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sábado, 21 de outubro de 2017

Melhor novela de Glória Perez, A Força do Querer recuperou o prazer de acompanhar com afinco uma boa novela das nove



Faz anos que pedimos uma novela que unisse todas as tribos como foi Avenida Brasil. E parece que, contrariando algumas expectativas, esse momento finalmente chegou. Imensamente criticada em Salve Jorge (não sem razão, pois foi sua pior novela), a autora surpreendeu e resgatou o prazer de acompanhar uma boa novela das nove com afinco. O resultado: um imenso sucesso em todos os sentidos - audiência, público, crítica e repercussão.

Abandonando a antiga fórmula adotada em O Clone e repetida em suas novelas posteriores, Glória Perez mostrou que aprendeu com boa parte de seus erros e apresentou um enredo repleto de histórias fortes, personagens densos e condução ágil em grande parte do tempo.

O ponto de partida de A Força do Querer desta vez trouxe não uma, mas três riquíssimas protagonistas: Ritinha (Isis Valverde), Jeiza (Paolla Oliveira) e Bibi (Juliana Paes). Como é tradição na carreira de Glória, foram elas que ditaram o tom das histórias principais, através de suas vivências, trajetórias, desatinos, sonhos e experiências. Os perfis das três mulheres se complementavam. Ritinha, a sedutora sereia paraense, era uma garota inconsequente e egoísta, capaz de mentir e manipular, mas que não tinha noção do que era certo ou errado e por isso não via maldade em suas ações. Jeiza, a policial e lutadora, foi a representação da mulher dos tempos atuais, que mostra que pode fazer o que quiser e não deixa de ser feminina e sensual mesmo estando em ambientes considerados masculinos. Bibi, inspirada na história de Fabiana Escobar, foi o perfil mais atraente e controverso, ao se envolver com o malandro Rubinho (Emílio Dantas) e embarcar no mundo do crime, para desespero da mãe - um relacionamento que mais tarde se mostraria bastante abusivo.

Em paralelo às protagonistas, se desenvolveram os dramas da família Garcia. Joyce (Maria Fernanda Cândido), casada com Eugênio (Dan Stulbach), acreditava ter uma família perfeita, mas seu castelo de ilusões desmoronou aos poucos ao descobrir que o filho Ruy traiu a noiva Cibele (Bruna Linzmeyer) com a sereia Ritinha e a filha Ivana (Carol Duarte) não se identificava com seu gênero, enquanto o marido, desanimado com o casamento, se deixou seduzir pela interesseira Irene (Débora Falabella). O merchandising social, também recorrente nas obras de Glória Perez, se fez presente através da abordagem de temas como o vício em jogos de azar, através de Silvana (Lilia Cabral); identidade de gênero, protagonizada por Ivana e por Nonato (Silvero Pereira), motorista que levava uma vida dupla, se travestindo como Elis Miranda; e o combate ao crime, através de Jeiza.

Nesta novela, Glória aprendeu com grande parte dos erros cometidos nas novelas anteriores. A autora desta vez trabalhou com um grupo mais enxuto e as histórias foram bem melhor entrelaçadas, permitindo uma maior integração entre os núcleos e personagens. Os dramas das protagonistas foram abordados através de um rodízio, onde uma tem destaque por um certo período, passando para a outra e assim por diante.

A direção da equipe de Rogério Gomes foi outro ponto positivo. A chegada do novo diretor foi um upgrade e tanto, o que permitiu que o afiado texto de Glória se agigantasse na tela. Além disso, várias grandes cenas foram de tirar o fôlego, especialmente as operações policiais e os bailes funks ocorridos no Morro do Beco. E a escolha do elenco foi um grande acerto em sua maioria, com alguns nomes vivendo os melhores papeis de suas carreiras e apresentando promissoras revelações.

Isis Valverde, Paolla Oliveira e Juliana Paes, três grandes estrelas, honraram a força do trio protagonista. Isis esteve fantástica na pele da sereia Ritinha, mostrando todas as facetas do papel com competência e deu um ar misterioso e sensual que coube como luva para a garota paraense. Paolla, por sua vez, ganhou sua protagonista mais completa. Jeiza foi uma personagem cativante e irresistível: policial competente, lutadora cheia de energia e mulher decidida, linda e sexy. E Juliana Paes, maior destaque entre as três, esteve em completo estado de graça, retratando genialmente a impulsiva Bibi, que foi capaz de entrar para o mundo do crime e colaborar com bandidos da pior espécie, em nome do desejo de ser idolatrada - nas palavras dela, "amar grande e ser amada grande". Bibi irritou em muitos momentos por sua extrema cegueira em relação ao Rubinho e por não ouvir sua mãe (e Juliana foi maravilhosa em todas estas fortes sequências. Assim como Ritinha, despertou paixões e ódios.

