Nesse blog, o melhor da TV será exaltado e o pior será humilhado. Sem dó nem piedade. Sem bajulação. Com bastante acidez e uma pitada de ironia. Entre. Fique a vontade. E critique também. Afinal, eu critico, tu criticas.
Há algumas semanas, a Record estreou em nosso país a versão de grande sucesso das emissoras BBC da Inglaterra e da ABC dos Estados Unidos, Dancing With the Stars, aqui intitulado como Dancing Brasil. Pode parecer precipitado, mas acho que já podemos afirmar que o novo reality show de dança é uma das mais interessantes estreias deste primeiro semestre. E, de bônus, já podemos dizer também que o reality vence de sobra o reality mais famoso até então, o Dança dos Famosos, do Faustão. E se você perguntar o porquê da comparação, bem, a própria Globo chegou a pensar em processar a Record por achar que uma é cópia da outra. Então nada mais justo que colocarmos os dois realitys no mesmo texto e compará-los.
Diferentemente do famoso quadro do Faustão, o Dancing Brasil traz toda semana ritmos para embalar as danças dos competidores, exibindo performances de músicas variadas – não necessariamente pertencente ao tema, tendo em consideração um leque de variedades na dança. Também, os jurados são fixos e não variados, semanalmente, como acontece no quadro do Faustão. Sendo assim, os mesmos acompanham consideravelmente os desempenhos dos participantes (se evoluem ou decaem na competição).
E no processo de comparação, o show da Record ganha em quase todos os quesitos, a começar pela apresentação. Enquanto que na Globo temos o sempre impertinente Faustão, que gosta de monopolizar o microfone, na Record vimos uma Xuxa bem sóbria, fazendo um papel de coadjuvante. Fala o necessário, brinca o necessário e interage o necessário. E só isso. Faz o básico e não chama mais atenção que os candidatos, pois esses sim, são as estrelas do programa. E, mesmo assim, ela consegue roubar a atenção. Esbanjando carisma, fazia tempo que não víamos a eterna Rainha dos Baixinhos toda alegre, tão sorridente, brincando e dançando, apresentando um programa – acho que desde o icônico Planeta Xuxa.
Outra vitória da Record vem no quesito produção. Enquanto que o Dancing Brasil é ambientado num palco gigantesco, bem produzido, rico em detalhes passados para quem está em casa acompanhando – um show à parte –, no Dança dos Famosos vemos a estrutura ser montada no palco de um programa de televisão. Ou seja, de um lado temos um programa, de outro temos um quadro dentro de outro programa .
Por conta disso, tudo no reality da Record funciona melhor: edição, câmeras, roteiro do programa. Os candidatos aqui conseguem se mostrar de forma mais completa e o público consegue acompanhar melhor a evolução de cada um deles. Óbvio que em um ponto o reality da Rede Globo consegue vencer: escolha do elenco. Não dá para comparar o cast da Globo com o cast da Record, mesmo com todo o esforço da emissora paulista para trazer para a primeira temporada alguns de seus "grandes" nomes. A escolha do robótico Sérgio Marone como repórter de bastidores do programa também é outro ponto fraco. É tão sem sal atuando quanto apresentando. Nany People seria o nome perfeito para tal posto #FicaADica.
Ainda assim, a Globo consegue chamar mais atenção neste quesito. Mas, fora isso, a Record está de parabéns por estar exibindo um programa de entretenimento muito bem acabado, produzido, com uma estrela apresentando bem e com tudo funcionando direito. Uma pena que um programa tão grandioso como esse fique patinando entre apenas 4 ou 5 pontos no Ibope num fim de segunda-feira. Merecia muito mais!
P.S.: Achei essa abertura do programa um verdadeiro LUXO!!!
Quem diria, hein... Escrava Mãe se revelou uma belíssima surpresa. Faz tempo que a Record não produz uma novela tão bem feita. Não dá para parar de assistir. A novela funciona como um prequel de A Escrava Isaura, narrando a trajetória de vida de Juliana, a escrava que é mãe da personagem título do romance de Bernardo Guimarães. Mesmo que o horário não permita um enredo carregado em profundidade que traga à tona a história dos negros comercializados no Brasil naquela época, é importante uma novela que ressalte isso, pois, infelizmente, mesmo estando em 2016, vemos diariamente diversas demonstrações de preconceito racial.
