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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Walcyr Carrasco: o Rei da Versatilidade e da Audiência



Uma máquina de fazer novelas. Assim podemos definir Walcyr Carrasco. O mais versátil dos autores da atualidade, já escreveu para todas as faixas de novelas e conseguiu emplacar sucessos em todos os horários. Tanto que é um dos escritores mais requisitados da Globo, que sempre encomenda várias novelas a ele, ao contrário do que ocorre com seus colegas, que têm um período de férias bastante longo quando terminam seus folhetins. No caso do escritor, é praticamente uma novela atrás da outra.



A primeira novela dele foi no SBT, quando escreveu Cortina de Vidro (1989). Na década de 90, foi para a TV Manchete, onde escreveu três minisséries: Rosa dos Rumos (1990), Filhos do Sol (1991) e O Guarani (1991). Mas seu grande sucesso mesmo na extinta emissora foi a polêmica Xica da Silva (1996), que o despontou como autor. O folhetim era extremamente forte e, apostando alto no erotismo, trouxe de volta à Rede Manchete o segundo lugar no ranking de audiência da televisão, fazendo com que a extinta emissora recobrasse seu prestígio depois de anos de crise (pena que, dois anos depois, faliu). Xica da Silva foi uma novela empolgante, caprichada, sensual, realista e não poupou em cenas de violência explícita. São inúmeras as sequências de assassinatos, execuções, torturas e até mesmo bruxarias. Vários foram os destaques do elenco. Além de Taís Araújo, a primeira protagonista negra da história da nossa teledramaturgia, revelada nessa novela, destacou-se também Drica Moraes, ao interpretar a diabólica vilã Violante, um papel marcante e o melhor da carreira da atriz.



Vale lembrar que Walcyr assinou a obra sob o pseudônimo de Adamo Rangel, pois era contratado do SBT na época. Descoberto, Silvio Santos obrigou Carrasco a escrever uma novela para o SBT, como punição: Fascinação (1998). Com o estilo de novelas mexicanas melodramáticas e filmes água com açúcar, a novela teve uma boa audiência: 10 pontos, quando se esperava 7. Parece pouco, mas competia com a novela das nove, Torre de Babel, em sua fase de rejeição com o público (leia aqui).



Já em 2000, o autor foi contratado pela Globo, onde está até hoje. Sua estreia foi em grande estilo. Ele simplesmente escreveu, em parceria com Mário Teixeira, um dos maiores e mais lembrados sucessos das seis: O Cravo e a Rosa, comédia romântica leve e divertida que alavancou a audiência no horário das seis como poucas vezes se viu. Baseada no clássico A Megera Domada, de William Shakespeare, a trama conquistou o público e foi brilhantemente protagonizada por Adriana Esteves e Eduardo Moscóvis. Catarina e Petruchio eram um casal apaixonante e hilário. Ney Latorraca, Maria Padilha, Drica Moraes, Luís Mello, Pedro Paulo Rangel, Suely Franco, Eva Todor, Sueli Franco e Taumaturgo Ferreira, entre outros do elenco, também mostraram um ótimo lado cômico em cena.

Depois desse grande acerto, o autor teve seu primeiro tropeço na carreira. Um dos poucos. Talvez, o único. Empolgada com o êxito da primeira novela dele na emissora, a Globo encomendou logo outro trabalho e veio, em 2001, A Padroeira. O tema central foi a devoção à imagem de Nossa Senhora da Aparecida, encontrada por pescadores. Mas a história morna foi rejeitada pelo público e teve baixa audiência. Sofreu inúmeras modificações na história e na personalidade dos personagens. Parte do elenco original saiu e novos personagens foram criados para dar mais "vida" à história. Reformulada por completo, apresentou uma ligeira melhora no Ibope, mas terminou como um fiasco.

Em 2002, ele foi chamado às pressas para assumir a péssima Esperança, que estava naufragando o horário nobre. Conseguiu melhorar os índices com as alterações no roteiro, mas não fez milagre.



Foi apenas em 2003 que Walcyr fez as pazes com o sucesso com um acerto e tanto. Novamente de volta ao horário das seis, o autor escreveu a deliciosa Chocolate com Pimenta. O folhetim esteve nas alturas e é o segundo maior Ibope do horário das 18 horas desse século. Vários fatores contribuíram para o sucesso: um par de atrizes jovens, bonitas e talentosas nos postos de heroína e vilã (Mariana Ximenes e Priscila Fantin, respectivamente), veteranos de renome em papéis cômicos, uma excelente reconstituição de época e a direção inspirada de um especialista em humor, Jorge Fernando, marcando o início da boa parceira com o Walcyr. Esta foi também a primeira trama do escritor que abusou das guerras de comida, virando uma de suas marcas principais em histórias mais leves.



