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segunda-feira, 3 de abril de 2017

Os erros em Salve Jorge que Glória Perez vai ter que evitar em A Força do Querer



Se você curte acompanhar novela das nove, sabe que ultimamente a safra do horário não tá das melhores. Faz tempo que não assistimos uma novela que una todas as tribos e nos dê vontade de ficar na frente da TV esperando pelo próximo acontecimento. A Lei do Amor foi mais um fiasco para se esquecer. Com isso, só nos resta esperar que a próxima novela de Glória Perez, depois da destrambelhada Salve Jorge, seja capaz de resgatar o sucesso dos tempos de outrora. Por isso, o Eu Critico Tu Criticas analisou a apresentação especial de A Força do Querer, que estreia hoje (03), e lançou alguns pitacos. Confira!


"Após uma década e meia apresentando a cultura de outros países, Gloria Perez decidiu mostrar os costumes brasileiros em seu novo projeto. A Região norte foi escolhida como cenário. A viagem é feita de barco até o fictício vilarejo de Parazinho. É lá que, no primeiro capítulo, Zeca (Marco Pigossi) e Ruy (Fiuk) - ainda crianças - se afogam e são salvos por índio que entrega à dupla uma espécie de amuleto e lhes dá um aviso: a água que os uniu será a mesma que irá separá-los. Uma grande desilusão amorosa é capaz de revirar a vida de qualquer pessoa e pode abrir caminhos para nova paixão. É isso que vai acontecer com Zeca. É no bairro de Portugal Pequeno que ele se refugia para esquecer Rita (Isis Valverde), que o abandonou logo após o casamento. E será nesta localidade de Niterói, bem distante de Parazinho, que ele vai conhecer Jeiza (Paolla Oliveira), uma mulher diferente de todas que já conheceu na vida".

Pra começar, ideia acertadíssima a autora resolver mostrar as riquezas do nosso Brasil ao invés de falar (pela trocentégima vez) sobre algum país estrangeiro. Salve Jorge mostrou que ninguém aguenta mais as dancinhas e os bordões estrangeiros, nem ver o português como língua oficial em qualquer lugar do mundo e a facilidade como as pessoas se locomovem, por exemplo, entre Istambul e o Rio de Janeiro. A própria Glória, que é natural do Acre, já tinha falado sobre a região na sua minissérie Amazônia, em 2007. E, mais recentemente, a novela Além do Horizonte tinha boa parte de suas cenas nessa região.

Essa parte meio mística da trama pode causar desconfiança inicial em alguns telespectadores mais exigentes e gerar cobranças caso Zeca e Ruy não tenham mais conflitos no decorrer da trama. E é o que pode acontecer se Fiuk se sair muito mal na novela e tiver seu espaço reduzido, que nem Bahuan (Márcio Garcia) de Caminho das Índias. Este tipo é muito arriscado: playboy mimado que "rouba" a namorada do mocinho pobre de coração bom. Se não for feito por um ator carismático que cative o público e que seja REALMENTE um bom ator, já era. E Fiuk, bem... Alguém se lembra de alguma atuação marcante dele? É, também não. Além do mais, Ísis Valverde e Marco Pigossi já mostraram que tem química de sobra como os mocinhos de Boogie Oogie, então Zeca já sai com vantagem na frente de Ruy na torcida do público.

Percebam também que há uma vaga semelhança ao núcleo principal de Haja Coração. Temos um caminhoneiro brutamontes (Zeca/Apolo) que disputa o amor de uma mulher (Ritinha/Tancinha) com um ricaço que promete o mundo (Beto/Ruy) e se envolve com outra que é meio feminista e não se deixa intimidar pelos homens (Tamara/Jeiza). Oxente, my good! Outro Apolo eu não vou suportar!

Aliás, seria Jeiza uma nova Dona Helo? Esse reboot de Salve Jorge tá liberado!