A história se inicia em 1789, no ritual de casamento entre Luena e Kamal, casal africano que pouco depois do matrimônio é capturado e vendido como mercadoria para senhores de escravos em terras brasileiras. Kamal é o personagem que age no primeiro capítulo como âncora para os enredos que se seguem. Ele é o herói tradicional, que luta com honra e justiça tanto pela felicidade da amada quanto pela sobrevivência dos seus. Toda as sequências envolvendo o personagem e situadas no Congo foram muito bem filmadas, produzidas e sonorizadas.
Numa história narrada sobre seu nascimento, Tia Joaquina conta à Juliana que ela é realmente uma escrava, jogando um balde de água fria na menina que acreditava que, por ter a pele mais clara, poderia ser filha do Coronel Custódio, seu senhor, quando na verdade ela é fruto de uma violência cometida por Osório contra sua mãe. Juliana parece ser uma personagem escrita às sombras das mocinhas das novelas mexicanas. Mesmo sendo uma escrava, vivendo uma vida de privações, mantém sonhos, inclusive os românticos, e se encanta à primeira vista por Miguel, rapaz português, bem educado, que aparece na cidade a princípio a procura de um trabalho.
Dos outros personagens que compõem Escrava Mãe, o destaque fica por conta do embate entre as filhas do Coronel Custódio: Maria Tereza, que tem bom coração e sonhos românticos, sempre imersa em seus livros, possui uma deficiência na perna e é muito amiga de Juliana, tratando-a sempre de igual para igual, e Maria Isabel, a irmã má e egoísta, que ganha o título de vilã juntamente com Fernando Almeida, um homem de caráter duvidoso e financeiramente falido que recebe a proposta de se casar com Maria Tereza em troca de um grande dote.
O primeiro capítulo foi digno de grandes clássicos. Contou toda a trajetória da mãe da Escrava Isaura em um tempo recorde sem cansar o telespectador e logo nesse capítulo ficou nítida as grandes apostas da emissora no elenco da trama. Tais Fersoza, que já havia dado um show com a vilã de Dona Xepa, volta novamente numa personagem má e promete fazer um trabalho impecável. Fernando Pavão também promete ser tão ruim quanto (ou até pior) que o icônico Leôncio Almeida de Rubens de Falco. Roberta Gualda e Gabriela Moreyra também defenderam muito bem suas mocinhas sem serem bobinhas ou chatas. Nayara Justino, Marcelo Batista e Neusa Borges emocionaram na primeira fase da novela na pele de Luene, Kamal e Mãe Quitéria. Aliás, a cena de Luena dando à luz Juliana à beira do rio ao som de Vida de Negro (o "Lerê Lerê" imortalizado pelas duas versões de Escrava Isaura) foi lindíssima. Um começo de arrepiar.
A abertura da novela é um caso a parte e já podemos colocar esta como uma das mais bonitas dos últimos tempos, porque consegue bem mostrar a escravidão no Brasil de uma forma que não romantiza as coisas. A música também casou bem. Bem simbólica e poética.
Enganou-se quem achou que o tema da escravidão iria deixar o horário das sete da Record mais sério e dramático. Pelo menos, neste início, a emissora teve o cuidado de não chocar com cenas de tortura e espancamento. Até a sequência do estupro de Luena foi adaptada ao horário. E, mesmo assim, foi dilacerante. O autor também providenciou núcleos cômicos que vão dar uma amenizada no drama. E nesses núcleos destaques absolutos para Luiza Tomé na pele da Rosalinda Pavão, a dona do cabaré da cidade, e Jussara Freire, como a falida e defensora da moral e dos bons costumes Dona Urraca. Os embates entre as duas estão divertidíssimos.
Mesmo desacreditada, Escrava Mãe mostrou ter potencial para se tornar um grande sucesso, talvez até mesmo como vingança sobre o fato da Record ter protelado tanto sua estreia. As imagens são lindas, os cenários e os figurinos são bem realistas e a história é de tirar o fôlego.
Ding Dong
Eu adoro o Ding Dong. É o melhor quadro do Faustão. Muito bom esses resgates de gente meio esquecida pela mídia, com artistas que fizeram sucesso nos anos 80, 90 e não vemos há anos.
Bate e Volta
Original e inusitada a iniciativa da Band de colocar pessoas de estilos diferentes para trocarem ideia em Bate e volta. O programa com Erick Jacquin e Gabriela Pugliesi e o com Ronnie Von e Mc Biel foram bem interessantes. Ainda vai ter a Mara Maravilha com o Mr. Catra. Promete!
