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domingo, 24 de abril de 2016

O Melhor e o Pior da Semana (17 à 23/04)




 O MELHOR DA SEMANA 



Susana Vieira na bancada do Vídeo Show



Escrevi aqui que a Globo e Mônica Iozzi estavam cometendo um erro histórico com a saída da apresentadora do programa (leia aqui). E aquela minha profecia está se concretizando. No lugar de Mônica entrou Maíra Charken, que não tem a mesma química que sua antecessora tinha com Otaviano Costa e tenta imitá-la forçadamente a todo momento (já falei sobre isso aqui). Aliás, hoje a gente vê que Mônica é quem carregava mesmo o programa nas costas e quem dava graça àquilo tudo. Otaviano é aquele cara engraçado, mas que dá uma despencada para o bobo em certos momentos.

E parece que a Globo pretende promover um rodízio de apresentadores no Vídeo Show. Não sei se a ideia dará certo. Mas nesse feriadão de Tiradentes (21/04), fomos surpreendidos com uma mudança inesperada (e maravilhosa) de apresentadora. Maíra não esteve presente e, em vez da Globo escalar Joaquim Lopes, Boninho teve a ideia de chamar a Diva Soberana Susana Vieira para apresentar o programa ao lado de Otaviano. O resultado foi isso mesmo que todos esperávamos: impressionante.

Susana mostrou que não tem paciência para quem tá começando e apresentou o programa melhor do que a Maíra. Ela conseguiu seguir o roteiro do programa e não chamou mais atenção que as matérias. Claro, ela falava umas curiosidades e fazia uns comentários desprendidos, mas foi uma apresentadora maravilhosa, cheia de boas tiradas. Essa é a terceira vez que Susana Vieira chama a atenção no programa vespertino da Globo. A primeira vez foi quando roubou o microfone ao vivo da mão de Geovana Tominaga; e depois roubando o show como convidada na estreia do falidíssimo Video Show do Zeca Camargo. Pena que foi só participação, porque só Susaninha pra levantar esse programa.

Irandhir Santos e Dira Paes



O que dizer do casal Bentriz que mal se beijou e eu já estou shippando pakas? Em Velho Chico, Irandhir Santos é um vereador com ideias românticas, mas assombrado pelo tiro que deu em Afrânio (Rodrigo Santoro) no passado. Já Dira Paes é Beatriz, a professorinha destemida que bradou contra o prefeito em plena praça de Grotas do São Francisco pedindo melhorias e alertando o povo sobre a importância do voto. Um discurso inflamado e pertinente diante da atual situação política do nosso país, porém, sem cair no didatismo (ainda mais dito na boca de uma atriz competente como Dira). Quando testemunhou os seguranças do prefeito expulsando Beatriz da praça, Bento saiu em defesa dela. Se apresentou como vereador, mas garantiu ser diferente dos demais políticos. Morreu de raiva da violência que a professora sofreu. A sequência foi o destaque absoluto da semana na novela.



Irandhir já havia ganhado o meu coração com o Zelão de Meu Pedacinho do Chão. Desta vez, como Bento, um sujeito das sombras, que fala pouco, mas trama muito, o ator vem se destacando mais uma vez. Estou amando tanto a atuação (sempre brilhante) de Irandhir na novela quanto o casal que ele vem formando lentamente com a professorinha Beatriz. O encontro entre os dois foi bem conduzido desde a primeira vez que se encontraram, durante o comício do Coronel Saruê (Antônio Fagundes) e conforme vão passando os capítulos só aumenta a vontade que a gente tem de ver o romance do casal se concretizar. Por enquanto, o desenrolar dessa trama vai mais satisfatório e mais rápido do que o prometido lengalenga amor entre Santo (Domingos Montagner) e Maria Tereza (Camila Pitanga).


 O PIOR DA SEMANA 



Daniela Mercury como jurada no Superstar


O Superstar já teve uns jurados chatos como Dinho Ouro Preto (que não falava nada com nada), Fábio Jr. (que não sabia o que estava fazendo lá) e até mesmo a pata choca da Sandy, que sabe-se lá porque motivo a produção do programa decidiu mantê-la nessa terceira temporada. E ela acabou de ganhar uma concorrente a altura para disputar o troféu de pior jurada do Superstar: Daniela Mercury.

daniela mercury_2

Primeiro que ela sempre se complica na hora de votar. Parece que não entende muito bem os botões que tem de apertar, se enrola, erra, vota "não" quando quer votar "sim" e por aí vai. Parece aquela tiazinha que se enrola com o celular, que não consegue mandar foto ou uma mensagem no whattsapp.

Fora isso, a cantora peca pelo exagero, sempre querendo chamar a atenção a qualquer custo: quer saber se tal integrante da banda tem namorada, sobe no palco, quer ser a supersimpática, deita na cadeira, levanta para agitar o público. Enfim, parece aquela criança que não sabe se comportar do jeito que deve e toda hora a mãe tem de ficar chamando atenção para ficar quieta. Realmente não dá.

Abusiva repetição dos clichês nas novelas



Nesta semana, para roubar o cofre, Sofia (Priscila Steinman) batizou a comida da família inteira. Em menos de cinco capítulos depois da dopagem coletiva da vilã, Carolina (Juliana Paes) batizou a bebida de Eliza (Marina Ruy Barbosa) num restaurante para forjar um envolvimento da modelo com Rafael (Daniel Rocha). Há alguns meses atrás, Cassandra (Juliana Paes) tentou sabotar Elizar numa prova do concurso Garota Totalmente Demais, mas quem tomou a bebida batizada foi Jonatas (Felipe Simas), que acabou criando um enorme vexame; antes, porém, Cassandra havia experimentado a droga com o próprio pai e acabou deixando Hugo (Orã Figueiredo) doidão. Ou seja, das duas uma: ou os autores de Totalmente Demais estão sem criatividade ou virou moda dar "Boa noite, Cinderela" nas pessoas.


