matou?", mas vai muito mais além do que isso, apresentando uma narrativa policial vertiginosa, cheia de acontecimentos, com todo um clima interessante de segredos e mistérios. Há ainda a crítica social da corrupção na política, da busca doentia por poder e da religiosidade como muleta emocional. Temas abordados acertadamente sem proselitismo. Num primeiro momento, A Lei do Amor pode parecer simples demais. Contudo, sua sofisticação está exatamente nesse jogo aberto com o público. Por enquanto, está cumprindo bem sua missão.

Ainda merece elogio o bom uso dos efeitos de computação gráfica. A sequência do acidente de carro de Fausto e Suzana foi criativa e bem executada. Não deveu nada para as produções hollywoodianas. Só espero que mantenha o nível e não derrape ou seja multada por excesso!

     O PIOR DA SEMANA     


Passagem de tempo entre Tião e Mág


Resultado de imagem para tiao bezerra magnolia Tião mostra furo de reportagem de Elio à Mág (Foto: TV Globo)

Eu já tinha criticado a discrepância de parte do elenco entre as trocas de fases em A Lei do Amor (relembre AQUI). E isso ficou ainda pior no flahsback mal feito que mostrou o passado romântico entre Tião Bezerra e Magnólia na juventude. O rapaz foi vivido por Thiago Martins, como na primeira fase da novela. Mág, entretanto, não foi Vera Holtz, e sim Ana Carolina Godoy (de uns 20 e poucos anos). Ué, quando o Tião era dessa idade a Magnólia já era velha. O Tião foi conservado no formol durante anos ou a Magnólia que envelheceu muito rápido?!

Duração do Segredos de Justiça


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Segredos de Justiça é tão bem produzida que renderia fácil uma produção semanal de 30 minutos. Não deveria ser apenas um quadro de 5 minutos dentro do Fantástico. As histórias têm potencial, mas quando você começa a se envolver, puff!, acaba. Outro problema é que os depoimentos que intercalam a encenação confundem. Para que colocar outros atores se fazendo passar pelos verdadeiros personagens? Ficou fake. O mesmo elenco poderia fazê-los.

Troca de apresentadores no Primeiro Impacto


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SBT e suas SBTices. Na última quarta-feira, os telespectadores tiveram uma surpresa ao sintonizar o telejornal Primeiro Impacto. Em vez das âncoras habituais, depararam-se com a apresentação feita por um jovem desconhecido: Dudu Camargo (que é o Homem do Saco no Fofocando). Muita gente achou que era uma pegadinha do dono do SBT para o dia das crianças, mas não. Dudu veio para ficar e, até segunda ordem, as jornalistas (experientes) Karyn Bravo e Joyce Ribeiro serão transferidas para outra produção jornalística da casa. Com todo respeito a Silvio, o maior comunicador da televisão brasileira, mas ele trata o jornalismo da sua emissora como se fosse uma espécie de "playground" seu. Em jornalismo, a credibilidade é fundamental. Como um apresentador de 18 anos, com cara de adolescente (tem até aparelho nos dentes) e nem formado ainda é, pode conduzir um telejornal?! Ora, se é para investir no rapaz, que o colocasse em outros projetos do canal. Trocar jornalistas conceituadas por um novato "engraçadinho" é faltar com respeito os profissionais da área e com o público. Lamentável...

sábado, 15 de outubro de 2016

O Melhor e o Pior de “Laços de Família”



Uma vez sucesso, sempre sucesso! A reprise de Laços de Família chegou ao fim no Canal Viva marcada pelos altos índices de audiência para o canal pago e com grande repercussão nas redes sociais. Rever o folhetim pela terceira vez (sim, eu vi em 2000 e no Vale a Pena Ver de Novo) serviu para sentir saudade dos áureos tempos em que Maneco sabia criar um novelão, atestar a excelência da trama, mas também para reavaliar alguns pontos comprometedores que passaram despercebidos naquela época. Por isso, listo aqui o melhor e o pior de Laços de Família.

