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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Os maiores destaques negativos da TV aberta brasileira em 2017



Depois de listar os maiores destaques positivos (relembre AQUI), eis a segunda parte da retrospectiva 2017 do Eu Critico Tu Criticas com tudo que teve de pior na programação do ano que já se foi. A lista é elaborada baseada unicamente na opinião deste que vos escreve e, portanto, é sujeita a injustiças e esquecimentos. Acompanhem e depois deixem sua opinião nos comentários!

17º lugar: Vade Retro

Quem esperava encontrar um novo Os Normais deu com a cara numa reedição de O Dentista Mascarado com toques de terror a la Zé do Caixão. Nem Tony Ramos e toda sua genialidade para dar vida ao próprio diabo conseguiu salvar a série, supostamente, de humor. O grande problema de Vade Retro foi na construção do texto. O maior trunfo da dupla Alexandre Young e Fernanda Machado em seus grandes trabalhos na TV eram os diálogos rápidos e cheios de ironia e humor corrosivo. Já em Vade Retro, para brincarem com o sobrenatural, usando da linguagem dos filmes de terror, os autores foram um tanto didáticos para explicar as situações absurdas do roteiro. E isso soou forçado. Piada precisa de ritmo, de timing. Lentas e de conteúdo pouco inspirado, as falas passaram longe da esgrima verbal que se espera de uma comédia.

16º lugar: Fim do Legendários

A Record não foi feliz em grande parte de suas decisões acerca de sua linha de shows em 2017. A principal delas ocorreu no início do ano, quando a emissora passou o Legendários das noites de sábado para a sexta-feira. O programa de Marcos Mion saiu de um horário consolidado para se aventurar num novo dia e se deu mal. A atração, no ar há sete anos, acabou cancelada. Uma perda tremenda para o público e para a própria Record. Besteirol espirituoso de primeira linha, o programa se assumiu como entretenimento puro e fez muito bem o que se propôs, sendo uma das pouquíssimas atrações da Record sem estar com o pé atolado no sensacionalismo e no dramalhão para ganhar audiência.

15º lugar: Amor e Sexo

Pelos temas que apresenta desde quando estreou, lá em 2009, Amor & Sexo sempre teve um pé ancorado no didatismo, mas sempre conseguiu ser um programa muito lúdico e divertido (já o coloquei na lista dos melhores do ano em retrospectivas passadas). Na temporada que estreou no final de janeiro de 2017, porém, a atração optou por uma mudança radical: a de dar lições de moral sérias sobre temas essenciais. Acabou caindo na chatice e virou um verdadeiro telecurso ao tratar de temas como feminismo, machismo, ideologia de gênero, entre outros. Por ser, acima de tudo, um programa de entretenimento, a temporada derrapou rude no didatismo, além de dificultar o debate de diferentes visões sobre um mesmo assunto.

14º lugar: Sophia Abrahão apresentadora

Ela é um fenômeno na internet e mobiliza milhares de fãs, que sobem hashtags a cada passo da moça e votam em prêmios populares. Mas será que "tudo" isso é o bastante para Sophia encarar o desafio de um programa ao vivo e ser efetivada como apresentadora na bancada do Vídeo Show? Definitivamente, não. Que os "tirulipos" me desculpem, mas a mulher é ruim demais! Sem experiência, nem conhecimento de TV, Sophia não acrescenta em nada na dinâmica do Vídeo Show e não consegue conversar com convidados com mais quilometragem de carreira. A presença dela ali é apenas uma prova de que qualquer pessoa pode cumprir exatamente a mesma posição. O grande atrativo de um programa ao vivo é poder improvisar, pirar, brincar e Sophia não tem o menor carisma para ser esse tipo de apresentadora. Nem pra ler o teleprompter direito ela serve. Sem jogo de cintura, a artista (que também atua e canta e, incrivelmente, também manda mal nas duas coisas) soa pouco natural lendo o texto do teleprompter e, quase sempre, se perde quando tenta fugir do roteiro, fazendo cara de paisagem.

13º lugar: O Rico e Lázaro

A Record conseguiu desgastar o formato de novela bíblica. Há dois anos que a emissora exibe no mesmo horário tramas com cenários e figurinos muito parecidos, dando a impressão de que é sempre a mesma novela. Não sei vocês, mas eu já estou cansado de ver tanta areia, figurinos suntuosos de reinos antigos, homens barbudos e cabeludos, falas empostadas e nomes esquisitos. É preciso diversificar. A trama em si também não foi livre de críticas, já que a história se revelou uma verdadeira "salada de chuchu sem tempero", enrolando seus trunfos por longos e longos meses para só "acontecer" nos momentos finais.

12º lugar: Belaventura

Mais um exemplo que prova que a Record, definitivamente, foi infeliz em sua dramaturgia em 2017. A trama de Belaventura não passa de uma colcha de retalhos de clichês de histórias medievais e de capa e espada. Isso não seria um problema, não fossem as limitações nos cenários, que acabam por limitar também o roteiro. Parece que a Record e a Casablanca (a produtora parceira) economizaram para as novelas bíblicas. Além disso, adota uma direção teatral – uma temeridade em se tratando de um elenco tão inexpressivo, onde somente poucos conseguem dar dignidade ao texto de Gustavo Reiz e não repetem as falas empostadamente.

11º lugar: A Fazenda - Nova Chance

A ideia de reunir ex-participantes de reality shows em A Fazenda foi muito interessante. Entretanto, na prática, a reunião de ex-realities não funcionou. A Fazenda – Nova Chance tentou fazer uma mistura explosiva, trazendo vários participantes polêmicos. Mas montar um cast de um reality show é quase como uma "alquimia" e nem sempre a mistura aparentemente a prova de erros vai funcionar. E foi o caso. Juntos, os participantes de A Fazenda – Nova Chance não renderam muito, o que tornou a competição modorrenta e opaca. Boa parte deles teimaram em repetir os mesmos erros de suas participações anteriores em seus respectivos realities. A outra parte, não renderam nem em seus realities anteriores, nem nessa. E ainda tivemos que suportar, logo após o fim do BBB17, a presença nefasta de Marcos Harter, que, ainda por cima, recebia uma proteção visível de Roberto Justus. O "período sabático" não foi suficiente para o público sentir saudades da atração e prestigiar esta nova temporada. O programa já vinha numa curva decrescente de interesse e esta curva se tornou ainda mais acentuada na nova fase.

10º lugar: Os Dias Eram Assim

Foi a primeira novela das onze a receber a esquisita nomenclatura de "supersérie". Contudo, ela não teve nada de "super", nem de "série". Foi, na verdade, uma autêntica novela, com todos os maiores clichês do gênero. O que não seria uma crítica por si só, caso fosse um enredo bem conduzido. Mas não foi o que aconteceu. O texto raso e arrastado e o pano de fundo tendencioso e maniqueísta do período militar (propositalmente ou não, as autoras não conseguiram traduzir a complexidade do período que retrataram) cansou o público, apesar de sua boa audiência. Ficou bastante claro que ela não tinha sustentação para durar 88 capítulos, enrolando sua trama principal até não poder mais (consequentemente, criando a famosa "barriga").

09º lugar: Cidade Proibida

Nada se salvou na série. Vladimir Brichta viveu um protagonista, o detetive Zózimo Barbosa, extremamente caricato. Usando sempre da mesma expressão (e olha que o ator já provou ter muitas), ele viveu um personagem raso. Mas o pecado maior estava no texto proibitivo de Cidade proibida. E sem um texto à altura, não há Vladimir que faça milagre. Os diálogos eram carregados de frases feitas e, pior, retratavam um modo de pensar que poderia até ser aceito socialmente em 1950. Falar, sem tom de ironia, sentenças que tratam a mulher como um mero objeto de prazer masculino soa, no mínimo, antiquado ou apenas datado. A narração do próprio Zózimo também atrapalhou o andamento e mais aborreceu do que divertiu.