Grace Gianoukas
Mesmo com um time de atores/humoristas de peso como Tatá Werneck, Marisa Orth e Cláudia Gimenez, o grande destaque dessa primeira semana de Haja Coração foi a impecável Grace Gianoukas como a adoravelmente terrível Teodora. A atriz, que já havia feito participações em programas humorísticas como Rá-Tim-Bum e Escolinha do Professor Raimundo e nas novelas Bang Bang e Guerra dos Sexos, é a responsável por um dos mais importantes projetos de humor brasileiro do início dos anos 2000: a Terça – Insana, movimento teatral dedicado a formação de atores, humoristas e autores no humor. Além de atriz, Grace é autora, diretora, cronista e produtora. A Teodora caiu como uma luva para a atriz, que já conquistou o público com suas caras e bocas exageradas e, claro, com as grandes humilhações que ela faz questão de fazer o marido Aparício passar. Será uma pena caso o autor Daniel Ortiz seguir a risca a sinopse de Sassaricando, onde Teodora morria nos meses iniciais. Irei ficar órfão!
Trio Leonora-Penélope-Rebeca
Outro destaque positivo na primeira semana de Haja Coração é o núcleo formado por Leonora, Penélope e Rebeca (Ellen Roche, Carolina Ferraz e Malu Mader), curiosamente, o núcleo principal de Sassaricando. É aqui que está o texto mais esperto, cheio de referências e alguma crítica social embalada no humor. E as três atrizes estão ótimas como estas amigas sem nenhuma sorte no amor que se unem por acaso. Suas sequências divertiram pakas.
O PIOR DA SEMANA
Haja Coração: novela nova com cara de velha
Haja Coração não é um remake de Sassaricando. Segundo seu autor, Daniel Ortiz, sua novela é uma adaptação da obra original de Silvio de Abreu. Só que os primeiros capítulos guardaram muito do espírito da trama de 1987. Apesar do bom aproveitamento de recursos modernos, como Apolo pedir Tancinha em casamento pela câmera do celular, Fedora, literalmente, parando o trânsito para conseguir mais seguidores e curtidas nas redes sociais e a referência ao Big Brother Brasil através da Leonora, que é uma ex-BBB, Haja Coração parece reprise de uma novela antiga. Tudo foi excessivamente explicadinho para que o público assimilasse bem quem era quem. Várias cenas afirmaram e reafirmaram que Giovanni foi preso por um crime que não cometeu, que Aparício era um banana, que Teodora era uma milionária arrogante e sem coração e que a família Abdala tinha alguma coisa haver com o sumiço do marido de Francesca.
De lamentável mesmo só a ridícula invasão de Tancinha na festa de aniversário de Fedora no primeiro capítulo. Uma sequência desnecessária, sem sentido, muita gritaria e pior: sem graça. No segundo em diante, permaneceu o ritmo ágil e a insistência no didatismo na apresentação dos personagens. Mas é só o começo da trajetória de Haja Coração. A novela vai precisar também se desvencilhar desta coisa datada, herança dos anos 80. Toda a cafonice de Fedora, por exemplo, parece daquela época, mesmo a personagem se esforçando para tentar ser moderna e querer se tornar a rainha das redes sociais. Algo ali está provocando ruído. Vamos aguardar.
Abertura de Haja Coração
Vocês já perceberam que as aberturas das novelas mais recentes, de um modo geral, estão extremamente preguiçosas e zero criatividade? Nossa, é muita poluição visual, um monte de colagens e cenas amontoadas na tela onde a gente tem que ver várias vezes e notar os detalhes para entender do que se trata. É o caso de Haja Coração, que mal estreou e já está causando um grande problema para aqueles que sofrem de labirintite. Tentando ser extremamente colorida, passou do ponto na movimentação das cores e formas. Não é porque a Tancinha e a família dela são feirantes que precisa tacar um monte de fruta na telinha, né? Se chegar mundo perto, é capaz de cair uma melancia ou uma laranja na nossa cara. Que falta Hans Donner faz, viu...
