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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Escrava Mãe foi novelão na veia



A Record atirou no que viu e acertou no que não viu. Escrava Mãe foi uma novela que passou por tantos percalços antes de estrear que muitos passaram a duvidar da qualidade da história de Gustavo Reiz, que pretendia narrar a trajetória da mãe da famosa Escrava Isaura. A trama foi aprovada quando se buscava uma substituta para Vitória, novela de Christiane Fridman que não conseguiu ampliar os índices de audiência das novelas da Record. Entretanto, a novela perdeu a vaga quando a direção da emissora decidiu transformar o projeto da minissérie Os Dez Mandamentos em novela. Aí, ficou decidido que Escrava Mãe seria sua sucessora e a trama entrou em produção, realizada pela Casablanca e gravada em Paulínia, no interior de São Paulo. Depois, nova mudança: com o sucesso de Os Dez Mandamentos, a emissora decidiu dedicar a faixa das 20h30 apenas às produções bíblicas e, mais uma vez, Escrava Mãe foi deixada de lado.

Enquanto isso, as gravações da trama prosseguiam e foram tantos adiamentos e indefinições sobre sua exibição que Escrava Mãe foi totalmente concluída sem estrear, ficando engavetada por longos  e longos meses, enquanto era promovido um reprisaço de quase todas as produções bíblicas da emissora. Até que a direção da Record, finalmente, decidiu abrir a faixa das 19h30 para lançar a novela. E a surpresa foi altamente positiva: Escrava Mãe mostrou-se a melhor novela da emissora em anos. O Ibope também respondeu positivamente, revelando que a Record acertou em cheio ao reavivar a nova faixa de horário.


Escrava Mãe foi um acerto em todos os sentidos. O texto de Gustavo Reiz foi correto, redondo e trouxe os principais elementos do bom e velho folhetim clássico sem pudores, apostando fundo numa história de amor proibido, cheia de idas e vindas e reviravoltas, além da ousadia de um final trágico (que já era esperado, mas, mesmo assim, deu um nó no coração). Além disso, tratou com muita propriedade de seu pano de fundo, o período da escravidão (abordou o tema de forma bem mais interessante que Liberdade Liberdade, como disse AQUI). Primeira novela que teve sua produção terceirizada nessa nova leva, o orçamento de toda a história da mãe da Isaura não paga nem o artefato de ouro falso na cabeça do Ramsés em Os Dez Mandamentos. O custo de Escrava Mãe foi infinitamente menor que o da novela do Moisés e, mesmo assim, o que vimos na tela foi algo de outro nível. Saiu o Egito antigo que mais parecia cenário de alguma produção mexicana dos anos 60 e entrou um Brasil colonial com uma fotografia belíssima.

Com uma carpintaria bem delineada, Escrava Mãe contou ainda com tramas paralelas interessantes e que não perdiam de vista a história principal. Entre elas, destaque para a saga de Filipa, que inicialmente se disfarçava de homem para circular pela boemia da Vila de São Salvador, até que se apaixona pelo poeta Átila, partindo daí uma envolvente história de amor. Outro núcleo que rendeu boas histórias foi o da taberna de Rosalinda Pavão, que movimentou a trama com sua rixa hilária com a baronesa falida Urraca.

Aliás, a produção foi muito feliz na escalação de seu elenco, todos muito bem em cena. Gabriela Moreyra, prata da casa, não decepcionou com sua primeira protagonista e o ator português Pedro Carvalho foi uma grata revelação. Os doiz esbanjaram química com o casal Juliana e Miguel. Isso sem falar em veteranos como Jussara Freire (Urraca), Antonio Petrin (Custódio), Luiz Guilherme (Quintiliano), Bete Coelho (Beatrice), Zezé Motta (Tia Joaquina) e Jayme Periard (Osório), entre outros, que emprestaram suas credibilidades à obra. Thaís Fersoza também se mostra cada vez mais madura e roubou a cena como a vilã Isabel. Merecem ainda destaques: Leo Rosa (Átila), Adriana Lessa (Catarina), Milena Toscano (Filipa), Roberta Gualda (Teresa), Sidney Santiago (Sapião), Lidi Lisboa (Esméria) e Fernando Pavão (Almeida). Escrava Mãe também contou com uma direção segura de Ivan Zettel e uma produção impecável da Casablanca, que abusou de uma fotografia mais naturalista, dando um ar cinematográfico aos takes.


Uma pena que uma novela com tantos êxitos como Escrava Mãe seja substituída pela enésima reprise de A Escrava Isaura. Por melhor que seja a novela de 2004, protagonizada por Bianca Rinaldi, sua produção é muito mais modesta que a de Escrava Mãe e as comparações serão inevitáveis. Aliás, é preciso mencionar que o autor não fez direitinho o dever de casa antes de bolar essa história "prequela" e a Record nem se preocupou, pois há incoerências vergonhosas e muitos erros de continuidade entre as duas histórias (falei sobre isso detalhadamente AQUI). De qualquer forma, a faixa das 19h30 da Record, recém-inaugurada, merecia ser continuada por uma produção inédita, até para consolidar seu público. Que Belaventura, também escrita pelo Gustavo Reiz e que deve substituir A Escrava Isaura, não demore muito a estrear.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Os Melhores e Piores Atores de 2016



Já falei das atrizes que tiveram as melhores e piores atuações, o que rolou de bom e ruim na dramaturgia e hoje comentarei sobre os atores que mais se destacaram (para o bem e para o mal) na TV em 2016.


   OS MELHORES ATORES NA TV EM 2016   



19º lugar: Lázaro Ramos — Interpretando o personagem-título da série Mister Brau, se mostra completamente solto em cena e com um lado musical muito forte. Seu personagem é extremamente cativante e já garantiu a popularidade e o carinho do público. Au, au, au, au, au, au, meu nome é Brau!

18º lugar: Felipe Simas — Após ter se destacado na Malhação Sonhos, Rosane Svartman e Paulo Halm confiaram a ele o mocinho de Totalmente Demais. O risco era altíssimo, afinal, o ator só tinha um trabalho no currículo. Mas valeu a pena a coragem dos autores. Felipe emocionou e cativou na pele do destemido Jonatas e formou um casal que caiu nas graças do público com Marina Ruy Barbosa (Joliza).

17º lugar: Selton Mello — Há quatro anos sem atuar na TV, a volta de Selton diante das câmeras na telinha foi em grande estilo, se destacando como o sedutor Augusto em Ligações Perigosas. São poucos os atores e as atrizes que passam ao largo da TV no Brasil e conseguem sobreviver com dignidade.

16º lugar: Márcio Fecher — Que Supermax foi uma tremenda decepção, isso ninguém duvida. Porém, a atuação esplendorosa de Márcio merece ser reconhecida. Em meio às atuações canastronas de grande parte do elenco, o ator se sobressaiu na pele do monstruoso Nonato/Baal, o ponto alto da série.

15º lugar: Caio Blat e Ricardo Pereira  Não poderia deixar de citá-los juntos, afinal, protagonizaram a primeira cena de sexo entre dois homens na história da teledramaturgia, que, inclusive, acabou atraindo o público e chamando mais a atenção pela sutileza com que foi feita. Blat e Ricardo merecem todos os elogios e se entregaram pra valer na cena. O primeiro fugiu do estereótipo e trouxe humanidade, sensibilidade e respeito ao André, enquanto o segundo, que viveu seu melhor momento na carreira, demonstrou a truculência e a mistura de sentimentos de Tolentino sem cair na caricatura.


14º lugar: Marcelo Serrado  Inicialmente mostrado apenas como um personagem servil, o deputado Carlos Eduardo foi ganhando outros contornos ao longo de Velho Chico a medida que ia se revelando o grande vilão da história. E o Serrado agarrou bem essa oportunidade, mostrando o que um ator competente é capaz quando tem um bom personagem em mãos. O ar asqueroso do ex-vereador, com aquele bigodinho quase imoral, deixava o personagem ainda mais crível e adoravelmente detestável.

13º lugar: Antonio Fagundes  Na troca de fases de Velho Chico, Fagundes detonou com o brilhante trabalho de Rodrigo Santoro (leia mais embaixo) dando ao Coronel Saruê uma brusca mudança tanto visual quanto psicológica, sem um motivo realmente convincente, com um tom caricato e bonachão. Porém, a medida que Afrânio foi se desfazendo da sua máscara social e repensando a vida, o personagem se tornou mais humano e Fagundes deu um show de interpretação. Antes tarde do que nunca, né?