08º lugar: Adnight Show

Com a fraca repercussão da primeira temporada de Adnight, a Globo reformulou a atração e a rebatizou como Adnight Show. Pois o programa de Marcelo Adnet não só continuou sem graça, como ainda ficou sem propósito e sem identidade. Sem foco, ele atira para todas as direções: é programa de auditório, de humor, de esquetes, mas, ao mesmo tempo, não se deixa aprofundar por nenhuma destas porções. No ar, parecia mistura de nada com coisa nenhuma. O humorista, que é bom de serviço, continua dando murro em ponta de faca em seus voos solos na Globo, que insiste em dar a ele, um improvisador de primeira, um programa ensaiadinho.

07º lugar: A Casa

Definitivamente, 2017 não foi um bom ano para o Marcos Mion. Além de perder seu Legendários, apresentou um dos piores reality shows de todos os tempos. A Casa é uma espécie de "Big Brother hard", no qual os participantes se submeteram a praticamente uma tortura física e psicológica em busca de um bom prêmio em dinheiro e, talvez, uns minutinhos de fama. Não conseguiram nem uma coisa, nem outra. 100 pessoas foram confinadas numa casa projetada apenas para 4 indivíduos, onde o prêmio de um milhão de reais era gasto ao longo das semanas para repor mantimentos e manter a casa. Não tinha a menor condição de acompanhar tanta gente em um mesmo ambiente (chegava a dar nervoso) e mal dava para decorar cinco nomes. A baixaria dos integrantes também ia tornando a competição insustentável e a audiência foi pífia.

06º lugar: Pega Pega

Eleita pelos nossos leitores a pior novela do ano de 2017 no Prêmio Eu Critico Tu Criticas (relembre AQUI). Com um humor infantiloide e bobo, o texto da autora foi por diversas vezes confuso. Sem deixar claro o que queria, Pega Pega jogava tramas na cara do público aleatoriamente, mas não aprofundava. Quando desenvolvia, desenvolvia mal. Parece que Claudia Souto só reparou que o roubo do Carioca Palace não dava uma novela com centenas de capítulos quando Pega Pega já estava no ar. Apesar dos seus robustos números de audiência, é uma das piores e mais enfadonhas novelas que já deu as caras no horário das sete. Já foi tarde!

05º lugar: Novos Trapalhões

Diferente do revival do Sai de Baixo ou do remake da Escolinha do Professor Raimundo, mesmo apesar de indiscutíveis boas atuações de Gui Santana, Mumuzinho e Lucas Veloso, a nova versão de Os Trapalhões não funcionou. Faltou o primordial para um programa de humor: fazer rir! Além disso, Nego do Borel esteve bem distante do hilário e saudoso Tião Macalé e Bruno Gissoni fez jus às críticas totalmente negativas que recebeu (falando sério, ele não devia nem tá ali, né?). Mesmo bem feitinha visualmente falando, os novos Trapalhões não funciona para seres humanos com idade mental superior a 14 anos. É bem infantil e mais próxima de A Turma do Didi, que, não por acaso, saiu do ar após perder público ao longo de seus últimos anos no ar.

04º lugar: Sem Volta

A Record tentou, mas não foi desta vez. Sem Volta prometeu, entrou com fôlego em seu primeiro capítulo no roteiro e em outros aspectos, mas tropeçou e não empolgou. Com overdose de violência nos episódios, flashbacks fracos e confusos, distribuídos em um enredo parado em poucas ambientações (o que não deu ideia de movimento) e subestimando o público com didatismo e obviedade, a série cansou o telespectador que se lançou a ver os 13 episódios. Isso sem falar em Dois Irmãos, que roubou a cena e ofuscou qualquer tentativa de brilho da concorrência. De modo geral, Sem Volta perdeu seu potencial e passou despercebida.

03º lugar: BBB17

Após uma aparente boa seleção de participantes, priorizando a diversidade, o reality se mostrou tedioso e repleto de pessoas sem carisma, atitude e lealdade alguma. Para culminar, a apresentação de Tiago Leifert se mostrou inconstante e a edição ultrapassou todos os limites da parcialidade, beneficiando claramente alguns jogadores – o casalzinho Marcos e Emilly (o Doutor Machista e a Serpemilly) –, influenciando o telespectador de forma descarada. E vários outros problemas foram detectados ao longo das semanas, como novos quadros que não surtiram o efeito desejado e tentativas fracassadas de movimentar um jogo morto. A décima sétima temporada do Big Brother Brasil pode ser definida em duas palavras: catastrófica e esquecível.

02º lugar: A Lei do Amor

Nem de longe lembrou outras novelas assinadas por Maria Adelaide Amaral e Vicente Villari, como Sangue Bom e TiTiTi, elogiadas por terem textos inteligentes com ótimas sacadas. A Lei do Amor estreou com potencial para ser um verdadeiro thriller na televisão, mas a audiência capengou e as mudanças não demoraram a aparecer. E foi aí que o que já era ruim ficou ainda pior. Descaracterizada e sem rumo, o folhetim testou a paciência do público com tramas chatas, bobas e repetitivas, situações pra lá de inverossímeis e conduções equivocadas no roteiro, além de personagens pouco cativantes que sofriam transformações esdrúxulas de personalidade quando era convencional ao roteiro. Foi A Lei do Horror, isso sim!

01º lugar: Lazinho com Você

O novo programa de Lázaro Ramos acabou ficando de fora da seleção do Prêmio Eu Critico Tu Criticas 2017, mas não poderia esquecer de colocá-lo nessa retrospectiva. O Lazinho com Você é o mais novo relicário dos vícios que condenaram o domingo televisivo à prisão perpétua das lágrimas e do assistencialismo. Muito simpático, Lázaro passa o programa inteiro nas ruas do Brasil. Seu papel é glorificar a pobreza do povo, mostrando que o esgoto a céu aberto pode ser compensado com capoeira, abraços e sorrisos amarelos. Tudo em Lazinho com Você é colaborativo. Das vinhetas às coreografias, nada escapa da sanha contemporânea do todos-somos-um-e-juntos-não-existe-mal-nenhum. Com a informalidade forçada do Esquenta, da Regina Casé, em resumo, é um textão do facebook patrocinado pela Globo. Tedioso, foi um ótimo convite para se tirar aquele cochilo gostoso após o almoço em família de domingo.

sábado, 1 de abril de 2017

Autores precisam ter a liberdade de bancarem suas ideias para evitar novos "Frankensteins" como A Lei do Amor


"Lá vai o trem sem destino...". Esse trecho da música de abertura de A Lei do Amor ("O trenzinho do caipira") resume perfeitamente toda a sua trajetória: uma novela desgovernada e sem rumo!

Maria Adelaide Amaral é uma das autoras que mais gosto e uma das mais bem-sucedidas da TV. É dela os ótimos remakes de Anjo Mau e Ti ti ti e as excelentes minisséries Os Maias, A Muralha, JK e A Casa das Sete Mulheres. Sua última novela antes de A Lei do Amor, Sangue Bom, escrita também com Vincent Villari, foi mais uma produção vitoriosa. Portanto, é de se espantar o que aconteceu com a atual novela das nove. A autora nunca havia passado pela experiência dolorosa de ver sua obra desagradar e ser tão criticada pelo telespectador. Não dá para dizer que Adelaide e Vincent se perderam, porque, novelistas do quilate que são, eles não perderiam o rumo da história que queriam contar. A impressão que se tem é que os dois, na verdade, não contaram o que tinham planejado e, sim, que foram modificando a trama original ao sabor das circunstâncias. Só isso explica a sucessão de erros em que se transformou A Lei do Amor.


Os problemas já começaram na primeira fase, toda centrada no casal principal, Pedro (Chay Suede/Reynaldo Gianecchini) e Helô (Isabelle Drummond/Claudia Abreu), e na armação de Magnólia (Vera Holtz) para separá-los. Quando saltou 20 anos no tempo, toda a armação que ganhou destaque na primeira fase logo foi desnudada. Assim, quem comprou todo o romantismo e as intrigas da primeira semana da novela acabou ficando a ver navios, pois nada daquilo se mostrou verdadeiramente importante para a continuidade da narrativa. A história do casal apaixonado que foi separado na juventude por uma intriga da vilã e se reencontra anos depois ganhou cores de trama policial, passando a girar em torno dos mistérios do atentado de Fausto (Tarcísio Meira) e Suzana (Gabriela Duarte/Regina Duarte).