Dois anos depois, Walcyr conseguiu superar a si mesmo. Isso porque, se mantendo na faixa das 18h, escreveu o maior fenômeno do horário do século: Alma Gêmea (2006). Sua audiência foi estrondosa, já que ultrapassava a audiência da catastrófica novela das sete, Bang Bang, e, vez ou outra, a novela das nove, Belíssima. Assim como Chocolate com Pimenta e O Cravo e a Rosa, era ambientada nos anos 20 e arrebatou o público com uma trama espírita folhetinesca ao extremo (uma mocinha muito sofredora, vilãs muito más e núcleos cômicos bem divertidos) e de grande apelo popular. Destaque para as vilãs vividas por Ana Lúcia Torre e Flávia Alessandra, Débora e Cristina, mãe e filha. Alma Gêmea consagrou de vez Walcyr como autor de novelas e lhe rendeu a fama de ser o Rei das Seis.



A princípio, parecia que Walcyr ficaria limitado ao horário. Mas logo foi transferido para a faixa das sete, como experimentação. Não deu certo inicialmente. Sete Pecados (2007), cujo enredo era voltado para os sete pecados capitais, foi uma novela problemática e ele ainda teve um bloqueio criativo, pedindo ajuda ao colega Silvio de Abreu. A trama não foi um fracasso, mas passou longe de ser um sucesso. Parecia que o escritor não tinha se adaptado bem ao novo desafio. Porém, sua versatilidade começou a ser exposta dois anos depois. De narrativa rápida e humor escrachado, Caras & Bocas (2009) foi um dos maiores sucessos da faixa das 19h e, na época, chegou a ter mais audiência que Viver a Vida, a novela das nove. O autor ousou ao colocar um macaco como protagonista (Xico) e conquistou o telespectador com uma gama de personagens atrativos e carismáticos.



Em 2011, o autor emplacou outro sucesso, após um início conturbado. Morde & Assopra tinha uma proposta ousada, mostrando que o escritor nunca teve medo de sair da mesmice. O pano de fundo era o avanço da ciência, através do personagem Ícaro (Mateus Solano), que construía vários robôs, incluindo um clone da sua esposa desaparecida, e a pesquisa de arqueólogos em busca de fósseis de dinossauros. A trama enfrentou problemas de audiência no começo, mas, após algumas pequenas mudanças, o folhetim caiu nas graças do público. Muito por causa do carisma da doce e ignorante Dulce (vivida magistralmente por Cássia Kiss), que virou, praticamente, a protagonista da história.



Depois de ter emplacado sucessos da faixa das seis e das sete, o autor foi escolhido para escrever o remake de Gabriela (2012), a segunda novela da, até então, nova faixa das onze. Missão novamente cumprida com sucesso. A produção foi um grande acerto e teve boa repercussão. Walcyr imprimiu à esta adaptação suas marcas registradas: diálogos ferinos e espirituosos, frases no imperativo, personagens caricatos em situações engraçadinhas, camas quebradas, tortas na cara, etc. Até um bichinho de estimação arrumou para Gabriela (Juliana Paes). Ao mesmo tempo, Gabriela teve cenas densas, seja pela violência ou pela emoção. O elenco de primeira e a direção primorosa de Mauro Mendonça Filho ajudaram bastante. Uma bela novela, bela de se ver, numa produção requintada.


E eis que, em 2013, Walcyr Carrasco, finalmente, recebeu o premio de escrever uma novela das nove: Amor À Vida, que apresentou o primeiro beijo gay entre homens na história da teledramaturgia. Um sucesso que divide opiniões. Os meses iniciais de Amor À Vida foram movimentados. A atração causou espanto pela direção que imprimiu agilidade na narrativa e pelas tomadas de tirar o fôlego. Mas logo a novela entrou no ritmo normal de um tradicional folhetim do autor, com todas as qualidades, vícios e problemas característicos do novelista. Só não teve torta na cara! Aliás, falando em problemas, é bom lembrar que Walcyr Carrasco possui um grande defeito que incomoda até mesmo em seus maiores sucessos: o texto didático, cujos diálogos são artificiais demais e lembram muito jograis, com muita recitação teatral. E ai de quem não declamar o texto exatamente como está escrito no roteiro! O autor tem a fama de ser vingativo com os atores que colocam "cacos" no seu texto e é totalmente avesso ao improviso. Não é a toa que o seu sobrenome é carrasco, né?