12º lugar: Jesuíta Barbosa — O ator esteve em Ligações Perigosas e Nada Será Como Antes, mas foi em Justiça o seu grande momento de 2016. Na pele do desequilibrado Vicente, o ator deu um show na minissérie em cenas pra lá de intensas, provando que é um dos grandes nomes da nova geração.

11º lugar: Mateus Solano  O Félix pode ser o papel de maior sucesso do Solano, mas o Rubião foi o seu maior momento na carreira, até então, e já pode ser considerado um dos maiores e mais odiosos vilões da teledramaturgia. Ele exorcizou completamente a bicha má de Amor A Vida com Liberdade Liberdade.

10º lugar: José de Abreu  Depois de revelado que seu personagem era o Pai da facção, no capítulo 100 de A Regra do Jogo (que foi exibido lá no finalzinho de 2015), o ator causou medo e passou a protagonizar grandes cenas. José de Abreu foi bem adotado pela diretora Amora Mautner desde Avenida Brasil, quando interpretou o repugnante e, ao mesmo tempo, adorável Nilo, passando por Jóia Rara, como o poderoso Ernest, e comprovou isso como Gibson, uma espécie de Flora de cueca, que já é um dos melhores e mais detestáveis vilões masculinos dos últimos tempos. Vitória na guerra!


09º lugar: Lee Taylor  Com grande experiência no teatro e no cinema, foi convidado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho para dar vida a Martim, um dos personagens mais importantes de Velho Chico. Em sua estreia na TV, Lee surpreendeu pelas cenas de confronto com Fagundes e Serrado e ganhou nossa simpatia por sua integridade e busca por justiça, além de todo charme e o jeitão meio rústico do ator.

08º lugar: Marco Nanini — Após anos no seriado A Grande Família, Nanini foi o segundo ator do seriado a brilhar em uma novela de Walcyr Carrasco. O simpático professor Pancrácio, que se transformava em vários outros para conseguir dinheiro, ganhou um intérprete à sua altura, que divertiu e emocionou em Eta Mundo Bom. Seus disfarces eram impagáveis. Multifacetado, mais tarde, o ator brilhou também como Pandolfo, irmão gêmeo de personalidade diferente, no núcleo da fazenda. Nanini foi mil em um!

07º lugar: Tobias Carrieres  O que esse menino fez em Justiça foi de causar inveja em muito ator veterano. A sua entrega como o cativante Jesus foi perceptível e impressionante e todas as suas cenas dramáticas ao lado da grande Adriana Esteves arrancaram lágrimas de quem assistia. Tem futuro!

06º lugar: Chico Diaz — Fazendo o telespectador chorar em todo capítulo em que aparecia, Belmiro, o oprimido que não se permitia oprimir, foi um fiel retrato do brasileiro que não desiste nunca; sendo construído pelo ator como uma figura de traços rudes e alma doce. A morte do retirante causou não só enorme comoção em Grotas do São Francisco,como também do público que assistiu Velho Chico.

05º lugar: Domingos Montagner  Como o Santo de Velho Chico, o ator havia atingido um patamar na carreira em que nunca chegou. Domingos compôs um protagonista incrível. Com seu estilo único de atuação (marcada pela limpeza interpretativa, sem exageros, precisa, irretocável), o ator viveu um personagem intenso, de bom coração e que se esforçava para mudar o mundo e torná-lo mais justo, mas sem se tornar chato e gerar nossa antipatia. A trágica morte de Domingos abreviou uma carreira no auge e que tinha tudo para seguir em crescimento. As artes brasileiras perdem, sem dúvida, um magnífico ator.


04º lugar: Enrique Diaz — Tipo mais complexo de Justiça, sua atuação sensacional foi um dos motivos que fizeram a história de terça ser a melhor da série. Vivendo um policial com desvios de caráter, conseguiu nos fazer oscilar a todo momento entre amor e ódio pelo personagem (terminei amando o Douglas!).

03º lugar: Marco Ricca  O bandoleiro Mão de Luva, aos poucos, foi se mostrando um personagem carismático e divertido, ganhando um merecido espaço em Liberdade Liberdade graças ao talento e a competência de Marco Ricca, que imprimiu um excelente tom sarcástico e sedutor ao salteador. Ele adotou um sotaque mineirês bem acentuado, o que ajudou a expor ainda mais o jeito malandro do trambiqueiro. Aliás, foi um dos poucos atores do elenco que mostrou o jeito de falar do povo de Minas Gerais, ainda que de forma mais caricata. Mas foi uma ideia de gênio, pois coube perfeitamente no papel. Não à toa, seu personagem ganhou um spin-off exclusivo para a internet, intitulado A Lenda do Mão de Luva.

02º lugar: Rodrigo Santoro — Longe das produções nacionais desde Mulheres Apaixonadas, em 2003. Santoro retornou vivendo o complexo Afrânio na primeira fase de Velho Chico e brilhou do início ao fim da sua luxuosa participação. Suas cenas primavam pela poesia e drama, sendo necessário ainda destacar a sua química com Carol Castro. A aceitação foi tanta que sobraram críticas a Antônio Fagundes nos primeiros meses da segunda fase, pois em nada lembrava a composição primorosa de Santoro. Também, pudera... Santoro construiu um tipo apaixonante, contraditório em sua essência, que foi se fechando, endurecendo e perdendo a ternura pelo embrutecimento que a vida lhe causou.

01º lugar: Sergio Guizé — De fato, a novela deveria ter se chamado Candinho (como estava inicialmente previsto), pois foi a alma de Eta Mundo Bom! Poucas vezes, vi um ator honrar o protagonismo de uma novela com tanto brilhantismo como Guizé, que não ficou devendo em nada ao Mazaroppi (que imortalizou o personagem do filósofo Francês Voltaire nos cinemas e que também inspirou a trama do Walcyr), dando um jeito próprio ao caipira. Nem mesmo o fato de ter ficado sem sua grande parceira em cena, visto que a Debora Nascimento não conseguiu se firmar como protagonista e par romântico, abalou o sucesso e a credibilidade do personagem. Candinho poderia soar ridículo se mal construído e sua ingenuidade excessiva irritante, mas o domínio do ator foi tanto que a gente não apenas torceu pelo Candinho, mas também tinha vontade de cuidar dele, de orientá-lo, de tê-lo por perto como amigo.

Menções Honrosas: Bruno Ferrari e Dalton Vigh (Liberdade Liberdade), Gabriel Leone, Irandhir SantosMarcos PalmeiraLucas VelosoRodrigo LombardiBatoréSaulo Laranjeira e Renato Góes (Velho Chico), Fábio AssunçãoOrã Figueiredo e Pablo Sanábio (Totalmente Demais), João Baldasserini e Marcos Pitombo (Haja Coração), Fernando Pavão e Luiz Guilherme (Escrava Mãe) e Antonio Calloni (Justiça).


   OS PIORES ATORES NA TV EM 2016   



05º lugar: Francisco Cuoco  Ele pode ser uma lenda viva da teledramaturgia brasileira, mas já faz um bom tempo que o ator vem repetindo os mesmos trejeitos a cada personagem que interpreta. Em Sol Nascente, por exemplo, por incrível que pareça, ele conseguiu ser pior que o japonês de araque do Luís Melo e criou um tipo bem curioso de italiano: o que NÃO SABE imitar sotaque italiano!!! Incrível!

04º lugar: Eriberto Leão  A vilã Sandra (Flávia Alessandra) merecia um comparsa bem mais a sua altura em Eta Mundo Bom. O Ernesto não passou de uma figuração de luxo perto dela. Muito por culpa da atuação canastrona do seu intérprete, de expressão, entonação e trejeitos lineares, sem nuances. Quando dividia cena com a Debora Nascimento (Filó), então, aí era uma verdadeira aula de Cigano Igor 2.0.

03º lugar: Dudu Azevedo  Pior trabalho do ator em sua carreira (que nunca foi lá grande coisa... ou alguém aí lembra de algum grande trabalho dele na TV?). Com o carregado sotaque carioquês na pele de Zur em Os Dez Mandamentos - Nova Temporada, mais parecia um surfista no Antigo Reino.

02º lugar: Malvino Salvador — Outro exemplo típico de galã de pouco talento que é sobrevalorizado pela Globo. Já faz um bom tempo que o ator vem apostando no feijão com arroz, muitas vezes sem tempero, na interpretação, mas não comprometia a novela. Em Haja Coração, porém, ele viveu seu pior momento na carreira. Malvino não conseguiu passar a emoção na pele do Apolo, que, diga-se de passagem, tinha uma personalidade agressiva que irritava qualquer um. E o autor Daniel Ortiz empurrou goela abaixo do público o insuportável personagem sem torná-lo mais aceitável e fazendo com que ele ficasse com a Tancinha, contrariando a esmagadora vontade popular que queria ver a feirante ao lado de Beto. 

