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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Cambalacho, o auge da comédia rasgada dos anos 80



Se você acha que a Regina Casé paga mico demais no Esquenta com seus looks excêntricos (leia-se: cafona), isso porque você não lembra da época que ela era atriz, magrinha e vivia com uma peruca da Tina Turner. Estou falando da personagem dela, Tina Pepper, na novela Cambalacho, de Silvio de Abreu, clássico dos anos 80 que volta ao Canal Viva hoje, às 14h30. A personagem é uma das mais icônicas da galeria de tipos que a nossa teledramaturgia já apresentou! Tina Pepper, ou melhor, Albertina Pimenta, era uma suburbana metida a gostosa que sonhava em ser uma cantora famosa. Achava que cantava e era fã de Tina Turner, que fazia muito, mas muito sucesso mesmo lá pelos meados da década de 80. Depois de muita artimanha, Tina Pepper alcança o estrelato com o hit "Você Me Incendeia" (que fez estrondoso sucesso na vida real tal como o "Vida de Empreguete" foi para os mais novos) e chegou até a se apresentar no Cassino do Chacrinha.


Dois trambiqueiros encabeçavam a trama, cujo sucesso popularizou a expressão "cambalacho" em todo o país: Naná e Gegê (Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri), que aplicavam pequenos golpes para sobreviver. Para aliviar a culpa que sentia por ser trapaceira, Naná levava para sua casa crianças que recolhia nas ruas de São Paulo. Entretanto, apesar de viverem de trambiques, Naná e Gegê são boas pessoas. Só não conseguiam ganhar a vida de outra maneira.


Natália do Valle também fez muito sucesso na época como a pérfida vilã Andréia, cujo tema musical era repetido à exaustão: "Perigoooooosaaaaaaaaaa!". Casada com Antero Souza e Silva (Mário Lago), para herdar a fortuna do milionário ela foi capaz de qualquer coisa, até mesmo planejar a morte do próprio marido. Ainda nos capítulos iniciais da história, o iate de Antero sofre um grave acidente em alto-mar e o corpo do milionário desaparece. Com a morte de Antero, seu testamento é aberto e, para desespero de Andréia, ele designou como herdeira Naná, sua filha desaparecida.


Determinada a reaver a fortuna do marido, Andréia contrata o advogado Rogério (Cláudio Marzo) para cuidar do caso e ele usa de todos os meios ilícitos para satisfazer sua cliente. Rogério é a paixão de Andréia, apesar de ser seu cunhado, casado com Amanda (Susana Vieira). Ele é um machão, que vive tendo relacionamentos passageiros fora do casamento por achar que jamais será descoberto pela mulher. Quando Amanda, também advogada, percebe que está sendo traída, decide defender Naná na disputa pela herança de Antero. Casada com Rogério há muitos anos, Amanda acreditava ter uma relação sólida com o marido. Ela é uma mulher inteligente, porém, um pouco ingênua, e sofre muito ao descobrir a traição do companheiro de tantos anos.


A novela dá uma reviravolta com a chegada de Daniela (Louise Cardoso, intérprete da Daniela impostora), a suposta filha de Naná. Ao saber que receberia a herança de Antero, Naná liga imediatamente para a filha para contar a novidade. Em poucos dias, Daniela chega ao Brasil acompanhada do noivo, Jean Pierre (Luiz Fernando Guimarães), e do sogro, Armand (Oswaldo Loureiro). Aos poucos, nota-se que Daniela é uma jovem aproveitadora, que está interessada em tirar proveito da fortuna que a mãe receberá. Jean Pierre e Armand, na realidade, chamam-se João Pedro e Armandinho e são dois trapaceiros também que estão de olho na grana de Naná.


No final da novela, descobre-se que a Daniela que se dizia filha de Naná é uma impostora. Para a felicidade completa de Naná, a verdadeira Daniela (Cristina Pereira) aparece no último capítulo, no meio do casamento da mãe com Gegê. Naná, então, ganha definitivamente a herança de Antero. Amanda e Rogério reatam após ele perceber o canalha que sempre foi e ter lutado para reconquistar o amor da ex-esposa. Já a vilã Andréia é presa e condenada a muitos anos de prisão. 


Um dos casais de maior sucesso da trama era Tiago (Edson Celulari), filho de Antero, e Ana Machadão (Débora Bloch), filha de Gegê. Com os dois, o autor Silvio de Abreu levou ao debate os preconceitos em relação aos papéis sociais e inverteu profissões tradicionalmente masculinas e femininas para tentar quebrar estereótipos. O rapaz era bailarino e, ao decidir assumir a profissão, sofre com a não aceitação do pai, que o deserda. Tiago era apaixonado por Ana Machadão, uma jovem bonita, que já carregava no nome sua personalidade forte. Ela tinha um jeitão grosseiro devido à profissão de mecânica, mas nem por isso deixava de ser romântica e feminina. O romance fica estremecido após a chegada de Daniela (Louise Cardoso), a suposta filha de Naná. É que o rapaz namorava a moça quando esteve na Europa e, de volta ao Brasil, ela não mede esforços para reconquistá-lo. Mas no fim tudo dá certo e Ana e Tiago terminam juntos e felizes para sempre!


Outra trama bem-humorada era do casal Cecília (Rosamaria Murtinho) e Wanderley (Roberto Bonfim). Ela, insegura e paranoica, desconfiava de todos os passos do marido, enquanto ele era o mais fiel dos homens. Havia também espaço na trama para Lili Bolero (Consuelo Leandro). Ela e a filha, Tina Pepper, protagonizaram as cenas mais hilariantes de Cambalacho. Lili era uma cantora frustrada que vivia reclamando que a cantora Ângela Maria prejudicou sua carreira. Em determinado momento da história, Tina encontra um livro de feitiços e decide fazê-los para conquistar seus pretendentes. Ela é apaixonada por Aramis (Paulo César Grande), mas ele a rejeita. Com o feitiço da Salamandra (uma das partes mais engraçadas da trama), Tina consegue conquistá-lo. Mas o feitiço passa e ela decide preparar outro, mas acaba enfeitiçando o irmão de Aramis, Porthos (Maurício Mattar), que fica apaixonado por ela. Quando Jean Pierre (Luiz Fernando Guimarães) conhece Tina, eles se apaixonam e passam a viver um romance divertidíssimo.


Exibida em 1986 (com uma reprise no Vale a Pena Ver de Novo em 1991), Cambalacho foi um daqueles momentos felizes de nossa televisão, onde tudo atingiu a tônica certa: uma mistura certeira de dramalhão folhetinesco com a comédia mais rasgada que Silvio Abreu fazia tão bem no horário das sete naqueles tempos. O autor também pôde discutir a moral do país e criticou o comportamento condescendente frente a falcatruas e à corrupção, uma maneira de combater a ideia de que se pode levar vantagem em tudo. Agora, para quem quer rever ou não viu Cambalacho pela primeira vez, chegou a oportunidade perfeita para conhecer esse grande novelão. Basta ligar sua TV no Viva hoje às 14h30. Se você não tem TV Paga, chora queridinho...


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