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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Como filme, Os Dez Mandamentos é pura vergonha alheia


A Record viu, em um dos seus maiores produtos do ano passado, uma oportunidade perfeita de arrecadar mais dinheiro e aproveitar o sucesso que Os Dez Mandamentos causou no público. Porém, o que acabamos vendo nada mais é do que uma recapitulação de duas horas de um produto feito para uma certa parte do público, mas que ao mesmo tempo é quase que caricata e forçada. Diante disso, quem em sã consciência teria coragem de jogar dinheiro fora indo ao cinema para assistir algo que já foi exibido na TV só para ver de novo ou esperar por um final alternativo?! Paguei com a língua. Eu fui sim nos cinemas ontem assistir Os Dez Mandamentos - O Filme já com a intenção de esculhambar mesmo, confesso. E, olha, juro pra vocês que não é implicância minha, mas que vergonha alheia, viu...

O filme é uma adaptação cinematográfica baseada na Bíblia e na novela homônima da Record, um dos maiores fenômenos de audiência dos últimos tempos da TV brasileira. Dirigido por Alexandre Avancini, a produção peca em praticamente todos os pontos ao contar a história de Moisés, simplesmente porque a produção nunca foi pensada para as telas de cinema. Os roteiristas Joaquim Assis e Vivian de Oliveira entregaram cenas nas quais os diálogos são, por diversas vezes, caricatos, transformando até mesmo as novelas mexicanas em produtos de excelente qualidade.


A maneira escolhida para comprimir 176 capítulos em pouco menos de duas horas foi fazer cortes bem rápidos, transformando o longa em, praticamente, um grande trailer de divulgação. Personagens entram e saem de cena tão rápido que nem temos tempo de nos envolver com sua história. A vilã Yunet (Adriana Garambone), por exemplo, que tinha roubado a cena na novela, virou quase uma figurante de luxo. Os hebreus coadjuvantes, então, tomaram chá de sumiço. Com cenas desconexas e a falta de foco nos personagens principais, a trama retalhada falha em conquistar os espectadores e se transforma em uma colcha de retalhos que parece um videoclipe visualmente bem produzido.

O filme é contado em duas partes: uma narração pelo personagem Josué (Sidney Sampaio), a quem cabe o grosso das tais cenas adicionais. Nesta parte, o personagem reúne seus semelhantes à beira do fogo para contar a história do passado de seu povo, ou seja, o relato que veremos a seguir. Será dele a segunda parte da novela, prevista para estrear em março ou abril. Na segunda parte, acompanhamos a história de Moisés e seu irmão Ramsés, que foi a principal história da novela. A primeira parte do longa trata-se das tais cenas adicionais que a Record utilizou para atrair o público, sendo elas o chamariz para o público acompanhar a nova fase, batizada de A Terra Prometida.

O tal “novo final totalmente inédito” chamou bastante a atenção por estarmos falando da adaptação de uma história bem conhecida, afinal, é da Bíblia que estamos falando. Ele realmente existe e nada mais é que a extensão de como seria caso a novela não ganhasse uma segunda temporada.



O elenco traz Guilherme Winter e Sérgio Marone como, respectivamente, o protagonista Moisés e o vilão Ramsés, e ambos precisam comer muito arroz e feijão. Suas atuações são fracas e beiram a canastrice, principalmente a de Sérgio Marone, que transforma Ramsés em um personagem altamente histérico, devido aos seus constantes gritos. As atrizes Camila Rodrigues e Giselle Itié não precisam nem de comentários. Qualquer atriz da Televisa tem mais expressão que essas duas.

Do ponto de vista mais técnico, tudo em Os Dez Mandamentos incomoda e muito. Apesar de ter um visual deslumbrante utilizando efeitos Hollywoodianos para dar o tom épico da produção, ninguém vai realmente acreditar que as peças douradas usadas pelo núcleo de Ramsés são banhadas a ouro, sendo impossível não lembrar de um grande desfile de escola de samba ao olhar os figurinos. Sem contar que os efeitos especiais fazem de qualquer filme realizado nos anos 80 uma grande produção.



Os Dez Mandamentos foi uma tentativa frustrada de alcançar mais público, aumentando a popularidade de um produto com prazo de validade vencido. Não precisamos dizer que a maioria das pessoas que estão indo assistir ao filme está envolvida com a Igreja Universal ou têm mais de 60 anos. Se você quer realmente conhecer a história de Moisés e sobre os Dez Mandamentos, leia a Bíblia. Não tem lugar melhor. Ou então assista ao clássico de 1956 e até mesmo ao desenho produzido pela Dreamworks, O Príncipe do Egito. Mas que fique claro: fujam dessa catástrofe que é Os Dez Mandamentos - O Filme. Se o objetivo da Record era conquistar um Oscar com esse filme, sinto muito informar, mas a única premiação possível onde ela possa ter destaque é no Framboesa de Ouro.

E o Mar abriu!
Seja filme, minissérie, novela... Quando a história de Moisés é contada, o momento mais esperado é a abertura do Mar Vermelho. Confira cinco versões diferentes dessa cena emblemática do Antigo Testamento e compare com a de 'Os Dez Mandamentos'. :) Qual a sua favorita?
Publicado por Eu Critico Tu Criticas em Domingo, 15 de novembro de 2015

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