Didatismo em Velho Chico
É verdade que Velho Chico propõe uma grande abordagem política, mas precisa ser tão didática? No capítulo de segunda (30), Bento apareceu do nada na escolinha de Beatriz e foi ensinar às crianças algumas coisinhas muito importantes. Depois de explicar a origem da palavra democracia (e de nem ficar surpreso com as crianças de 9 anos respondendo eloquentemente o significado de partículas em latim), Bento começou a declamar sobre as bases da democracia, a importância do voto e tal. Em tempos que os telejornais mais desinformam e confundem, acho muito bacana ver que tem novela que ainda consegue relembrar princípios básicos como o conceito de democracia. Só podiam ter feito em uma cena menos Telecurso 2000, né?
Repetição de situações em Eta Mundo Bom
Mafalda estava prestes a se casar com Romeu, mas foi impedida pela falta de vestido, que acabou se desmanchando no altar. O padre disse que noiva pelada não casava. E assim foi-se um casamento. Sandra estava prestes a se casar com Ernesto, o falso Candinho, mas Pancrácio surgiu na igreja e desmascarou o farsante. O casamento é desfeito no altar. Na sequência, Sandra e o irmão Celso travam uma guerra de bolo. Eponina estava prestes a se casar com Inácio, mas a esposa dele chega na igreja e revela que ele já era casado. O casamento é desfeito no altar. Na sequência, todo o núcleo da fazenda trava uma guerra de bolo. Nesta semana, Sandra estava prestes a se casar com o verdadeiro Candinho, mas ele descobre que é o pai do filho que Filomena está esperando e diz não. O casamento é desfeito no altar. Na sequência, Candinho, Sandra, Celso, Pancrácio e Anastácia travam uma guerra de bolos. Eu sei que o Walcyr Carrasco adora essas situações, mas já tá ficando chato em excesso. Que déjà vu!
Participação de Luiza Brunet em Velho Chico
Um monte de gente gosta muito da Luiza Brunet, acha ela diva e todas aquelas coisas que as ex-supermodelos trazem consigo. E tem também aquela ala que torce para que ela volte a tentar a ser atriz. Isso aconteceu em Velho Chico, numa participação especial nesta segunda (30), quando ela apareceu como a dona de um bordel que Afrânio visitou com seu neto. Luiza apareceu com uma peruca bem da esquisita que mirou na Marilyn Monroe, mas acertou em cheio na drag queen Salete Campari. Mas isso nem foi o maior problema. A questão maior foi o sotaque nordestino que Luiza teve de fazer. Estava totalmente estranho, forçado e com uma entonação que, por vezes, lembrava a voz de uma criança. Totalmente bizarro. Fora isso, Luiza até que se esforça, mas dá para entender porque sua carreira como atriz nunca decolou: é porque ela não nasceu para isso. Quem está acompanhando atualmente a reprise de Anjo Mau no Vale A Pena Ver de Novo, sabe do que eu tô falando. 19 anos separam a fútil Tereza da cafetina Madá, mas a canastrice da intérprete continua a mesma. Cada macaco no seu galho!
Final morno e cheio de falhas de TD+
O grand finale de Totalmente Demais foi como o esperado. As emoções finais da trama tinham sido distribuídas entre os três últimos episódios e, no último, ficou basicamente a decisão de quem ficaria com Eliza. Ela terminou nos braços de Jonatas. O que não foi surpresa nenhuma, né? Os autores chutaram o balde para a coerência na reta final apelando com um golpe baixíssimo (o do melodrama do transplante de fígado) para favorecer uma das pontas desse triangulo amoroso (no caso, Jonatas). Acabou estragando a surpresa final. Arthur acabou ganhando o super prêmio de consolação: Carol. Vocês sabem muito bem que eu sou Arliza de carteirinha (CONFIRA AQUI), mas também gostava do Arthur com a Carolina. Os dois tinham muito sex appeal. O problema é que faltou uma desenvolvimento melhor para o casal Carthur. Achei super incoerente o Arthur, depois de ter passado a trama inteira chutando a Carolina e dizendo que a única mulher que amou de verdade era a Eliza, descobrir, assim, do nada, aos 45 do segundo tempo, que a Carolina é que sempre foi a mulher da vida dele. Aham... Sei...
Aliás, incoerência foi o que não faltou no último capítulo da novela. Arthur tirou seu time de campo e deu a Jonatas a chance de ir a Paris com Eliza. O carrapato, então, simplesmente chama um táxi, diz que está indo para Paris para a mãe e, mesmo depois de ter passado por uma cirurgia complicadíssima no fígado onde ficou entre a vida e a morte, enfrenta um voo de doze horas, porque, afinal de contas, isso aqui é ficção e precisamos voar. E para provar que é ficção mesmo, Jonatas, que nunca tinha viajado na vida, conseguiu um passaporte e um visto para Paris de última hora como num passe de mágica e nem mala levou pra viajar. TÁ SERTU!