E não é só a novela das sete que anda repetindo os mesmos truques meio que no automático. Nesta semana, Eta Mundo Bom apresentou o terceiro casamento da novela. E, como nas duas situações anteriores, o enlace não se concretizou. Momentos antes do "sim" de Eponina (Rosi Campos), uma mulher entrou na igreja e informou a todos que Inácio (Mauro Mendonça) é casado com ela. Depois, na fazenda, diante de toda a comida que havia sido preparada para a festa, uma confusão boba deu início a uma guerra de comida. A sequência toda foi idêntica a uma ocorrida uma semana antes. O casamento de Sandra (Flavia Alessandra) com Ernesto (Eriberto Leão) foi cancelado no altar, quando Pancrácio (Marco Nanini) denunciou que o noivo estava enganando a todos se fazendo passar por Candinho. Na continuação, houve a tradicional guerra de bolo entre Sandra e Celso (Rainer Cadete). Isso porque, no mês passado, houve o casamento frustrado de Mafalda (Camila Queiroz) e Romeu (Klebber Toledo), que não se concretizou porque o vestido dela se desfez na hora. Só não houve guerra de comida naquela ocasião. Quem acompanha as tramas do Walcyr Carrasco, sabe que ele tem uma obsessão por casamentos desfeitos no altar. Mas tamanha repetição numa novela só já é exagero.

Descaso do SBT com o próprio jornalismo


No domingo passado (17/04), as emissoras de TV do Brasil, principalmente as emissoras com sinais abertos, prepararam uma mega cobertura para a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados. Entretanto, o SBT, de última hora (por ordens do Silvio Santos, que detesta usar a grade de programação da sua emissora para cobrir o que quer que seja e prefere que a programação continue fixa e sem mudanças), cancelou a mega cobertura que preparava.



Mudança na grade, custo da cobertura ou uma opção televisiva alternativa para o público, qualquer que seja o argumento não é o suficiente para nos fazer desacreditar na tamanha falta de senso da emissora. O SBT precisa entender que o entretenimento e a informação caminham juntos. A transmissão da votação pelo impeachment da presidente é muito mais importante e mais histórico do que a busca pela audiência. E não parar a sua grade de programação por um ou dois pontos a mais na média de seus tradicionais programas é como se o SBT estivesse "matando cachorro a grito". A situação aos domingos, no quesito audiência, está difícil para o canal, mas também não é para tanto.

Foi só quando o número de votos atingiu o exigido para a aprovação do processo que pode culminar na saída de Dilma do poder que o canal entrou com um plantão tão rápido que não deve ter durado um minuto. A emissora somente tratou sobre o assunto depois de meia-noite, com o Conexão Repórter. As consequências disso? O SBT ganhou a vice-liderança absoluta no Ibope (que não via há muito tempo aos domingos), mas perdeu credibilidade e fez com que os telespectadores não sejam fiéis aos seus jornais. Quando o público quer informação, usa o controle remoto. Basta olhar o tanto de noticiosos lançados nos últimos tempos, com prazo de validade curtíssimo. Não emplacam, mesmo que apostem em assuntos policiais, como foram os casos do Boletim de Ocorrências e SBT Noticias.



O canal insiste em jornalísticos, não tem paciência, não investe e simplesmente os colocam no ar e cancelam depois. Lançado às pressas, o Primeiro Impacto já foi cortado e perdeu 1 hora. E olha que coisa: na segunda-feira, o Carrossel Animado estará de volta à programação. De novo. Perdi as contas do tanto de vezes que o infantil deixou ou voltou à grade nos últimos tempos. Agora resta a dúvida: já nos aparelhos, o Primeiro Impacto respira por mais quanto tempo? O problema, insisto, é o mesmo de sempre: vão cancelar e, no ano que vem, Silvio inventa de lançar outro informativo às pressas.

Aí vem a questão: se o Silvio acredita que o negócio é apostar em entretenimento, então é melhor desistir do jornalismo de vez, né? Para os jornalistas da casa, então, a sensação deve ser de desânimo total. Trabalhar e não ver o seu esforço na tela é uma frustração enorme. Quanto amadorismo!

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Paredão no Planalto: Big Brother Brasília


bbb

Sempre que chega janeiro, não podemos falar em BBB nas redes sociais que na hora aparece alguém dizendo "seu alienado", "pare de falar desse lixo", "vai ler um livro", "BBB não é cultura". Vivemos um momento parecido atualmente com a turbulenta (e vergonhosa) situação que se encontra a nossa política brasileira: se você é a favor do impeachment da presidente Dilma, é um "golpista, coxinha, fascista, reaça, odiador de pobre"; se é contra, "você não presta, é um comunista safado, alienado, que mama nas tetas do bolsa família". Para provar que é possível sim ter cultura através do BBB, vou mostrar para vocês a maneira mais simples de entender o que está acontecendo na política do país tomando como base as estratégias usadas pelos participantes do BBB. Assim, você que passou os últimos três meses só no pay per view e não quer pagar de desinformado, vai poder entender tudo.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Como criar um índio no manual da TV


Se até hoje quase sempre aos negros são relegados papéis secundários nas novelas, a situação dos índios é ainda pior. Retratados de maneira caricata e estereotipada, poucas vezes índios de verdade foram escalados para os papéis que lhe caberiam por direito na teledramaturgia. Neste Dia do Índio, relembre as tentativas da TV brasileira de "homenagear" os primeiros habitantes do Brasil.

