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sábado, 4 de fevereiro de 2017

Os piores e inadequados títulos de novelas



Não sei vocês, mas todas as (poucas) vezes em que assisto A Lei do Amor me surge um questionamento na cabeça: o que tem a ver o título da trama com a história apresentada? Afinal, se houve alguma grande história de amor foi só lá nos capítulos iniciais, quando Pedro e Helô ainda eram vividos por Chay Suede e Isabelle Drummond. Desde que Claudia Abreu e Reynaldo Gianechinne assumiram os personagens, o casal protagonista virou coadjuvante dentro da sua própria história — não por culpa dos atores, que fique claro.

"Sagrada Família", o titulo original, expressava muito melhor do que "A Lei do Amor" o tema principal da novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Seria um título irônico, claro, pois não há nada de sagrado na família Leitão, em torno do qual gira toda a história — pelo contrário, é cheia de podres, segredos, traições e pra lá de conturbada. Magnólia (Vera Holtz), a grande vilã da história e matriarca dos Leitão, além de todos os seus inúmeros pecados, é hipócrita, pois tenta passar a imagem de beata e vive falando de Deus. Foi capaz de muitas monstruosidades. Tudo, segundo ela, pelo bem da sua família.

Este tipo de problema é muito mais comum do que se imagina na teledramaturgia. Confira abaixo outros títulos inadequados de novela (seja por não terem nada a ver com a trama ou por serem bizarros):

Amor à Vida — A novela expôs preconceito, vingança, dramas pesados, além de ter apresentado muitos personagens com desvio de caráter, que tinham amor a tudo — ao dinheiro, ao sexo, a vilania —, menos à vida. São peças que não se encaixavam. O nome mais apropriado para a trama seria "Em nome do pai", que chegou a ser cogitado inicialmente, mas preterido pouco depois. O título tinha consistência, afinal, Félix (Mateus Solano) foi capaz de praticar inúmeras monstruosidades por causa da rejeição de sofria de César (Antônio Fagundes). Porém, optaram por "Amor à Vida", que fez sentido apenas em relação ao momento em que Bruno (Malvino Salvador) achou Paulinha (Klara Castanho) na caçamba e salvou sua vida.

Avenida Brasil — O nome apenas fez uma referência ao atropelamento de Genésio (Tony Ramos), que morreu quando Tufão (Murilo Benício) o atingiu com seu carro na Avenida Brasil, o que desencadeou toda a história da trama. Porém, se formos analisar todo o contexto, o título não teve absolutamente nada a ver com a história de vingança de Nina (Débora Falabella) e muito menos com o Divino Futebol Clube.

Sangue Bom — A trama das sete abordava o mundo midiático e o conflito da protagonista Amora (Sophie Charlotte) entre o "ser" e o "ter". Essa situação servia para movimentar todos os núcleos e apresentava a temática de uma forma dramática e bem-humorada ao mesmo tempo. O título pouco tinha a ver com a história, a não ser pela bondade excessiva de Bento (Marco Pigossi) ou então pela real identidade de Amora, que, no fundo, bem lá no fundo, sempre teve um "sangue bom". Entretanto, partindo dessa premissa, o nome serviria para qualquer novela, uma vez que personagens bons sempre fazem parte de uma história, assim como os maus. Mas em se tratando do conjunto da obra, o nome não combinou.

Alto Astral — Alguém, em pleno 2014, ainda dizia que fulano é "mó alto astral"? Ou que achou tal festa "super alto astral"? Fora o título pra lá de ultrapassado, a novela explorava tramas envolvendo fantasmas e espíritos de forma leve e cômica — tudo a ver com "Búú", título original da trama que foi preterido.

Fina Estampa — A novela, teoricamente, faria uma discussão sobre o ser e o parecer, a partir do momento em que Griselda (Lilia Cabral) ficasse rica e adotasse uma "fina estampa", onde se questionaria se o que vale mais é a aparência ou o caráter — como bem sugeria a abertura e o título da novela. Mas isso não aconteceu. Aguinaldo Silva se perdeu em seu mote inicial e a trama descambou para o absurdo.