Dan Stulbach e Maria Fernanda Cândido, atores que andavam sumidos das novelas, voltaram ao formato e se destacaram na pele do casal em crise - aliás, ela foi um dos maiores destaques da novela, mostrando sua competência ao interpretar a dondoca Joyce. Elizângela, intérprete de Aurora, mãe de Bibi, viu sua personagem crescer merecidamente com o destaque da trama de Bibi e emocionou com o desespero da mãe, tornando-se uma porta-voz do público. Zezé Polessa divertiu na pele da interesseira Edinalva, mãe de Ritinha; Emílio Dantas fez uma impecável composição do bandido Rubinho; Tonico Pereira e Luci Pereira formaram uma ótima dobradinha como Abel e Nazaré, pai e tia de Zeca; Lilia Cabral foi fantástica na pele de Silvana; Marco Pigossi e Humberto Martins mostraram versatilidade (dando ótimas nuances que distanciaram seus atuais perfis de outros personagens da carreira); Karla Karenina e Cláudia Mello fizeram de Dita e Zu ótimas confidentes; e Juliana Paiva, mesmo com um papel de orelha, finalmente se libertou dos traços de Fatinha, sua personagem em Malhação, e mostrou que é uma atriz promissora.

A novela ainda trouxe ótimas revelações, a começar por Carol Duarte. A estreante, responsável por Ivana, a garota transgênero que se transforma em homem (Ivan), mostrou uma impressionante maturidade para um primeiro trabalho e protagonizou sequências belíssimas. Silvero Pereira, intérprete do chofer Nonato, que se transforma em Elis Miranda, também esteve perfeito e formou uma excelente parceria com Carol. Dandara Mariana, como Marilda (amiga de Ritinha), fez uma divertida dupla com Isis Valverde. João Bravo, como Dedé, filho de Bibi e Rubinho, foi a grande revelação mirim do ano e emocionou em todas as cenas. Lorenzo Souza, o Ruyzinho, apesar de sua muito pouca idade, encantou pela graciosidade, fazendo todo o elenco (e o público) se apaixonar pelo filho de Ritinha.

Pouco mais tarde, foi a vez de Jonathan Azevedo cair nas graças do público. O intérprete do bandido Sabiá, com seu linguajar do morro, tornou o personagem um dos mais carismáticos da trama, apesar dos crimes nas costas (tanto que a autora desistiu de matar Sabiá e o deixou até o fim). E a novela ainda contou com o retorno de Carla Diaz, que estava atuando na Record, na pele da periguete Carine, a "protegida" de Rubinho, reeditando a parceria com Juliana Paes, agora como rivais.

Porém, mesmo numa boa novela, nem tudo funciona a contento. Também é preciso abordar onde a trama não foi feliz. O erro mais grave foi a escalação de Fiuk para o viver o Ruy. A falta de traquejo do rapaz e sua inexpressividade fizeram com que o personagem (um tipo imaturo e intragável em essência) se tornasse ainda mais insuportável, comprometendo seriamente o conjunto. Isto ficou ainda mais evidente nas cenas que exigiam mais dele, destoando muito dos demais.

Outro erro foi a vingança de Cibele. A ex-noiva de Ruy embarcou em um projeto de se vingar do rapaz que não teve resultado prático nenhum e só mostrou a falta de amor próprio da garota. Tanto que ela perdeu a função ao longo da novela e a personagem de Bruna Linzmeyer não tinha mais razão de existir. Aliás, Bruna não foi a única que ficou avulsa. Outros nomes não tiveram muito destaque, mesmo com um elenco mais enxuto e melhor aproveitado. Foram os casos de Edson Celulari (Dantas, um sócio de Eurico que era apaixonado por Silvana), Gustavo Machado (Cirilo, amigo de Caio), Michele Martins (Shirley, namorada de Dantas), Mariana Xavier (Biga, secretária de Eurico) e Lua Blanco (Anita, amiga de Cibele). A participação de Fafá de Belém como Almerinda, mãe de Zeca, também não disse a que veio.

A vilania de Irene, que prometia atingir todos os núcleos, se restringiu apenas a infernizar a vida de Joyce e Eugênio (inclusive com o surrado clichê da falsa gravidez). A psicopata, cujo nome verdadeiro era Solange Lima, não chegou a apresentar grandes maldades na novela. Ainda assim, Débora Falabella mostrou seu talento e versatilidade e a sequência da morte de Irene, com toques de filmes de terror, impactou.