"Bibi (Juliana Paes) é uma mulher linda e cheia de personalidade, que necessita do fogo de uma paixão arrebatadora para ver sentido em sua vida. É em função disso que ela termina um noivado estável com o colega da faculdade de direito, Caio (Rodrigo Lombardi), para se entregar de corpo e alma à adrenalina que Rubinho (Emilio Dantas), um estudante de química que faz bicos como garçom, lhe proporciona. Com coração partido, Caio se mudou para os Estados Unidos, abandonando de vez o plano de fazer parte da diretoria da empresa de seus primos, a Irmãos Garcia. Passados 15 anos, ele está de volta ao Rio e o destino tratará de fazer Bibi cruzar o seu caminho novamente. Casada com Rubinho e mãe de Dedé, Bibi precisou interromper a faculdade para trabalhar e garantir o sustento da família. A vida do casal é cheia de paixão, mas com pouco dinheiro. Aurora (Elizângela), mãe dela, não se conforma com a escolha da filha e recorre a Caio quando Bibi está para ser despejada. Surpreendentemente, ele decide ajudar e empresta um imóvel para a ex morar com família, desde que Aurora não revele à filha quem a está ajudando. Amor, vingança ou apenas uma boa ação? Nem Caio consegue entender o que o leva a tomar tal decisão. Em princípio, a vida de Bibi melhora, mas sua louca paixão por Rubinho a levará a fazer escolhas erradas. Ela vai entrar no mundo crime e ficará conhecida por todos como 'Bibi Perigosa'. A esta altura, Caio estará ocupando um alto cargo ligado à Justiça e viverá um grande conflito íntimo entre a ética e o seu grande amor".

Juliana Paes promete e muito! A Bibi Perigosa é inspirada numa personagem real, que saiu da vida do crime e escreveu um livro sobre o assunto. Mas Caio pode ser o calcanhar de aquiles desse núcleo. Motivo? Parece ser a nova versão do (Pas)Théo, também interpretado pelo Rodrigo Lombardi, de Salve Jorge.

Em determinado momento, segundo a autora, Bibi ficará cada vez mais perigosa e mobilizará vários personagens em sua perseguição, incluindo Jeiza, e a novela ganhará contornos policialescos nessa parte. E é aí que mora o grande perigo. Em Salve Jorge, diante da patrulha que cobrava lógica e apontava diariamente todas as incoerências e os furos do seu roteiro, Glória Perez sempre usava como justificativa que novela é ficção, não tem obrigação de mostrar a realidade: "É preciso voar!". Em partes, concordo. Porém, em uma trama REALISTA e POLICIAL, não há telespectador que aceite "sonhar" ou "voar" quando está acompanhando uma história do gênero. Pistas falsas, lançadas intencionalmente pelo autor, tudo bem. Mas erros, furos, incoerências, falta de nexo são inaceitáveis. Inexperiente, talvez, no gênero, a autora acreditou que teria a cumplicidade do público em seus "voos". Lógico que não teve. Ao contrário, virou motivo de chacota. Espero que Dupla Identidade, maravilhosa série que a autora escreveu depois de Salve Jorge sobre um serial killer, tenha deixado Glorinha mais por dentro do gênero thriller policial.


"A empresa Irmãos Garcia é uma das maiores empresas de ramo alimentício no Brasil, comandada com pulso firme pelos irmãos Eugênio (Dan Stulbach) e Eurico (Humberto Martins). Embora parceiros, eles têm temperamentos completamente opostos. Eugênio quer sair do posto de chefia que ocupa e seguir a tão desejada carreira de advogado. No entanto, diversos infortúnios o fizeram adiar seus planos e, passados 15 anos, com Ruy já adulto, chega a hora de realizar o sonho adiado. Esta decisão vai acirrar os ânimos familiares. Assim como o irmão Eurico, a voluntariosa Joyce (Maria Fernanda Cândido), esposa de Eugênio, também não aceita o plano do marido. E este será apenas um dos dilemas familiares. O casal terá que lidar com as consequências das confusões de Ruy, que em uma viagem ao norte do país, se encanta por Rita (Isis Valverde) e coloca em risco seu noivado com Cibele (Bruna Linzmeyer). Já Ivana (Carol Duarte), a filha mais nova do casal, criada como a princesinha dos pais, entrará em conflito interno e se revelará trans homem. Ela vai querer resgatar a sua identidade: é um homem que nasceu em um corpo de mulher. Como a casal vai reagir diante desses turbilhões?"