Potira (Lúcia Alves)

Novela: Irmãos Coragem (1970)
Papel: Potira vivia um relacionamento com Jerônimo, um dos irmãos coragem.
Grau de Verossimilhança (3): A maquiagem e o figurino ajudavam a disfarçar, mas a atriz não tinha nenhuma ascendência indígena. Não dava para comprar essa ideia.
Aritana (Carlos Alberto Ricelli)

Novela: Aritana (1978)
Papel: Aritana era o filho de uma índia com um branco. O grande drama da história é a necessidade de Aritana defender a terra dos índios de um grupo americano que deseja comprar tudo. Já na época em que a Tupi estava em decadência, a novela foi massacrada por Dancin' Days, da Globo, que fazia um estrondoso sucesso. Mas serviu para juntar o casal Ricelli e Bruna Lombardi, que faziam par romântico na novela, e estão juntos até hoje.
Grau de verossimilhança (6): Como Ricelli fazia o filho de um branco com uma índia, até que passava. Mas os parcos recursos da Tupi o deixaram parecido com um cosplay do Papa-Capim.

Potira (Dira Paes)

Novela: Irmãos Coragem (1995)
Papel: No remake da novela da década de 70, desta vez escalaram uma descendente de índios para o papel de Potira: Dira Paes, a primeira atriz bem escalada para o papel de uma índia.
Grau de verossimilhança (8): Com o biotipo certo (e muito talento), a atriz paraense de Abaetetuba se encaixou bem e convenceu no papel de índia.

Caraíba (Stênio Garcia) e Moatira (Maria Maya)

Minissérie: A Muralha (2000)
Papel: Stênio Garcia fez o papel de Caraíba, chefe da tribo e protetor dos guerreiros. Maria Maya, como a índia Moatira, era abusada sexualmente por Dom Braz (Tarcísio Meira), um bandeirante inescrupuloso e perverso que fazia os índios de escravos para vendê-los como mão-de-obra. Na trama, Moatira vive um romance proibido: ela se envolve com um padre, Miguel (Matheus Nachtergaele).
Grau de verossimilhança (5): A produção caprichada, feita para comemorar os 500 anos do descobrimento do Brasil, também caprichou na caracterização dos personagens. Mas como nem Maria Maya, nem Stênio Garcia são remotamente indígenas, ficou difícil vê-los como índios. Garcia ainda é melhor pilotando um caminhão. Foi uma cilada, Bino! (entendedores entenderão)

Paraguaçu (Camila Pitanga) e Moema (Deborah Secco)

Minissérie: Caramuru, A Invenção do Brasil (2000)
Papel: Camila e Deborah interpretam duas irmãs que se apaixonam por Diogo (Selton Mello), um degredado que acaba na costa brasileira antes de Pedro Álvares Cabral. Paraguaçu ensina o canibalismo e o amor livre a Diogo, que depois também se envolve com Moema.
Grau de verossimilhança (3): A minissérie, depois transformada em filme em 2001, era cômica. Não tinha intenção de ser fiel historicamente. As personagens marcaram mais pelo estereótipo das selvagens libidinosas do que por qualquer retrato fidedigno dos índios brasileiros.

Serena (Priscila Fantin)

Novela: Alma Gêmea (2005)
Papel: Serena é filha de uma índia com um garimpeiro que cresce em uma aldeia indígena, mas acaba indo parar na cidade grande, onde apaixona-se por Rafael (Eduardo Moscovis). A paixão tem razão para acontecer: Serena é a reencarnação da esposa de Rafael, Luna (Liliana Castro), que morreu pouco depois do casamento.
Grau de verossimilhança (3): Priscila é linda, mas não tem nada de índia. E numa história que mistura espiritismo e reencarnação com indígenas, a coisa fica ainda pior.

Ayani (Eunice Baía)

Minissérie: Amazônia (2007)
Papel: A história do Acre, narrada nesta minissérie de 55 capítulos, foi retratada após uma extensa pesquisa histórica. Para o papel da índia Ayani, chamaram Eunice Baía, hoje com 24 anos, protagonista do filme Tainá, Uma Aventura na Amazônia.
Grau de verossimilhança (10): Descendente de índios, Eunice nasceu no Pará, em Barcarena. Uma rara escolha acertada para o papel.
Estela (Cléo Pires)

Novela: Araguaia (2010)
Papel: Descendente da fictícia tribo dos karuês, Estela começa a novela casada com Fernando (Edson Celulari). Com a morte dele, passa a namorar o enteado Solano (Murilo Rosa). Sua intenção é garantir que uma maldição se abata sobre o rapaz, mas ela acaba (clichê) se apaixonando de verdade pelo mancebo.
Grau de verossimilhança (2): Como criar um índio no manual da TV: deixe o sujeito bronzeado, passe tinta preta e vermelha, saia de palha, adereços artesanais e voilá. Engana só com quem passou a vida na frente da TV.

Tatuapu (Cláudio Heinrich)

Novela: Uga Uga (2000)
Papel: Tatuapu era ainda criança quando é levado por seus pais Nikos Jr. (Marcos Frota) e Mag (Denise Fraga) a uma expedição na Amazônia. Sua família é dizimada por uma tribo, mas ele é adotado por índios rivais e criado como parte do grupo até a idade adulta, até ser descoberto e levado de volta à civilização.
Grau de verossimilhança (-1): Como índio não há nenhum motivo para convencer, já que ele é um homem branco que foi adotado por uma tribo. Mas a história (sem pé, nem cabeça) e as habilidades interpretativas de Heinrich foram uma catástrofe.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Sucesso de Totalmente Demais prova que a Globo tem que parar de esnobar os jovens



Há bastante tempo, não se via uma trama do horário das sete como Totalmente Demais com níveis tão altos quanto os que estão sendo alcançados. A novela, inclusive, chega a superar Velho Chico em termos de audiência quase que diariamente. Um fenômeno. Tem se falado muito sobre como a trama constrói uma espécie de conto de fadas, fugindo de polêmicas e de histórias mais realistas, o que anda aproximando aquele telespectador que quer um momento de distração em meio ao caos do nosso país. No entanto, a trama tem outro mérito muito grande: uma aproximação com o público jovem. 