01º lugar: Hélio de la Peña — Em Totalmente Demais, o ex-Casseta teve a oportunidade de fazer seu primeiro papel em novelas de verdade. Claro que eu não esperava nenhum Tony Ramos ali, mas a sua atuação foi algo abaixo do péssimo. O "ator" parecia estar sempre interpretando algum personagem nas antigas paródias do humorístico. Totalmente inexpressivo! Acredito que a seriedade do Zé Pedro tenha sido um equívoco para um ator que ficou conhecido por fazer imitações. O advogado poderia ter tido mais traços de humor para que sua interpretação soasse menos falsa. Ao contrário da Samantha Schmutz, que conseguiu transitar perfeitamente entre o drama e o humor, Hélio não teve a mesma sorte. Errou rude!

Menções Nada Honrosas: Rainer CadeteKlebber ToledoFlávio Tolezani Rômulo Neto (Eta Mundo Bom), Paulo Rocha (Totalmente Demais), José Loreto (Haja Coração), Felipe Roque (Malhação), Duda Nagle (Cúmplices de Resgate), Junno Andrade (Escrava Mãe) e Kadu Moliterno (A Terra Prometida).


Obviamente, a lista é baseada unicamente na opinião desse humilde redator que vos escreve. Portanto, está sujeita a injustiças e esquecimentos. Cabe a cada um dos leitores concordar ou não, dar a sua opinião, completar a lista, me esculhambar nos comentários...


quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O Melhor e Pior da Dramaturgia em 2016



Pensaram que tinha esquecido a retrospectiva? Nananinanão! Curada completamente a minha ressaca do ano novo, hoje vou relembrar o que rolou de bom e ruim na dramaturgia em 2016 (lembrando que Rock Story e Carinha de Anjo, que estrearam no final de 2016, entrarão só na retrospectiva do ano que vem).


   O MELHOR DA DRAMATURGIA EM 2016   



13º lugar: Malhação - Pro Dia Nascer Feliz — É infinitamente melhor que a temporada passada, Seu Lugar no Mundo, sim ou com certeza? Com certeza! Embora tenha perdido um pouco de rumo nos últimos meses, o enredo central dessa Malhação é muito melhor estruturado, apresentando desdobramentos que despertam interesse, além de ter tipos mais simpáticos e uma vilã bem construída.

12º lugar: A Terra Prometida — Escapando da evangelização e da pregação, a trama impressionou pelo caráter folhetinesco, se mostrando mais novela e menos bíblica. A ação que predomina em grande parte da história, por exemplo, segue muito mais como uma saga épica do que como um drama bíblico, apesar de beber na fonte da Bíblia. Além disso, mostra uma evolução visível da Record neste segmento em relação a antecessora, Os Dez Mandamentos: sua produção é mais esmerada, reduzindo efeitos que beirem à tosquice (embora ainda haja algumas cenas assim), um elenco mais afinado e um texto mais natural.

11º lugar: Mister Brau — Tocando em feridas abertas como racismo, desigualdade social e preconceito, porém, de um jeito leve, inteligente, com muito humor, diálogos afiadíssimos e zero cara de merchandising. Muito mais do que o discurso social, a série tem seu mérito no entretenimento a que se propõe. Equilibrada, ela diverte e ao mesmo tempo não deixa de dar voz às diversidades brasileiras.

10º lugar: Conselho Tutelar — A série produzida pela Record mostrou casos de violência e abusos contra crianças afim de estimular denúncias a respeito com uma ótima consistência técnica e bem realista; e se destacou no cenário nacional, deixando a sensação de que merecia mais uma temporada (e vai ter).

09º lugar: Pé na Cova — Verdade seja dita, a série já estava mesmo na hora de parar. E com a morte de Marília Pêra, isso era inevitável. Com a última temporada já toda gravada, os momentos finais da trama ainda puderam contar com a presença da grandiosa atriz e, prevendo o que ocorreria, Miguel Falabella, com seu texto afiado, inteligente e poético, conduziu tudo em um tom tocante de despedida, melancolia e homenagem. Do início ao fim, o seriado caminhou muito bem nessa corda bamba entre o humor e o drama. Nesta última temporada, em especial, conseguiu extrair o nosso riso e o nosso choro, ao mesmo tempo.


08º lugar: Ligações Perigosas — Com ótima fotografia, estética luxuosa, boas atuações e erotismo sutil, a série fez 2016 começar o ano com pé direito no que diz respeito à dramaturgia. Ocorreram problemas com os ganchos antes dos comerciais e nos finais dos capítulos (sempre terminados de forma abrupta), mas acho que foi mais um problema de edição do que do roteiro. Os diálogos eram cativantes, sempre mesclando sedução, amoralidade, inocência e crueldade com extrema habilidade. A autora Manuela Dias conseguiu abrasileirar o clássico francês e, mesmo sem a nudez de corpos, a minissérie chocou mostrando o lado mais doentio do ser humano na arte de seduzir e de se deixar seduzir, despindo almas.

07º lugar: Eta Mundo Bom — Ou você embarcava na total despretensão da novela (deixando de lado os vícios do autor e de parte do elenco) e acabava se divertindo com o universo criado por Walcyr Carrasco ou fincava o pé no perfeccionismo e torcia o nariz para as inúmeras repetições e problemas que a trama apresentou. O público preferiu a primeira opção. E eu também. Walcyr pode até ter dado uma repetida na sua já tradicional fórmula de novela das seis repleta de tortada na cara, gente sendo jogada no chiqueiro, entre outros clichês seus, mas essa historinha água com açúcar alegre e otimista era a história que o Brasil precisava e queria ver em tempos de noticiário carregado de violência, tragédias e escândalos das mais variadas origens. Foi um "feijão com arroz" requentado que deliciamos como um manjar dos deuses.

06º lugar: Escrava Mãe — Gravada em 2015 e sucessivamente adiada, a história marcou a retomada da Record de produções fora do filão bíblico (aleluia!) e provou que a emissora estava muito errada em não tê-la exibido logo antes. A edição de cada capítulo é caprichadíssima e há cenas que parecem feitas para o cinema. Além disso, aposta fundo em ingredientes folhetinescos: não abre mão dos ganchos, nem tampouco de deixar bastante claro quem é bonzinho ou malvado na história. O maniqueísmo não cede espaço para nuances de caráter e ali também não há lugar para invencionices narrativas. É justamente aqui o ponto alto da história: sem fugir do feijão com arroz, Escrava Mãe mostra-se uma novela correta e uma boa referência de junção histórica e ficcional, sabendo entreter e retratar a escravidão na medida certa.

05º lugar: Liberdade Liberdade — Marcada pelo capricho estético (mostrando um Brasil imperial sem glamour, com uma realidade nua e crua em cenas pra lá de chocantes) e pela primeira cena de sexo gay entre dois homens na história da teledramaturgia, teve altos e baixos. Começou sonolenta e excessivamente didática, com uma trama que andava em círculos enquanto a história principal se desenvolvia lentamente. Só não caiu no tédio porque tinha ótimos trunfos na manga que faziam valer a pena. Quando finalmente se estabeleceu, entrou num ritmo alucinante e de tirar o fôlego, apresentando tudo aquilo que ficou devendo nos meses iniciais: uma trama ágil e coerente com ligação histórica. Terminou com um saldo positivo, mas deixou aquele gostinho de que poderia ter rendido muito mais.

04º lugar: Velho Chico — Um espetáculo em forma de novela; que já entrou para a história como uma das mais belas e inspiradas já produzidas na nossa dramaturgia. Pelo menos, tecnicamente falando. Texto sensível. Fotografia espetacular. Cenários belíssimos. Trilha instrumental fantástica. Direção esplendorosa. Atores (praticamente todos) impecáveis. Cenas (praticamente todas) memoráveis. O telespectador ficou encantado. Porém, "dramaturgicamente" falando, se mostrou irregular, vagarosa e angustiante, com um excessivo foco na política e questões sociais durante um bom momento. De qualquer forma, gostei que, mesmo com a audiência baixa, Velho Chico, ao contrário de c.e.r.t.a.s.n.o.v.e.l.a.s que estão nessa lista (leia mais embaixo), não se descaracterizou em momento algum por números no Ibope. Venceu a arte!