     O MELHOR     


Texto


Sem sombra de dúvida, sua maior qualidade. Foi com essa novela que Maneco confirmou a excelência de seus diálogos e seu potencial em desenvolver tramas folhetinescas com boa dose de realismo, o que garantiu a audiência da trama, se firmando, de vez, como cronista do cotidiano. As falas dos personagens soam como poesia. Suas histórias, suas lições, seus devaneios... Laços de Família, mais do que ver, é boa de se ouvir (tanto pelos diálogos bem escritos, quanto pela trilha sonora maravilhosa)! Sem contar que a trama, que Maneco retirou de uma notícia de jornal (em 1990, nos Estados Unidos, uma mulher tinha uma filha que estava com leucemia; então, ela engravidou para salvar a menina e conseguiu o que pretendia), foi muito bem construída, garantindo emoções a toda semana e desempenhos irretocáveis do elenco, conduzido pela direção primorosa de Ricardo Waddington. Novelão clássico!

Trilha sonora


Uma das melhores de todos os tempos. União perfeita de música sofisticada com apelo popular. Tudo nessa trilha remetia à novela: desde as ensolaradas bossas-novas, passando pelos hits ensolarados até as baladas mais românticas. Tudo tinha cara de sol, mar, Leblon e combinava com cada personagem. Destaco “Como vai Você” (tema da protagonista Helena num belíssimo arranjo e uma interpretação tocante de Daniela Mercury), “Próprias Mentiras” (tema de Íris na voz de Deborah Blando), “Solamente Una Vez” (tema de Alma cantada por Nana Caymmi), “Baby” (tema de Camila na voz dos Mutantes), “Man, I feel like a woman” (delicioso country que foi tema de Cíntia), “Save me” (da banda Hanson que embalava as cenas românticas de Camila e Edu), “Spanish Guitar” (tema de Capitu na voz de Toni Braxton) e “Love By Grace” (canção de Lara Fabian imortalizada na icônica cena em que Camila raspa os cabelos).

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Helena


Regina Duarte que me perdoe, mas considero a (deusa) Vera Fisher a melhor Helena de todas as novelas do Maneco! A Helena de Laços de Família nunca ligou para isso de que “mulher depois de certa idade não pode fazer isso, não pode fazer aquilo” e foi muito humana, forte e decidida (inclusive, cheia de erros e imperfeições) e muito mãe ao abnegar certas coisas de sua vida e cometer algumas loucuras pela sua filha (que era um porre, mas era filha dela). Atraente e sensual, Vera foi a escolha perfeita para viver a protagonista, o que tornou crível seu romance tanto com o novinho Edu, quanto com o maduro Miguel. É o melhor trabalho na vida da Vera Fisher. Uma pena que, depois da Helena, tenha decaído tanto na carreira, chegando ao abismo com a Irina (aquela que só vivia sentada e só fazia a contabilidade em Salve Jorge).


Camila vs Íris


Totalmente compreensível a rejeição do público à personagem de Carolina Dieckmann, antes da doença que a humanizou (e a tornou mais digerível, embora ainda irritante com sua infantilidade e vitimização exacerbadas). Impossível torcer por ela e seu romance com Edu, tamanho era o cinismo com que se dirigia a mãe e a sem-vergonhice com que avançava sobre Edu quando este ainda namorava Helena. Por sorte, tivemos a espevitada Íris (melhor papel da Débora Secco) para colocar a “Judas” em seu devido lugar! Enquanto todo mundo na novela achava tudo lindo, fofo e romântico, Íris ficava chocada cada vez que via Edu e Camila juntos e jogava a verdade na cara dos dois pilantras, representando o público com louvor e dando graça a trama com suas picuinhas e provocações. Um perfil complexo, onde a maldade e a fragilidade se misturavam a todo momento. O seu amor e dedicação pelo machão Pedro também rendeu cenas hilárias.