Rosane Svartman e Paulo Halm, os autores da novela, já haviam se destacado na ótima Malhação Sonhos, quando conseguiram tirar a novelinha teen da Globo de seu marasmo habitual e conversar de maneira mais eficiente com os jovens, trazendo temáticas e uma linguagem que aumentaram o engajamento desse público com a trama. O resultado? A temporada foi uma das de maior sucesso do formato nos últimos tempos. Um exemplo desse sucesso foi o engajamento nas redes sociais. A expressão Perina, por exemplo, foi criada para se referir ao casal queridinho do público, formado entre Pedro (Rafael Vitti) e Karina (Isabella Santoni). Séries americanas de sucesso costumam apresentar um fenômeno similar e as bases de seguidores jovens desses formatos são muito fortes.


Talvez o maior mérito dos autores seja entender a linguagem dos jovens, ou seja, entender de verdade como eles pensam e como se aproximar deles da maneira mais eficiente dentro dos limites impostos pela televisão aberta. O maior problema de Malhação é que a novela na maioria das vezes pinta a juventude com tintas que não lhe cabem, ou seja, cria um tom farsesco e distante da realidade de jovens "normais". Manter um folhetim voltado para adolescentes no horário da tarde não é uma tarefa fácil. Isso porque as restrições da classificação indicativa não dão tanta abertura para uma discussão mais clara e profunda a respeito de questões ligadas à sexualidade e às drogas, por exemplo. Talvez, por isso, as pitadas educativas sejam tão teóricas e, consequentemente, cansativas e repetitivas.

 Parece também que a emissora delega somente para ela a função de conversar com esse público e esquece as possibilidades que os outros horários possuem. Em Totalmente Demais, além de promover uma história agradável, os escritores ainda conseguem trazer o público jovem para as telas, promovendo uma maior interação com diferentes públicos. Goste ou não, o jovem de hoje será o telespectador de amanhã e se ele não for fidelizado ao formato das novelas, fica difícil manter a audiência e o futuro da dramaturgia. E claro que não basta colocar uma gíria ou duas desse universo dentro de uma trama. É preciso compreendê-lo e conversar com ele de verdade, sem maniqueísmo, algo que Totalmente Demais faz bem ao discutir temas como homofobia, relacionamentos por meio de aplicativos, preconceito, abuso sexual, entre outros, conquistando, assim, um enorme fã-clube.


Outra novela que exemplifica bem essa questão foi Verdades Secretas. A trama costurada por Walcyr Carrasco trouxe uma representação atual e próxima da realidade de jovens paulistanos, sem medo de mostrar elementos como drogas e sexo de forma incisiva. Mais uma vez, a novela foi um fenômeno tanto no Ibope, quanto nas redes sociais (o mais novo termômetro de sucesso do século XXI).

domingo, 17 de abril de 2016

O Melhor e o Pior da Semana (10 à 16/04)




  O MELHOR DA SEMANA  



Encontro de Candinho e Anastácia


Não há como negar que Walcyr Carrasco entende do riscado dramatúrgico como ninguém. Lembram quando Félix (Mateus Solano) foi desmascarado em Amor A Vida? E quando Carolina (Drica Moraes) descobriu o caso de Angel (Camila Queiroz) e Alex (Rodrigo Lombardi) e flagrou os dois na cama, em Verdades Secretas? Ou quando Bianca (Isabelle Drummond) desmascara Denis (Marcos Pasquim) ao revelar, no dia de sua exposição, que o pintor é um farsante e que o macaco Xico era o verdadeiro autor das telas, em Caras & Bocas? Foram momentos épicos, muito aguardados pelo público, e de grande repercussão, entre muitos outros nas novelas do autor. Walcyr, sempre com boas cartas na manga, é muito habilidoso na arte de prender o público em frente a TV, preparando o terreno nas suas histórias até o seu clímax (o ponto alto de tensão do drama). Novela é, antes de tudo, entretenimento e as suas novelas sempre entretém quem assiste e gera algum burburinho (para o bem ou para o mal).


Com Eta Mundo Bom, não é diferente. Nesta semana, a trama alcançou 32.4 pontos de média no Ibope da Grande São Paulo. Foi a maior audiência da TV brasileira do dia e o melhor resultado de uma novela das seis desde 2010. Em tempos em que o horário nobre pena para chegar na casa dos trinta, uma novela das seis conseguir essa marca é um feito extremamente admirável (e raro).

O momento em questão se deu com Ernesto (Eriberto Leão), que se passava por Candinho, sendo desmascarado em pleno altar, e o encontro do verdadeiro Candinho (Sergio Guizé) com Anastácia (Eliane Giardini) após tantos anos. Foi um capítulo excelente. O encontro de mãe e filho que não se conheciam foi lindo, tocante e muito bem interpretado por Guizé e Giardini. Fiquei encantado.

Walcyr Carrasco já deu um desfecho para a sua principal trama (a busca da mãe pelo filho perdido). O autor queimou seu principal cartucho. Parecia até um desfecho. Estamos chegando no capítulo 80 e, pelo que já foi informado, iremos até depois de agosto. Ou seja, Eta Mundo Bom não está nem na metade. Imagino que o autor tenha ainda MUITAS cartas na manga pela frente. Assim espero, né?