03º lugar: Totalmente Demais — Egressos de duas temporadas de Malhação, Rosane Svartman e Paulo Halm fizeram sua estreia novelística com a novela mais empolgante do ano. Totalmente Demais possuia uma trama das mais simples e despretensiosas, com a atualização de um conto de fadas mais do que conhecido (o da gata borralheira). Entretanto, logo foi ganhando público, se tornando um fenômeno de audiência e repercussão e o maior sucesso do horário das sete desde Cheias de CharmeA novela veio atolada na fantasia, reunindo velhos clichês do folhetim numa roupagem moderna, bonita e atraente, com a leveza e comicidade que o horário pede, repleta de personagens carismáticos e casais apaixonantes.

02º lugar: Reprise de Cheias de Charme — Está sendo um prazer rever atualmente uma das melhores novelas dos últimos tempos no Vale a Pena Ver de Novo. Marcada pelo humor, criatividade e originalidade, a trama parodia os pequenos dramas humanos através de personagens cativantes e queridos e tramas alegres intercaladas com o mais puro dramalhão. "Levo vida de empreguete, eu pego às sete"...

01º lugar: Justiça — Inovadora, ousada, inteligente, imprevisível... Me faltam palavras para descrevê-la. Do texto à direção, passando pela performance sensacional dos atores, fotografia, figurino, maquiagem, cenários e trilha sonora. Tudo esteve em seu devido lugar em Justiça, que se traduziu na melhor das melhores produções que a televisão brasileira já realizou nos últimos anos. Mostrando um jeito diferente de se ver TV ao fugir da lógica da narrativa linear, com quatro histórias fortes e diferentes sobre os limites do ser humano na busca pela justiça se interligando a todo momento, Justiça teve o raríssimo mérito de combinar audiência e repercussão com qualidade, que traz o público para dentro da tela e o faz pensar, se questionar, se colocar no lugar dos personagens, refletir sobre suas ações. É verdade que algumas histórias se perderam e outras tiveram muitos furos, mas isto não comprometeu o bom resultado.


   O PIOR DA DRAMATURGIA EM 2016   



12º lugar: Haja Coração — Pode ter mantido o sucesso da sua antecessora, Totalmente Demais, trazendo elementos típicos de comedia romântica que o horário das sete pede, porém, a história decepcionou devido ao péssimo desenvolvimento de tramas promissoras, à falta de função de personagens, os momentos (que não foram poucos) que extrapolaram o mantra "Vamos voar" de Glória Perez em Salve Jorge e por ter pesado a mão tanto no melodrama, quanto na comédia, atirando para todos os lados.

11º lugar: A Lei do Amor — Após três meses, a novela ainda não emplacou e já pode ser considerada mais uma decepção. Com baixa audiência, uma força tarefa foi montada para salvar o folhetim do iminente fracasso. Corta daqui, corta dali, muda aqui, muda ali, tira personagem, cria personagem, adia trama, adianta trama... E o que se tornou A Lei do Amor, novela com título que não faz jus a história que tem? Uma bomba! De um amor impossível, a trama virou policial. São tantos personagens e tantas tramas paralelas que quem assiste ficou perdido e alguns personagens mudam de personalidade como quem muda de roupa. A trama vai ao ar, provavelmente, até meados de abril e, sinceramente, não vejo mais salvação...

10º lugar: Reprise de A Usurpadora — Que fique bem claro: A Usurpadora é a minha novela mexicana favorita. Já vi inúmeras vezes, sempre dizia que não ia assistir de novo e lá estava eu vendo novamente, mas com apenas um ano e alguns meses da última reprise não dá. Paola e Paulina mereciam um bom descanso na grade do SBT. Calculo uns 5 anos. Se, pelo menos, esse prazo fosse respeitado, sempre marcariam uma audiência satisfatória. A milionésima volta de A Usurpadora é mais uma intervenção louca de Silvio Santos na grade do SBT e acabou fracassando no Ibope, além de ter desgastado um clássico.

09º lugar: Cúmplices de um Resgate — Não é só a Record que espreme um produto até a última gota. O SBT também está no mesmo caminho (ou até pior) com as suas novelinhas infantis. Além de ter tido uma duração exagerada (357 capítulos), 90% de cada capítulo era pura enrolação, com trocentos clipes musicais, intervalos a todo momento e cenas do próximo capítulo que duravam uma eternidade. Sei que ela é destinada ao público infanto-juvenil, mas prefiro preservar a saúde mental das minhas crianças.


08º lugar: Supermax — Partindo de uma premissa interessante e marcando o investimento da Globo em um novo nicho (o terror), a sua ousadia e pioneirismo, infelizmente, não foram recompensados como se esperava e se revelaram um misto de confusão com decepção na prática. Foi, sem dúvida, uma grande ideia, perdida nos equívocos gerados por uma grande euforia (entre outros equívocos, mencionados AQUI).

07º lugar: Nada Será Como Antes A série tinha como ponto de partida abordar uma visão ficcional do início da televisão no Brasil. Os bastidores da TV seriam um prato cheio para um produto de alta qualidade, porém, o que se viu nos episódios seguintes foi que a história se transformou em um drama amoroso qualquer. Os conflitos dos personagens ofuscaram completamente o contexto histórico, fazendo com que a série perdesse o sentido de existir (apesar da produção caprichada e do elenco afinado). Outro grande erro que prejudicou o seu andamento foi a exibição semanal, quebrando o ritmo da história.

06º lugar: Malhação - Seu Lugar no Mundo — Histórias afetadas pela falta de bons conflitos, personagens perdendo função, situações forçadas, temas importantes (como o assédio, a gravidez na adolescência, a AIDS e o uso de drogas) sendo abordados de forma equivocada... ZZZZZZZZ Dormi!

05º lugar: Chapa Quente — Juro que, por inúmeras vezes, tentei assistir a série. Mas a quantidade de caretas, gritaria, situações bizarras e humor batido espantaram-me a ponto da chapa esfriar e não suportar concluir um único episódio do início ao fim nessas duas sofríveis temporadas. O texto e interpretações apelaram exageradamente para o humor popular ao estilo do finado Zorra Total. Já foi tarde!


03º lugar: A Garota da Moto — Qualquer coisa que não seja mexicana, reprise ou tenha uma pirralhada protagonizando uma produção na dramaturgia do SBT, de cara, já é um imenso progresso e vale pela tentativa de sair da mesmice. Mas A Garota da Moto foi ruim demais. Pra começar, o recurso utilizado pela série com os personagens principais dialogando com o público e explicando a história, como se o pessoal de casa fosse burro a ponto de não entender, foi irritante. Soma-se a isso as atuações sofríveis (com destaque para a vilã extremamente caricata vivida pela Daniela Escobar), o roteiro raso, previsível e repleto de clichês, a direção capenga e as tramas paralelas que de cômicas não tiveram nada.

02º lugar: Os Dez Mandamentos - Nova Temporada — Se fazer uma segunda temporada do maior sucesso da teledramaturgia da Record em 2015 já tinha se mostrado um equívoco tremendo, os efeitos especiais para as cenas de impacto (como as da abertura da terra e das batalhas sangrentas sem nenhuma gota de sangue) foram, no mínimo, constrangedores. Um festival de closes nas caras e bocas dos atores, com fundo em chroma key malfeito. E o que dizer da maquiagem de envelhecimento (eleito, inclusive, pelos leitores o mico do ano na nossa premiação)? Atores e atrizes envelhecidos artificialmente. Até tentaram apostar na interpretação, mas as barbas e cabelos postiços criaram um ruído perturbador no vídeo. O cuidado e o esmero da novela do ano passado contrastaram com o ar amador desta continuidade, que perdeu sua essência bíblica e virou um verdadeiro besteirol. Triste fim para a saga de Moisés...

01º lugar: Sol Nascente — Sem dúvidas, o maior erro da dramaturgia em 2016. A novela já causou polêmica antes mesmo da estreia, ao entregar os protagonistas japoneses da obra a dois atores caucasianos, Giovanna Antonelli e Luis Melo. Alice, personagem de Giovanna, é filha adotiva, mas nada justifica Tanaka ter a cara de Melo, por melhor ator que ele seja. E, como se não bastasse tudo isso, Sol Nascente entrou no ar com um fiapo de história, trama principal fraca e batida (e paralelas piores ainda), personagens rasos que não causam nenhuma emoção ou empatia, mau uso de clichês e ritmo arrastado e lentíssimo. Além disso, reforça estereótipos de japoneses e italianos, povos que, a princípio, seriam "homenageados" no folhetim; provocando só a indiferença do público, o que às vezes é pior que uma rejeição. Nada funcionou ali. Apenas serviu como um ótimo antídoto para quem sofre de insônia.

Confira a retrospectiva das melhores e piores atuações femininas em 2016.