Ainda se deve enfatizar a má condução do enredo de Silvana, que andou em círculos durante muito tempo e apresentou duas falsas viradas. Eurico chegou a descobrir o vício da mulher e ela foi para uma clínica psiquiátrica, mas logo ela conseguiu fugir e tudo voltou à estaca zero. A repetição cansou, bem como a eterna cumplicidade de Dita e o fato de Eurico não desconfiar de nada.

A novela também chegou a despertar críticas de setores mais conservadores, especialmente em função da história de Bibi - muitos enxergaram apologia e glamourização do crime no enredo. Neste caso, porém, a própria condução do enredo tratou de quebrar este argumento, através da presença de Aurora (a mãe desesperada pela vida criminosa da filha) e Jeiza, a policial competente, e Caio, o advogado incorruptível.

Um ponto que também desagradou foi a resolução dos principais dramas da novela apenas nos últimos capítulos (em vez de fazê-lo gradualmente ao longo do último mês). Com muitos desfechos a se resolverem, havia a chance de o final ficar corrido e as cenas não terem o impacto que mereciam. E, de fato, foi o que se viu em parte do último capítulo. Muitas soluções ficaram corridas, como o momento em que Eurico descobriu que Nonato se traveste como Elis Miranda (o empresário aceitou a situação de forma muito rápida) e o sequestro de Simone, em que Silvana finalmente admite ser viciada em jogos de azar. Também não ficou crível a repentina amizade entre Ruy e Zeca (que passaram a criar Ruyzinho juntos), após a tempestade que os dois enfrentaram novamente (como no primeiro capítulo). Alguns desfechos foram exibidos apenas no bloco final, narrados por Garcia (Othon Bastos). A novela merecia, no mínimo, mais uma semana para tudo ter sido desenvolvido com mais calma e satisfatoriamente.

De qualquer forma, com mais acertos que erros, Glória Perez conseguiu o que parecia improvável nos últimos anos: resgatar a mobilização em torno de uma novela das nove e fazê-la cair na boca do povo. Como resultado, se tornou o maior sucesso do horário desde Avenida Brasil, chegando na incrível (e dificílima de ser alcançada atualmente) casa dos 50 pontos no Ibope em seu último capítulo. Por tudo que apresentou, A Força do Querer não é apenas a melhor novela das nove dos últimos anos. É também a melhor novela de Glória Perez, superando até mesmo a aclamada O Clone. A autora mostrou uma clara reinvenção em seu estilo, criou grandes dramas e personagens ricos, escalou um time de primeira, com inúmeros talentos e poucas exceções, e apresentou uma novela forte, intensa e deliciosa de acompanhar. A Força do Querer já deixou saudades e fatalmente deverá ganhar diversos (e merecidos) prêmios no final do ano.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Para o desespero dos haters, A Força do Querer vai bem, obrigado!



Estreou bem a nova investida de Gloria Perez no horário nobre, A Força do Querer. A trama entrou no ar sem pressa, mas não desinteressante. Teve um primeiro capítulo que fugiu do didatismo já cansativo da apresentação dos personagens num ritmo acelerado e foi desenrolando sua trama principal aos poucos, revelando a conexão entre as histórias de maneira bastante harmônica. Soma-se a isso o ótimo elenco e uma direção criativa de Rogério Gomes. Tudo isso vem fazendo do início da atual novela das nove um entretenimento saboroso, com Glorinha apresentando algumas novidades em seu estilo já tão conhecido.

Desta vez, a veterana novelista não centrou toda a sua história numa única heroína, como fez com Morena (Nanda Costa), Maya (Juliana Paes), Sol (Deborah Secco), Jade (Giovanna Antonnelli) e Dara (Tereza Seiblitz). Ao invés disso, trouxe diferentes tramas entrelaçadas por três personagens centrais, Ritinha (Isis Valverde), Bibi (Juliana Paes) e Jeiza (Paolla Oliveira). E até mesmo para apresentar seu trio central, a autora não teve pressa, já que o primeiro capítulo focou num prólogo envolvendo dois dos mocinhos, Zeca (Marco Pigossi) e Ruy (Fiuk). A partir deles nasce a relação entre duas grandes famílias, encabeçadas por Eugênio (Dan Stulbach) e Eurico (Humberto Martins), de onde se ramificam as tramas principais e paralelas. Ligado a eles está Caio (Rodrigo Lombardi), que tem uma história de amor com Bibi (Juliana Paes), uma das donas do primeiro capítulo. No final do primeiro episódio surge Ritinha, namorada de Zeca, mas que se envolverá com Ruy. A policial Jeiza surgiu apenas capítulos depois, ao abordar o caminhão de Zeca na estrada. Com a fuga de Ritinha para o Rio de Janeiro com Ruy, a aproximação entre Zeca e Jeiza e, mais pra frente, a entrada de Bibi no mundo do crime, as três protagonistas, finalmente, baterão de frente.