Soma-se a mudança brusca de rumo do enredo: o elenco numeroso — repleto de atores jovens e desconhecidos (que faziam da trama uma espécie de Malhação em horário nobre) e figuras tarimbadas em papéis aquém (como Cláudia Raia, Maria Flor, Ana Flor e Tato Gabus Mendes) — com núcleos desconexos; os erros absurdos de escalação do elenco entre as duas fases (como Mag e Fausto serem Vera Holtz e Tarcísio Meira desde o começo, mas Tião ser Thiago Martins e depois virar José Mayer, para mais adiante surgir uma Mag jovem em cenas de flashback); e, claro, a chatice extrema de Letícia (Isabella Santoni). A audiência não reagiu e, a partir daí, foram feitos os chamados "grupos de discussão" com o público. Infelizmente, o que já havia acontecido em Babilonia se repetiu: estes grupos, que deveriam orientar a condução da história, acabaram iniciando um desgaste que afetou a história irreversivelmente.

Com a intromissão de Silvio de Abreu no roteiro da novela, várias revelações e entrechos foram antecipados, personagens promissores foram eliminados, outros tiveram suas personalidades alteradas sem motivo aparente e conflitos foram inseridos sem nada acrescentar. A entrada do autor Ricardo Linhares piorou ainda mais a situação, uma vez que o autor vinha de Babilônia, maior fracasso do horário das nove, e, com isto, não tinha sentido que justamente ele "ajudasse" a melhorar outra novela.

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Se antes eram prejudicados pela falta de conflitos, Pedro e Helô foram destruídos por situações que não condiziam com o perfil dos personagens. O retorno de Laura (Heloísa Jorge), uma ex-namorada de Pedro, em nada acrescentou, tornou Helô (antes, uma pessoa de mente aberta) uma ciumenta possessiva e repetiu uma situação do começo: o mocinho tinha outra filha da qual não sabia da existência. Em função dos ciúmes, Pedro passou a conviver com Laura e chegou ao ponto de transar com ela, virando um sujeito machista, totalmente diferente da pessoa íntegra de outrora. A lei do amor ou do machismo e da traição?

O machismo também esteve presente no malfeito triângulo entre Tiago (Humberto Carrão), Letícia e Isabela/Marina (Alice Wegmann). Letícia era uma garota voluntariosa e irritante. Tiago, seu então noivo, passou a se envolver com Isabela, sem desfazer o seu compromisso com a mulher. Enquanto Pedro foi "vítima" do ciúme excessivo da Helo, Tiago foi colocado pelo roteiro como "vítima" da personalidade mimada da noiva. Após um acidente, Isabela desaparece e volta como Marina para se vingar do rapaz — pois pensava que ele havia tentado matá-la — e apresenta um temperamento totalmente diferente: mais sensual e misterioso. Ela começa um jogo de sedução que novamente faz Tiago trair Letícia, sendo outra vez posto como vítima da ardilosa Marina e da passividade da agora esposa, que se tornou menos insuportável. Aliás, foi justamente para "salvar" Letícia que se prolongou o sumiço de Isabela no mar. Um tiro que acabou saindo pela culatra. O que era para ser solucionado em breve tomou proporções imensas, sendo arrastado até o último capítulo e deixando o público totalmente desinteressado com esse "mistério".


O núcleo político de A Lei do Amor, que foi usado como justificativa para o seu adiamento e a entrada de Velho Chico no horário, não rendeu o que deveria. A campanha pela sucessão municipal de São Dimas se transformou em uma piada, contradizendo a alegação do Silvio de Abreu de que o mote político poderia ser prejudicado com as eleições daquele ano. Até mesmo Luciane (Grazi Massafera), uma das melhores personagens da história, perdeu função na mesma, devido à repentina saída de Venturini (Otávio Augusto), com quem formava uma ótima dobradinha. Yara (Emanuelle Araújo) e Misael (Tuca Andrada) também sofreu com a falta de um enredo mais consistente, prejudicado pela saída da problemática Aline (Arianne Botelho), que retornou à novela como prostituta de luxo; além de ter soado forçado o envolvimento de Misael com Flávia (Maria Flor) e, posteriormente, com Ruty Raquel (Titina Medeiros); que, por sua vez, formava um casal divertidíssimo com Antonio (Pierre Baitelli), que foi desfeito sem mais, nem menos.

Outra trama paralela que sofreu com a má condução foi a de Salete (Cláudia Raia), dona de um posto de gasolina, que se envolveria com os frentistas de seu estabelecimento. Estes foram retirados da trama e ela passou a se envolver com Gustavo (Daniel Rocha), bandido que participou do atentado que matou Suzana e deixou Fausto em coma. O romance não funcionou e os autores reeditaram um drama de Verdades Secretas, colocando o rapaz para sofrer com o uso de drogas. Não convenceu. Assim como também a transformação de Ciro (Tiago Lacerda) de vilão cruel a bom samaritano, a do bobão Hércules (Danilo Grangheia) em mestre do crime na reta final e tantas outras que daria para eu ficar horas comentando.

Ainda merece destaque (negativo, é claro!) a trama em que Tião se vinga de Magnólia, que acabou se tornando um dos eixos centrais do que sobrou da sinopse. As cenas de humilhação foram todas previsíveis. Um embate arrastado que careceu de tensão verdadeira. A atriz Vera Holtz, coitada, não teve muito o que fazer com a apatia do roteiro, mas interpretou Magnólia com inspiração e dominou a novela.

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Muito se fala sobre a prática de pautar as decisões sobre as novelas de acordo com os famosos grupos de discussão. Mas desde quando o público que vê novela sabe o que quer? E o que é melhor? Se a novela inova demais, o telespectador reclama. Se ela é "mais do mesmo", reclamam. Se é violenta demais, reclamam. Se é muito bobinha, reclamam também. Velho Chico não foi nem de longe a minha novela preferida, mas o autor Benedito Ruy Barbosa (e, nesse caso, o diretor Luiz Fernando Carvalho, que não aceitava intromissões) fez um trabalho original e coerente. A Regra do Jogo seguiu o mesmo caminho porque João Emanuel Carneiro não muda uma vírgula do que quer contar. É por isso que insisto em dizer que os autores precisam de liberdade para trabalhar e que errem seus próprios erros. Fica mais bonito e mais digno do que transformar uma novela num verdadeiro Frankenstein como, infelizmente, se tornou A Lei do Amor.

Confira o Desgraçômetro atualizado das últimas novelas das 9:



domingo, 12 de março de 2017

O Melhor e o Pior da Semana (5 à 11/3)




   O MELHOR DA SEMANA   


Rock Story (pelo conjunto da obra)


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Essa semana a TV foi de Rock Story, a melhor novela inédita em exibição atualmente. A trama chegou em seu centésimo capítulo e resolveu dar uma boa acelerada nos acontecimentos. Finalmente, a Lorena, a irmã gêmea da Julia, ambas vividas pela Nathalia Dill, chegou ao Brasil e o encontro das duas rendeu picos de audiência a novela. Mas é claro que essa chegada da Lorena, agora de vez dentro de Rock Story, não vai ser em vão. Basta lembrar que ela é a gêmea má da trama. Outro entrecho que movimentou a novela esta semana foi a divulgação das fotos íntimas da Diana (Alinne Moraes) por Léo Régis (Rafael Vitti) para se vingar da ex-noiva. Com uma ótima abordagem, a história é uma mescla de várias outras que realmente aconteceram e sendo mostrada assim numa trama voltada para o público jovem não deixa de ser uma forma de educar esse público para o mundo digital que a cada dia anda mais perigoso. Ironia genial toda essa situação ter sido exibida em plena semana do Dia Internacional da Mulher. Programaram muito bem! E o mais importante é que esteve em sintonia total com a trama, sem didatismo ou incoerência.

Volta do MasterChef


Concorrentes fazem com que MasterChef Brasil siga instigante e sem sofrer desgaste

Desde a primeira exibição do MasterChef Brasil, todo mundo aposta no desgaste do formato, já que, além do original, a Band lançou versões com crianças, profissionais e até especial de final de ano. A questão é que o público não dá qualquer sinal de desinteresse pelo reality show. Os concorrentes e os ótimos jurados fazem com que o MasterChef siga instigante. Diante do modorrento BBB17, a gente agradece!