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Capitu


Mãe solteira, a bela se prostituía as escondidas para sustentar a família e o filho e fugia daquele esteriótipo de que toda garota de programa era uma maníaca sexual malvada e louca por dinheiro. Capitu foi uma personagem tão do bem e sofredora que acabou se tornando uma das personagens mais queridas da trama. Ela passou por uma verdadeira via-crúcis, que incluiu as investidas do obcecado Orlando (Henri Pagnoncelli perfeito), as ameaças do marginal e pai de seu filho Maurinho, a falsiane Simone e era atazanada pela despeitada Clara (Regiane Alves maravilhosa), que não admitia perder o marido, Fred, para ela. Embora tenha tomado algumas decisões equivocadas e até meio incoerentes (alguém sabe explicar porque, após Clara revelar seu ofício para todo mundo, Capitu se sujeitou a um casamento com o pior de seus clientes, Orlando, ao invés de ser feliz com Fred?!), esse foi o primeiro papel de grande destaque da Giovanna Antonelli, que a fez alçar voos maiores, tornando-se a mais nova estrela global. 

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Alma


Belíssimo trabalho de Marieta Severo (que lhe rendeu até prêmio de melhor atriz). Alma fez de tudo pelos sobrinhos órfãos, Edu e Estela. Por trás de tanta dedicação, no entanto, havia inúmeros segredos. Foi a pedrinha no sapato de Helena e implicou com a Camila, quando esta ficou doente. A atuação da megera e as suas artimanhas para fazer com que as pessoas dançassem conforme a sua música foi um dos grandes destaques da trama.

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Miguel


Um plot muito poético da trama foi a exploração da solidão de Miguel, após perder a esposa e ter que criar de dois filhos jovens, Ciça (Julia Feldens) e Paulo (Flávio Silvino), este último com sequelas físicas do acidente que vitimara a mãe e, curiosamente, viveu na trama o drama que o próprio ator vive na realidade para tentar se reintegrar à sociedade. A relação de Miguel com Ciça foi uma delícia, transbordando amor e sintonia. Ela, com sua espontaneidade e sinceridade nas palavras, conseguia quebrar toda a formalidade dele. Tony conseguiu nos passar, por meio de um texto muito bem escrito, o vazio do personagem, que se enterrara nos livros e poemas para fugir da vida real. A sua paixão por Helena também rendeu belas cenas, apresentando um amor platônico e idealizado. E eu torci MUITO pelos dois (apesar dele ter sido compreensivo até demais com a Helena, que, verdade seja dita, brincou com os sentimentos dele).

Leucemia



Eu achei a Camila chata? Eu achei a Camila chata! Mas é preciso destacar o talento de Carolina Dieckmann, que apenas exerceu (muitíssimo bem) aquilo que lhe foi proposto, emocionando em cenas de forte carga dramática depois da virada que a sua personagem teve com a descoberta da leucemia. No capítulo em que Camila teve seu cabelo raspado por causa da doença (exibido originalmente em 11/12/2000, ao som de “Love By Grace”), 79% dos televisores ligados do país estavam sintonizados na novela. A produção trouxe para a tela uma sequência real, em que a atriz, aos prantos, tem as suas madeixas loiras tosadas na frente das câmeras, se tornando uma das cenas mais memoráveis e emocionantes da história da nossa teledramaturgia.

Essas imagens, inclusive, foram usadas posteriormente numa campanha da Globo sobre a doação de medula. Por essa campanha, a emissora foi a ganhadora do “BitC Awards for Excellence 2001”, na categoria “Global Leadership Award”, o mais importante prêmio de responsabilidade social do mundo. Isso só confirma a habilidade do Maneco em aliar uma boa narrativa com merchandising social. Nenhuma novela mostrou tão bem o tratamento do câncer passo a passo como Laços de Família. E isso se refletiu na vida real. De novembro de 2000 a janeiro de 2001 (enquanto a novela esteve no ar), a média de cadastrados no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) saltou de vinte para novecentos por mês (um crescimento de 4.400%). Um ótimo serviço prestado pela novela!