Porém, nada foi mais deprimente do que as sequências de Eliza e Jonatas em Paris. Foram de uma pobreza vergonhosa. Um fundo mais falso do que nota de três reais que só causou constrangimento. Só por ter sido a maior audiência do horário das sete desde 2012, acho que Totalmente Demais merecia um pouquinho mais de capricho da produção, né? Para piorar, a cantora Gabrielle Aplin (intérprete de Home, tema do casal Joliza), surgiu do nada cantando a música e tocando violão do lado deles. Parecia até cena do extinto Casseta & Planeta!
Mas não será esses tristes deslizes que irão tirar brilho dessa novela que foi mesmo totalmente demais e que já ganhou um lugar especial no meu coração. Já estou com saudades!
Pra não dizer que não falei das flores, adorei o desfecho da trama de Max. Ele conseguiu arrumar um pretendente, Fernando. E o casal deu um tapa na cara da sociedade passeando de mãos dadas pelo mesmo lugar onde Max havia sido agredido por homofóbicos. Melhor do que mil beijos na boca. E foi bacana também o inédito (que eu lembre) crossover da trama com sua sucessora, Haja Coração. Muita irreverencia e diversão com Fedora abordando Carol, Arthur e Pietro no meio da rua e pedindo para ser a próxima capa da revista Totalmente Demais.
É verdade que eu tenho mil e uma ressalvas quanto às novelas de Walcyr Carrasco (texto didático e excesso de clichês são algumas delas), mas uma coisa não posso negar: o autor é uma verdadeira máquina de criar várias histórias. Eta Mundo Bom é um grande exemplo disso. Toda vez que eu acho que não tem mais da onde vir uma coisa nova, chega uma.
Quando o núcleo da fazenda estava meio murchinho, lá foi Walcyr e trouxe um telefone pra animar as coisas. Quando a mansão estava meio quietinha depois da chegada de Candinho (Sérgio Guizé), o autor chegou com Pandolfo (Marco Nanini), o irmão gêmeo de Pancrácio que está disputando as atenções do público e o coração de Anastácia (Eliane Giardini) com o irmão mais pobre. E se agora parecia que não tinha mais coelhos para serem tirados da cartola, eis que Walcyr teve uma ótima sacada: Cunegundes (Elizabeth Savala) se mudou com toda a família para a mansão de Anastácia. E o que ganhamos com isso? O melhor da semana, é claro!
Desde o início, o clã caipira sempre foi o ponto alto de Eta Mundo Bom (leia aqui). E as cenas dessa semana só confirmaram isso. Gente, o que foi toda aquela sequência da Dona Boca de Fogo comendo lagosta e tendo uma reação alérgica?! Eu ri pakas! Se o plano do Walcyr era continuar trazendo humor e histórias para que a novela não perdesse o ritmo, missão realizada com sucesso. E esse foi só o começo. Certamente, situações ainda mais absurdas e engraçadas virão a acontecer e isso faz com que o público siga assistindo a novela. A verdade é que até eu que vivo reclamando do excesso de guerra de comida já estou ansioso pra ver Cunegundes levando uma torta finíssima na cara em alguma das brigas de família. Ponto pro Walcyr.
Sátiras políticas do Zorra
A atual situação política brasileira possui tantos absurdos que acaba virando um prato cheio para piadas. Nessa hora, vale a máxima do "é melhor rir do que chorar". Nesse clima, o Zorra segue fundo explorando o tema da corrupção e rindo de todos os espectros do universo político. Afinal, a crise política é o principal assunto do Brasil em 2016. Neste sábado (14), o afastamento de Dilma e o time de "ministros notáveis" do Temer (onde não há nenhuma mulher e nenhum negro e onde quase todos são investigados por corrupção) foram ironizados sem piedade. E ainda houve inúmeras referências a problemas que envolveram os governos Lula e Dilma (Lava Jato, mensalão, petrolão e até sítio de Atibaia). Sempre de forma democrática e sem ficar a favor de nenhum lado (petista vs coxinha), o que é o mais legal de tudo. Apostando forte nesse cunho político, o Zorra conseguiu voltar a ter relevância e, principalmente, a fazer rir.