     O PIOR DA SEMANA     


Sophia Abrahão no Vídeo Show


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É fato que desde a saída de Monica Iozzi, o Vídeo Show não consegue fixar uma companhia a altura para Otaviano Costa na bancada. Após promover um rodízio de repórteres e até apelar à Susana Vieira às quintas-feiras, o programa manteve Joaquim Lopes ao lado de Ota e foi levando como pôde. Para cobrir as férias do Otaviano, a direção da atração foi buscar alguém de fora e a escolhida foi a atriz Sophia Abrahão. Dona de muitos seguidores e fãs nas redes sociais, Sophia conseguiu fazer certo barulho e mobilizar sua grande rede, mas deixou a desejar (e muito) na bancada. Totalmente apática e inexperiente, ela não transmitiu naturalidade, não transmitiu carisma, nem maior conhecimento sobre a história da TV.

P.S.: O Vídeo Show, há muito tempo, vem carecendo de um conteúdo mais criativo e dinâmico. Atualmente, suas pautas são todas feitas no piloto automático e, hoje, só se salvam os quadros Memória Nacional e Meu Vídeo É um Show. De resto, nada chama a atenção. Incluindo aí o quadro Novelão, que antes resumia novelas em uma ou duas semanas e agora virou mais um Vale a Pena Ver de Novo com o repeteco prolongadíssimo de Avenida Brasil. Não é assim que o Vídeo Show vai sair do buraco onde está enfiado.

Mais do mesmo


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O Bom Dia e Cia, tradicionalíssimo infantil do SBT mudou de cenário e, finalmente, passou a ser realizado em HD. Agora, os greens, seres verdes que há anos protagonizam as vinhetas dos infantis do canal, ganharam uma espécie de vila onde vivem e o cenário do programa reproduz isso. Além de novos cenários e novas vinhetas, há também novas provas que os telespectadores podem participar por telefone e concorrer a prêmios. Quer dizer, "novas", mas nem tanto, pois nada mais são que as mesmas provas de sempre, com novos painéis e até novos nomes, mas sem grandes novidades. O programa explora o mesmo formato sem grandes investimentos desde 2007, quando passou a ser exibido ao vivo. Ou seja, a atual fórmula do programa já completa 10 anos no infantil, que estreou em 1993 com apresentação de Eliana e forte conteúdo didático. São outros tempos, sem dúvidas. A atração poderia aproveitar o embalo de estreia de "nova temporada" para dar uma boa renovada em sua seleção de desenhos. Salvo uma ou outra mudança, o Bom Dia e Cia exibe praticamente os mesmos desenhos (com os mesmos episódios) há mais de 15 anos. Seria do bom grado também se tirassem a Silvia Abravanel, totalmente dispensável. Com uma voz forçada (parecida com aquela que fazemos quando estamos conversando com um bebê), ela decepciona na espontaneidade. Apática, suas brincadeiras com as crianças soam falsas. Pobre geração Nutella...

Traição de Pedro


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A Lei do Amor nem de longe lembra outras novelas assinadas por Maria Adelaide Amaral, como Sangue Bom e TiTiTi, que eram elogiadas por terem textos inteligentes e ótimas sacadas. O que sobra no atual enredo das 21h são situações pra lá de confusas. A última envolve Pedro (Reynaldo Gianecchini): não faz o menor sentido o personagem trair Helô (Claudia Abreu) nessa altura do campeonato, com a trama chegando ao fim. Além disso, não condiz com a postura do velejador, sempre apresentado como um mocinho justo, gentil e de bom caráter que lutou para ficar com Helô. Pior ainda: repetindo uma cena que aconteceu no início do folhetim. Mas repeteco pouco é bobagem, afinal, Helô novamente esconde do amado que espera um filho dele. Justo Pedro, que também não sabia da existência de Stelinha. A autora está sem criatividade? Sim ou com certeza? Não posso deixar de comentar também todo o teor machista que rodeou essa situação. Afinal, a impressão que ficou foi que a culpa do Pedro ter traído Helô não foi dele, mas sim dela por ter sido tão ciumenta (com o detalhe de que toda essa insegurança da personagem é meio ilógico pelo fato dela ter sempre se mostrado uma mulher de mente aberta e a própria ter escondido de Pedro também que tinha uma filha dele). Sinceramente, A Lei do Amor não tem mais salvação...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A Lei do Amor? Só se for do horror!



Praticamente entrando em sua reta final, A Lei do Amor já pode ser considerada uma tremenda porcaria. A história, prejudicada por mudanças abruptas em seu roteiro em função da baixa audiência e da influência do resultado dos grupos de discussão, continua enfrentando problemas na condução de seus núcleos.

O erro mais evidente é visto no triângulo amoroso entre Tiago (Humberto Carrão), Letícia (Isabella Santoni) e Isabela/Marina (Alice Wegmann), cujo desenvolvimento se mostra pífio desde o início da novela. Mesmo envolvido com a filha de Helô (Cláudia Abreu), o rapaz se apaixonou pela garçonete e se envolveu com ela sem encerrar o seu compromisso com a patricinha. Algum tempo depois, Helô passou a ajudar Isabela, que havia se comprometido por ter informações valiosas sobre o envolvimento da família Leitão com o senador Venturini (Otávio Augusto). Uma situação sem cabimento, pois a garota jamais iria gostar de ver sua mãe ajudando a atual namorada do ex. Porém, tudo iria piorar com a chegada de Marina. A personagem (que ninguém sabe se é Isabela disfarçada querendo vingança, uma irmã gêmea ou outra pessoa muito parecida) aposta na sedução e vem tentando envolver Tiago, mais uma vez traindo Letícia. Uma situação inverossímil e também machista, já que coloca os dois perfis femininos como "culpadas" do caráter de Tiago, como se Marina fosse uma devoradora de homens que está "se aproveitando" dele e Letícia não reagisse.


Agora, o casal principal também foi afetado. Helô e Pedro (Reynaldo Gianecchini), que andaram por um bom tempo sem história juntos, foram vítimas de uma armação de Tião (José Mayer), que descobriu uma ex-namorada do protagonista: Laura (Heloísa Jorge), que retornou ao Brasil revelando que Pedro tinha uma filha escondida. Isto bastou para provocar a revolta da mocinha, porém, o conflito se mostrou igualmente ilógico e também repetitivo, uma vez que Helô também escondeu de Pedro que tinha uma filha (Letícia) e por isso não tem legitimidade para se revoltar. Para piorar, [ALERTA SPOILER!] os autores vão fazer com que ela flagre Pedro na cama com Laura, assim como aconteceu na primeira fase com Suzana (Gabriela Duarte)  —  com um diferencial: enquanto a primeira “traição” foi uma armação de Magnólia, aqui Pedro e Laura transarão por livre e espontânea vontade, o que indica uma surreal transformação no caráter de Pedro, até então apresentado como um mocinho justo, gentil e de bom caráter, ao contrário do que este “envolvimento” sugere. Seria muito mais coerente se a rejeição de Letícia por Pedro tivesse sido mais explorada  —  ela aceitou o pai biológico rápido demais, acabando com um possível ponto de conflito do casal  —  e se o médico Bruno (Armando Babaioff) tivesse se envolvido com Helô, como era previsto.

As tramas paralelas também não escapam do saldo negativo: a trama política envolvendo a eleição para a prefeitura de São Dimas  —  justificativa (ridícula) para o adiamento da novela  —  não tem nem de longe o impacto que deveria ter. Pelo contrário, não passa de uma piada de mau gosto que vai do nada a lugar nenhum. Até mesmo Luciane (Grazi Massafera), uma das melhores personagens da história, perdeu função na mesma, devido à repentina saída de Venturini, com quem a ex-prostituta se envolvia para conseguir informações privilegiadas e ajudar o marido Hércules (Danilo Grangheia) a se eleger. O casal Yara (Emanuelle Araújo) e Misael (Tuca Andrada) também sofre com a falta de um enredo mais consistente, prejudicado pela saída da problemática Aline (Arianne Botelho), que retornou à novela como prostituta de luxo; além de soar forçado o envolvimento de Misael com Flávia (Maria Flor), filha de Salete (Cláudia Raia).