De volta ao horário das onze, Walcyr escreveu a polêmica Verdades Secretas, novela de maior repercussão e audiência do horário, chegando a alcançar 30 pontos em plena madrugada, sucesso absoluto nas redes sociais. Sem dúvidas nenhuma, foi o maior sucesso de 2015, fazendo o público ir dormir mais tarde para acompanhar os nudes e as verdades secretas de personagens amorais em uma ousada história de um homem que se casa com uma mulher apenas para ser amante da filha dela. O submundo da moda serviu como pano de fundo para discutir temas como prostituição de luxo (o chamado book rosa), drogas, bissexualidade e alcoolismo de forma primorosa e chocante.



Depois de dois sucessos seguidos no horário nobre, muitos autores se sentiriam rebaixados se fossem escalados para um horário menos nobre como o das 19h e 18h. O que é uma grande besteira. Autor bom de verdade escreve novela boa em qualquer horário. E Walcyr não se incomoda com isso. Tanto é que, em menos de quatro meses desde o fim de Verdades Secretas, já voltou para o ar com mais uma comédia leve e romântica dos anos 20 aos moldes de O Cravo e a Rosa, Chocolate com Pimenta e Alma GêmeaEta Mundo Bom! já é a maior audiência das seis desde 2010 e, apesar de ainda ter um longo caminho pela frente, ao que indica, será mais um sucesso para a carreira do autor.

A imensa versatilidade de Walcyr Carrasco é incontestável. O autor é o único que transita com maestria por diferentes universos e estilos, seja rurais ou urbanos, comédias ou dramas, de época ou contemporâneas, pesadas ou leves, das 23h ou das 18h, da Globo ou não. Com uma coleção diversificada de sucessos e personagens que caíram na boca do povo, o autor é o verdadeiro coringa da Globo, principalmente em tempos de dificuldades de audiência. Sua capacidade para criar novas histórias, em um curto intervalo de tempo, impressiona muito. Que bom seria se todos os autores fossem assim. Adoraria, por exemplo, ver um João Emanuel Carneiro da vida escrevendo de novo uma novela das sete, um Manoel Carlos novamente no horário das seis, ou um Aguinaldo Silva e uma Glória Perez se aventurando numa novela das onze... Nem sempre a novela das nove é a melhor.

Vida longa ao Walcyr Carrasco!


quinta-feira, 30 de julho de 2015

As 10 melhores novelas das sete dos últimos tempos


10º lugar: A Lua Me Disse


A dupla Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa retornou com uma comédia às sete da noite depois de Salsa e Merengue (1996). Muita cor, confusões, intrigas, ritmo frenético e dramas exagerados que provocam risos marcaram A Lua Me DisseCom uma pegada "neochanchada pop", a novela agradou crítica e público. Sua maior qualidade foi a trama bem amarrada e seu texto caprichado. A novela lembrou muito a fase de ouro de Silvio de Abreu e Jorge Fernando no mesmo horário nos anos 80. Com ingredientes parecidos com o de Abreu em Guerra dos Sexos (1983), Falabella recheou sua novela com um humor ao mesmo tempo inteligente e escrachado.


09º lugar: O Beijo do Vampiro


A ousadia de Antônio Calmon lhe rendeu um estrondoso sucesso em 1991 com a novela Vamp. A trama que falava de vampiros marcou a teledramaturgia e até hoje é lembrada. Em 2002, o autor resolveu reviver esta temática e escreveu O Beijo do Vampiro, que fez uma legião de fãs, conquistados com a nova geração vampiresca. A trama virou uma febre e teve até álbum de figurinhas. As crianças e os adolescentes da época foram os principais fãs do folhetim, que teve um grandioso elenco, personagens cativantes e uma história bem construída, repleta de ótimos efeitos especiais. Um enredo de amor, entremeado por elementos sobrenaturais, drama, humor e a clássica luta do bem contra o mal foram as principais marcas deste folhetim tão bem feito.


08º lugar: Uga Uga



Um estrondoso sucesso que revitalizou o horário das sete. Muita ação, correrias, tramas pra lá de inusitadas (um índio loiro, um ex-militar metido a super-herói, uma mocinha masculinizada) e o humor característico de Carlos Lombardi garantiram a sua alta audiência. Vale ainda mencionar o apelo sexual da novela, com corpos masculinos à mostra, moças com decotes avantajados e cenas pra lá de calientes que fizeram sucesso, principalmente entre os jovens. A bunda de Claúdio Heinrich ficou famosa na época e os personagens de Marcos Pasquim e Humberto Martins apareceram em 90% de suas cenas sem camisa. Tanta ousadia provocou polêmica com o Ministério Público, que chegou a classificar algumas cenas de impróprias para o horário.