Power Couple Brasil 



O Power Couple Brasil promete fisgar o público amante de competições com subcelebridades e cheio de intrigas. Formado por oito casais que já foram famosos, o programa apresentado por Roberto Justus é um mix de game com confinamento e reúne elementos potenciais para o sucesso de uma atração. Dinâmico, competitivo e alucinante, o Power Couple Brasil mostrou logo na estreia que pode fazer sucesso. A escolha do elenco de competidores foi bem feita e reúne pessoas de diversas personalidades, o que já gerou atritos logo nos primeiros instantes do confinamento. Já vi em Simony, Laura Keller e Gretchen um bom potencial para barracos. A divisão dos quartos dos casais, cada um com características diferentes, é outro ponto positivo e que vai gerar confusão e ciumeira ao longo da atração. Discussões sobre rotinas da casa e alimentação também prometem atiçar os ânimos. Sem contar a competição em si, nos games que valem dinheiro, que renderam momentos bem divertidos. Roberto Justus se mostrou muito mais a vontade e apresentou o Power Couple Brasil com muito mais naturalidade do que fez em A Fazenda 8. A edição é ágil para dar conta de mostrar tudo o que acontece em uma semana de confinamento mais as provas, em um único dia de programa. Promete!


  O PIOR DA SEMANA  



O "novo" Coronel


Não dá para acreditar no Antonio Fagundes em Velho Chico. Ele simplesmente destruiu toda a construção do Coronel Afrânio feita brilhantemente por Rodrigo Santoro na primeira fase da novela. Virou outro personagem. Santoro nos mostrou um Coronel complicado, soturno, atormentado. Um sujeito que virou o que virou contra sua vontade. Ele era um sujeito, na juventude, ligado à contra cultura, queria viver na cidade grande e tal. Mas, por imposição de sua mãe, virou um coronel do interior da Bahia e passou a sofrer com isso. Rodrigo fez muito bem seu trabalho de nos mostrar o conflito interno do personagem. Aí vem o Fagundes e detona com tudo na nova fase da trama.


O "novo" Coronel virou simplesmente um grosseirão, um bonachão. Uma espécie de Juvenal Antena (interpretado pelo mesmo Fagundes em Duas Caras) muito piorado. Veja bem: no fim da primeira fase de Velho Chico, a história já havia percorrido mais ou menos uns vinte anos. Ou seja, o Coronel já não era um jovenzinho, já era um homem maduro e sabíamos bem como ele era. Ele continuava sendo um cara complicado e perturbado pelo que sua vida se transformou. Na fase atual, mais vinte anos se passaram e simplesmente não dá para alguém mudar desse tanto. Não dá para virar outra pessoa. O que Fagundes faz é esquecer o que Santoro fez e interpretar do jeito que ele acha que deve ser, meio que no piloto automático. Esse é o mesmo personagem que ele já fez várias vezes em outras novelas do Benedito. A voz do seu Coronel é a mesma que ele fazia, por exemplo, em O Rei do Gado. Triste.

Assim, nada faz sentido ali: a peruca tosca que usa, a pintura no cabelo, o jeito todo espalhafatoso, o figurino ridículo e exagerado... Nada lembra o Coronel do passado. Embora faça sentido o personagem ter perdido a leveza da juventude e adquirido segurança, há uma disparidade gigantesca entre as duas fases. Ele até poderia ter uma ou outra destas características atuais, mas não ter nada do que foi é inadmissível. São divergências constrangedoras, mas que podem ser suavizadas com ajustes.

Na boa, esta nova fase de Velho Chico começou muito mal e colocou por água abaixo o excelente trabalho dos atores do começo da trama (leia: O Melhor e o Pior da Primeira Fase de Velho Chico). E Fagundes não é o único. Não sei vocês, mas toda vez que vejo a Camila Pitanga em cena fico esperando a todo momento ela começar a latir que nem um cachorro louco querendo justiça pela morte do pai, acusando alguém sem provas ou armando um barraco por qualquer coisinha. Ainda tem algo da insuportável Regina de Babilônia na Maria Tereza. O mesmo vale para Christiane Torloni, que transformou Iolanda numa perua, daquelas que a atriz sempre interpreta na TV. Detonou com o que Carol Castro mostrou (divinamente) com a personagem na fase inicial. Realmente, uma pena.

Volta de Sofia é surreal e suas maldades não convencem


Eliza se afoga e Sofia finge desmaio (Foto: Inácio Moraes/Gshow)

Há algum tempo atrás, Totalmente Demais era refém do concurso Garota Totalmente Demais. Agora, desde a semana passada, a trama achou outra dependência: Sofia (Priscila Steinman), a filha psicopata de Germano e Lili que retornou "do mundo dos mortos" após forjar a própria morte. A diferença é que o concurso, apesar das provas de cada etapa terem sido entediantes (leia aqui), foi essencial, pois serviu para mostrar a trajetória e a evolução da mocinha Eliza (Marina Ruy Barbosa). Já essa volta da Sofia, mesmo deixando a trama bem movimentada, é completamente desnecessária e inverosímel.

A novela das sete é tão realista que essa trama foi um tiro no pé. Na ausência de um grande vilão para atazanar a vida de Eliza, já que Dino (Paulo Rocha) tomou um chá de sumiço e Carolina (Juliana Paes) seguiu os mesmos passos que a Atena de A Regra do Jogo, os autores deram para Sofia essa função (pelo menos, temporariamente) afim de não deixar que a trama caia no esgotamento. O problema é que nada ali faz sentido, desde o fato dela decidir fingir que morreu logo após sofrer um acidente de carro, colocando um outro corpo em seu lugar, e essa vingança obsessiva contra Eliza e toda família. Não é só cometer maldades. Um vilão precisa ser convincente. E, diferente de Dino e Carolina, essa Sofia é uma antagonista totalmente sem motivação para cometer maldades. E vamos combinar também que essa Priscila Steinman tá bem fraquinha no papel, né? Nos instantes em que a filha de Lili dissimula ser bondosa e desmemoriada para a família, então, aí mesmo que a atriz atinge doses altíssimas de canastrice. Sem falar que a trama deu um ar sombrio a uma história tão solar e alegre.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

E se a história de 'Liberdade, Liberdade' fosse adaptada para os dias de hoje?