E outro grande erro envolve justamente a frentista. Salete se apaixonou por Gustavo (Daniel Rocha), um dos bandidos que assaltaram seu posto no começo da novela, em um relacionamento marcado pela conduta problemática dele. Chegou-se a colocar o rapaz para ter problemas com drogas, numa referência ao drama sofrido pela personagem de Grazi em Verdades Secretas, mas o tiro saiu pela culatra. A evidente falta de química entre os dois atores e o desempenho apático de Rocha contribuem ainda mais para este erro.


Ainda merece destaque a trama em que Tião se vinga de Magnólia, atualmente um dos eixos centrais do que sobrou da sinopse. Após ser desmascarada em público por suas armações, a megera passou a ser alvo da vingança do inescrupuloso empresário, humilhado por ela na juventude e que irá à forra em um casamento de fachada. Algumas das situações chegam a lembrar bastante dos vilões Laura e Renato (Claudia Abreu e Fábio Assunção) de Celebridade — após um casamento forçado, Laura passa a ser humilhada por Renato e vira sua escrava; logo depois, o jogo se inverte —, porém, sem o mesmo impacto e verossimilhança.

Em virtude de tudo isso, infelizmente, A Lei do Amor se mostrou um horror de novela, onde o amor parece fazer parte apenas do título (falei sobre seu título inadequado AQUI). A estreia de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari na faixa mais nobre da emissora acabou marcada por conduções equivocadas, baixa audiência, desvalorização de talentos e transformações esdrúxulas de personalidade de personagens.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Os piores e inadequados títulos de novelas



Não sei vocês, mas todas as (poucas) vezes em que assisto A Lei do Amor me surge um questionamento na cabeça: o que tem a ver o título da trama com a história apresentada? Afinal, se houve alguma grande história de amor foi só lá nos capítulos iniciais, quando Pedro e Helô ainda eram vividos por Chay Suede e Isabelle Drummond. Desde que Claudia Abreu e Reynaldo Gianechinne assumiram os personagens, o casal protagonista virou coadjuvante dentro da sua própria história — não por culpa dos atores, que fique claro.

"Sagrada Família", o titulo original, expressava muito melhor do que "A Lei do Amor" o tema principal da novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari. Seria um título irônico, claro, pois não há nada de sagrado na família Leitão, em torno do qual gira toda a história — pelo contrário, é cheia de podres, segredos, traições e pra lá de conturbada. Magnólia (Vera Holtz), a grande vilã da história e matriarca dos Leitão, além de todos os seus inúmeros pecados, é hipócrita, pois tenta passar a imagem de beata e vive falando de Deus. Foi capaz de muitas monstruosidades. Tudo, segundo ela, pelo bem da sua família.

Este tipo de problema é muito mais comum do que se imagina na teledramaturgia. Confira abaixo outros títulos inadequados de novela (seja por não terem nada a ver com a trama ou por serem bizarros):

Amor à Vida — A novela expôs preconceito, vingança, dramas pesados, além de ter apresentado muitos personagens com desvio de caráter, que tinham amor a tudo — ao dinheiro, ao sexo, a vilania —, menos à vida. São peças que não se encaixavam. O nome mais apropriado para a trama seria "Em nome do pai", que chegou a ser cogitado inicialmente, mas preterido pouco depois. O título tinha consistência, afinal, Félix (Mateus Solano) foi capaz de praticar inúmeras monstruosidades por causa da rejeição de sofria de César (Antônio Fagundes). Porém, optaram por "Amor à Vida", que fez sentido apenas em relação ao momento em que Bruno (Malvino Salvador) achou Paulinha (Klara Castanho) na caçamba e salvou sua vida.

Avenida Brasil — O nome apenas fez uma referência ao atropelamento de Genésio (Tony Ramos), que morreu quando Tufão (Murilo Benício) o atingiu com seu carro na Avenida Brasil, o que desencadeou toda a história da trama. Porém, se formos analisar todo o contexto, o título não teve absolutamente nada a ver com a história de vingança de Nina (Débora Falabella) e muito menos com o Divino Futebol Clube.

Sangue Bom — A trama das sete abordava o mundo midiático e o conflito da protagonista Amora (Sophie Charlotte) entre o "ser" e o "ter". Essa situação servia para movimentar todos os núcleos e apresentava a temática de uma forma dramática e bem-humorada ao mesmo tempo. O título pouco tinha a ver com a história, a não ser pela bondade excessiva de Bento (Marco Pigossi) ou então pela real identidade de Amora, que, no fundo, bem lá no fundo, sempre teve um "sangue bom". Entretanto, partindo dessa premissa, o nome serviria para qualquer novela, uma vez que personagens bons sempre fazem parte de uma história, assim como os maus. Mas em se tratando do conjunto da obra, o nome não combinou.

Alto Astral — Alguém, em pleno 2014, ainda dizia que fulano é "mó alto astral"? Ou que achou tal festa "super alto astral"? Fora o título pra lá de ultrapassado, a novela explorava tramas envolvendo fantasmas e espíritos de forma leve e cômica — tudo a ver com "Búú", título original da trama que foi preterido.

Fina Estampa — A novela, teoricamente, faria uma discussão sobre o ser e o parecer, a partir do momento em que Griselda (Lilia Cabral) ficasse rica e adotasse uma "fina estampa", onde se questionaria se o que vale mais é a aparência ou o caráter — como bem sugeria a abertura e o título da novela. Mas isso não aconteceu. Aguinaldo Silva se perdeu em seu mote inicial e a trama descambou para o absurdo.

Salve Jorge — Glória Perez disse que o título provinha de uma saudação a São Jorge, santo que nasceu na antiga Capadócia, na Turquia — onde parte da história se passava —, e que era o padroeiro do protagonista, Théo (Rodrigo Lombardi), muito usada nas religiões afro-brasileiras — o que acabou gerando uma campanha de boicote de muitos evangélicos. Porém, São Jorge mais parecia um pano de fundo, pois não exerceu nenhuma grande importância para a história, que falava sobre o tráfico de pessoas.

Balacobaco — Desesperada com o fracasso de sua novela Máscaras, a Record chamou Gisele Joras para adiantar os trabalhos de sua nova produção, que se chamaria "Passado Próximo". Mas, desesperada como só ela, a Record decidiu mexer na sinopse da novela e resolveu colocar na nova trama tudo aquilo que não tinha em Máscaras, que era uma novela bem sombria. E foi assim que a emissora transformou o drama de Gisele Joras em uma novela de (pseudo) humor com nome cafona, o que, é claro, não deu muito certo. Se a expressão balacobaco significar samba do crioulo doido, posso afirmar que a novela teve um título certo.

Da Cor do Pecado — Longe de mim querer pagar de politicamente correto e sair problematizando tudo, mas o título da trama é uma expressão que faz a mesma associação de que negro é igual a negativo, só que de forma mais subliminar, não recorrendo a termos como negro ou preto. Ela é usada como elogio, porém, para quem é cristão, pecar não é nada positivo, ser pecador é errado e ter a sua pele associada ao pecado significa que ela é ruim. Portanto, é simplesmente uma ofensa racista mascarada de exaltação à estética, direcionada a mulheres negras — caso da protagonista da novela, Preta (Taís Araújo), literalmente.

Malhação — A novelinha já deixou de ter uma academia como cenário principal há anos.

Antonio Alves, Taxista — O ano era 1996 e o SBT, em uma atitude ousada, resolveu estrear três novelas em um só dia e uma delas era a cafona (não só no nome) Antônio Alves, Taxista, que trazia Fábio Jr. como o personagem-título. Mais cafona do que colocar o nome do personagem principal no título é acrescentar a ele a sua profissão. É como se Rock Story se chamasse "Gui Santiago, o rockeiro".

Pícara Sonhadora — Título que dispensa comentários, enche o mundo de piadas (alguém aí pensou em "pica sonhadora"?) e que só mesmo o Silvio Santos para ter gostado e aprovado um nome desses.

A impressão que fica é que os autores estão cada vez mais deixando o título de suas produções de lado. Claro que a história é a principal preocupação para quem a escreve, entretanto, o nome da mesma não pode ser apenas algo decorativo. Precisa sim se encaixar com o que é mostrado ao telespectador na telinha.