Obviamente, a lista é baseada unicamente na opinião desse humilde redator que vos escreve. Portanto, está sujeita a injustiças e esquecimentos. Cabe a cada um dos leitores concordar ou não, dar a sua opinião, completar a lista, me esculhambar nos comentários...


quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

As Melhores e Piores Atrizes em 2016



Chega o final do ano e vem aquele tempo gostoso em que a gente faz uma retrospectiva de tudo o que passou e promete voltar para academia, parar de ser trouxa e tantas outras promessas que não vamos conseguir cumprir. Pensando nisso, a partir de hoje, começa aqui no blog as matérias de retrospectiva onde listarei o que amei e o que odiei no ano na nossa TV, começando pelas atuações femininas. Confira!

   AS MELHORES ATRIZES NA TV EM 2016   



20º lugar: Miriam Freeland — A Terra Prometida ousou e acertou ao trazer para o centro de uma história bíblica uma prostituta, Raabe, que roubou a cena e virou o grande destaque. A personagem é forte, tem o melhor enredo e virou a mocinha moral da história (já que Aruna/Thaís Melchior é insossa demais).

19º lugar: Marina Ruy Barbosa — A história da menina pobre que sobe na vida não é novidade alguma, mas foi exatamente nesse mote batido e, principalmente, na atuação segura de Marina (que é, sem dúvidas, uma das melhores atrizes jovens da nova geração) que Totalmente Demais teve o seu trunfo maior. Além da Elisa, a atriz ainda fez uma participação (pra lá de visceral) como Isabela na série Justiça.

18º lugar: Grace Gianoukas — Figura rara nas novelas e na própria televisão, pois sempre se dedicou mais ao teatro, e dona de uma interpretação bastante peculiar e exagerada, Grace se destacou do início ao fim em Haja Coração e protagonizou os momentos mais hilários da trama na pele da arrogante Teodora.

17º lugar: Carol Castro — Carol pareceu de um jeito surpreendente em Velho Chico. Diferente de tudo que já fez, ela não só esbanjou boa forma em cenas de nudez e interpretou com bastante emoção Iolanda na primeira fase da trama, como cantou e encantou Afrânio (Rodrigo Santoro) e todo o público.

16º lugar: Fernanda Vasconcellos — Apesar das incoerências e do fraco desenvolvimento do roteiro que envolvia o triângulo Camila-Giovanni-Bruna em Haja Coração, à medida que ia crescendo na trama, Fernanda impressionou pela versatilidade vivendo uma vilã psicopata após várias mocinhas seguidas.


15º lugar: Andreia Horta — Apesar de ter sido prejudicada pela trajetória irregular da sua personagem, a Rosa/Joaquina, Andreia honrou com maestria o protagonismo de Liberdade Liberdade, esbanjando química com Bruno Ferrari e protagonizando ótimas cenas com Lília Cabral e Mateus Solano.

14º lugar: Fabiula Nascimento — Com uma interpretação grandiosa como a forte Eulália, foi um dos maiores destaques da primeira fase de Velho Chico. Emoção pura a cada cena, a cada fala, a cada olhar.

13º lugar: Elizabeth Savala — Ela foi muito criticada inicialmente pelo excesso de exagero, mas uma atriz do quilate da Elizabeth sabe como poucas driblar críticas e se manter digna a um trabalho. Não deu nem um mês e o tom acima da Cunegundes acabou virando a marca registrada da personagem e lhe deu um charme peculiar, o que lhe transformou num dos tipos mais queridos de Eta Mundo Bom, mesmo sendo uma espécie de vilã interesseira. Hilário os momentos em que ela gritava "O meu nome é CU-ne-gun-des".

12º lugar: Camila Pitanga — A vida da atriz não foi nada fácil em 2015. Protagonista da horrenda Babilônia, a atriz foi rejeitada (com razão) por causa da Regina (que ganhou, inclusive, a categoria de "Chatonilda do Ano" na nossa premiação anual). Com Maria Tereza, de Velho Chico, porém, a atriz fez as pazes com o público e deu a volta por cima, protagonizando momentos de enorme carga dramática.

11º lugar: Bruna Marquezine — Dando vida à Beatriz, uma dançarina de boate alçada à fama como estrela de telenovela, em Nada Será Como Antes, Bruna esbanjou sensualidade, mas, principalmente, talento, mostrando uma grande evolução na carreira e maturidade ao optar pela sutileza em cena, ao invés de muitos tons acima. Assim como Marina, também é uma das melhores atrizes da nova geração.


10º lugar: Deborah Evelyn — Ela entrou em A Regra do Jogo no finalzinho de dezembro de 2015 e roubou as atenções para si por sua eficiência com uma personagem cheia de dramas e segredos. Deborah só protagonizou sequências difíceis e densas. Não houve cena alguma mais ou menos. Toda vez em que Kiki surgia, mudava os rumos da novela. Não é a toa que a própria Deborah confessou que esse era seu papel mais difícil que já interpretou na TV. E foi. Me arrisco a dizer que é o melhor da sua carreira.

09º lugar: Thaís Fersoza — Deliciosamente diabólica no papel da vilã-mor de Escrava Mãe e com um tom frio e debochado, Thaís exorcizou de vez a fama de boa moça vivendo a terrível Maria Isabel.

08º lugar: Patrícia Pillar — Patrícia é uma das melhores atrizes do país e tem um domínio cênico invejável. Isabel, sedutora e cruel mulher de Ligações Perigosas que tinha o prazer em enganar e manipular as pessoas, foi a sua quarta vilã seguida e, por mais incrível que possa parecer, ela conseguiu diferenciá-la das três anteriores que viveu (a psicopata Flora, em A Favorita, sua personagem mais marcante; seguida da arrogante Constância de Lado A Lado e da fria Angela Mahler de O Rebu). Trabalho impecável!

07º lugar: Marjorie Estiano — A autora Manuela Dias contou com o talento de Marjorie esse ano em duas ocasiões: quando lhe deu a religiosa Mariana na microssérie Ligações Perigosas e depois em Justiça, onde viveu Beatriz, uma bailarina que fica paraplégica e prefere a eutanásia. Ambas as personagens foram bem fortes e dramáticas e Marjorie impactou pelo realismo de sua interpretação nos dois momentos.

06º lugar: Leandra Leal — A atriz se apropriou da cafetina Kellen (um verdadeiro furacão em forma de mulher) de forma impressionante e, inclusive, das expressões pernambucanas, soando como uma recifense nata, sem exageros e caricatura. Leandra merecia uma Kellen faz tempo. Estigmatizada por quase sempre viver aquelas mocinhas choronas politicamente corretas, sua personagem em Justiça foi um divisor de águas na carreira de Leandra Leal, conseguindo ser má, divertida e sexy, tudo ao mesmo tempo.


05º lugar: Nathalia Dill — Nathalia brilhou absoluta como a vilã Branca, que, em meio ao clima soturno e violento de Liberdade Liberdade, foi responsável pelos momentos mais cômicos (ou tragicômicos). A atriz apostou num sotaque mineiro carregado que acabou divertindo e deu o tom perfeito para a exagerada e voluntariosa vilã, cuja loucura e impropérios foram sendo explorados gradativamente.

04º lugar: Débora Bloch — Protagonista da história mais pesada e impactante da série Justiça, Débora Bloch desempenhou brilhantemente bem todo o dilema moral de sua Elisa. Como pode a mãe se envolver com o assassino da filha? Essa pergunta foi proferida com um tom de indignação por qualquer telespectador; porém, a atriz é tão talentosa que conseguiu dar credibilidade a esse controverso sentimento e sua obsessão em vingar a filha, Isabela (Marina Ruy Barbosa), morta por Vicente (Jesuíta Barbosa). Toda essa história foi muito bem estruturada por Manuela Dias e Débora conseguiu aproveitar todas as oportunidades desse rico enredo para brilhar, em um grau de entrega impressionante.

03º lugar: Adriana Esteves — A saga de Fátima, a humilde empregada doméstica pernambucana que foi presa injustamente por sete anos e só queria reerguer sua vida ao lado dos filhos, comoveu os telespectadores que assistiram Justiça sem precisar necessariamente do famigerado tema "Hallelujah" e foi, sem dúvidas, a melhor história da trama. Principalmente, porque Fátima fez justiça ao talento de Adriana Esteves. Um papel digno de quem conquistou todo o público com a maldosa, porém, querida Carminha, de Avenida Brasil; e a melhor forma de fazer a atriz se desvencilhar da grande vilã com uma mocinha convincente que despertou a torcida do público, algo raro para as heroínas de hoje em dia.