Salve Jorge — Glória Perez disse que o título provinha de uma saudação a São Jorge, santo que nasceu na antiga Capadócia, na Turquia — onde parte da história se passava —, e que era o padroeiro do protagonista, Théo (Rodrigo Lombardi), muito usada nas religiões afro-brasileiras — o que acabou gerando uma campanha de boicote de muitos evangélicos. Porém, São Jorge mais parecia um pano de fundo, pois não exerceu nenhuma grande importância para a história, que falava sobre o tráfico de pessoas.

Balacobaco — Desesperada com o fracasso de sua novela Máscaras, a Record chamou Gisele Joras para adiantar os trabalhos de sua nova produção, que se chamaria "Passado Próximo". Mas, desesperada como só ela, a Record decidiu mexer na sinopse da novela e resolveu colocar na nova trama tudo aquilo que não tinha em Máscaras, que era uma novela bem sombria. E foi assim que a emissora transformou o drama de Gisele Joras em uma novela de (pseudo) humor com nome cafona, o que, é claro, não deu muito certo. Se a expressão balacobaco significar samba do crioulo doido, posso afirmar que a novela teve um título certo.

Da Cor do Pecado — Longe de mim querer pagar de politicamente correto e sair problematizando tudo, mas o título da trama é uma expressão que faz a mesma associação de que negro é igual a negativo, só que de forma mais subliminar, não recorrendo a termos como negro ou preto. Ela é usada como elogio, porém, para quem é cristão, pecar não é nada positivo, ser pecador é errado e ter a sua pele associada ao pecado significa que ela é ruim. Portanto, é simplesmente uma ofensa racista mascarada de exaltação à estética, direcionada a mulheres negras — caso da protagonista da novela, Preta (Taís Araújo), literalmente.

Malhação — A novelinha já deixou de ter uma academia como cenário principal há anos.

Antonio Alves, Taxista — O ano era 1996 e o SBT, em uma atitude ousada, resolveu estrear três novelas em um só dia e uma delas era a cafona (não só no nome) Antônio Alves, Taxista, que trazia Fábio Jr. como o personagem-título. Mais cafona do que colocar o nome do personagem principal no título é acrescentar a ele a sua profissão. É como se Rock Story se chamasse "Gui Santiago, o rockeiro".

Pícara Sonhadora — Título que dispensa comentários, enche o mundo de piadas (alguém aí pensou em "pica sonhadora"?) e que só mesmo o Silvio Santos para ter gostado e aprovado um nome desses.

A impressão que fica é que os autores estão cada vez mais deixando o título de suas produções de lado. Claro que a história é a principal preocupação para quem a escreve, entretanto, o nome da mesma não pode ser apenas algo decorativo. Precisa sim se encaixar com o que é mostrado ao telespectador na telinha.

E vocês? Se lembram de algum outro título ruim ou/e inadequado de novela? Comenta aí!

4 comentários:

  1. "Alguém aí leu pica sonhadora?" Kkkkkkkkkk

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  2. Ta ai gostei!!! conteúdo orginal,parece que não copiou de ninguém.

    P.S: faz um post sobre novelas que o titulo combinava ex: historia de amor, lado a lado, sete vidas, por amor....

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  3. Sobre "Avenida Brasil", o autor explicou na época que é uma avenida importante do Rio e que os lugares retratados na novela, inclusive o Divino, tinham conexão geográfica com ela.
    "Sangue bom" é uma expressão, quer dizer q a pessoa é muito legal, teoricamente paulista, onde se passava a trama (mas praticamente ngm fala mais isso).
    "Alto astral" é uma brincadeira com o fato de ser uma trama que brinca com o outro plano, no caso, dos mortos.
    Eu gosto do nome "Salve Jorge" (aliás, única coisa boa dessa novela pra mim) é um santo reverenciado tanto na Turquia quanto no Brasil, como se fosse a ligação. Achei bom e com sentido na trama...
    Hahaha concordo que "Pícara sonhadora" é péssimo, mas é a tradução do nome da novela original, mexicana... Deveriam ter mudado, mas sabem como é seu Silvio...
    O resto são ruins mesmo...

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  4. "Sangue Bom" faz parecer uma novela de vampiro, já penso!? E sobre a crítica ao título de " Da cor do pecado" discordo totalmente, sendo a cor ligado a questão da beleza, do carnal. Acho bem "louco" vé racismo nisso!

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