E vocês? Se lembram de algum outro título ruim ou/e inadequado de novela? Comenta aí!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

O Melhor e o Pior da Semana (15 à 28/1)



   O MELHOR DA SEMANA   


Dois Irmãos


Apesar de o estilo de Luiz Fernando Carvalho dividir opiniões (para seus amantes, um defensor da arte; para seus detratores, exagerado e repetitivo), o diretor soube produzir uma adaptação fiel à obra original de Dois Irmãos. Diminuiu-se o tom lúdico e os figurinos excessivamente exóticos e aumentou o pé na realidade, visto na constituição da Manaus entre os anos 1920 e 1980, traduzida em belos cenários e fotografia deslumbrante. O tom barroco permaneceu, mas dialogou perfeitamente com a época e a trama em si. Com isso, não afugentou o público um tanto avesso às novidades e sem precisar abrir mão da qualidade para isso. Não há dúvidas de que Dois Irmãos foi uma verdadeira obra de arte na TV.

Dois Irmãos também teve o mérito do texto afiado. A trama, adaptação de Maria Camargo da obra de Milton Hatoum, foi intensa, inquietante, cheia de elementos capazes de fisgar o público. A saga dos gêmeos Omar e Yaqub traduziu a eterna luta do bem e do mal e a dicotomia das relações humanas. Trata-se de uma saga bíblica, desde Caim e Abel, colocando irmãos em pontos opostos, vértices de uma disputa eterna. Aqui, a distância entre Omar e Yaqub pode ter sido construída ainda na infância, com a escolha meio inexplicável da mãe entre um e outro. Zana cuidou de Omar, o protegeu e o escolheu para ficar ao seu lado quando precisou separar os irmãos, mandando Yaqub para o Líbano. O tempo e a distância, no entanto, não fizeram diminuir a rivalidade entre ambos, muito pelo contrário, gerando novos conflitos e tragédias. Ou seja, um drama familiar e humano cheio de camadas, e é impossível o público ficar indiferente.

Houve quem acusasse Dois Irmãos de ser lenta, arrastada ou enfadonha. Concordo com o lenta, mas discordo veementemente do arrastada e enfadonha. Dois Irmãos andou ao seu próprio ritmo, com pausas e sinalizações herdadas da literatura, mas que destoam do ritmo veloz da TV de hoje, daí a estranheza. No entanto, tais pausas e contemplações foram fundamentais para que o público criasse seus laços com os personagens e as situações, compreendendo seus movimentos. Neste contexto, Dois Irmãos mandou um recado claro para a audiência: não importa se o ritmo é lento ou veloz, desde que haja uma história e um motivo claro para determinar qual o melhor tom da velocidade. Precisamos ir além da atual máxima que prega que apenas obras com ritmo de YouTube ou de séries americanas fazem sucesso nos dias de hoje.

Isso sem falar no incrível trabalho dos atores, sendo impossível apontar quem foi melhor. Antonio Fagundes (Halim), Eliane Giardini (Zana), Juliana Paes (Zana), Irandhir Santos (Nael), Antonio Calonni (Halim), todos tão plenos, viscerais e entregues ao enredo e donos de grandes momentos. O jovem Matheus Abreu foi uma grata revelação. E Cauã Reymond, surpreendentemente, mesmo com uma imagem um tanto saturada depois de tantos trabalhos repetitivos seguidos, mostrou seu melhor momento na TV. Omar e Yaqub eram distintos e o trabalho do ator deixou isso bem claro ao público. Os momentos finais da minissérie foram todos de Fagundes (principalmente na excelente e emocionante sequência da morte de Halim), Cauã (se destacando no repulsivo momento em que Omar agrediu e xingou o pai morto) e Eliane (interpretando com precisão toda a decadência de Zana após a morte do marido e seu processo de agravamento da loucura). Como toda regra sempre tem uma exceção, Bárbara Evans (Lívia) já é uma forte candidata ao título de pior atriz do ano. Sua única cena revelante em toda a minissérie foi quando fez sexo com o personagem do Cauã. Também achei surreal o Irandhir Santos ser filho do Cauã Reymond. Poderiam ter envelhecido o Cauã com uma boa maquiagem ou então terem chamado um ator mais novo para viver Nael. Mas o talento do Irandhir compensou tamanho erro de escalação na passagem de tempo. De qualquer forma, Dois Irmãos encerrou sua trajetória abrindo a programação 2017 da Globo com chave de ouro.

Pesadelo na Cozinha


Nesta semana, a Band estreou Pesadelo na Cozinha, sob comando de Erick Jacquin, onde o jurado do MasterChef agora enfrenta as agruras dos donos de restaurantes que vão de mal a pior. Nesta estreia, o chef conheceu o escondidinho da Amada. Porém, o maior problema não residia no estabelecimento comercial em si, mas em Fernando, o marido de Amada. Jacquin encarna a figura de Supernanny dos restaurantes. Ele observa o movimento, percebe os pontos fracos e, em um receituário, passa sugestões para o incremento do local. Cris Poli fazia o mesmo com os pais das crianças. E, em muitas oportunidades, os filhos não eram o real problema, mas sim os pais que escreveram para o programa do SBT. E isso aconteceu no Pesadelo da Cozinha. A convivência nada pacífica de marido e esposa no ambiente de trabalho prejudicava todo o resto. E, nos momentos finais, um final feliz apareceu. Restaurante reformado. Novo menu. Amada e Fernando em clima de respeito mútuo. O programa apresentou um bom ritmo. Jacquin comanda com sobriedade sem humilhar os socorridos (ao contrário do que rola no MasterChef).

Tardes de domingo da Globo


Em sua segunda temporada, o ótimo The Voice Kids agora conta com o comando de André Marques no lugar do Tiago Leifert. André atinge o objetivo de entrelaçar o show do palco com a tensão dos bastidores. A substituição não prejudicou o ritmo do talent show. Thalita Rebouças também é outra novidade. Ela cumpre a função de assistente no programa. E muito bem, por sinal. O júri é a grande base para a competição. Ivete Sangalo, Carlinhos Brown e a dupla Victor e Leo formam uma boa bancada (apesar de já não aturar mais ver a cara do Carlinhos nos dois realities). Eles têm a preocupação de passar incentivo até para aqueles eliminados da disputa. O telespectador fica encantado com o show das crianças e jovens. The Voice Kids tem o mérito de valorizar o cancioneiro nacional. É rara a aparição de músicas em inglês ou espanhol. Menos de 20% do repertório. Os jurados claramente escolhem uma voz "kid". Eliminam de supetão os(as) candidatos(as) que cantam como adultos. E isso é certíssimo. A Globo acertou na grade de programação. A divertidíssima Nova Escolinha do Professor Raimundo e o The Voice Kids formam uma boa dupla para se assistir durante o almoço nas tardes de domingo da Globo. Ótima opção para quem procura QUALIDADE e não apelação.

Volta do Tá no Ar - A TV na TV


E o Tá no Ar  voltou com tudo, mostrando que Marcelo Adnet, Marcius Melhem e companhia estão cada vez melhores na função de transformar o efeito zapping numa divertida e esperta paródia do cotidiano nacional. Seja emulando programas conhecidos, parodiando comerciais ou simplesmente exercitando o melhor do besteirol, Tá no Ar segue como o melhor programa de humor da televisão brasileira na atualidade. No atual contexto político nacional, o que não faltam são assuntos que podem ser tratados de maneira crítica, irônica e, ao mesmo tempo, engraçada. Isso pôde ser visto nesta estreia com a chamada do filme "A Dama da Delação", atração do "canal Brasília". No enredo, muita sacanagem, ou seja, esquema de corrupção, tudo sendo gravado por uma moça, digamos, saliente. Ótima sacada! Outra esquete divertida parodiava o comercial de um supermercado do Rio de Janeiro, onde um animado garoto-propaganda anunciava demissões em massa num momento de crise ("Recessão, não tem contratação!"). E a atração colocou o dedo na ferida de maneira contundente ao parodiar o comercial do Banco do Brasil, com o slogan "Branco no Brasil: há mais de 500 anos levando vantagem". Bingo!