         O PIOR         



Machismo velado


A reprise de Laços de Família serviu para que eu pudesse notar a construção de estereótipos machistas velados, incapazes de serem percebidos por mim quando a vi pela primeira vez.

José Mayer é o galã desejado por dez entre dez telespectadoras. Mas é inadmissível que uma mulher se submeta ao tratamento machista do Pedro e, principalmente, que o personagem tenha sido considerado o galã-mor da trama na época. Pedro, na verdade, por preferir a companhia dos bichos e ser um personagem recluso, acabou se tornando uma besta fera irracional, uma composição de machismos hediondos. Maneco construiu o Pedro como se ele fosse tudo que um homem gostaria de ser: é másculo, viril, tem uma amante independente, tenta seduzir a prima e ainda tem na cola uma ninfeta que se “guardou” para ele. E absolutamente o tempo todo ele é perdoado, justificado e até admirado. A única pessoa que poderia contradizê-lo, que seria a Cíntia (Helena Ranaldi), acaba confirmando-o. Ficou a ideia de que, no fundo, toda mulher tem mesmo é tesão pelo homem que a maltrata, a humilha e lhe agarra a força. Um horror!

Danilo (Alexandre Borges) e Ritinha (Juliana Paes) em Laços de Família

Outro deslize calcado no machismo foi em relação a morte de Rita (Juliana Paes), que teve um caso com Danilo (Alexandre Borges), marido de Alma. A empregada morreu durante o parto e deixou os filhos gêmeos para que Alma criasse. Puniu-se a mulher, empregada que se “ofereceu” para o patrão. E perdoa-se o marido infiel, que, mais uma vez, “por ser homem”, teve apenas um “deslize”. Apresentado como inconsequente e imaturo e uma espécie de alívio cômico, tudo voltou a ser como era antes: Danilo terminou a novela outra vez na mansão da esposa, sem evoluir um milímetro de caráter, com os filhos sustentados por Alma e, muito provavelmente, com uma nova empregada, do tipo que aceitará de boa o assédio do patrão. Lamentável!

Em uma determinada cena, Silvia resolveu trocar as fechaduras de casa. O porteiro do prédio estava fazendo a troca, quando entram duas vizinhas pelo elevador. O seguinte diálogo acontece:

– Está trocando as fechaduras? Tentaram entrar? – Perguntam as vizinhas.
– Não, mas nunca se sabe. – Responde Silvia.
– Entraram no apartamento de um dos vizinhos, uma coisa horrível.
– Sim, eu li no jornal.
– Ainda por cima estupraram a empregada.

O porteiro, então, no alto de sua sabedoria, diz:
– Mas aquela ali também, usava umas saias curtíssimas. Estava procurando.

Silvia, então, faz uma cara de quem está com pressa e resmunga um “É”. Pronto, corte. Do lado de cá fiquei eu, esperando um momento onde alguma das TRÊS mulheres presentes falariam algo contra o machismo hediondo incutido na fala do porteiro. O que não aconteceu.

E teve vários outros momentos da trama que exalaram machismo e, em nenhum momento, Maneco sinalizou que era uma crítica a ser discutida. Como quando Ingrid ficava incomodada com o comportamento espevitado de Íris e dizia que a filha tinha puxado o gênio difícil do pai, mas que ele era homem (reticências impediram que ela completasse com “era homem e podia, meninas precisam ser recatadas”). Ou quando Dona Emma dizia para Capitu que ela deveria “casar na igreja, de branco, véu e grinalda, como toda moça direita e decente deve casar”.


