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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

"Nada Será Como Antes" e "Supermax": duas promessas, duas decepções



Deve ser a primeira vez que isso aconteceu: não há comédias dentre as produções de séries em exibição na Globo. Até semana passada, haviam dois produtos do gênero em cartaz, todos nas noites de terça-feira: Nada Será Como Antes, um drama, e Supermax, de terror/suspense. Duas boas experimentações na grade da emissora para sair da mesmice que estrearam repletas de expectativa. A primeira, porque iria suceder a ótima minissérie Justiça, sucesso de público e de crítica; e a segunda porque seria a primeira empreitada da Globo no universo do terror. Porém, infelizmente, ambas se revelaram duas grandes decepções.

Nada Será Como Antes tinha como ponto de partida abordar uma visão ficcional do início da televisão no Brasil. Os bastidores da TV seriam um prato cheio para um produto de alta qualidade. E foi isso que se viu nos episódios iniciais. Ao mostrar o início da televisão no Brasil por meio da fictícia TV Guanabara, a série mostrou também a telenovela como um produto que arrebata o público e se torna uma paixão nacional. Neste contexto, o drama água-com-açúcar vivido por Saulo e Verônica se confundiu com o mais básico folhetim e a série assumiu-se como uma grande homenagem ao seu próprio veículo; além de ter brincado com os estereótipos típicos do gênero (a atriz veterana que tem ataques de estrelismo, a gostosona que faz teste do sofá e só consegue um papel na novela porque namora o patrocinador, o galã gay enrustido que cria namoro de mentirinha com mulher só para disfarçar, a pressão por audiência nos bastidores, etc).

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Porém, relegando toda a história do início da televisão no Brasil como mero pano de fundo, a série acabou se transformando em um drama amoroso qualquer. Os conflitos dos personagens ofuscaram o contexto histórico, fazendo com que Nada Será Como Antes perdesse o sentido de existir. Apesar da produção caprichada, ótima direção e do elenco afinado, com destaque para Murilo Benício, Daniel de Oliveira, Bruna Marquezine, Letícia Colin, Cássia Kiss, Osmar Prado, Jesuíta Barbosa e especialmente Debora Falabella, a história se mostrou cansativa e desinteressante. A série só conseguiu alguma repercussão com a exibição de duas cenas de sexo da personagem de Bruna. Mas nem isso foi suficiente para atrair o público. Outro erro que prejudicou o andamento da série foi a exibição semanal, quebrando consideravelmente o ritmo da história. Funcionaria melhor se ela tivesse sido apresentada diariamente, como uma minissérie.

Supermax partiu com uma premissa das mais interessantes: confinados num presídio de segurança máxima para participarem de um reality show, 12 pessoas acabam abandonadas no local, onde coisas estranhas e sobrenaturais começam a acontecer. Misturando as mais variadas referências em seriados e filmes internacionais, Supermax atirou em todas as direções... E acabou não acertando ninguém!

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De cara, a linguagem do reality e a presença de Pedro Bial jogaram sobre a trama um inconveniente ar de paródia do BBB. Já na segunda semana, porém, todos que viram em Supermax um programa interessante sobre um reality show macabro, são frustrados quando as já poucas características de um programa do tipo são abandonas para darem lugar ao terror e ao horror (gêneros que se mantém mais presentes durante o curso da temporada). A direção tomou a decisão de dar informações gradativamente sobre os personagens em doses extremamente homeopáticas. O texto duvidoso (que apelou para todos os maiores clichês textuais do gênero), a falta de aprofundamento nos personagens (cujas histórias foram tão mal exploradas que não dava para se gerar empatia por eles), o excesso de referências mal situadas, o abandono de premissas e a canastrice de grande parte do elenco foram fundamentais para o desinteresse do público.

Além disso, a distribuição da ação e da divagação geraram uma sensação de tédio. A grande virada que a trama sofreu foi somente no episódio 10 (explodindo nos dois últimos com toda a história do Baal), o que acabou salvando a série de muitos dos problemas que ela apresentou no decorrer de sua trajetória. Mas já era tarde demais. A ousadia e pioneirismo de Supermax, infelizmente, não foram recompensados como se esperava. Foi, sem dúvida, uma grande ideia, perdida nos equívocos gerados por uma grande euforia.

2 comentários:

  1. Mallon , você se equivocou ao dizer que SuperMax foi o primeiro tipo do "gênero" que a Globo produziu , pois assisti AmorteAmo claro ela não é feita em si como uma minissérie de terror , mas ao decorrer da trama podemos perceber que ela acaba virando isso

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  2. A Globo vem em franca decadência a um bom tempo.

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