02º lugar: Lucy Alves — É pouco comum ver atores estreantes em novelas com um papel de destaque, principalmente aqueles capazes de movimentar a história como um todo. Lucy Alves fugiu à regra e, mesmo com um papel difícil, driblou todas as desconfianças e conseguiu ser melhor do que muita atriz veterena em Velho Chico por sua interpretação visceral da, não menos visceral, Luzia. Ora louca, ora passional, nos acostumamos a amar a Luzia e até perdoar algumas maldadezinhas que ela fez no decorrer da novela. Dona de frases de efeito e bordões, como as expressões "catraia" e "cutruvia", que caíram na boca do povo, dispensou caras e bocas e atuou com naturalidade. Maior revelação da TV dos últimos anos, Lucy é um grande talento que a Globo descobriu, lapidou e certamente saberá usar em produções futuras.

01º lugar: Selma Egrei — Presente em todas as fases da trama, a personagem de Selma tinha tudo para virar uma espécie de caricatura, uma bruxa rancorosa de desenho animado. Entretanto, a atuação impecável da atriz e o excelente texto fizeram da centenária Encarnação uma das personagens mais interessantes, complexas e cativantes de Velho Chico. Fico imaginando o que seria da novela sem os seus tremiliques e suas frases de efeitos. Claro que a Encarnação teve toda aquela perfeita e pesada maquiagem de envelhecimento que ajudou na construção da centenária, mas sem o talento da Selma Egrei, de nada adiantaria, conseguindo imprimir em sua personagem todo o rancor e firmeza que ela precisava, ao mesmo tempo garantindo que ela esboçasse muita humanidade. É digna de Oscar! Ou de Emmy (#FicaADica)...

Menções Honrosas: Lilia Cabral (Liberdade Liberdade), Giullia Buscacio (Velho Chico), Zezita Matos (Velho Chico), Mariene de Castro (Velho Chico), Luci Pereira (Velho Chico), Julia Dalavia (Velho Chico e Justiça), Cyria Coentro (Velho Chico), Juliana Paes (Totalmente Demais), Viviane Pasmanter (Totalmente Demais), Juliana Paiva (Totalmente Demais), Giovanna Rispoli (Totalmente Demais), Sabrina Petraglia (Haja Coração), Chandelly Braz (Haja Coração), Ellen Roche (Haja Coração), Cristina Pereira (Haja Coração), Flávia Alessandra (Eta Mundo Bom), Camila Queiroz (Eta Mundo Bom), Eliane Giardini (Eta Mundo Bom), Bianca Bin (Eta Mundo Bom), Rosi Campos (Eta Mundo Bom), Amanda de Godoi Bárbara França (Malhação - Pro Dia Nascer Feliz), Larissa Manoela (Cúmplices de um Resgate), Lidi Lisboa (Escrava Mãe), Jussara Freire (Escrava Mãe), Juliana Silveira (A Terra Prometida), Camila Márdila (Justiça), Luisa Arraes (Justiça), Cássia Kis e Débora Falabella (Nada Será Como Antes), Jéssica Ellen (Justiça), Drica Moraes (Justiça) e Taís Araújo (Mister Brau).

      AS PIORES ATRIZES NA TV EM 2016      



05º lugar: Priscila Steinman — Foi muito bizarro a volta da Sofia à trama de Totalmente Demais. A novela, que tinha um estilo leve de conto de fadas moderno, acabou descaracterizada com a volta da personagem e a revelação de que ela era uma psicopata incontrolável. Se a atriz que a interpretou ainda fosse boa, seria mais fácil de digerir, mas nem isso aconteceu. Nos instantes em que a vilã dissimulava ser bondosa e desmemoriada para a família, por exemplo, Priscila atingia doses altíssimas de canastrice.

04º lugar: Daniela Escobar — A Garota da Moto, apesar da boa iniciativa do SBT em sair da mesmice e investir em novos conteúdos, foi uma série difícil de engolir. E um dos principais motivos foi a atuação de Daniela, cuja vilã Bernarda, de tão maniqueísta, parecia saída de uma novela mexicana ruim dos anos 80. Esqueci de colocá-la para votação como "Pior Atriz" na nossa premiação, então aqui fica o registro.

03º lugar: Giovanna Grigio — Saindo de Chiquititas, onde fez sucesso com a protagonista Mili, e caindo direto numa novela global em um papel relativamente importante, a jovem e inexperiente atriz não fez jus à sorte grande que teve e foi infeliz na interpretação de Gerusa, garota doente mais inexpressiva das novelas, em Eta Mundo Bom. Uma pena que o Walcyr só decidiu matá-la perto de acabar a novela.

02º lugar: Luiza Brunet — Em sua participação especial em Velho Chico como Madá, dona de um bordel, Luiza apareceu com uma peruca bem da esquisita que mirou na Marilyn Monroe, mas acertou em cheio na drag queen Salete Campari. A questão maior, porém, foi o sotaque nordestino que Luiza teve de fazer. Estava totalmente estranho, forçado e com uma entonação que, por vezes, lembrava a voz de uma criança. Bizarro. Agora entendo porque sua carreira como atriz nunca decolou: ela não nasceu para isso!

01º lugar: Débora Nascimento — Além do sotaque interiorano artificial demais (que acabou sumindo), Filomena (que já pode ser considerada uma das piores mocinhas de todos os tempos) era extremamente cansativa e insuportável. Pra piorar, não teve química alguma com Candinho, que só não foi prejudicado pela fraqueza da intérprete de Filó porque Sérgio Guinzé estava muitíssimo bem no papel. Em certos momentos, ficou esquecida e sem função alguma em Eta Mundo Bom. Não deu outra: foi ofuscada pelo brilho da Bianca Bin e a Maria acabou virando a mocinha oficial da história! Débora não aguentou o rojão de ser protagonista e ainda precisa se esforçar muito antes de protagonizar uma próxima trama.

Menções Nada Honrosas: Adriana Birolli (Totalmente Demais), Guilhermina Guinle (Eta Mundo Bom), Yara Charry (Velho Chico), Maria Pinna (Cúmplices de Resgate) e Carol Nakamura (Sol Nascente).


Obviamente, a lista é baseada unicamente na opinião desse humilde redator que vos escreve. Portanto, está sujeita a injustiças e esquecimentos. Cabe a cada um dos leitores concordar ou não, dar a sua opinião, completar a lista, me esculhambar nos comentários...


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Escrava Mãe aborda a escravidão de forma mais interessante que Liberdade Liberdade



Liberdade Liberdade é uma novela que toca em diversos temas cruciais bastante pertinentes para a sociedade brasileira. A corrupção da Coroa Portuguesa, o abuso de poder, a sociedade hipócrita, o feminismo, o combate à intolerância e ao preconceito e o ideal de liberdade sexual que são retratados no folhetim encontram eco no Brasil de 2016 através de personagens fortes que contribuem para que a trama flua bem. Porém, a um ponto a ser questionado: por que a novela não tem um personagem negro forte o bastante que sirva para combater a escravidão?

O racismo no Brasil tem sido um grande problema desde a era colonial e escravocrata imposta pelos colonizadores portugueses (época na qual se passa a novela das onze). Por mais que algumas pessoas insistam em dizer que não existe, basta dar uma breve pesquisada nas redes sociais para perceber que a discriminação por cor está presente como nunca, na internet, nas ruas, no trabalho, na escola. Esse é um tema pra lá de importante, mas que, infelizmente, vem sendo tratado de forma repetitiva e sem maior criatividade em Liberdade Liberdade.


O sofrimento dos escravos é tratado como se fosse uma espécie de cenário, uma tela sem vida, sempre em segundo plano. Em todo capítulo, vemos as terríveis condições de vida dos escravos (a maioria da população de Vila Rica), mas não há quase nenhuma história forte para a trama envolvendo eles. O que aconteceu com o romance entre Luanda (Heloisa Jorge) e Saviano (David Junior), infernizado por Dionísia (Maitê Proença), que nutre um fetiche pelo Saviano e o fazia de objeto sexual? Luanda era uma personagem cheia de nuances. Esperta e ardilosa, é uma negra preconceituosa e intolerante por pura ignorância, acha que os brancos são senhores por direito divino, o que rendia bons embates com Bertoleza (Sheron Menezes), escrava alforriada de hábitos refinados. Mas desde que foi "comprada" por Branca (Nathália Dill), virou uma espécie de "escada" para a vilãzinha subir e destilar seus impróprios (divertidos, não vou negar). E o Saviano só serviu até agora para mostrar a sua bunda em cena (e que bunda, hein!!!).