Uma mulher louca e com sinais de demência está no poder mantendo a exploração do povo e
temendo um golpe, afinal, para ela e seu bando, "impeachment sem crime comprovado é golpe".


Já Tiradentes lidera um pequeno bando de rebeldes sem apoio na
classe política para derrubar o governo corrupto da Rainha Louca.


Joaquina, filha de Tiradentes, também é contra o governo e a favor da liberdade assim
como o pai, mas Antônia, mãe da garota, tenta a todo custo tirar isso da cabeça dela.


Letícia Sabatella defendendo o governo e contra o golpe desde o século XVII.


Tiradentes, porém, acabou sendo pego como bode expiatório por conspirar
contra o governo. "Viva a Rainha, matem o traidor!", gritavam os petistas.


Matheus Solanno se safou fazendo uma delação que custou
a vida de Tiradentes, mas premiada para os nossos olhos.


Raposo (Dalton Vigh) também é a favor como impeachment, mas, como naquela época não tinha redes sociais pra criar vários perfis falsos e falar o que quisesse, preferiu se calar para não dar ruim pra ele.


Já Joaquina (Andreia Horta) cresceu e ficou ainda mais patriota, com um único desejo:


Ops, imagem errada!


Hum... Parece que eu conheço essa história de algum lugar, hein...

terça-feira, 12 de abril de 2016

O Melhor e o Pior da Primeira Fase de Velho Chico



O capítulo de sábado (9/4) de Velho Chico encerrou a primeira fase da novela com um compacto com várias cenas sendo reprisadas. Um encerramento decepcionante, diga-se de passagem. Mas serviu para refrescar a memória do público ligada na história desde o início e também uma tentativa clara de fisgar o telespectador recém-chegado e não deixá-lo com a sensação de ter pego o bonde andando.

Quem assistiu a primeira fase da trama, além da linda fotografia, da trilha matadora e da direção primorosa, viu o show de atuação de atores veteranos e novatos. Se existisse uma categoria de melhor elenco nas premiações de TV aqui do Brasil, Velho Chico ganharia de lavada. Que elenco fabuloso! 


Nesses primeiros capítulos, aplaudi de pé a atuação de veteranos em cenas memoráveis. Em uma participação especialíssima no primeiro capítulo, Tarcísio Meira (Coronel Jacinto) nos lembrou porque é um dos monstros sagrados da teledramaturgia. Rodrigo Santoro, afastado dos folhetins há treze anos, fez seu retorno triunfal. Além de ser um profissional maduro e seletivo e ainda ter aquela pinta de bonitão, Santoro conseguiu despertar amores e ódios no público como um sujeito tão antagônico e cheio de conflitos internos como o protagonista Afrânio, um retrato da cultura coronelista regionalista. O ator ainda teve uma química arrebatadora com Carol Castro. Eu shippei o casal! Aliás, Carol viveu o seu melhor momento na TV até hoje. Iolanda foi defendida com profissionalismo pela atriz, que, agora, ganhou um novo status na carreira. Não que Carol fosse ruim antes. Mas é que ela precisava de uma personagem tão intensa como essa em que pudesse mostrar todo o seu talento.


Outros dois nomes femininos de destaque foram Fabiula Nascimento (Eulália) e Cyria Coentro (Piedade), que emocionaram do início ao fim na pele de duas mulheres tão batalhadoras e sofridas, sendo levadas à demonstração extrema de suas emoções. Principalmente, nas cenas em que se desesperaram com a morte do Capitão Rosa (Rodrigo Lombardi) e na da morte de Belmiro (Chico Diaz), maridos, respectivamente, de Eulália e Piedade. Um espetáculo! Rodrigo e Chico não ficam de fora e também deram um show de atuação com dois perfis que transbordavam integridade. Julio Machado teve poucas falas, mas nem precisava: ele atuava apenas com o olhar e o corpo. E arrasou. O Capataz Clemente chegava a dar medo. E não podemos nos esquecer de Selma Egrei. A atriz estava merecendo há tempos uma personagem que fizesse jus ao seu talento em novelas e ganhou a amargurada Encarnação, que mais parecia uma bruxa da Disney, tanto na atuação (exageradamente teatral), quanto na caracterização (com um figurino que não condizia com a época). De qualquer forma, foi uma licença poética muito válida. Para a nossa alegria, a matriarca dos de Sá Ribeiro seguirá na segunda fase com a mesma atriz, só que com uma caracterização mais envelhecida.


Mas foram os novatos que seguraram o rojão com coragem e talento, como se a atuação fosse tão simples como respirar. Foram momentos fortes, muitas lágrimas, suor e sangue para dar o pontapé inicial nessa saga. Marina Nery estreou com a responsabilidade de cenas quentes com Rodrigo Santoro, sofreu, viveu e morreu intensamente em apenas sete capítulos. E a novata não fez feio na pele de Leonor, esposa de Afrânio. Aliás, a história dela lembrou muito com a de Maria Santa, personagem da então estreante Patrícia França em Renascer (1993). Aplausos também para Julia Dalavia e Renato Góes. Nenhum deles é estreante, mas tiveram em Velho Chico a chance de encarar um desafio marcante (para eles e para o público) em papéis tão centrais e agarram essa oportunidade com unhas e dentes. Não era fácil se destacar entre um grupo que reuniu profissionais do calibre dos já citados, mas roubaram a cena e o amor de Tereza e Santo emocionou desde o princípio.


