Não perca nenhum dos nossos posts

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Com sucesso de Laços de Família no Canal Viva, será que Maneco merece uma segunda chance no horário nobre?


O Canal Viva tem me feito dormir mais tarde nesses últimos dias. A emissora estreou, na semana passada, a maravilhosa Laços de Família, que ocupa sua principal faixa de novelas, agora exibida a partir das 23h45. Trata-se da primeira novela dos anos 2000 a ser exibida no Viva, já que o canal, até aqui, vinha exibindo tramas dos anos 70, 80 e, principalmente, 90. Mesmo sendo o folhetim mais recente entre os exibidos pelo canal pago da Globosat, Laços de Família não é tão recente assim: lá se vão 16 anos desde a sua estreia. Trata-se de um verdadeiro clássico que merecia tal repeteco.



Na minha modéstia opinião, Laços de Família é a melhor novela do Manoel Carlos. Um drama cotidiano em sua melhor fase, com personagens humanos, interessantes e carismáticos, uma história redonda e muito bem escrita e arquitetada e uma protagonista tridimensional que reinou absoluta no centro da história, com tramas paralelas igualmente interessantes que orbitavam ao redor dela.

Que Regina Duarte não me ouça dizendo isso, mas Vera Fisher (em sua melhor forma), na minha opinião, foi a melhor Helena das tramas do Maneco. Ela convence como uma mulher moderna, dona de sua própria vida, e que é mãe, avó, mas, acima de tudo, também mulher. Linda e com muito sex appeal, a personagem é capaz de despertar paixões irrefreáveis tanto em garotões recém-formados quanto em homens vividos e maduros. A Helena de Laços de Família pode não ser tão controversa quanto a de Por Amor, que foi capaz de trocar o próprio filho com o neto na maternidade, mas também foi dona de conflitos tão interessantes quanto, tendo seus segredos, aos poucos, revelados.



Helena vive três grandes conflitos em Laços de Família. No início, ela vive um romance tórrido com o jovem Edu (Reynaldo Giannechinni), o que desperta a ira da tia controladora do rapaz, Alma (Marieta Severo). Como se não bastasse as armações dela para separar o casal, Camila (Carolina Dieckmann) se apaixona por Edu. Helena percebe e acaba abrindo mão de seu relacionamento com o rapaz por causa da felicidade da filha. Pouco tempo depois, Helena se deixa envolver por Miguel (Tony Ramos), com quem vive um relacionamento maduro, mas acaba abrindo mão desse amor, mais uma vez, por causa da filha. Camila está com leucemia (a doença salvou a personagem da Carolina Dieckmann da rejeição total do público, leia aqui) e Helena abandona Miguel para engravidar do seu primo, Pedro (José Mayer), que é o verdadeiro pai de Camila, para que o bebê possa ser o doador da medula que salvará a vida da filha. A doença de Camila acaba trazendo à tona o grande segredo do passado de Helena.


Além dos conflitos centrais da protagonista, a novela contou com outras grandes histórias. Chamou a atenção e despertou polêmicas a trama de Capitu (Giovanna Antonelli), jovem que vivia como prostituta de luxo para sustentar os pais e o filho. Na época, a personagem foi acusada de "glamourizar" a profissão (uma grande bobagem!), mas despertou a torcida e o carinho do público, que queria que ela se livrasse da perseguição do cliente obsessivo Orlando (Henri Pagnocelli), das armações da falsa amiga Simone (Vanessa Mesquita) e das chantagens de Maurinho (Luiz Nicolau), o pai de seu filho; e que vivesse feliz ao lado de Fred (Luigi Baricelli), seu romance na adolescência. Mas este amor carregava um problema: Clara (Regiane Alves), a esposa de Fred, que não aceitava o fim do casamento. É Clara quem revela na frente de todos que Capitu é prostituta, em uma cena antológica.


Aliás, cenas antológicas é o que não faltam em Laços de Família: além desta sequência, são memoráveis também os embates entre Camila e Íris (Deborah Secco), nas quais esta chamava a filha de Helena de "Juuuuuudas" por ter roubado o namorado da própria mãe, e o assassinato de Ingrid (Lilia Cabral), vítima da violência urbana. E como se esquecer da cena em que Camila raspa os cabelos ao som de Love By Grace, iniciando o drama da personagem? Impossível não chorar junto!



Laços de Família é Manoel Carlos em plena forma. O autor segue com seu estilo cronista, intimista e tranquilo, com acontecimentos que vão acontecendo aos poucos e arrebatando o público. Seu texto, embora lento, é primoroso e leva a história para algum lugar (o que não aconteceu em Em Família, que nos fazia dormir). A direção de Ricardo Waddington faz toda a diferença: ela consegue transformar as cenas cotidianas e banais em grandes acontecimentos. As duas primeiras semanas de Laços de Família, por exemplo, é praticamente toda tocada no Natal e no Ano Novo em todos os núcleos da obra, mas elas não são desnecessárias. Pelo contrário. Foi por meio destas festas de fim de ano que o público foi apresentado eficientemente a todos os personagens, e foi ali que começou a ser construído o romance entre Helena e Edu, que daria as cartas nos próximos capítulos do enredo.


Laços de Família vem mostrando todo o seu potencial na TV por assinatura. O folhetim é líder de audiência no ranking da Pay TV na faixa da meia-noite, além de ser o maior índice dentre as tramas já exibidas no horário pelo canal. Nas redes sociais, a reprise da trama também é um sucesso: a hastag #LaçosDeFamíliaNoViva, quase sempre, está entre os assuntos mais comentados do twitter diariamente. Nessas, fica a dúvida: será que Maneco merece uma segunda chance no horário nobre?


Rever Laços de Família no Viva me faz sentir uma falta danada desse estilo de trama no horário nobre, que é forte, mas, ao mesmo tempo, cotidiana, sem grandes viradas rocambolescas. Maneco perdeu a mão em suas três últimas obras (Páginas da Vida, apesar de ter sido um sucesso, começou a dar sinais do declínio do autor, que viriam a se agravar ainda mais em Viver A Vida e Em Família). Ele já avisou que não escreve mais para a faixa das nove, então o jeito é torcemos para que Maneco leve esse seu estilo tão gracioso para a faixa das onze ou das seis, como a imprensa especializada vem noticiando. Mas, se a faixa das nove já vem promovendo o resgate dos romances rurais de Benedito Ruy Barbosa que tanto fizeram sucesso nos anos 90, quem sabe, em breve, ela promova também a volta da crônica cotidiana, né? Nesse caso, Lícia Manzo surge com o nome capaz de tal feito.

Enquanto isso não acontece, vale a pena ver de novo (e sempre) Laços de Família no Viva!

Um comentário:

  1. Fiz esses cabelos com maior orgulho
    Minha melhor novela
    So ir no meu Facebook nevea oliveira

    ResponderExcluir

Bora comentar, pessoal!

Poderá gostar também de

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...