Falando na Bertoleza (irmã de criação de Joaquina/Andréia Horta e criada de igual para igual com a família Raposo desde pequena), ela é figura negra mais revelante para a história. Entretanto, embora tenha tido um entrecho interessante com seu sequestro (a ponto de quase ser escravizada), seus embates com Luanda e tenha até uma trama própria (seu romance interracial com Ventura/Vitor Thiré), ela serve mais como "orelha" da protagonista.


Outra personagem negra que poderia ter rendido mais é a Jacinta (Dani Ornellas). Ela foi capturada por Gaspar (Romulo Estrela) e vendida como escrava mesmo sendo alforriada, virou garimpeira de uma mina, onde foi torturada e abusada pelo feitor Malveiro (Bruce Gomlevsky), virou amiga de Bertoleza quando esta tinha sido sequestrada, conseguiu fugir e sumiu. Depois de mais de um mês sem dar o ar de sua graça na trama, retornou agora como uma nobre, casada com Omar (Bukassa Kabengele), e desejando vingança contra Gaspar e Malveiro. A trajetória da personagem foi muito mal construída e acabou não despertando a torcida do público, como deveria, com essa sua volta por cima e de vingança contra seus algozes. Celeste (Olívia Araújo), escrava preguiçosa e atrapalhada, serve como alívio cômico e até tem lá seus momentos divertidos, mas também é outra personagem negra que parece deslocada na história.

Enquanto isso, Escrava Mãe, outra novela que também se passa no início do século 19 e fala sobre a escravidão, vem tratando o assunto de forma mais interessante que a novela das onze.


Enganou-se quem achou que o tema da escravidão iria deixar o horário das sete da Record mais sério e dramático. Ao contrário da maioria das cenas de Liberdade Liberdade (que parecem puramente feitas para chocar), a emissora teve o cuidado de não chocar com cenas de tortura e espancamento e foca mais na dor e no sofrimento dos escravos. A novela vem mostrando a dura vida dos escravos no Brasil naquele (triste) período de forma bem envolvente e interessante. Os rituais do candomblé, a formação dos quilombos, os escravos fugões que fazem justiça com as próprias mãos contra os brancos, os senhores do engenho que treinavam seus escravos para lutarem entre si e faziam aposta para ver quem ganhava mais dinheiro com eles, a rivalidade e os conflitos entre os próprios negros nos quilombos... Assuntos bem explorados que couberam perfeitamente dentro da história, sem soar gratuito ou panfletário.

Apesar do regime escravocrata ser o vigente na Vila de São Salvador em Escrava Mãe, alguns moradores não concordam com o que vê nos lares dos poderosos coronéis. A frente de seu tempo, personagens como Tomás (Raphael Montagner), Filipa (Milena Toscano) e Átila (Leo Rosa) lutam com as armas que possuem para que o abolicionismo chegue ao Brasil. Os negros da história não ficam só em segundo plano e desempenham papel fundamental para a história (destaques para a protagonista Juliana/Gabriela Moreyra, sua rival Esméria/Lidi Lisboa, Tia Joaquina/Zezé Motta e a poderosa Catarina/Adriana Lessa). Escrava Mãe é uma boa referência de junção histórica e ficcional, sabendo entreter e retratar a escravidão na medida certa.


De qualquer forma, ainda é de se lamentar que os negros ainda são absoluta minoria na televisão e escalados em abundância apenas para novelas que abordam o tema da escravidão.

domingo, 10 de julho de 2016

O Melhor e Pior da Semana (26/6 à 9/7)




OBS.: Como expliquei lá na nossa fan page, tive que viajar por problemas de saúde e não pude escrever a nossa seção fixa de todo santo domingo com o melhor e o pior da TV da semana passada (26/6 à 2/7). Hoje, portanto, juntarei aquela semana com essa também (3 à 9/7).


   O MELHOR DA SEMANA   



O "despertar" de Velho Chico



Após um período arrastado, com poucos acontecimentos relevantes e um foco excessivo em questões políticas, Velho Chico vem mostrando uma benéfica mudança de rumo nos capítulos mais recentes. A novela ganhou novo fôlego com a revelação de que Miguel (Gabriel Leone) é filho de Santo (Domingos Montagner) e entrou em sua melhor momento desde a estreia, resultando em capítulos primorosos e atuações fantásticas. Falei mais detalhadamente sobre isso bem AQUI. Foi uma semana decisiva. Demorou, mas valeu a pena esperar pelo grande "despertar" da novela das nove. Velho Chico empolga quando carrega no drama com tintas de tragédia grega. Que a excelência apresentada continue se mantendo até o final da novela.

Racismo em Velho Chico



Vale ressaltar que a novela das nove também prestou um belo serviço com uma abordagem corajosa contra o racismo. No capítulo de quinta da semana passada (30/06), assim que Sophie (Yara Charry), namorada francesa de Miguel (Gabriel Leone), botou os pés na fazenda, Afrânio (Antonio Fagundes) ficou de queixo caído e disparou sem dó nem piedade: "Mas é uma negrinha! Precisava atravessar o Atlântico pra isso? Com o tanto que temos aqui". Que horror!

Quem ficou surpreso com a atitude e achou que Afrânio não podia ser racista porque tem uma filha negra, não entende nada sobre como o racismo funciona. Como o próprio disse, a filha dele é mais "clarinha". Na visão de Afrânio, um clássico coronel nordestino arcaico, aos negros só devem ser reservados em sua fazenda o espaço da roça e da cozinha. É o famoso "Não sou preconceituoso, mas (...)". Um pensamento que, infelizmente, vemos diariamente em todo lugar. O tremendo diálogo (entre muitos outros) que se seguiu e que permeou, praticamente, o capítulo inteiro discutiu o racismo de forma contundente e muito inteligente, amparado num texto bem escrito e inspirado e nas ótimas atuações de Antonio Fagundes, Gabriel Leone, Marcelo Serrado (Carlos), Lee Taylor (Miguel), Selma Egrei (Encarnação), Camila Pitanga (Isabel) e Cristiane Torloni (Iolanda). Uma pena que a aposta Yara Charry tenha deixado a desejar.

Núcleo de Giovanni, Camila e Bruna



O triângulo amoroso entre Giovanni, Camila e Bruna vem se tornando um dos pontos positivos principais de Haja Coração. Embora o par não seja exatamente um casal arrebatador, Agatha Moreira e Jayme Matarazzo têm boa sintonia em cena. A atriz tem feito boas cenas tanto nos momentos em que Camila se mostra grosseira, quanto nas sequências em que ela evita ao máximo lembrar-se de seu passado, ainda que se depare com lapsos que retomem estas memórias. Jayme, por sua vez, também convence em cena, apesar de interpretar mais um jovem revoltado e inseguro, o que é uma constante em sua carreira. Mas o destaque especial vai para Fernanda Vasconcellos. A talentosa atriz, com uma carreira marcada por papéis de mocinhas choronas, tem nas mãos a primeira vilã de sua carreira e, assim que Bruna descobre o romance de Giovanni e Camila, ganhou um merecido destaque, protagonizando ótimas cenas com os dois. A personagem vem se mostrando capaz de manipular friamente o casal um contra o outro, em virtude da rejeição que aos poucos vai se transformando em ódio. Estas sequências valorizaram ainda mais o talento de Fernanda, que já de algum tempo merecia um papel diferenciado como este. Mais situações vêm por aí, conforme Camila vai retomando a memória e Bruna vai agindo para separar o casal. E estas situações irão render mais boas cenas.

A nova loira do Trust




Desde que o Zorra se reinventou e deixou para trás o "Total" (com aquelas piadas prontas e previsíveis naquelas enquetes sem graça), o programa não só ganhou status, como também virou outro programa. Debochado, dinâmico, criativo. As sátiras políticas, então, viraram o ponto alto da atração. Na última semana, rolou o quadro A Nova Loira do Trust, parodiando a música "A nova loira do Tchan" e satirizando a mulher do Eduardo Cunha. A imitação impagável da Dani Calabresa, a caracterização perfeita dos personagens, o elenco bem afinado, a coreografia bem ensaidada, a ironia certeira para fazer rir e pensar, enfim. Foi simplesmente fantástico!

Bate e Volta com Mara e Catra



Já falei que acho original e inusitada a iniciativa da Band de colocar pessoas de estilos diferentes para trocarem ideia no Bate e Volta. O programa é bem interessante e agradável. A participação da Mara Maravilha com o Mr. Catra essa semana foi, sem dúvida, o melhor episódio. Os dois debateram e discordaram sobre assuntos como homossexualismo e drogas.