Achei ótima essa mistura de atores conhecidos do público, alguns deles raros na nossa TV (como Rodrigo Santoro), com novatos e profissionais escolhidos no Nordeste. Velho Chico entrou ontem (11/4) em sua segunda fase, dando lugar ao elenco fixo que ficará até o final da história, como Antonio Fagundes (Afrânio), Camila Pitanga (Tereza), Cristiane Torloni (Iolanda) e Domingos Montagner (Santo), entre outros. Espero que mantenham o ótimo nível dos atores da primeira fase.

De resto, Velho Chico foi tecnicamente/esteticamente perfeita (leia mais aqui). O texto foi um mero adorno nessa primeira fase. Se não tivesse, não faria falta. Foi tudo focado na expressão corporal e imagens. Palmas para a direção artística de Luiz Fernando Carvalho, o grande trunfo da novela.

Por outro lado, uma grande produção não basta. Penso que novela antes de mais nada tem que se preocupar em contar uma história que aguce o público. Quando os detalhes são maiores que a própria novela, é porque algo está errado. Em Velho Chico, a direção é maior que a novela. A história fica em segundo plano. História, aliás, que não foi lá essas coisas. Duas famílias rivais, um amor proibido e muita, mas muita morte. Não passava uma semana sem morrer alguém na novela. Quem reclamava da violência de A Regra do Jogo e aguardava um refresco se enganou, porque Velho Chico é tão violenta (e picante, tendo em vista as centenas de cenas de sexo) quanto. Só que rural e sem favela!



Particularmente, a trama ainda não me conquistou. Como eu disse uma vez atrás (leia aqui), Velho Chico exigiu muita paciência e atenção do telespectador nesses primeiros capítulos com um ritmo devagar e cenas arrastadas com poucas falas e ação. Acabou ficando tudo muito cansativo. Que nessa nova fase a novela foque menos em pirotecnia visual e apresente uma história mais envolvente.

domingo, 10 de abril de 2016

O Melhor e o Pior da Semana (03 à 09/04)




  O MELHOR DA SEMANA  



O final da terceira temporada do Tá no Ar


Pense num programa que consegue se superar cada vez mais... Tá no Ar! Aliando inteligência, humor e ousadia, o programa se diferenciou de tudo que há na TV atualmente pela capacidade de se posicionar sobre o acontece no Brasil e no mundo (dentro e fora da telinha) sem deixar de divertir com esquetes que beiram o brilhantismo. E, para encerrar a terceira temporada com chave de ouro, o Tá no Ar nos presenteou em seu episódio final (5) com dois momentos geniais que já entraram para a história da TV brasileira. Sem dúvida nenhuma, foi o melhor episódio de todo o humorístico.

Para assistir à esquete das Helenas, basta clicar na imagem.

Na esquete Clones em Família, todas as atrizes que interpretaram uma Helena nas novelas do Maneco (Maitê Proença, Christiane Torloni, Regina Duarte, Taís Araújo, Vera Fischer e Júlia Lemmertz) apareceram para homenagear José Mayer, que lançava um livro sobre sua experiência com as personagens. O ator contracenou e foi par romântico de quase todas as atrizes que interpretaram Helenas, com exceção de Maitê e Lemmertz. Mas quem brilhou mesmo na esquete foi Lília Cabral, que, ao ser barrada na porta pela recepcionista por não ser uma Helena, revela que sempre quis ser uma Helena, mas nunca foi chamada para interpretar. A piada final ficou por conta do eterno Cigano Igor (Ricardo Macchi) em uma cena com Regina Duarte, onde ele tentava falar de seus sentimentos sobre um livro e tentou mostrar a expressão que ficou por conta do livro, tirando onda das críticas que recebeu na época de Explode Coração em que sua atuação era inexpressiva. Ainda teve as participações de outros dois personagens: Tio Ali (Stenio Garcia) e Dr. Albieri (Juca de Oliveira), ambos de O Clone (daí o título da esquete ser Clones em Família). Uma reunião pra lá de inusitada.

Para assistir à esquete com Carlos Alberto, basta clicar na imagem.

Mas o ponto alto da noite foi a homenagem hilariante a um clássico da concorrência: A Praça É Nossa, do SBT. Com participação de Carlos Alberto de Nóbrega, que apresenta o programa desde 1987, o quadro contou com uma interpretação perfeita de Marcius Melhem para a personagem da Velha Surda, criada por Roni Rios (1936-2001), que ficou famosa por confundir palavras e disparar uma metralhadora de piadas de duplo sentido. O curioso foi que o programa aproveitou a deixa para fazer piadas sobre a rivalidade entre SBT e Globo, mostrando, na verdade, o completo oposto: que a relação das duas é sim amigável e bem mais flexível do que com uma c.e.r.t.a emissora bíblica. Todas as frases de Carlos Alberto são interpretadas pela Velha Surda como referências aos canais de TV. Genial!


Outros acertos da atração exibida no episódio final também merecem ser citados. Entre elas, a interação dos personagens mais famosos do humorístico: o Jorge Bevilácqua (apresentador do Jardim Urgente), Tony Karlaquian (responsável pelo Balada Vip) e Tenente Pitombo (dono do Pitombo Game Show), que participaram da campanha "Adulto Esperança", em alusão ao Criança Esperança. O clipe final, reunindo todas as Galinhas Pretas Pintadinhas (que representaram as várias religiões alvos de deboches ao longo das temporadas) com uma paródia do clássico "We Are The World", foi hilário, ao mesmo tempo em que fez uma importante conscientização sobre a tolerância religiosa.