Além de não centrar sua trama numa única grande heroína, Gloria Perez também imprimiu outra novidade no enredo. Ao contrário de suas últimas novelas, que tinham o elenco tão inchado que vários personagens sumiam e apareciam ao sabor do vento, desta vez, em A Força do Querer, são poucos núcleos e personagens. Toda a trama está bastante concentrada nas duas famílias centrais e é a partir das personagens que as compõem que a autora propõem os temas que pretende discutir, como o vício em jogo de Silvana (Lilia Cabral) e a transexualidade de Ivana (Caroline Duarte), que se "descobrirá" homem.

A terceira novidade no enredo de Gloria Perez é a falta da "ponte aérea" entre o Rio de Janeiro e qualquer outra parte do mundo, como a Turquia, Marrocos, Índia ou Estados Unidos. Desta vez, o núcleo "quase estrangeiro" da história está no estado do Pará, no Brasil mesmo, dando a chance de o público “viajar” com as personagens além do eixo Rio-São Paulo, explorando uma cultura tipicamente nacional, mas não tão conhecida aqui pelos lados do Sudeste. Assim, A Força do Querer tem o ritmo e o colorido do Carimbó, do artesanato de inspiração indígena e das lendas da região amazônica, como a do Boto cor de rosa. A locação proporciona um espetáculo visual para quem assiste que dá à A Força do Querer um charme especial.

E mesmo trazendo algumas novidades, Gloria Perez continua ainda sendo Gloria Perez e carrega muito do seu DNA. Assim, A Força do Querer não esconde que pretende ser um novelão, com muitas reviravoltas e amores impossíveis. Ou seja, é um folhetim rasgado, do qual a autora é especialista. Além disso, pode-se observar alguns enredos que remetem a outras de suas histórias, como a relação entre Eurico e Eugênio, que parece um remake dos irmãos Cadore de Caminho das Índias (incluindo aí a presença de Humberto Martins nas duas histórias). À Eugênio caberá se envolver com uma vilã interesseira, neste caso Irene (Débora Falabella), tal e qual Raul Cadore (Alexandre Borges) e a psicopata Yvone (Letícia Sabatella). Já Eurico e Silvana também remetem a Glauco (Edson Celulari) e Haydée (Christiane Torloni), de América. Duas mulheres elegantes que sofrem em segredo diante de uma dificuldade: Haydée era cleptomaníaca, enquanto Silvana, como já foi dito, é viciada em jogo. Sem falar no jeito sempre caricato e estereotipado de Glorinha em retratar temas, digamos, inusitados. Do gótico Reginaldo (Eri Johnson) de De Corpo e Alma, que só andava vestido de preto, para o cosplayer Yuri (Drico Alves), que só se veste de Goku e só se comunica com a mãe através do celular, nada mudou. É tão bizarro que chega a ser divertido!

Ou seja, Gloria Perez retornou ao horário nobre inspirada e A Força do Querer, ao menos nestas primeiras semanas, parece oferecer bastante vigor à faixa. Há bons personagens, situações interessantes e belos cenários prontos para fazer o horário das nove da Globo retornar às boas diante do público. A audiência também está acima das expectativas, com médias sempre acima dos 30 pontos (é a melhor audiência para um início de novela das nove desde Império). Pelo visto, os que esperavam uma nova Salve Jorge para poderem apontar furos, erros e defeitos na nova trama de Glória Perez (como esse redator que vos fala, não vou negar) se deram mal. Se bem que ainda tem muita coisa pra acontecer na trama, então...

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Os erros em Salve Jorge que Glória Perez vai ter que evitar em A Força do Querer



Se você curte acompanhar novela das nove, sabe que ultimamente a safra do horário não tá das melhores. Faz tempo que não assistimos uma novela que una todas as tribos e nos dê vontade de ficar na frente da TV esperando pelo próximo acontecimento. A Lei do Amor foi mais um fiasco para se esquecer. Com isso, só nos resta esperar que a próxima novela de Glória Perez, depois da destrambelhada Salve Jorge, seja capaz de resgatar o sucesso dos tempos de outrora. Por isso, o Eu Critico Tu Criticas analisou a apresentação especial de A Força do Querer, que estreia hoje (03), e lançou alguns pitacos. Confira!