Tratamento dado a Zilda


Mais uma vez, valeu a pena ver o quanto evoluímos em dezesseis anos. Em 2000, os elogios concedidos a Zilda (Thalma de Freitas) como "fiel escudeira e amiga da família" me faziam realmente acreditar que ela era bem quista pela patroa Helena e por todos com que com ela se relacionavam de alguma forma. Ledo engano! Zilda era tratada, praticamente, como uma escrava. Do início ao fim, passou 24 horas por dia vivendo unicamente em função da vida da Helena e arredores. Acumulava funções: de cuidar do almoço a babá dos filhos da Capitu e da Clara, das compras no mercadinho a enfermeira de Camila. Em nenhum momento é feito menção a sua jornada exaustiva de trabalho, recebimento de horas extras... Nada disso existia em 2000, então a gente aceitava um elogiozinho como recompensa. A amiga da família nunca foi convidada sequer para dividir a mesa com os patrões. E ainda ouviu certos impropérios por não ter cuidado de coisas que não lhe cabiam, como vigiar as temperamentais Camila e Íris ou não ter verificado que a fralda do Bruninho (filho da Capitu) estava suja. Com a PEC das domésticas, Zilda ficaria rica se processasse Helena, Camila, Clara e Capitu!

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Desperdício de talentos


Os primeiros capítulos indicavam planos mais ambiciosos para Ciça (Júlia Feldens), pedra no sapato de Helena e Camila pelo coração de Edu, infelizmente, pouco explorada no decorrer da narrativa. Lília Cabral também tomou chá de sumiço após a morte do marido e a mudança de Íris para o Rio de Janeiro, ficando sem nenhuma função lá na fazenda. E quando ela, finalmente, mudou para o Rio, acabou morrendo baleada durante um assalto (em uma cena emocionante, diga-se de passagem). Inclui-se aqui também a Sílvia (Eliete Cigarini), ex-mulher de Pedro, que jurou acabar com a vida dele após a separação e poderia ter rendido muito mais.


A cantoria de Ofélia


Se eu morasse no mesmo prédio que a Helena, já teria feito um abaixo-assinado para expulsar essa Ofélia do prédio por perturbação da paz. Ela não teve outra função na trama a não ser cantar (BERRAR!) ópera todo santo dia. Maneco poderia ter poupado meus ouvidos...

Barriga na reta final


É de se lamentar que, justo em sua fase mais emocionante, a novela mergulhou no período mais morno de sua narrativa. Praticamente, nada aconteceu após a descoberta da doença de Camila (só Helena mandando às favas a sua tão valorizada sinceridade, rompendo com Miguel para se deitar com Pedro). Muitos destes últimos capítulos deram sono. É óbvio que essa “barriga” não comprometeu a novela como um todo, mas digamos que rolou uma decepçãozinha e muita paciência para ouvir “Love by Grace” de 5 em 5 minutos em todo santo capítulo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Em meio ao sensacionalismo barato das concorrentes, Tamanho Família prova que é possível divertir e emocionar sem apelação



Acompanhando a programação da Record, a impressão que eu tenho é que, hoje, só existe um único diretor para todos os seus programas, porque o modelo é único: o sensacionalismo disfarçado de assistencialismo. A cada edição, atrações do canal, como o Domingo Show e o Gugu, apostam suas fichas em pautas praticamente integrais de apelo emocional. Difícil não vermos uma edição desses programas que não tenham realização de sonhos, reencontros de pessoas que não se veem a tantos anos e outras coisas do gênero se transformando em uma espécie de padrão na emissora (com exceção de poucos, como o LegendáriosPrograma da Sabrina e até mesmo o programa da Xuxa, que, mal ou bem, apostam no entretenimento do começo ao fim). A proposta da Record parece clara: tentar fisgar o telespectador pela emoção.

Parece que a emissora muda apenas os apresentadores, porque não existe variação nenhuma no conteúdo de um programa para outro. Veja o caso do Rodrigo Faro. Antes ele fazia um sábado alegre, animado, sempre pra cima, se fantasiando e dançando. Na mudança para o domingo, entrou na onda do excesso de pieguice, com assistencialismo e choro o tempo todo. Caiu no mais do mesmo. Uma pena, porque é um ótimo e carismático apresentador (quando Rodrigo vai ao Troféu Imprensa, sempre forma uma dobradinha impagável com o mito Silvio Santos).

O que mais me impressiona é que esse gênero de pauta garante ótimos índices de audiência para a Record (quase sempre, leva a emissora à liderança no Ibope). Vai entender o público...


