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sábado, 3 de outubro de 2015

Verdades Secretas e Sete Vidas: um novo exemplo de novelas a ser seguido


Verdades Secretas, que chegou ao fim na sexta-feira passada (25/09), deixando muitos telespectadores órfãos (como eu), foi uma ótima união entre uma boa história, direção primorosa e elenco talentosíssimo. Mais do que isso, ela ainda se firma como um grande exemplo a ser seguido pelas novelas futuras. Sim, porque se a trama foi redonda e sem percalços, isso se deve também ao formato enxuto da obra, com poucos capítulos (ao todo, foram 64) e personagens. Nenhuma trama paralela pareceu desnecessária e todas estiveram a serviço do eixo central, o que fez com que todos os personagens tivessem razão de existir e seus momentos de brilho ao longo de toda a história. O maior problema das novelas é justamente sua longa extensão e seu número grandioso de tramas paralelas que mais servem para encher linguiça do que propriamente levar a história para algum lugar.


Há décadas se comenta nos bastidores da TV como seria bom se as tramas durassem menos no ar. Ao mesmo tempo que investe em seriados num esquema de curtas temporadas, a Globo resiste a diminuir suas novelas, com a justificativa de que os, em geral, oito meses de duração são necessários para o retorno do investimento e porque se tenta tirar o máximo de um sucesso. Mas, se analisarmos as novelas recentes, veremos que as novelas mais curtas andam agradando bem mais o público.

Outro grande sucesso de 2015 foi Sete Vidas (particularmente, a melhor novela do ano, até então), uma novela maravilhosa que primou pela sensibilidade e a sutileza e nos emocionou do início ao fim. A trama foi bem mais curta que a média das produções globais: teve apenas 106 capítulos e ficou cerca de quatro meses no ar. Estruturada originalmente desta forma, ela não foi esticada, o que evitou aquela desconfortável sensação de barriga (período em que nada acontece) ou enrolação, que acomete a maioria das novelas, mas não há como negar que deixou um gostinho de quero mais. Meu Pedacinho de Chão, exibida em 2014, foi outra bem-sucedida experiência no horário das seis nesse formato de curta duração. A trama, embora tenha tido índices de audiência abaixo do esperado, foi quase unanimidade entre público e crítica, até por se tratar de um trabalho que teve uma estética lúdica e colorida, completamente diferente de tudo que já se viu em toda a teledramaturgia.


Em contrapartida, a Globo ainda custa em adotar tal formato em seu horário mais sagrado (o das nove) e continua apostando em tramas longas. O maior exemplo disso é Amor à Vida. Exibida em 2013, devido ao sucesso da trama, a Globo decidiu esticá-la: ao invés dos 170 capítulos inicialmente previsto, a novela chegou ao fim com 221 capítulos. As consequências dessa decisão foram trágicas. Amor à Vida, que tinha apresentado um começo excelente, começou a enrolar com tramas paralelas avulsas e, em alguns casos, desnecessárias e criou uma barriga gigantesca em seus quatro últimos meses. O mesmo aconteceu em Império, de 2014, que era pra ter tido 175 capítulos e acabou com 203 capítulos. Nem preciso dizer que a novela também acabou caindo na famosa barriga, né? Curioso que Avenida Brasil, que fez muito mais sucesso e teve uma repercussão infinitamente maior que as duas, nunca foi esticada. João Emanuel Carneiro teve bom senso e levou sua trama ao fim com os 179 capítulos que tinha planejado desde o início. Em FamíliaBabilônia tiveram apenas 143 capítulos. Tudo bem que, nesse caso, as duas foram curtinhas mais por causa da baixa audiência, mas de quatro há sete meses é o tempo ideal para qualquer novela, não acham? 


E não é só a Globo que peca nesse quesito. Um dos maiores problemas da Record é a mania de não saber a hora de parar. Quando um produto vai bem, ele é explorado ao máximo até cansarem todas as possibilidades. Assim, ele não só se desgasta rapidamente como deixa a programação em baixa, bem diferente de suas condições iniciais, arruinando até mesmo a possibilidade da atração se tornar uma boa lembrança. Os exemplos são inúmeros. Caminhos do Coração (Os Mutantes), novela que estreou por cima, teve um final patético pela insistência da Record em prolongar sua duração, chegando a virar uma espécie de "Trilogia dos Mutantes", que ficou no ar de 2007 à 2009. Poderia ter sido lembrada como um dos principais sucessos da Record, mas, devido a sua inconsequente prorrogação, é mais lembrada por ser uma novela bizarra e tosca. A versão brasileira de Rebelde também seguiu caminho parecido. A novelinha teen teve uma primeira temporada incrível, mas na segunda foi um fiasco total, apostando num entra-e-sai de tramas e personagens que fez a produção perder ainda mais sua identidade. Por sorte, a Record tomou juízo e voltou atrás na sua decisão de esticar Os Dez Mandamentos até fevereiro do ano que vem (a trama terminará mês que vem, em novembro, mesmo). Mas pode-se perceber que a novela bíblica começou a cair na enrolação de uns tempos pra cá. A trama vem fazendo o uso exagerado de flashbacks entre o início de uma praga e outra. Cada cena passa mais de 20 vezes. Isso sem falar nas "cenas do capítulo anterior" e "cenas do próximo capítulo" que chegam a durar mais do que o próprio capítulo. Até quando a Record vai ficar enrolando entre uma praga e outra pra Moisés (Guilherme Winter) abrir logo o Mar Vermelho, hein? Mas o pior caso de todos, com certeza, é do SBT, cujas novelas têm data para começar, mas ninguém sabe quando irão terminar. Taí Carrossel (com 310 capítulos), Chiquititas (com 545 capítulos) e Cúmplices de um Resgate (provisoriamente, terá 265 capítulos) que não me deixam mentir.


Pelo bem da teledramaturgia brasileira, as novelas deveriam apostar mais em histórias enxutas como Verdades Secretas e Sete Vidas. Eu, particularmente, mesmo sendo noveleiro de carteirinha, não tenho mais paciência para acompanhar por mais de oito meses novelas com 200, 300 capítulos...


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