Tá no Ar atira para todos os lados e não perdoa grupo nenhum, como foi visto na esquete "Crentes", uma brincadeira com o seriado Friends, mas formado por um grupo de evangélicos. No canal ao lado, Silvio Santos segue com seus "greatest hits" e canta sua própria versão de "Bem que se Quis", cuja letra comemorava o fato de ele ter dito Jequiti na Globo sem ser notado. Impagável! Outra qualidade do Tá no Ar é saber manter quadros fixos sem cansar. Estão de volta sucessos como o "Jardim Urgente", sempre denunciando conflitos provocados por crianças (e o indefectível "Foca em mim!", besteirol que parece não perder a validade), ou o militante esquerdista, personagem de Marcelo Adnet que repete as mais variadas teorias da conspiração contra "a réde Glóbo de televisão". Novidade da última temporada, o Te Prendi na TV, paródia de programas de João Kleber, segue no ar, desta vez tentando descobrir quem é a celebridade oculta. "Será o Celso Portiolli?", perguntou o apresentador à sua animada plateia. Ver a Sandy relembrando os velhos tempos da série Sandy e Júnior e falando um monte de palavrões não teve preço!

Se continuar tão inspirado assim, Tá no Ar terá vida longa. Sorte a nossa!


     O PIOR DA SEMANA     


Tom didático do Amor e Sexo



A maior qualidade do Amor e Sexo é justamente conseguir tocar em assuntos importantes de uma maneira leve, divertida e para desmistificar alguns temas. Porém, infelizmente, na estreia da sua décima temporada, o programa pesou a mão. O tom adotado para debater feminismo e a questão de gêneros, por exemplo, foi de um tremendo didatismo. O entretenimento ficou em segundo plano (quiçá, em terceiro). Não adianta pensar que o formato de programa de auditório é capaz de popularizar discussões mais sérias e aprofundadas. Não funciona. Os melhores momentos do programa foi, justamente, quando deixou de lado o tom pseudo-educativo e partiu para as brincadeiras e opiniões aleatórias e para a galhofa. Fica muito mais divertido. Fernanda Lima é linda, simpática, divertida e comanda muito bem o Amor e Sexo. Espero que o programa volte a equilibrar entretenimento e informação nos próximos episódios, como sempre fez tão bem.

Descaso do JN com a morte de Russo


Tudo bem que o Russo nos últimos tempos estava brigado com a Globo, mas o Jornal Nacional ignorar a sua morte na edição deste sábado (28) foi algo grotesco. Não estou falando nem de fazerem uma homenagem, mas a questão é que não houve nenhum comentário sequer a respeito, nada. O Russo é só o maior e mais famoso assistente de palco da história da TV brasileira, já tendo trabalhado com Chacrinha, Angélica, Xuxa, Faustão e Luciano Huck. Não merecia esse descaso. Atitude lamentável e desrespeitosa!

Nova temporada de Cidade dos Homens


Para quem acompanhou a série que marcou os anos 2000 na TV, foi decepcionante essa sua reeleitura. Na prática, a nova temporada de Cidade dos Homens (que mostrou que rumo tomaram as vidas de Acerola/Douglas Silva e Laranjinha/Darlan Cunha dez anos após a conclusão da série original) nada mais foi do que um prato requentado, com passagens das temporadas anteriores sendo relembradas ao longo dos três episódios iniciais, onde apenas o quarto e último teve uma história totalmente inédita. Sem falar também que deixaram de lado todo o (ótimo) tom documental em mostrar a realidade da favela, marca registrada da série, para dar lugar a uma trama pra lá de melodramática: uma enorme quantia de dinheiro do traficante do morro é encontrada, levando ao dilema de devolver ou não, já que o dinheiro salvaria a vida do filho de Laranjinha, que tem uma doença grave e precisava ser operado urgentemente. Esperava mais...

Sem Volta


A Record tentou, mas não foi desta vez. Sem Volta prometeu, entrou com fôlego em seu primeiros capítulos no roteiro e em outros aspectos, mas tropeçou e não empolgou. Com overdose de violência nos episódios, cenas de ação que pareciam terem sido criadas só para enrolar e não levavam a história para lugar nenhum, flashbacks fracos e confusos, distribuídos em um enredo parado em poucas ambientações (o que não deu ideia de movimento), Sem Volta se mostrou cansativo na maior parte dos seus 13 episódios. De modo geral, Sem Volta perdeu seu potencial, passou despercebida e deve fazer jus ao nome, talvez até para produções similares.

A Lei da Incoerência e do Dramalhão


Sabe uma velha senhora chamada coerência? Ela anda passando bem longe de A Lei do Amor, que parece ter aderido de vez ao mantra de Glória Perez em Salve Jorge: "vamos voar!". Além da eliminação sem controle de alguns personagens que mereciam ficar na trama e a chegada de outros que inexplicavelmente brotam do nada na história, um dos últimos absurdos se centraliza na volta da Isabela (Alice Weigmann), que, dada como morta depois de ser jogada de uma lancha no mar, reaparece vingativa como Marina. Até ai, ok. O problema é o fato de vários personagens que conviveram com a Isabela sequer acharem a Marina parecida com ela, com exceção de Tião (José Mayer), o único ser que mostrou ter mais de dois neurônios. Jura que bastou pintar o cabelo da menina de preto, tirarem a franjinha característica, enfiarem um óculos de grau E NINGUÉM RECONHECEU ELA?! Tá, né...

E tudo só piorou no capítulo da última terça (24). Magnólia (Vera Holtz) foi desmascarada diante de todos, tendo seu caso de mais de 20 anos como o genro Ciro (Thiago Lacerda) exposto durante uma exposição. A vilã foi xingada, humilhada, estapeada pela filha, jogada no chão pelo Fausto (que, mesmo doente, sabe-se lá como encontrou tanta força para derrubá-la, mas tudo bem) e ainda levou um soco de Tião. Ufa! Lembra daquelas grandes sequências de revelações bombásticas em família ou em festas na fase de ouro das novelas do Manoel Carlos (como quando Clara revelou pra todo mundo que Capitu era prostituta em Laços de Família)? Então... Não chegou nem perto! Do início ao fim, o exagero deu o tom do capítulo. A fraca direção, o texto pra lá de mexicanizado e os cortes que iam acontecendo deixou tudo muito anticlímax: começou intensa e, de tanto enrolar, terminou morna e bem fraquinha. Mas o pior ainda estava por vir. No final do capítulo, Fausto teve algum tipo de ataque que atingiu todos os índices da cafonice. A cena continua com ele moribundo, deitado na cama, já próximo da morte, com toda a sua família em volta. Fraco, o personagem tem tempo de se despedir de um por um. E enquanto isso acontece, ninguém teve a brilhante ideia de chamar um médico ou uma ambulância para tentar salvar a vida do homem. Ficaram lá, esperando a Dona Morte levá-lo. Afinal, Fausto estava superbem há apenas alguns instantes e, repentinamente, sofreu um problema. Como diria uma certa pensadora contemporânea, gente velha é um perigo, morre por qualquer coisinha... E assim encerra-se a participação de Tarcísio Meira em A Lei do Amor. Ele, que passou a maior parte do tempo deitado numa cama e vinha formando uma dupla até que divertida com Grazi Massafera (Luciane), quando finalmente deu a volta por cima, morre. Enquanto isso, Chatícia, Mileide, Sansão, Padre Paulo, Edu, Olavo e aqueles frentistas seguem firmes e fortes.


Dudu Camargo fazendo strip-tease no SBT Notícias




Preciso nem comentar, né? Está cada vez mais difícil levar o jornalismo do SBT a sério...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Deu a louca nos Silvios!



Que Silvio de Abreu e Silvio Santos são, respectivamente, um dos principais autores de novelas do país e o maior apresentador da TV brasileira, isso ninguém pode negar. O primeiro, que emplacou grandes sucessos como Guerra dos Sexos (1983), Cambalacho (1986), Rainha da Sucata (1990), A Próxima Vítima (1995) e Belíssima (2005), recentemente, recebeu a missão de assumir o posto de diretor de teledramaturgia diária da Globo. Passados dois anos, a gestão do veterano autor tem sido marcada por decisões controversas.

