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quarta-feira, 22 de março de 2017

Sol Nascente: uma salada de chuchu sem tempero que só causou indiferença


ACABOU!!! ACABOU!!! NOSSA TORTURA DIÁRIA ÀS 18HRS ACABOU!!! ALELUIA, IRMÃOS!!!

Dando continuidade à nova (e péssima) política de encerrar uma novela no dia em que lhe dá na telha, a Globo exibiu o último capítulo de Sol Nascente em plena terça-feira (21). Numericamente falando, a trama sai de cena vitoriosa: estreou um pouco em baixa, mas viu seus índices subirem no desenrolar do enredo e terminou com a melhor média do horário das seis (21 pontos) desde 2013 —  desconsiderando a trama do Candinho, é claro. No entanto, mesmo com a curva ascendente, fato é que a novela das seis não disse a que veio e foi inversamente proporcional à tramas espetaculares como Lado a Lado, Sete Vidas e Além do Tempo  —  que marcaram bem menos  —, provando que audiência não reflete em qualidade.


A trama começou sonolenta, baseada numa desinteressante história de amor envolvendo dois amigos de infância, Alice (Giovanna Antonelli) e Mário (Bruno Gagliasso), e com um vilão a tiracolo de olho na mocinha, César (Rafael Cardoso). Em meio ao triângulo, a união de duas famílias, uma italiana e uma japonesa, cujos patriarcas Gaetano (Francisco Cuoco) e Tanaka (Luis Mello) nutriam uma forte amizade. No entanto, até mesmo a boa intenção de se homenagear imigrantes que fizeram o Brasil ficou pelo caminho: primeiro, pelo equívoco na escalação de atores ocidentais para viverem os orientais; e depois pelos clichês amplamente explorados. Não há dúvidas de que Luis Melo tirou leite de pedra na pele do Tanaka e até fez o público se acostumar com ele com o tempo. Mas a Globo perdeu uma grande oportunidade de fazer com que orientais se sentissem legitimamente representados. Quase não há orientais em novelas, fato grave.

Sobre a trama em si, nada chamou muito a atenção e tudo se desenvolveu em banho-maria. Em meio a tanto marasmo, a magistral Laura Cardoso esbanjou vitalidade como a Dona Sinhá. Após acumular vovozinhas simpáticas ou velhinhas carolas rabugentas, Laura finalmente voltou ao elenco principal de uma novela vivendo uma inusitada vovó do mal. Sinhá se fazia de velhinha simpática, que contava histórias e fazia doces, enquanto planejava artimanhas e assassinatos para colocar em prática uma vingança contra Tanaka. No meio de uma novela insípida, Sinhá foi um sopro de criatividade e que encantou.


Laura Cardoso precisou se ausentar por vários capítulos em razão de problemas de saúde e Sol Nascente perdeu seu principal trunfo. Seguiu em banho-maria, com a história de amor sem graça de Alice e Mário e as armações sem muita inspiração do vilão César. Entretanto, quando Sinhá retornou, Sol Nascente conseguiu sair da inércia e até que se tornou menos insuportável. Além de ela assumir de vez as vilanias da novela, a história acabou ganhando mais reforço e agilidade nas tramas paralelas. Destacou-se, principalmente, a trama envolvendo Lenita (Letícia Spiller), Vittorio (Marcello Novaes) e Loretta (Claudia Ohana). Sol Nascente ganhou mais ritmo, mas a história, mesmo assim, não trouxe lá grandes emoções. A trama foi tanto pelo caminho mais óbvio que terminou, até, no indefectível sequestro de último capítulo, quando César carregou Alice mar adentro, e Mário tratou de salvar a mocinha indefesa. Que soninho...

Sol Nascente, assim, foi uma novela que já foi tarde até demais. Foi uma trama de uma única personagem, tamanha a força da vilã Sinhá. No mais, a velha trama "mais do mesmo", com praia e boas paisagens, que Walther Negrão costuma oferecer sempre, com aqueles mesmos clichês seus que já cansamos de assistir. Enquanto Eta Mundo Bom foi um feijão com arroz requentado que deliciamos como um manjar dos deuses, Sol Nascente foi uma salada de chuchu sem tempero que só causou indiferença do público. Que venha Novo Mundo resgatar o nosso prazer perdido de assistir uma novela das seis boa e envolvente.

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