"Após uma década e meia apresentando a cultura de outros países, Gloria Perez decidiu mostrar os costumes brasileiros em seu novo projeto. A Região norte foi escolhida como cenário. A viagem é feita de barco até o fictício vilarejo de Parazinho. É lá que, no primeiro capítulo, Zeca (Marco Pigossi) e Ruy (Fiuk) - ainda crianças - se afogam e são salvos por índio que entrega à dupla uma espécie de amuleto e lhes dá um aviso: a água que os uniu será a mesma que irá separá-los. Uma grande desilusão amorosa é capaz de revirar a vida de qualquer pessoa e pode abrir caminhos para nova paixão. É isso que vai acontecer com Zeca. É no bairro de Portugal Pequeno que ele se refugia para esquecer Rita (Isis Valverde), que o abandonou logo após o casamento. E será nesta localidade de Niterói, bem distante de Parazinho, que ele vai conhecer Jeiza (Paolla Oliveira), uma mulher diferente de todas que já conheceu na vida".

Pra começar, ideia acertadíssima a autora resolver mostrar as riquezas do nosso Brasil ao invés de falar (pela trocentégima vez) sobre algum país estrangeiro. Salve Jorge mostrou que ninguém aguenta mais as dancinhas e os bordões estrangeiros, nem ver o português como língua oficial em qualquer lugar do mundo e a facilidade como as pessoas se locomovem, por exemplo, entre Istambul e o Rio de Janeiro. A própria Glória, que é natural do Acre, já tinha falado sobre a região na sua minissérie Amazônia, em 2007. E, mais recentemente, a novela Além do Horizonte tinha boa parte de suas cenas nessa região.

Essa parte meio mística da trama pode causar desconfiança inicial em alguns telespectadores mais exigentes e gerar cobranças caso Zeca e Ruy não tenham mais conflitos no decorrer da trama. E é o que pode acontecer se Fiuk se sair muito mal na novela e tiver seu espaço reduzido, que nem Bahuan (Márcio Garcia) de Caminho das Índias. Este tipo é muito arriscado: playboy mimado que "rouba" a namorada do mocinho pobre de coração bom. Se não for feito por um ator carismático que cative o público e que seja REALMENTE um bom ator, já era. E Fiuk, bem... Alguém se lembra de alguma atuação marcante dele? É, também não. Além do mais, Ísis Valverde e Marco Pigossi já mostraram que tem química de sobra como os mocinhos de Boogie Oogie, então Zeca já sai com vantagem na frente de Ruy na torcida do público.

Percebam também que há uma vaga semelhança ao núcleo principal de Haja Coração. Temos um caminhoneiro brutamontes (Zeca/Apolo) que disputa o amor de uma mulher (Ritinha/Tancinha) com um ricaço que promete o mundo (Beto/Ruy) e se envolve com outra que é meio feminista e não se deixa intimidar pelos homens (Tamara/Jeiza). Oxente, my good! Outro Apolo eu não vou suportar!

Aliás, seria Jeiza uma nova Dona Helo? Esse reboot de Salve Jorge tá liberado!

"Bibi (Juliana Paes) é uma mulher linda e cheia de personalidade, que necessita do fogo de uma paixão arrebatadora para ver sentido em sua vida. É em função disso que ela termina um noivado estável com o colega da faculdade de direito, Caio (Rodrigo Lombardi), para se entregar de corpo e alma à adrenalina que Rubinho (Emilio Dantas), um estudante de química que faz bicos como garçom, lhe proporciona. Com coração partido, Caio se mudou para os Estados Unidos, abandonando de vez o plano de fazer parte da diretoria da empresa de seus primos, a Irmãos Garcia. Passados 15 anos, ele está de volta ao Rio e o destino tratará de fazer Bibi cruzar o seu caminho novamente. Casada com Rubinho e mãe de Dedé, Bibi precisou interromper a faculdade para trabalhar e garantir o sustento da família. A vida do casal é cheia de paixão, mas com pouco dinheiro. Aurora (Elizângela), mãe dela, não se conforma com a escolha da filha e recorre a Caio quando Bibi está para ser despejada. Surpreendentemente, ele decide ajudar e empresta um imóvel para a ex morar com família, desde que Aurora não revele à filha quem a está ajudando. Amor, vingança ou apenas uma boa ação? Nem Caio consegue entender o que o leva a tomar tal decisão. Em princípio, a vida de Bibi melhora, mas sua louca paixão por Rubinho a levará a fazer escolhas erradas. Ela vai entrar no mundo crime e ficará conhecida por todos como 'Bibi Perigosa'. A esta altura, Caio estará ocupando um alto cargo ligado à Justiça e viverá um grande conflito íntimo entre a ética e o seu grande amor".

Juliana Paes promete e muito! A Bibi Perigosa é inspirada numa personagem real, que saiu da vida do crime e escreveu um livro sobre o assunto. Mas Caio pode ser o calcanhar de aquiles desse núcleo. Motivo? Parece ser a nova versão do (Pas)Théo, também interpretado pelo Rodrigo Lombardi, de Salve Jorge.