07º lugar: Sangue Bom


Através de um texto irônico e divertido, Sangue Bom abordou de forma inteligente a busca pela fama e a necessidade de manter-se em evidência a qualquer custo, sem mérito e com o mínimo esforço, como crítica ao mundo das sub-celebridades. A novela apostou em seis jovens promissores atores como protagonistas, o que revelou-se uma escolha acertada. O texto bem amarrado, a direção firme, uma trilha sonora bacana, a citação a outras novelas, um time de coadjuvantes de peso que garantiu o suporte para os jovens atores e o entrosamento desse elenco fez com que tudo fluísse muito bem (apesar de não ter sido um grande sucesso).


06º lugar: Alto Astral



Novela despretensiosa, que começou como não quer nada e foi conquistando o público, repleta dos mais batidos clichês do folhetim: personagens maniqueístas, vilões doentios que se deram mal no final, amores impossibilitados, vinganças, duplas identidades, segredos do passado, disfarces, mistérios, a luta do bem contra o mal, vida além da morte... Sem novidade alguma! Nada além de tudo já visto e esperado por uma novela. Entretanto, bem produzida e dirigida, com bom elenco, roteiro bem escrito e com um humor que levemente remeteu aos áureos tempos do horário das sete na década de 1980, ainda que a sua proposta tenha sido cursar pela simplicidade e a leveza.


05º lugar: Ti Ti Ti


Um grande sucesso que cativou o público usando e abusando do humor que o horário das sete permite, dosado eficazmente com o drama em tramas que se complementavam. Maria Adelaide Amaral, então chamada para escrever uma novela, afirmou que não faria uma trama original, mas sim mais uma adaptação da obra de Cassiano Gabus Mendes, seu mestre, de quem já havia adaptado Anjo Mau em 1997. Desta vez, a autora escolheu Ti Ti Ti, sucesso de 1985, que na adaptação teve entrechos de outra trama de Cassiano: Plumas e Paetês, de 1980. Em comum, as duas novela tinham o mundo da moda como pano de fundo. Na nova versão de Ti Ti Ti, a autora misturou as novelas, criando novos núcleos e personagens e retirando outros das versões originais, tendo sido muito bem sucedida e parabenizada por essa sua mistureba.


04º lugar: Caras & Bocas



Walcyr Carrasco e Jorge Fernando repetiram mais uma dobradinha. Desta vez, com uma novela mais leve e divertida, ao contrário da pretensiosa experiência anterior da dupla no horário, Sete Pecados, que deixou muito a desejar. A novela trouxe algumas inovações importantes, como a crítica ao mercado de arte – através da presença de um macaco como gênio da pintura – e a questão da inclusão social, através de uma personagem cega. Caras & Bocas foi a primeira novela que teve um animal como personagem central, com uma trama exclusiva em torno dele. Com seu personagem irracional, Walcyr quis (e conseguiu) debochar da irracionalidade de certas avaliações no mundo das artes plásticas. E teve bastante êxito, tornando-se um sucesso de audiência.


03º lugar: Cheias de Charme



Um grande sucesso de audiência, marcado pelo humor, criatividade e originalidade. Em tempos em que personagens ricos já não protagonizam mais novelas sozinhos, a trajetória de sucesso das três empregadas domésticas virou um verdadeiro fenômeno de repercussão. Cheias de Charme teve o mérito de tirar proveito da internet, até pouco tempo considerada uma concorrente da TV aberta, transformando-a numa poderosa aliada. A novela foi pioneira na ação de transmedia com o lançamento do clipe das Empreguetes primeiro na internet, depois na novela. O hit Vida de Empreguete se tornou febre na época, ganhando milhões de visualizações na internet e estourando nas rádios de todo o país. Em breve, a história das Empreguetes vai virar filme!!! A indústria do entretenimento real misturou-se ao entretenimento da ficção. O colorido dos shows de tecnobrega e as músicas criadas especialmente para a novela deram o tom que o roteiro exigia.


02º lugar: Cobras e Lagartos


Um grande sucesso popular que causou uma verdadeira comoção entre o público. João Emanuel Carneiro vinha do estrondoso sucesso Da Cor do Pecado e recebeu a ingrata missão de reerguer o horário das sete, que estava em baixa com a antecessora, Bang Bang, um fiasco total. Cobras E Lagartos não só salvou o horário como também se tornou a segunda maior audiência das sete dos últimos tempos, perdendo apenas para Da Cor do Pecado (sente só o poder do JEC!).


01º lugar: Da Cor do Pecado


Primeira novela da Globo a ter um romance inter-racial como tema principal e uma protagonista negra. Com esses elementos, poderia se esperar que a trama fosse levantar polêmicas e discussões sobre o preconceito social e racial no país, mas isso não aconteceu. Da Cor do Pecado é a novela das sete mais assistida do século XXI e a segunda novela brasileira mais exportada da Globo, perdendo apenas para Avenida Brasil, também do mesmo autor, João Emanuel Carneiro.


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