A primeira polêmica se deu quando decidiu adiar A Lei do Amor, que sucederia A Regra do Jogo, para colocar Velho Chico, que estava na fila das 18h, em seu lugar. Na época, se alegou que a história de Maria Adelaide Amaral tinha uma trama política muito forte, que seria comprometida se coincidisse com as eleições municipais de 2016. Outra razão comentada foi a mudança de estilo, deixando de lado as tramas urbanas e realistas, ambientadas em grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo; para abrir espaço para uma linha mais bucólica e regionalista, valorizando o nordeste brasileiro. Ao longo do tempo, porém, a motivação política para o adiamento de A Lei do Amor mostrou-se infundada, uma vez que Velho Chico, em sua segunda fase, teve fortes tintas políticas (que chegou até a ganhar mais espaço que o romance principal da trama em determinado momento). Na atual novela, o contexto político envolvendo a sucessão municipal em São Dimas não mostra nem 1% da força que deveria ter, além de ter virado uma grande galhofa  —  muito em função de embates envolvendo Luciane (Grazi Massafera), Mileide (Heloísa Perissé), Salete (Cláudia Raia) e Hércules (Danilo Grangheia) que, se eram para serem cômicos, missão realizada sem sucesso.


Mais recentemente, a atuação de Sílvio tem chamado a atenção pelo cancelamento ou alteração de sinopses de autores. O primeiro exemplo envolveu O Homem Errado, ideia original de Duca Rachid e Thelma Guedes, autoras que fariam sua estreia às 21h após A Força do Querer, próximo trem doido de Glória Perez. A trama teve a sinopse aprovada e estava com 12 capítulos prontos e bem avaliados, porém, foi cancelada sem maiores explicações. No lugar da dupla, assume seu lugar Walcyr Carrasco, o homem que nunca descansa. Pouco depois, a maravilhosa Lícia Manzo teve o projeto de sua história das 23h (intitulada Jogo da Memória) transformado em uma minissérie e adiado para meados de 2018. O lugar dela passou a ser ocupado por uma trama das novatas Ângela Chaves e Alessandra Poggi, que falará sobre a ditadura.

Alterações de ordem também têm sido constantes, como as antecipações das novelas de Izabel de Oliveira e Paula Amaral (Anos Incríveis) e Alcides Nogueira (Amor e Morte)  —  esta última jogou mais para frente a nova sinopse de Elizabeth Jhin, agora prevista para 2018. E ainda foram canceladas sinopses de Cláudia Lage (para a faixa das 18h), Rui Vilhena (com um projeto para as 19h), Maurício Giboski (que apresentaria uma novela sobre uma dupla sertaneja, também às 18h), Benedito Ruy Barbosa (cuja história mesclaria elementos religiosos e nazismo), Lauro César Muniz (que teve seu retorno à Globo anunciado, a convite de Abreu, mas os projetos foram cancelados) e Antônio Calmon. Por um lado, há a possibilidade de estas obras apresentarem possíveis problemas em função de elementos de suas tramas que poderiam afugentar o público, o que é até compreensível. Em alguns casos, as alterações podem surtir efeito, como no caso de Liberdade Liberdade, cuja autora original Márcia Prates foi substituída pelo roteirista Mário Teixeira em função de inconsistências no texto da primeira. Por outro lado, fica a sensação de desprestígio, dificultando que novos valores possam se consolidar, ainda mais se considerar que enquanto algumas destas obras sofrem alterações são arquivadas ou alteradas, tramas pífias como Sol Nascente, do veterano Walther Negrão, que já mostrava ser um sonífero desde as fracas chamadas, são aprovadas e até esticadas. Olha só como foi a apresentação especial da novela e me diga se você também não já pressentia o flop:


Outra atuação polêmica de Abreu diz respeito às alterações de rumo em novelas com problemas de audiência, como é o caso de Babilônia e A Lei do Amor. A primeira, cuja estrutura central já era fraca, teve seus núcleos de humor aumentados e núcleos promissores foram destruídos (como foi o caso de Alice/Sophie Charlotte, que se prostituiria e acabou virando uma simples mocinha e chata). A segunda, com uma espinha dorsal superior, também vem sofrendo com a descaracterização de seus núcleos, com o sumiço de personagens importantes e a mudança repentina na personalidade de alguns outros. Ambas viraram novelas Frankenstein. Boa parte dessas mudanças é reflexo dos resultados dos grupos de discussão promovidos pela emissora e estas alterações não estão surtindo efeito. Mas deve-se lembrar que Sílvio não é o único responsável, uma vez que Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari obedeceram a essas mudanças, prejudicando a condução do enredo  —  ao contrário do autor Benedito Ruy Barbosa e do diretor Luiz Fernando Carvalho, que bateram o pé e disseram que em Velho Chico Silvio não iria meter a mão.

A julgar pelos resultados apresentados, a gestão de Sílvio de Abreu como diretor de teledramaturgia vem trazendo mais erros do que acertos. É justo reconhecer que os outros horários (18h, 19h e 23h) estão cada vez mais sólidos, com novelas de sucesso. E não se está aqui questionando, de nenhuma forma, a competência do veterano autor, uma vez que há a intenção de acertar com essas mudanças, em algumas vezes até dando certo. Mas apenas deve-se registrar que a interferência de Abreu no planejamento da dramaturgia diária da emissora carioca vem se caracterizando por decisões erradas  —  em especial na agora frágil faixa das 21h, outrora a mais forte da Globo. Até porque, se nem as próprias novelas Silvio conseguiu salvar (como foi o caso do remake de Guerra dos Sexos), vai conseguir melhorar a dos outros?


Já o outro Silvio segue de férias nos EUA, mas a cabeça dele ainda está na Anhanguera, sempre matutando a grade (voadora) do SBT e ordenando novas mudanças. A nova ordem do patrão recai, novamente, sobre o Fofocando, que estreou às pressas para confrontar o bem-sucedido quadro Hora da Venenosa, do Balanço Geral, e já passou por inúmeras mudanças desde a estreia, seja no elenco (o Homem do Saco/Dudu Camargo saiu e entrou Décio Piccinini), tempo de duração ou horário de exibição, com direito ao formato sendo transmitido, durante alguns dias, somente para São Paulo. Depois de uma experiência matinal ainda mais fracassada, a produção retornou para as tardes, agora com o título Fofocalizando (!!!), logo após o Clube do Chaves (que vem registrando boa audiência, mas mesmo assim foi extinguido e dias depois já voltou ao ar). A impressão que fica é que o público do SBT realmente não está interessado num programa de fofocas, seja ele de manhã ou de tarde. Ou seja, por mais que Silvio Santos brinque de "escravos de Jô" com o programa, mudando-o de horário trocentas vezes, é muito pouco provável que ele consiga ir além do que já alcançou. Fora que mudar de horário o tempo todo não ajuda em nada o programa se estabelecer.

A maior bizarrice de Silvio, porém, foi quando resolveu escalar à queima-roupa um garoto de 18 anos  desconhecido e sem o menor preparo para apresentar o Primeiro Impacto em detrimento das excelentes âncoras Karin Bravo e Joyce Ribeiro, formadas e experientes no jornalismo. Falando na Joyce, a jornalista, junto com Patrícia Rocha, foi demitida pela emissora na última sexta-feira (20) depois de ter sido jogada de um lado para o outro no SBT. Dudu Camargo, porém, segue firme e forte na emissora, se dedicando ao bloco matinal do SBT Notícias, onde é campeão de vergonha alheia com suas dancinhas. SBT Notícias que, aliás, ganhou mais meia hora com a saída do Fofocando da grade matinal, ficando no ar até 8h30.

Como disse no início desse texto (ou melhor, textão), Silvio é o maior apresentador da TV brasileira e, mesmo aos 86 anos, continua divertindo e sendo a maior estrela do SBT. Porém, quando resolve se meter a diretor de programação, sai de baixo! Ele parece acordar e aí do nada tem uma ideia mirabolante e, sem nenhum planejamento, dá ordens, desrespeitando o público fiel de sua emissora e os funcionários que nela trabalham, e depois tudo acaba em merda. Foi graças a essa grade voadora que o SBT perdeu a vice-liderança em 2004 para a Record, que iniciou uma fase mais profissional e de vitórias após o sucesso do remake de A Escrava Isaura. A rasteira que tomou da rival culminou na surpreendente estabilidade da programação do SBT, voltando a ter índices na casa dos dois dígitos. Porém, se continuar assim com tantas mudanças bruscas, poderá perder novamente o segundo lugar isolado na audiência agora também.


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