Urraca




Não é só a Thaís Fersoza que está dando um show como a terrível Maria Isabel em Escrava Mãe. Jussara Freire também está incrível na pele da Urraca. Embora esta seja mais puxada para a comédia, é daquelas vilãs que, por mais megera que seja, dá prazer de assistir. Adorando sua dobradinha com o filho Almeida (Fernando Pavão) e com a rival Rosalinda Pavão (Luiza Tomé). Depois da Donana em Pecado Mortal, mais uma vilã deliciosamente terrível para a sua carreira.

Criança Esperança


Com o sucesso do Teleton e os constantes boatos de que grande parte das doações sejam desviadas, de que a Globo usa as doações para reduzir impostos e mimimi, a emissora se viu obrigada a reformular o Criança Esperança para convencer o telespectador a participar da campanha promovida por uma emissora cujo lucro anual é de quase 3 bilhões de reais. Renato Aragão e cantores cederam espaço a outras atrações da própria TV Globo. Enquanto Silvio Santos é a marca máxima do SBT, a teledramaturgia caracteriza a imagem do canal platinado.


Por isso mesmo, achei louvável a ideia de trazer personagens históricos das novelas no chamado "mesão". Tieta (Betty Faria), Visconde de Sabugosa, Dona Benta (Nicette Bruno), Tia Nastácia (Dhu Moraes), Sassá Mutema (Lima Duarte), professora Clotilde (Maitê Proença), os vampiros Natasha (Claudia Ohana) e Matoso (Otávio Augusto), o galã Fabian (Ricardo Tozzi), Mamuschka (Rosi Campos) e Carretel (Nelson Freitas) pediram doações aos telespectadores. Foi uma oportunidade do público rever ícones da teledramaturgia brasileira. Nostalgia pura.

Caracterizados com seus respectivos personagens da Nova Escolinha do Professor Raimundo, Mateus Solano, Evandro Mesquita, Marcelo Adnet, Otaviano Costa, Fabiana Karla, Betty Gofman e Lúcio Mauro Filho também deram o ar de sua graça. Eles cantaram a música "Pelados em Santos" do saudoso grupo Mamonas Assassinas. Mais uma vez, a nostalgia se fez presente.

Mais de cem atores passaram pela bancada. O elenco platinado foi mobilizado. A Globo também acertou na escolha do quarteto que comanda o espetáculo. Dira Paes, Flávio Canto, Lázaro Ramos e Leandra Leal são personalidades que sempre defenderam a responsabilidade social.


O formato do Criança Esperança ficou bem mais interessante. O programa soube se atualizar e apresentou um harmonioso conjunto misturando entretenimento, projetos sociais e matérias emocionantes (destaque absoluto para a apresentação arrepiante de Alcione cantando o hino do funk "Rap da Alegria", numa versão mais lenta, ao lado de mães que perderam seus filhos para a violência), deixando aqueles shows frios e pirotécnicos de lado e trazendo um clima mais agradável e gostoso de se ver para um formato tão importante para as crianças do país.

A Terra Prometida




Com uma cronologia ousada, A Terra Prometida, nova trama bíblica da Record que vai dar continuidade a saga dos hebreus do Egito, quase pegou o telespectador de surpresa mostrando logo em suas primeiras cenas a quase queda das muralhas de Jericó, outra passagem emblemática da Bíblia que vai ser mostrada na trama. Não foi inovador, mas achei bem interessante mostrar o final da trama logo na estreia e, tal qual os seriados americanos, dar um retrocesso de seis meses, mostrando tudo que aconteceu até chegar aquele momento. 

A Terra Prometida não poderia ter estreado melhor. Ficou nítido que a trama teve um tratamento muito maior que o de Os Dez Mandamentos em todos os sentidos e, mesmo sendo uma continuação, vai traçar seu próprio caminho. Ao que parece, o grande trunfo de A Terra Prometida certamente será seu elenco. Nomes de peso como Beth Goulart e ex-globais contratados especialmente para a trama (como Igor Ricky, Cristina Oliveira, Elizangela, Kadu Moliterno e Paloma Bernardi) dão a credibilidade que faltou em Os Dez Mandamentos. Juliana Silveira (vilã Kalesi) e Miriam Freeland (prostituta Raabe) foram as donas da novela nessa semana inicial e mostraram que suas personagens serão os destaques femininos da trama.

Assim como em Escrava Mãe, a Record investiu (o que normalmente não acontecia) e apresentou uma animação com o resumo da luta de Josué (Sidney Sampaio) rumo à Terra Prometida, dando uma embalagem digna e bem criativa para a nova trama.


A Terra Prometida tem todas as ferramentas para agradar. Sem o ineditismo da fórmula da trama de Moisés, a novela vai ter que prender o telespectador por sua pura e simples boa trama.


   O PIOR DA SEMANA   



A morte de Raposo



Claro que sei que a morte de Raposo (Dalton Vigh) em Liberdade, Liberdade deve ter algum propósito para o andamento da (boa) história da trama. O autor não ousaria matar um personagem tão importante sem um propósito digno para o desenrolar dos acontecimentos. Quer dizer, assim espero, afinal, João Emanuel Carneiro matou a Djanira (Cássia Kis numa atuação magistral) em A Regra do Jogo e vocês lembram como ficou a novela, né? O personagem saiu de cena em grande estilo e o clima de luto rendeu cenas emocionantes. Mas o fato é que a novela das onze vai ficar muito mais pobre sem Dalton Vigh em um dos seus melhores momentos na TV. Dom Raposo era um personagem querido, merecia mais tempo na trama e poderia ter rendido muito mais (como seu romance mal resolvido com Virgínia/Lília Cabral, a relação com a filha Rosa/Andrei Horta e o pequeno Caju/Gabriel Palhares e, principalmente, a reação quando o filho André/Caio Blat se descobrisse gay). Uma pena.

Dublagem pavorosa do Batalha de Cozinheiros



Muito ruim essa dublagem do Buddy Valastro. A voz do dublador não combina em nada com o gringo. O chef para de falar e a voz ainda sai na sua boca. Mistééééério! Estranhíssimo acompanhar uma disputa com brasileiros e um apresentador dublado. E o ritmo deve ser truncado na gravação. Valastro fala em inglês e os competidores (usando um ponto eletrônico) respondem em português. Imaginem só o trabalho árduo na tradução simultânea que é cortada na edição... De resto, o programa não apresentou nada de atrativo. Ainda mais se formos compará-lo com outro reality concorrente no horário, MasterChef. Péssima estratégia da Record em colocar sua atração no mesmo dia e horário que o sucesso culinário da Band. São duas atrações bem parecidas. Com a diferença de que o programa de Fogaça, Paola e Jacquin já está consolidado na audiência e na preferência do público e é realmente atrativo.

Mega Senha Sidney Oliveira



O Mega Senha, game show (muito bom, por sinal) da Rede TV!, foi rebatizado. A partir de agora, ele passa a ser chamado de... Mega Senha Sidney Oliveira!!! Oi?! Sim, é isso mesmo. Que título mais ridículo, viu... Para quem não sabe, Sidney Oliveira é o nome daquele dono da rede de farmácias Ultrafarma. Homenagem? Nada disso. Trata-se de uma mega ação de marketing, envolvendo um valor que gira em torno de 1,5 milhão de reais POR MÊS para a Rede TV! de patrocínio da Ultrafarma. Mas que título mais esdrúxulo, né? Ah, se isso vira moda no canal... O A Tarde é Sua ia virar A Tarde é Sua, da Top Therm e do Ômega 3! Bem cafona!

Final de Os Dez Mandamentos




Os Dez Mandamentos chegou ao fim proporcionando surpresas nada agradáveis ao telespectador e com um ar totalmente amador e tosco, sem o mínimo de cuidado e esmero. A produção, como um todo, dessa segunda temporada foi desastrosa e decepcionante, mas os capítulos finais foram de uma precariedade total, com caracterizações a base de talco para envelhecer atores jovens e uma batalha sangrenta sem nenhuma gota de sangue. Falei mais detalhadamente sobre isso AQUI. A cena final mostrou a morte de Moisés (Guilherme Winter). Ele sobe no Monte, já perto de Jericó, para ali morrer e ser enterrado pelo próprio Deus, até que o Arcanjo Miguel trava um duelo contra o diabo pelo corpo de Moisés. A sequência tinha tudo para ser antológica e encerrar essa temporada com dignidade, mas o que se viu, mais uma vez, foi de total amadorismo. A batalha do bem e do mal se resumiu a uma lutinha pobre de desarrumados ninjas titãs de causar vergonha alheia em Power Ranger e Karatê Kids. Até a Sonia Abrão (defensora incansável da trama) detonou a cena. Triste fim para a saga de Moisés!

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