Só para ressaltar que esta crítica não é totalmente em cima do assistencialismo em si, já que, apesar de alguns pontos negativos, de alguma maneira, os programas geralmente auxiliam e tornam possível o sonho de algumas pessoas, muitas carentes. A crítica é feita com um olhar apontado especialmente para a televisão e se sustenta em cima do apelo e da exploração exagerada que as atrações fazem em cima desse tema. É evidente que o abuso do assistencialismo não surgiu agora. Quem acompanha TV há mais tempo, sabe que esse tema já foi utilizado com exaustão em pautas de programas de outras emissoras e em outras épocas.

E nem é uma característica exclusiva da Record. Taí o Domingo Legal que não me deixa mentir. Como um programa pode ter o nome de Domingo Legal se, em vez de tentar ser alegre, também caiu na linha do chororô barato? O dominical apresentado por Celso Portiolli no SBT foi transformado em rascunho do Domingo Show na tentativa de derrotar o rival. Não deu certo. Continua com índices baixíssimos. Mas antes da reformulação, ao menos, fazia jus ao título.

Por tudo isso, ao se diferenciar completamente na forma e conteúdo deu seus concorrentes no horário, o Tamanho Família acabou se tornando, disparadamente, a melhor opção nas tardes de domingo. E nele se vê, com ampla e completa nitidez, a diferença de um programa que tem direção por trás de outro que não tem ou só tem para cumprir o regulamento. Algo que tem tudo a ver com o sucesso (de audiência e nas redes sociais) que alcançou merecidamente.

Um dos grandes desafios dos apresentadores dos programas diurnos é fazer uma atração que agrade a toda a família. Ainda mais aos domingos, dia em que, tradicionalmente, toda a família está em casa e geralmente se reúne no sofá durante o almoço. Imaginem algo que agrade aos pais, mães, filhos e até aos avós? Tarefa difícil. Tamanho Família cumpre bem esse objetivo. O apresentador, aliás, continua afiado e muito seguro com o microfone na mão. Popular e fanfarrão, no estilo de quem não tem vergonha, Marcio Garcia, realmente, fez falta na função.

Tamanho Família é daqueles programas que dá para assistir com os parentes todos reunidos no sofá. Não há a pretensão de fazer pensar, incitar discussão, levantar polêmica. Seu único objetivo é divertir e emocionar. E até mesmo quando entra numa fase mais chororô (quase sempre nos momentos finais, em que as famílias dos artistas preparam uma homenagem para eles), seu script é completamente outro. Sem apelação. Sem exageros. Taí uma qualidade da Globo. Pode-se acusá-la de muitas coisas, mas nunca de se ancorar no sensacionalismo barato.


Uma pena que o Tamanho Família deixará a grade da Globo (temporariamente) para dar lugar ao péssimo EXXXXXXquenta, com uma Regina Casé canastrona tentando ser do povão. Por que a Globo ainda insiste nisso?! Como diria a minha amada Carminha, "toca pro inferno, motorista"!

domingo, 9 de outubro de 2016

O Melhor e o Pior da Semana (2 à 8/10)




   O MELHOR DA SEMANA   


Laura Cardoso


Já se passaram mais de um mês desde a estreia de Sol Nascente e a novela continua em seu leito plácido sendo um ótimo remédio para aqueles que sofrem de insônia e querem dormir. Mas até mesmo uma novela tão fraca, chata, devagar (quase parando), sonolenta e inverossímil tem algum ponto positivo. Nem que seja apenas um. E ele tem nome e sobrenome: Laura Cardoso.