Um encerramento perfeito para um programa consciente, com um texto sempre afiado, um elenco incrível, que soube fazer piadas com opressores (religião, poder público, marcas) em vez de caçoar de oprimidos e que não tratou seu telespectador como um acéfalo como outros humorísticos costumam fazer. Deu gosto ligar a TV aberta e encontrar algo como o Tá No Ar. Que venha a quarta temporada!

O emocionante final de Pé na Cova


Em clima de luto. Foi assim que Pé na Cova se despediu do público. Nas cenas finais do último episódio, ao som de Goodbye e Air Supply, a alegria deu lugar a tristeza e a melancolia. Ainda mais porque esse foi o último trabalho de Marília Pera, que faleceu em dezembro do ano passado, só reforçando o clima de luto. Triste foi ver o Ruço (Miguel Falabela), sozinho, se despedindo da série, com flashbacks de cenas recontando toda a história da série desde a primeira temporada. De partir o coração. Incrível como Pé na Cova conseguiu extrair risos e choros do público ao mesmo tempo.


Ao longo das cinco temporadas, Pé na Cova utilizou do humor negro para brincar com a morte e debochar sobre a desgraça humana. Acima de tudo, ensinou sobre a vida. Apesar dos personagens estranhos e politicamente incorretos cutucarem assuntos sérios e preconceituosos, o público, no geral, não se ofendeu. Pelo contrário. Acabaram caindo no gosto popular, que refletiu, chorou e, principalmente, riu com o pessoal do Irajá. A mesclagem do texto poético, polêmico e irreverente, somado a atuações maravilhosas e personagens inesquecíveis, vai deixar (muitas) saudades. Fui!

A estreia do Zorra



O Tá No Ar e Pé na Cova chegaram ao fim, mas ainda restará um pouco de humor inteligente, crítico e de qualidade na TV aberta. O Zorra estreou a sua nova temporada na noite deste sábado (9) fazendo piadas com o impeachment da presidente Dilma e com o seu padrinho político, o ex-presidente Lula. O programa aproveitou ainda o noticiário político turbulento do nosso país para fazer referências à liquidação de cargos oferecidos pelo governo federal. Numa das cenas (a melhor da noite), um bandido que mantém a mulher refém exige um ministério como condição para libertá-la, afinal, "com ministério não vai pegar nada pra ele". Em outra, atores simulam a busca desesperada pelo porteiro José da Silva, o novo líder da Nação brasileira, que irá substituir a presidente que sofreu o impeachment: "A presidenta sofreu um impeachment ou golpe, depende do ponto de vista, então você assumiu". Entre várias outras esquetes (ágeis e divertidas) de cunho político. E ainda houve uma brincadeira com a imagem de Deus, que ofereceu a uma moça a chance de ser a mãe do filho do "todo poderoso". Que a patrulha do politicamente correto não boicote o Zorra. Me diverti pakas!


  O PIOR DA SEMANA  



Os pais homofóbicos de Max + A volta de Sofia



É verdade que as sequências em que Max (Pablo Sanábio excelente) se finge de hétero para os pais homofóbicos foram hilárias, principalmente pela presença do impagável Jamaica, que atrapalhou todo o plano. O gancho final, com a revelação de que os pais além de homofóbicos são racistas, foi impactante. A cena em que o rapaz conta toda a verdade e depois chora foi linda, assim como o momento posterior, quando os pais voltam e tentam aceitar o filho como ele é. Além de ter sido uma sacada de mestre o fato dos pais de Max se chamarem Jayr e Mirian, numa referência clara a Jair Bolsonaro e Myrian Rios. Mas foi tudo muito surreal. Não sei qual foi o momento mais absurdo da sequência: a cena do preconceito dos pais ou eles terem mudado de opinião tão rapidamente. Entendo que a proposta era trazer o racismo e a homofobia a tona, mas foi tudo feito rápido demais. Os autores poderiam ter dedicado mais tempo ao tema e ter feito uma melhor abordagem. Mais crível.


 Outra situação absurda em Totalmente Demais essa semana foi a volta de Sofia. Apesar de ter movimentado a novela, não me convenceu essa história dela decidir fingir que morreu logo após sofrer o acidente de carro. Ficou parecendo mais uma trama avulsa criada aos 45 do segundo tempo.

Cada vez mais escrachado, o Você na TV apela para o sobrenatural


Nada mudou: João Kleber continua fazendo suspense antes de revelar segredos "graves", "fortes", "chocantes" ou "inacreditáveis" toda tarde na RedeTV! com o Você na TV. O problema é que o conteúdo do programa que apresenta nunca esteve tão escrachado e absurdo. O repertório de baixarias já está até esgotando, tanto é que o Você na TV tem investido no sobrenatural. Parece até um programa de humor (de gosto duvidoso, é claro). Veja abaixo algumas das mais recentes revelações:

Pagando bem, que mal tem?

Isso que dá assistir muito Scooby Doo...

A reação da vizinha define tudo

Um antibiótico que se guarda na cueca, só pode!

VIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAADOOOOO!

Não consegui achar a imagem, mas o segredo era: "Namorado
revela que é um vampiro de 230 anos". Maldita geração Crepúsculo!

O namorado da moça é IN-VI-SÍ-VEL!!!

Detalhe: essa mesma mulher do segredo anterior retornou ao programa dias depois
pedindo ajuda ao João Kleber para achar seu namorado invisível. "Ele sumiu", disse ela.

Definitivamente, o Você na TV é o suprassumo da escrotidão na TV brasileira. É incrível como a RedeTV! tem coragem de colocar um programa desses no ar. Mais incrível ainda é saber que existem pessoas que dão Ibope pra isso. Quem assiste e gosta do programa deveria ser objeto de estudos.

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