O PIOR DA SEMANA
Encheção de linguiça em Totalmente Demais
Eu sei que o Ibope dela está lá nas alturas, mas Totalmente Demais está virando pura enrolação. Não tem quase mais nada para acontecer. A história começou a decair justamente com a entrada daquela morta-viva psicopata da Sofia, que impôs um clima soturno e pesado a trama (leia aqui). Esse foi o erro cabal da novela: perdeu a leveza, perdeu o bom senso e, sobretudo, a coerência.
A última agora foi a entrada da Danielle Winits como a mãe da Cassandra e da Débora. A personagem abandonou as meninas ainda crianças com o pai Hugo por não suportar a vida tão simples que levava e, depois que ele ficou rico, voltou de olho no dinheiro. Danielle Winits estava afastada das novelas desde Amor A Vida (2013). Mas precisava mesmo dela nesta reta final? Pra começar, o pouco apresentado foi o mais do mesmo que a atriz vive fazendo desde quando era estrela das tramas do Carlos Lombardi: a cômica-sensual. Além disso, sua entrada não agregou nada a história. Em outras palavras, num português mais claro, está enchendo linguiça.
A novela já era pra ter terminado no começo de maio, mas foi esticada até o final do mês por causa dos altos índices de audiência. E se fosse esticada até junho, ficaria pior ainda. A verdade é que não tem mais história. Enquanto a Eliza ficar fazendo cu doce e não decidir logo se quer ficar com o Arthur ou o Jonatas (o que só acontecerá no último capítulo, obviamente), dá-lhe trama criada aos 45 do segundo tempo e casais no vai-e-volta pra disfarçar a "barriga".
Quadro de mágica do Faustão
O novo quadro do programa do Faustão se chama Truque Vip. Pois é, o nome já é meio esquisitão e a coisa vai daí para baixo. A ideia é colocar famosos do elenco global para fazer mágicas ao vivo, tipo um Dança dos Famosos, só que com mágica (e sem o mesmo sucesso).
O problema é que os truques são os mais manjados possíveis, coisa que Mister M já revelou para o mundo há uns bons anos. Os participantes são Maitê Proença, Rafael Vitti, Ludmila e Bruno Garcia. E, no geral, todos ali passaram alguma vergonha ou disseram coisas toscas. Mas nada superou a "mágica" de Rafael Vitti. Ele fez lá seus malabarismos com as cartas, chamou gente do palco, aquela coisa de sempre. Mas o auge mesmo foi na hora de finalizar o truque, quando Rafael tem de tirar de dentro de um vidro a carta marcada pela participante. Para isso, ele coloca um jornal na frente do tal vidro. Ele tem de passar sua mão através da folha do jornal, fazendo com que rasgue. Nesse momento, a câmera dá um superclose no papel e podemos ver a força que o ator faz para rasgar. Percebe-se claramente que há um papelão ali dentro, de onde ele puxa a carta, mostrando que ele não a tirou de jeito nenhum do vidro. supermico.
Quadro que também deu uma boa dose de vergonha alheia foi o de Bruno Garcia, que "escapou" de uma caixa trancada e submersa num tanque com água. Foi bem canastrão. Isso tudo sem falar dos jurados. Debora Secco, Marcelo Serrado e Moisés Lima (da Família Lima). Este último também faz uns frilas de mágico e tentava dar uma opinião mais equilibrada da coisa, mas sem ter muito sucesso. Só pela estreia deste quadro, já dá para ver que Truque Vip promete muito constrangimento nas próximas semanas. Está na hora de resgatar o Mister M.
Declaração homofóbica de Patrícia Abravanel
Nesta semana, Patrícia Abravanel deu uma das declarações mais infelizes e homofóbicas na TV. Ela disse "não ser contra homossexualismo, mas sou contra falar que é normal" e também que "homem tem de ser criado como homem e mulher como mulher". Deu o maior bafafá (e continua dando), ela foi fortemente atacada nas redes sociais (com razão), sofreu boicote em seu programa Máquina da Fama e teve até de se retratar. Isso mostra que não dá para sair falando qualquer tipo de coisa na TV. Não vou me alongar muito porque já falei sobre isso duas vezes essa semana aqui no blog (leia aqui e aqui). A questão está acima do que é ou não politicamente correto ou sobre liberdade de expressão. É uma questão mais humanitária do que qualquer outra coisa e a intolerância tem sido combatida com veemência. Afinal, quem é que decide o que é normal ou não, né? Chamar alguém de anormal é algo que não pode ser feito na televisão. Na verdade, não deveria ser feito em lugar nenhum, mas utilizar a TV para algo assim é imperdoável.