Em determinado momento, segundo a autora, Bibi ficará cada vez mais perigosa e mobilizará vários personagens em sua perseguição, incluindo Jeiza, e a novela ganhará contornos policialescos nessa parte. E é aí que mora o grande perigo. Em Salve Jorge, diante da patrulha que cobrava lógica e apontava diariamente todas as incoerências e os furos do seu roteiro, Glória Perez sempre usava como justificativa que novela é ficção, não tem obrigação de mostrar a realidade: "É preciso voar!". Em partes, concordo. Porém, em uma trama REALISTA e POLICIAL, não há telespectador que aceite "sonhar" ou "voar" quando está acompanhando uma história do gênero. Pistas falsas, lançadas intencionalmente pelo autor, tudo bem. Mas erros, furos, incoerências, falta de nexo são inaceitáveis. Inexperiente, talvez, no gênero, a autora acreditou que teria a cumplicidade do público em seus "voos". Lógico que não teve. Ao contrário, virou motivo de chacota. Espero que Dupla Identidade, maravilhosa série que a autora escreveu depois de Salve Jorge sobre um serial killer, tenha deixado Glorinha mais por dentro do gênero thriller policial.


"A empresa Irmãos Garcia é uma das maiores empresas de ramo alimentício no Brasil, comandada com pulso firme pelos irmãos Eugênio (Dan Stulbach) e Eurico (Humberto Martins). Embora parceiros, eles têm temperamentos completamente opostos. Eugênio quer sair do posto de chefia que ocupa e seguir a tão desejada carreira de advogado. No entanto, diversos infortúnios o fizeram adiar seus planos e, passados 15 anos, com Ruy já adulto, chega a hora de realizar o sonho adiado. Esta decisão vai acirrar os ânimos familiares. Assim como o irmão Eurico, a voluntariosa Joyce (Maria Fernanda Cândido), esposa de Eugênio, também não aceita o plano do marido. E este será apenas um dos dilemas familiares. O casal terá que lidar com as consequências das confusões de Ruy, que em uma viagem ao norte do país, se encanta por Rita (Isis Valverde) e coloca em risco seu noivado com Cibele (Bruna Linzmeyer). Já Ivana (Carol Duarte), a filha mais nova do casal, criada como a princesinha dos pais, entrará em conflito interno e se revelará trans homem. Ela vai querer resgatar a sua identidade: é um homem que nasceu em um corpo de mulher. Como a casal vai reagir diante desses turbilhões?"

Como o público vai reagir diante desse turbilhão, isso sim! Glorinha sempre foi uma mulher de vanguarda, levando discussões interessantíssimas e acaloradas ao público com temas difíceis através das suas novelas. A transexualidade é o grande trunfo de A Força do Querer e, antes mesmo da novela estrear, já gera polêmicas. Preparem-se para textões de ativistas LGBTUVWXYZ (uns dizendo que a autora "lacrou", outros criticando a abordagem) e telespectadores mais conservadores torcendo o nariz. A Globo vem meio que preparando o público sobre o tema com a série do Fantástico, "Quem Sou Eu?", encerrada no último domingo. Só espero que a transexualidade seja abordada de forma natural, sem ser enfiado goela abaixo.

"Em meio à crise em seu casamento, Eugênio se envolverá com a misteriosa Irene (Débora Falabella). Arquiteta e amiga de Silvana (Lília Cabral), a moça é manipuladora e é capaz de tudo para conseguir o quer. Tem um passado extremamente perigoso e desconhecido de todos".

Esse núcleo vem sendo extremamente similar ao de Caminho das Índias. Irene tem um quê de Ivone (Letícia MortadelaSabatella): seduz um ricaço (Eugênio/Raul), que vive em conflito com o irmão (Eurico/Ramiro) pela presidência da empresa (Irmãos Garcia/Irmãos Cadore) e está insatisfeito com sua vida e com o casamento com uma mulher voluntariosa (Joyce/Melissa) em crise, para dar um golpe nele. Só espero que Ivone seja uma vilãzona de raiz mesmo e não uma nova Lívia (a robótica líder da gangue em Salve Jorge).

"Do outro lado da família Garcia tem Eurico, um homem cético que quer ter o controle sobre tudo e sobre todos. Sua esposa, Silvana (Lilia Cabral), é o oposto. Viciada em jogo, vai cair de cabeça na dependência, colocando em risco o patrimônio da família. A filha do casal é Simone (Juliana Paiva), uma jovem linda e vaidosa e melhor amiga da prima Ivana".