A atriz, como eu já esperava, está carregando a novela das seis inteira nas costas e é a única que traz alguma vitalidade e graça para a trama. Mentora do vilão César no plano para passar a perna em Tanaka e assumir o controle de sua empresa de pescados para poder lavar dinheiro ilegal, Sinhá é dissimulada a ponto de forjar uma identidade dupla: aos olhos dos personagens, é uma vovó indefesa, cativante e boa. Porém, quando está a sós com o neto, mostra sua verdadeira faceta: a de vovó do mal. Dona de cassinos clandestinos, Sinhá cobre-se de joias, maquiagem, não dispensa um copo de uísque, dispara pérolas e algumas tiradas absurdas (porém, engraçadas, confesso) e já mostrou ser capaz até de matar para conseguir o que quer.

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Fiz uma maratona das sequências com a atriz e todas são simplesmente ótimas. Especialmente uma de sexta (7), com a cascável dançando para comemorar uma vitória. Hilário! É um trabalho que impressiona especialmente porque Laura está com 89 ANOS. Não é pouca coisa! Ver a vitalidade de um monstro da dramaturgia como Laura Cardoso recompensa o público pelo marasmo do restante da história. Sua dobradinha com Rafael Cardoso também é ótima.

      O PIOR DA SEMANA      


A primeira fase (modorrenta) de A Lei do Amor


Originalmente, A Lei do Amor não teria a primeira fase. De acordo com o Telinha, do Jornal Extra, a mudança só aconteceu com o adiamento da novela, que entraria no lugar de Velho Chico, para não colocar uma trama política no dia seguinte às eleições. Melhor teria sido se não tivesse. Além de ser algo que vem se repetindo bastante ultimamente (só de 2010 pra cá, das onze novelas das 21h exibidas, sete delas utilizaram algum tipo de prólogo nos capítulos iniciais), se mostrou algo desnecessário na trama de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari.

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O início da trama pesou a mão no dramalhão. Ao narrar a origem do amor entre Pedro e Helô, a primeira fase da trama ficou com cara de novela mexicana, da peruca loira da vilã (só faltou um tapa-olho) MAgnólia (má até no nome) a choupana à beira-mar (digno de Marimar) onde a mocinha pobre e sofredora vivia com a mãe doente (numa excepcional participação de Denise Fraga). Os autores enrolaram quatro (intermináveis) capítulos com cenas exageradamente melosas do casal Pelô (certamente, para agradar esses fãs shippadores da internet) para, enfim, direcionar ao ponto que interessava: a armação de Mag para separá-los. Armação essa, aliás, que é um dos clichês mais óbvios, manjados e preguiçosos da nossa teledramaturgia: o flagrante forjado que levou a mocinha a ver o mocinho nos braços de outra mulher na cama.


A dupla de autores não investiu muito esforço neste início da novela, com um ritmo lento, excesso de dramalhão e situações pra lá de clichês e difíceis de engolir. O conflito entre Helô e Fausto querendo justiça em nome do pai (que acabou morrendo na cadeia) ficou meio frouxo, afinal, o pai da mocinha foi demitido porque faltava e ia bêbado para o trabalho. É justo culpar Fausto por isso? Talvez, fosse mais fácil se compadecer da mocinha se seu pai tivesse sido realmente um injustiçado e Fausto o seu algoz. Do jeito que foi, ficou estranho. Também difícil de engolir a reação da mocinha ao flagrar o grande amor da sua vida na cama com outra. Ela simplesmente deu as costas e foi embora por vinte anos. Nenhum barraco, nem nada. Espírito muito evoluído o seu! E só depois de vinte anos é que Fausto resolveu contar a Pedro que houve uma armação para separá-lo de Helô. "Ah, é novela", vão dizer alguns. Sim, eu sei! Mas é preciso que o telespectador acredite naquelas tramas e torça para os seus heróis. O que não aconteceu.


O mais estranho, porém, foi o troca-troca de intérpretes entre a primeira e segunda fase (aliás, um problema quase sempre apresentado por todas as novelas que apresentam um prólogo). Chay Suede vira Reynaldo Gianecchinni e Isabelle Drummond se torna Claudia Abreu. Ok. Gabriela Duarte virou Regina Duarte, ou seja, Suzana começa a história tendo seus 40 anos e termina com seus 60. Faz sentido, afinal, o que importa é parecer ter a idade de seus personagens. Mas, enquanto isso, Vera Holtz de peruca (cafona e fake) e Tarcísio Meira (com fotoshop) se tornam... Vera Holtz sem peruca e Tarcísio Meira sem fotoshop! Assim como um Thiago Martins (de 28 anos) virar um José Mayer (de 67). Na primeira fase, Magnólia parecia mais velha que Suzana, mas, na segunda, a vilã ficou bem mais nova que ela. Vai entender...

