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quarta-feira, 19 de abril de 2017

Para o desespero dos haters, A Força do Querer vai bem, obrigado!



Estreou bem a nova investida de Gloria Perez no horário nobre, A Força do Querer. A trama entrou no ar sem pressa, mas não desinteressante. Teve um primeiro capítulo que fugiu do didatismo já cansativo da apresentação dos personagens num ritmo acelerado e foi desenrolando sua trama principal aos poucos, revelando a conexão entre as histórias de maneira bastante harmônica. Soma-se a isso o ótimo elenco e uma direção criativa de Rogério Gomes. Tudo isso vem fazendo do início da atual novela das nove um entretenimento saboroso, com Glorinha apresentando algumas novidades em seu estilo já tão conhecido.

Desta vez, a veterana novelista não centrou toda a sua história numa única heroína, como fez com Morena (Nanda Costa), Maya (Juliana Paes), Sol (Deborah Secco), Jade (Giovanna Antonnelli) e Dara (Tereza Seiblitz). Ao invés disso, trouxe diferentes tramas entrelaçadas por três personagens centrais, Ritinha (Isis Valverde), Bibi (Juliana Paes) e Jeiza (Paolla Oliveira). E até mesmo para apresentar seu trio central, a autora não teve pressa, já que o primeiro capítulo focou num prólogo envolvendo dois dos mocinhos, Zeca (Marco Pigossi) e Ruy (Fiuk). A partir deles nasce a relação entre duas grandes famílias, encabeçadas por Eugênio (Dan Stulbach) e Eurico (Humberto Martins), de onde se ramificam as tramas principais e paralelas. Ligado a eles está Caio (Rodrigo Lombardi), que tem uma história de amor com Bibi (Juliana Paes), uma das donas do primeiro capítulo. No final do primeiro episódio surge Ritinha, namorada de Zeca, mas que se envolverá com Ruy. A policial Jeiza surgiu apenas capítulos depois, ao abordar o caminhão de Zeca na estrada. Com a fuga de Ritinha para o Rio de Janeiro com Ruy, a aproximação entre Zeca e Jeiza e, mais pra frente, a entrada de Bibi no mundo do crime, as três protagonistas, finalmente, baterão de frente.

Além de não centrar sua trama numa única grande heroína, Gloria Perez também imprimiu outra novidade no enredo. Ao contrário de suas últimas novelas, que tinham o elenco tão inchado que vários personagens sumiam e apareciam ao sabor do vento, desta vez, em A Força do Querer, são poucos núcleos e personagens. Toda a trama está bastante concentrada nas duas famílias centrais e é a partir das personagens que as compõem que a autora propõem os temas que pretende discutir, como o vício em jogo de Silvana (Lilia Cabral) e a transexualidade de Ivana (Caroline Duarte), que se "descobrirá" homem.

A terceira novidade no enredo de Gloria Perez é a falta da "ponte aérea" entre o Rio de Janeiro e qualquer outra parte do mundo, como a Turquia, Marrocos, Índia ou Estados Unidos. Desta vez, o núcleo "quase estrangeiro" da história está no estado do Pará, no Brasil mesmo, dando a chance de o público “viajar” com as personagens além do eixo Rio-São Paulo, explorando uma cultura tipicamente nacional, mas não tão conhecida aqui pelos lados do Sudeste. Assim, A Força do Querer tem o ritmo e o colorido do Carimbó, do artesanato de inspiração indígena e das lendas da região amazônica, como a do Boto cor de rosa. A locação proporciona um espetáculo visual para quem assiste que dá à A Força do Querer um charme especial.

E mesmo trazendo algumas novidades, Gloria Perez continua ainda sendo Gloria Perez e carrega muito do seu DNA. Assim, A Força do Querer não esconde que pretende ser um novelão, com muitas reviravoltas e amores impossíveis. Ou seja, é um folhetim rasgado, do qual a autora é especialista. Além disso, pode-se observar alguns enredos que remetem a outras de suas histórias, como a relação entre Eurico e Eugênio, que parece um remake dos irmãos Cadore de Caminho das Índias (incluindo aí a presença de Humberto Martins nas duas histórias). À Eugênio caberá se envolver com uma vilã interesseira, neste caso Irene (Débora Falabella), tal e qual Raul Cadore (Alexandre Borges) e a psicopata Yvone (Letícia Sabatella). Já Eurico e Silvana também remetem a Glauco (Edson Celulari) e Haydée (Christiane Torloni), de América. Duas mulheres elegantes que sofrem em segredo diante de uma dificuldade: Haydée era cleptomaníaca, enquanto Silvana, como já foi dito, é viciada em jogo. Sem falar no jeito sempre caricato e estereotipado de Glorinha em retratar temas, digamos, inusitados. Do gótico Reginaldo (Eri Johnson) de De Corpo e Alma, que só andava vestido de preto, para o cosplayer Yuri (Drico Alves), que só se veste de Goku e só se comunica com a mãe através do celular, nada mudou. É tão bizarro que chega a ser divertido!

Ou seja, Gloria Perez retornou ao horário nobre inspirada e A Força do Querer, ao menos nestas primeiras semanas, parece oferecer bastante vigor à faixa. Há bons personagens, situações interessantes e belos cenários prontos para fazer o horário das nove da Globo retornar às boas diante do público. A audiência também está acima das expectativas, com médias sempre acima dos 30 pontos (é a melhor audiência para um início de novela das nove desde Império). Pelo visto, os que esperavam uma nova Salve Jorge para poderem apontar furos, erros e defeitos na nova trama de Glória Perez (como esse redator que vos fala, não vou negar) se deram mal. Se bem que ainda tem muita coisa pra acontecer na trama, então...

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