O vício em jogo já tinha aparecido em Salve Jorge com o personagem Celso (Caco Ciocler), mas agora o tema terá uma abordagem ainda mais ampla, mostrando como o jogo pode destruir a vida das pessoas. Só espero que seja uma tema abordado de forma eficiente e não apenas para preencher tabela e depois ser esquecido (como o alzheimer da Vó Farid na trama anterior de Glorinha que desapareceu).


Outros personagens que podem bombar são Edinalva (Zezé Polessa) e Abel (Tonico Pereira), que prometem ser tipos bastante divertidos. Ela é mãe de Ritinha e ele é pai de Zeca, os dois não aprovam o relacionamento entre seus filhos e vivem implicando um com o outro. Eles provavelmente terão bordões e serão o alívio cômico da trama, já que Zezé e Tonico são experientes no humor e sempre cativam o público quando vivem esse tipo de papel (vide Ternurinha de Cordel Encantado e Ascânio de A Regra do Jogo).

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E eis que chegamos aos "voos" de Glória Perez. Segundo a sinopse, Ritinha acredita REALMENTE que seja uma sereia, porque ela tem certeza que é filha de um BOTO. Sim, na novela a personagem vai ser, supostamente, filha de uma união de Edinalva com um boto, boto cor de rosa mesmo, boto lenda da Amazônia. Quando uma amiga dela apresenta à ela o sereismo, ela fica empolgada não porque vai poder se vestir de sereia, mas sim porque acredita que JÁ É uma sereia, e aquilo seria um jeito de dar vazão a seu verdadeiro "eu". A coisa vai ser tão real que não vão faltar imagens de Isis de cauda e tudo. E ainda tem o núcleo cosplayer, com Yuri (Drico Alves), Heleninha (Totia Meirelles) e Junqueira (João Camargo), que vivem em conflito com o garoto que só se veste como personagens de animes e desenhos animados e só se comunica no celular. Teoricamente, o núcleo serve para fazer os pais entenderem melhor esse fenômeno de cosplayer no mundo jovem e a interferência da tecnologia em excesso na vida social e nos estudos dos mais jovens. Não sei vocês, mas já estou me preparando para rir muito involuntariamente disso tudo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

E quando a vida imita a arte?


Ferido, Santo (Domingos Montagner) é levado pelo Velho Chico

A morte de Domingos Montagner nesta quinta-feira (15) é uma infeliz coincidência de quando a vida imita a arte. O personagem Santo dos Anjos, vivido pelo ator na novela Velho Chico, chegou a ser dado como morto há alguns capítulos, quando sofreu um atentado e ferido por tiros, caiu no rio, sendo levado pelas místicas águas. Ensanguentado, abatido por três tiros, ele foi resgatado por uma tribo indígena, praticamente morto. Muito debilitado, Santo foi tratado pelos índios e conseguiu se recuperar e voltar para os braços de sua amada, Tereza (Camila Pitanga).

Mas na vida real, o final não foi nada feliz. Domingos Montagner tinha acabado de gravar cenas dos capítulos finais da novela e infelizmente, ao mergulhar no rio com a Camila Pitanga, foi levado pela forte correnteza e encontrado morto horas depois. Na vida real, nada foi possível fazer para salvar a vida de Domingos. As sete vidas perderam o Miguel. O sertão perdeu o Capitão Herculano. Grotas do Sul perdeu Santo. E nós perdemos um grande ator.



Relembre alguns casos em que a ficção ultrapassou as barreiras da realidade:

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Em Corpo a Corpo, Zezé Motta vivia um relacionamento inter-racial com Marcos Paulo. Ela, uma negra de classe média. Ele, um jovem galã branco de família rica. Mas não foi só na novela que a atriz sofreu com o preconceito. Corpo a Corpo ficou marcada pelo pior exemplo de racismo que já se viu na história da nossa televisão, pois parte dos telespectadores se revoltou contra esse romance. O ator, um dos homens mais bonitos da TV na época, chegou a receber ameaças por causa do papel. Nas cartas que enviavam para a central de atendimento da Globo, houve relatos de telespectadores dizendo que mudavam de canal porque não podiam acreditar "que um gato como o Marcos Paulo pudesse ser apaixonado por uma mulher preta horrorosa", que achavam que "o Marcos Paulo devia estar precisando muito de dinheiro para se humilhar a esse ponto" e chegando a fazer um abaixo-assinado pedindo que a personagem de Zezé Motta fosse morta na trama porque achavam um absurdo uma negra beijando um galã branco na TV.