O único ponto positivo do elenco jovem nesse prólogo foi a Isabelle Drummond. Uma das melhores da sua geração, a atriz mostrou todo o seu potencial em A Lei do Amor, emocionando na pele de Helô. Ela merece fazer uma novela das nove inteira. Sophia Abrahão e Chay Suede não chegaram a comprometer, porém, incomodou o tom linear de suas atuações, comuns a seus papeis anteriores, pela ausência de maiores nuances. Já Thiago Martins, Bianca Salgueiro, João Vitor Silva e Maurício Destri se destacaram negativamente, pelas composições inexpressivas.

Pedro e Helô se encontram vinte anos depois (Foto: TV Globo)

Merece menção positiva o primeiro encontro dos personagens da segunda fase, com o uso da interligação entre suas versões jovens (Cláudia Abreu se vendo refletida em Isabelle e Gianecchini se vendo em Chay Suede). Os olhares dos protagonistas após 20 anos já sinalizaram uma boa sintonia entre eles. Momento bonito. A abertura da novela é linda, em que uma fita vermelha se entrelaça entre cenários naturais, inspirada em uma lenda chinesa que diz que duas pessoas predestinadas a ficarem juntas para toda a vida são ligadas por uma fita vermelha invisível e fatalmente irão se encontrar no futuro, por mais que se afastem. Só o tema de abertura que não ornou. Teria sido melhor se tivessem colocado "Maior" (na voz de Dani Black e Milton Nascimento) ao invés do "O Trenzinho do Caipira" (cantada por Ney Matogrosso).

Felizmente, esse prólogo modorrento acabou na quinta (13) e a trama deu um salto de vinte anos, quando outros atores assumiram os papéis atuais. Talvez, a própria história melhore. E tem tudo para melhorar mesmo. Vera Holtz (fantástica na pele de uma vilã que se diz em defesa de sua sagrada família) promete ser uma vilãzona daquelas, assim como Grazi Massafera promete divertir com sua Luciane (que já chegou chegando). Estou confiante. Vamos aguardar.

Xuxa e Mara



Xuxa e Mara estão vivendo momentos similares. As duas não estão bem em suas carreiras televisivas e falam mais do que devem. A primeira voltou a alfinetar a Record, afirmando que agora, no Youtube, vai poder fazer tudo o que quer. O mesmo discursinho utilizado quando saiu da Globo. O que ela ganha com isso? Nada. Melhor seria ocupar o tempo melhorando seu semanal, que continua ruim (e fracassado). Já Mara conseguiu voltar à TV, mas não está sabendo honrar essa mega oportunidade e segue queimando o próprio filme no Fofocando (como falei AQUI). Xuxa e Mara não têm assessoria? Precisam aprender a pensar antes de falar!

sábado, 1 de outubro de 2016

Velho Chico: tecnicamente linda e perfeita, dramaturgicamente irregular e angustiante



Um espetáculo em forma de novela. Assim podemos definir Velho Chico, que chega ao fim entrando para a história como uma das novelas mais belas e inspiradas da nossa dramaturgia. Pelo menos, esteticamente falando sim. Ao apostar num texto sensível e cheio de metáforas e crítica social e numa direção que traduziu tais metáforas imprimindo uma estética barroca e lúdica, a transformaram num feito cinematográfico que não deixou a desejar a nenhuma produção hollywoodiana. É digna de ganhar o Emmy (anotem o que digo). Entretanto, deixando a mensagem visual de lado, novelisticamente falando, Velho Chico se mostrou muito irregular.

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