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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Mudanças sem sentido fazem de 'Pro Dia Nascer Feliz' mais uma decepção



Emanuel Jacobina retornou à Malhação após a elogiada temporada Sonhos, desenvolvida por Rosane Svartman e Paulo Halm. Intitulada Seu Lugar no Mundo, a história desenvolvida por Jacobina parecia interessante no começo, mas foi se perdendo em meio a conduções inverossímeis, personagens perdendo suas funções e abordagens equivocadas. Ainda assim, parecia que a chance de se redimir viria com a temporada seguinte, intitulada Pro Dia Nascer Feliz, que chega ao fim semana que vem. Ledo engano.

A atual edição conseguiu repetir os mesmos erros da anterior, apesar de apresentar um elenco um pouco melhor. Foram aproveitados poucos personagens para o novo enredo, entre eles Jéssica (Laryssa Ayres), Nanda (Amanda de Godoi), Krica (Cynthia Senek) e Cleiton (Nego do Borel). Enquanto isso, como exemplo, Marina Moschen e Nicolas Prattes, que viveram o casal Luciana e Rodrigo (malconduzido pelo autor), estão repetindo o par em Rock Story, atual novela das sete, desta vez de forma bem mais rica e realmente convincente, interpretando respectivamente a patricinha Yasmin e o cantor Zac, líder da banda 4.4.

Um dos erros é a personalidade da mocinha Joana (Aline Dias). De início uma protagonista de atitude e pulso firme, ao longo do tempo, a personagem se tornou muito intrometida e chata. A falta de química com Felipe Roque (que vive o mocinho Gabriel e também mostrou altas doses de canastrice) também foi evidente, a ponto de Joana passar a se envolver com o irmão dele, Giovane (Ricardo Vianna).

A rival de Joana, Bárbara (Bárbara França), também sofreu com as mudanças estapafúrdias. A filha mais velha de Ricardo (Marcos Pasquim) sempre foi uma vilã voluntariosa, a ponto de fazer ofensas racistas e xenofóbicas contra a rival. Até aí, sem problemas. Porém, a personagem guardava um lado humano interessante em função da convivência com suas irmãs Juliana (Giulia Gayoso) e Manuela (Milena Melo). Essa complexidade foi esquecida sem qualquer motivo aparente. As brigas entre as personagens, que deveriam ser usadas como um bom recurso para a relação conflituosa entre elas, tornaram-se constantes a ponto de cansar. Dia sim e dia também Bárbara e Joana tinham longas cenas de discussão, brigando sempre pelos mesmos motivos: ora pelo Gabriel, ora pelo pai Ricardo, ora pela academia... Ai, que soninho...


Juliana, por sua vez, tinha uma interessante relação de gato e rato com Lucas (Bruno Guedes). As provocações entre os dois faziam do par o mais promissor da temporada. Até que ela se apaixonou por Jabá (Fábio Scalon) e houve uma inversão de personalidades entre eles: o primeiro, arrogante, virou uma boa pessoa, enquanto Lucas virou um babaca irresponsável. Este chegou a se envolver com Martinha (Malu Pizzatto) sem nunca ter sido amigo dela e, para piorar, ela ficou grávida. A abordagem da gestação foi erroneamente desenvolvida, parecendo algo engraçadinho e super legal na vida de um adolescente - e não uma coisa séria, como deveria ser - e repetindo o erro cometido com Krica e Cleiton na temporada anterior.

Nanda, por sua vez, chegou a se envolver com Rômulo (Juliano Laham) para tentar esquecer Filipe (Francisco Vitti), todavia, as constantes desconfianças e a indecisão amorosa dela a transformaram em um tipo irritante e cansativo, desvalorizando o talento de Amanda de Godoi (a mais promissora revelação de Seu Lugar no Mundo). Para piorar, entrou na história o professor Renato (Jayme Matarazzo), para quem supostamente o coração do ex foi doado. O triângulo nada acrescentou e o autor resolveu recorrer a cenas de Filipe como fantasma (bem cafonas, diga-se de passagem) e aproximar Rômulo de Sula (Malu Falangola), amiga cearense de Joana, para fazer ciúmes em Nanda. Nada disso funcionou. Inclusive, fez o efeito contrário, já que Rômulo e Sula formaram, inesperadamente, um casal até que bonitinho.

Agora, foi a vez de Caio (Thiago Fragoso) também sofrer com a mudança de personalidade. O cunhado de Ricardo, irmão da esposa falecida deste, era uma boa pessoa, embora guardasse mágoa do dono da academia Forma em função do acidente. Entretanto, foi transformado em um psicopata perverso, a ponto de se disfarçar de enfermeiro para matar o próprio irmão, assassinar a ex-namorada de Ricardo e sequestrar Tita. Tudo com a maior frieza do mundo. Algo que em nada condiz com seu perfil inicial.

Apesar dos problemas, o elenco consegue tirar proveito do fraco roteiro e aproveita todas as oportunidades. Bárbara França é o maior destaque da temporada e uma das maiores revelações da Malhação dos últimos tempos. Sua entrega total a personagem foi fantástica! Aline Dias, Malu Falangola, Giulia Gayoso, Amanda de Godoi, Laryssa Ayres e Milena Melo são outros bons nomes da turma jovem. Entre os adultos, Deborah Secco também está muito bem como Tânia e Thiago Fragoso, bom ator que é, consegue convencer em todas as nuances de Caio (apesar dos pesares). A grandiosa Joana Fomm, em participação especial, emociona como a avó de Gabriel e Giovane, dona Cleo. Como pontos negativos, as fracas atuações de Felipe Roque (Gabriel), Nego do Borel (Cleiton) e Juliano Laham (Rômulo).

Apesar da boa audiência, Malhação - Pro Dia Nascer Feliz sai de cena nada feliz, repetindo a fraca trajetória de sua antecessora e novamente se perdeu em meio a uma condução pífia e ao desperdício de personagens e enredos, por parte do autor Emanuel Jacobina. Com isto, só resta torcer pela próxima temporada, intitulada Viva a Diferença e assinada pelo cineasta Cao Hamburger, responsável por produções como Castelo Rá-Tim-Bum, Pedro e Bianca e Que Monstro Te Mordeu?, exibidas na TV Cultura.

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