TROFÉU BURRA DA SEMANA (LUDMILLA VS GRETCHEN)
Enquanto participava do quadro Truque Vip, Ludmilla cometeu uma gafe no Domingão do Faustão. Lud já começou o programa dando boa tarde, quando foi interrompida pelo Faustão que avisou que 20h já é noite. Depois, ela perguntou para um rapaz da platéia "De onde você veio?". Ele revelou que era de Minas Gerais, aí...
Faustão, sempre muito falante, se emudeceu diante da cantora.
Parabéns, Ludmilla! Sua maior mágica foi transformar um estado em cidade. Esse truque nem o Mister M consegue desvendar.
E se você pensa que a única burra da semana foi a Ludmilla, está muitíssimo enganado. Quem acompanha o reality show mais animado da TV, o PowerCouple Brasil, viu Gretchen pagando um micão. Em uma prova do programa, as mulheres participaram de um quiz de conhecimentos gerais, quando Gretchen e Simony foram questionadas sobre qual era o menor estado do Brasil. A eterna Rainha do Bumbum errou a resposta (ela disse Rio Grande do Norte quando, na verdade, é Sergipe), mas deu uma "ótima" justificativa:
Miga, tu tá quanto tempo fora do país?! 2.000 anos?! Era melhor ter dito que não sabia e pronto.
E o troféu "Burra da Semana" vai para...
Não se esqueça de visitar a nossa fan page para assistir A Favorita, que está sendo exibida de segunda à sábado, sempre ao meio dia. Clique na foto para ver os capítulos.
E as tardes de domingo ficaram mais tristes. Chegamos a fim do nosso querido reality show. Muitas vozes lindas e incríveis passaram pelo programa que podemos esperar muitas coisas boas na próxima temporada. Apesar das várias lágrimas que rolaram, a final foi só alegria, deixando aquele gostinho de quero mais. Foram dois os momentos mais emocionantes da final: 1 - a apresentação de Carlinhos Brown e Rafa Gomes cantando É Tão Lindo. Sem dúvidas, a mais linda do dia. Rafa passa tanta serenidade em seu canto e Brown soube lidar muito bem com isso, mostrando ser um grande paizão. Ivete ficou com os olhos marejados de vê-los cantando. E quem não ficaria? Fofurômetro explodiu. Mais uma vez; 2 - a maravilhosa carta que Tiago Leifert fez para as crianças dizendo que elas iriam transformar o mundo. "A minha geração falhou. Vocês vão pegar o mundo um pouco quebrado, numa das piores fases da nossa história. Mas essa geração é mais alegre, mais humana, ama mais, e eu sei que vocês vão transformar isso aqui", afirmou Leifert, arrancando lágrimas de todo mundo.
Era claro que a disputa estava entre Rafa Gomens e Wagner Barreto. Não desmerecendo o talento de Pérola Crepaldi, mas ela não possuía as mesmas características cativantes dos outros. Wagner tem a melhor voz dos três e as melhores performances (vocalmente falando), porém, Rafa tem um carisma estrondoso e encanta a todos com suas altas doses de fofura, tanto é que se tornou a queridinha da edição nas redes sociais. Quem acabou se sagrando o grande vencedor foi Wagner. Merecidamente, afinal, o programa se chama THE VOICE e a melhor voz era mesmo a dele (leia mais aqui).
Depois de doze domingos cheios de fofura (pelo menos depois do almoço), vai ser difícil se desapegar ao The Voice Brasil Kids. A versão infantil do programa encantou todo o país e isso não é segredo pra ninguém (leia minha crítica final sobre o reality bem aqui). Que venha a segunda temporada!
A morte de Belmiro em Velho Chico
É preciso aplaudir de pé o verdadeiro show de atuação de Cyria Coentro e Fabiula Nascimento em todas as sequências resultantes do assassinato de Belmiro, que morreu para salvar o filho. Que cenas fortes e tristes. Destaque também para Renato Góes, ótimo, e Chico Diaz, que se despediu em grande estilo. Uma entrega visceral e arrebatadora. Fora o espetáculo da fotografia. Perfeito. Emocionante.