Como o público vai reagir diante desse turbilhão, isso sim! Glorinha sempre foi uma mulher de vanguarda, levando discussões interessantíssimas e acaloradas ao público com temas difíceis através das suas novelas. A transexualidade é o grande trunfo de A Força do Querer e, antes mesmo da novela estrear, já gera polêmicas. Preparem-se para textões de ativistas LGBTUVWXYZ (uns dizendo que a autora "lacrou", outros criticando a abordagem) e telespectadores mais conservadores torcendo o nariz. A Globo vem meio que preparando o público sobre o tema com a série do Fantástico, "Quem Sou Eu?", encerrada no último domingo. Só espero que a transexualidade seja abordada de forma natural, sem ser enfiado goela abaixo.

"Em meio à crise em seu casamento, Eugênio se envolverá com a misteriosa Irene (Débora Falabella). Arquiteta e amiga de Silvana (Lília Cabral), a moça é manipuladora e é capaz de tudo para conseguir o quer. Tem um passado extremamente perigoso e desconhecido de todos".

Esse núcleo vem sendo extremamente similar ao de Caminho das Índias. Irene tem um quê de Ivone (Letícia MortadelaSabatella): seduz um ricaço (Eugênio/Raul), que vive em conflito com o irmão (Eurico/Ramiro) pela presidência da empresa (Irmãos Garcia/Irmãos Cadore) e está insatisfeito com sua vida e com o casamento com uma mulher voluntariosa (Joyce/Melissa) em crise, para dar um golpe nele. Só espero que Ivone seja uma vilãzona de raiz mesmo e não uma nova Lívia (a robótica líder da gangue em Salve Jorge).

"Do outro lado da família Garcia tem Eurico, um homem cético que quer ter o controle sobre tudo e sobre todos. Sua esposa, Silvana (Lilia Cabral), é o oposto. Viciada em jogo, vai cair de cabeça na dependência, colocando em risco o patrimônio da família. A filha do casal é Simone (Juliana Paiva), uma jovem linda e vaidosa e melhor amiga da prima Ivana".

O vício em jogo já tinha aparecido em Salve Jorge com o personagem Celso (Caco Ciocler), mas agora o tema terá uma abordagem ainda mais ampla, mostrando como o jogo pode destruir a vida das pessoas. Só espero que seja uma tema abordado de forma eficiente e não apenas para preencher tabela e depois ser esquecido (como o alzheimer da Vó Farid na trama anterior de Glorinha que desapareceu).


Outros personagens que podem bombar são Edinalva (Zezé Polessa) e Abel (Tonico Pereira), que prometem ser tipos bastante divertidos. Ela é mãe de Ritinha e ele é pai de Zeca, os dois não aprovam o relacionamento entre seus filhos e vivem implicando um com o outro. Eles provavelmente terão bordões e serão o alívio cômico da trama, já que Zezé e Tonico são experientes no humor e sempre cativam o público quando vivem esse tipo de papel (vide Ternurinha de Cordel Encantado e Ascânio de A Regra do Jogo).

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E eis que chegamos aos "voos" de Glória Perez. Segundo a sinopse, Ritinha acredita REALMENTE que seja uma sereia, porque ela tem certeza que é filha de um BOTO. Sim, na novela a personagem vai ser, supostamente, filha de uma união de Edinalva com um boto, boto cor de rosa mesmo, boto lenda da Amazônia. Quando uma amiga dela apresenta à ela o sereismo, ela fica empolgada não porque vai poder se vestir de sereia, mas sim porque acredita que JÁ É uma sereia, e aquilo seria um jeito de dar vazão a seu verdadeiro "eu". A coisa vai ser tão real que não vão faltar imagens de Isis de cauda e tudo. E ainda tem o núcleo cosplayer, com Yuri (Drico Alves), Heleninha (Totia Meirelles) e Junqueira (João Camargo), que vivem em conflito com o garoto que só se veste como personagens de animes e desenhos animados e só se comunica no celular. Teoricamente, o núcleo serve para fazer os pais entenderem melhor esse fenômeno de cosplayer no mundo jovem e a interferência da tecnologia em excesso na vida social e nos estudos dos mais jovens. Não sei vocês, mas já estou me preparando para rir muito involuntariamente disso tudo.

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