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Muitos famosos acabam se rendendo aos encantos dos colegas de elenco e uma história de amor na ficção passa a vida real também. Débora Nascimento, por exemplo, acabou terminando um casamento para dar chance à química que sentiu ao contracenar com José Loreto em cenas tórridas em Avenida Brasil; que também formou outro casal, Murilo Benício e Débora Falabella (em algum momento na trama, Tufão se apaixonou por Nina). Entre muitos outros casos: Claudia Raia e Edson Celulari (Deus nos Acuda), Daniel de Oliveira e Sophie Charlotte (O Rebu), Nathalia Dill e Sérgio Guizé (Alto Astral), Letícia Spiller e Marcelo Novaes (Quatro por Quatro)...

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Toda a questão do problema do transplante e da doação de órgãos no Brasil abordado em De Corpo e Alma foi suplantado por um crime que chocou todo o país e gerou mudanças na Lei de Crimes Hediondos: a morte da jovem atriz Daniella Perez, filha da autora do folhetim, Glória Perez, assassinada pelo seu colega de elenco Guilherme de Pádua, na noite do dia 28 de dezembro de 1992. Os dois interpretavam um casal romântico da novela: Yasmin e Bira. 

No trágico dia, Daniella e Guilherme gravaram uma cena em que Yasmin dava um fora em Bira. Após a cena, o ator teve uma crise de choro nos bastidores, esmurrou o estúdio e procurou por Daniella no camarim. De acordo com as camareiras, ele entregou bilhetes à atriz, que não queria vê-lo. Segundo atores do elenco da novela, Guilherme assediava muito Daniella na esperança de que ela, sendo filha da autora, pudesse fazer com que ele ganhasse mais espaço na trama. Porém, pouco antes do crime, Guilherme ficou transtornado ao receber o roteiro dos próximos capítulos da novela e ver que seu papel no folhetim era cada vez menor e com poucas falas.

Após as gravações do dia 28, Guilherme saiu do estúdio e foi até Copacabana, onde morava com a esposa Paula, extremamente ciumenta em relação ao ator. Dez dias antes, Guilherme havia tatuado o nome da mulher no pênis, e ela tatuou o nome dele na virilha. Por volta das 21h, Daniella terminou de gravar e seguiu para o estacionamento com Guilherme. Após tirarem fotos com fãs, a atriz entrou em seu carro e saiu sozinha do estacionamento. Guilherme partiu em seguida. Pouco depois, Daniella parou para abastecer em um posto na avenida Alvorada. Quando a atriz saía do posto, teve seu carro fechado pelo de Guilherme. Os dois desceram do carro e Guilherme deu um soco no rosto de Daniella, que caiu desacordada. Dois frentistas testemunharam a agressão. Ele, então, colocou a atriz desacordada no banco de trás do seu carro, que passou a ser dirigido por Paula e partiram para um terreno baldio, onde o corpo de Daniella foi deixado com 18 perfurações provocados por Paula com uma tesoura que atingiram pulmão, pescoço e coração. Segundo as investigações, ela foi ferida dentro e fora do carro.

Mesmo abatida com a fatalidade, Glória conduziu a história até o fim. Durante os sete dias que seguiram ao crime, Gilberto Braga e Leonor Bassères assumiram a responsabilidade de escrever os capítulos e dar uma solução para o desaparecimento dos personagens. Depois de uma semana, Glória Perez retomou e aproveitou para incluir mais dois assuntos polêmicos na trama: a morosidade da Justiça e a inadequação do Código Penal. Ao final do primeiro capítulo sem Daniella Perez, os atores e o diretor Fábio Sabag prestaram uma homenagem à atriz com depoimentos gravados e a história prosseguiu. A saída de Yasmin da novela foi explicada com uma viagem de estudos. Já o personagem Bira simplesmente deixou de existir.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Por quais novelas nossos autores merecem uma medalha de ouro, prata e bronze?



Todo mundo sabe como funciona o Brasil antes de um evento de grande porte. A gente reclama de tudo, desde a infraestrutura até do gasto que teremos (NÃO VAI TER COPA!!! NÃO VAI TER OLIMPÍADA!!!), mas quando começa o que acontece? TODO MUNDO AMA! Sim, estou assistindo todos os jogos (na TV, é claro, porque não tenho dinheiro pra comprar ingresso), estou torcendo para os nossos atletas e vibro a cada medalha ganhada. Mas como isso aqui é um blog de novelas, e se fizéssemos uma Olimpíada para os nossos novelistas? Por quais novelas eles merecem ganhar uma medalha de ouro, prata e bronze? Isso você confere agora:











Claro que faltaram outros grandes autores e esse texto é baseado unicamente na minha opinião, portanto, fiquem a vontade para concordar ou não e dar suas sugestões nos comentários!

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