Cachorro faz coco ao vivo no Faustão
Quem sabe faz ao vivo! O momento engraçado foi no quadro em que crianças têm de fazer seus cachorros realizar algumas tarefas. Numa dessas, entrou uma menina com um cãozinho todo alucinado que não parava de correr pelo palco. Ninguém segurava o bicho até o momento em que ele para e faz um cocozinho. O riso foi geral. Faustão soltou um "eita!" e também riu da situação. Rapidinho entrou um trio da equipe de limpeza e tirou a sujeira o programa. Foi divertidíssimo.
O PIOR DA SEMANA
Por que Jacquin, Paola e Fogaça ficaram tão estúpidos?
Jurado de reality show, seja musical, seja culinário, geralmente quer dar uma de malvadão. Ou, pelo menos, sempre tem um lá que é casca-grossa. É aquele tipo que sai distribuindo patada para todos os lados. A questão é que no MasterChef brasileiro temos a impressão de que os três estão lá para serem estúpidos mesmo com os participantes. Na edição do programa de terça (29/03), rolou um monte de grosserias. Talvez até mais do que nos dois primeiros programas desta temporada. Jacquin, Paola e Fogaça parece que têm prazer em detonar alguns dos desavisados que aparecem por lá. Tudo bem que tem uns que exageram e chegam lá sem saber o que estão fazendo, mas precisa mesmo de toda essa grosseria? Amigos, é um programa de TV, né? Entendo que os três têm de desempenhar determinados papéis, mas não tem necessidade de tanta patada assim. Dá para pegar mais leve. Não precisam ficar humilhando as pessoas. Por mais toscas que elas sejam. O que aconteceu com a espontaneidade do trio nas duas primeiras temporadas? Agora parecem que viraram uma caricatura deles mesmo.
Tristes noites de quarta-feira...
Os que buscam um bom entretenimento nas noites de quarta-feira e fogem do futebol precisam agora escolher entre uma entrevista apelativa dita "polêmica" no Gugu, um barraco entre famílias distribuindo socos, tapas e ofensas no Teste de DNA no Ratinho, passar longos minutos vendo clientes do Baú da Felicidade/Jequiti rodando peões (e nada mais do que isso) no Pra Ganhar é só Rodar ou os debates infundados do Superpop que nos levam do nada a lugar nenhum com figuras "causadoras" como Marco Feliciano, Jair Bolsonaro, ex-BBBs, Andressa Urach (sempre ela!) e outras subcelebridades que sabe-se lá como ainda conseguem se manter na mídia sendo vazias e sem um bom conteúdo. Tristes noites de quarta-feira... Será que programas de auditório mais alegres, com músicas e entrevistas, não trariam resultados tão ou mais interessantes quanto os atuais? Eu agradeceria!
Ingenuidade de Anastácia e Filomena fazem Eta Mundo
Bom andar, mas quem aguenta tanta burrice?
É bom que se diga que Eta Mundo Bom ganhou mais agilidade nos últimos capítulos com Ernesto (Eriberto Leão) fingindo ser Candinho (Sergio Guizé). A história está esquentando! Entretanto, você há de convir que tem que ser muito trouxa para cair nesse teatrinho meia boca armado por Sandra (Flávia Alessandra). Uma hora Ernesto fala certo, outra hora com um sotaque caipira beeeeeeem forçado. E Anastácia (Eliane Giardini) não desconfia de nada. Quer dizer, até desconfia, mas graças a Maria (Bianca Bin), o único ser esperto dessa novela que percebeu o sotaque: "Em uma frase seu filho falou medalhão e em outra medaião". Mas se a milionária tem dúvidas se Ernesto é mesmo seu filho perdido porque não procurar a família caipira dele, já que o verdadeiro Candinho foi criado na fazenda com Cunegundes (Elizabeth Savalla) e ela sabe disso?! Porque, certamente, Walcyr não teria história para os próximos loooongos meses de novela que vem por aí. Haja paciência e enrolação!
E o que dizer da Filó (Débora Nascimento), que caiu na armação mais manjada e repetitiva feita pelos vilões de toda a teledramaturgia: dar um "boa noite, Cinderela" no mocinho, ele cair no sono, a vilã o colocar em sua cama seminu e a mocinha chegar bem a tempo de dar o flagrante e pensar que ele a traiu. Furiosa, Filó nem pensou duas vezes e terminou tudo com Candinho. Se pensasse, veria que tem muita coisa errada nessa história, já que Candinho sempre foi um homem bom e Diana (Priscila Fantin) nunca valeu nada. O mais engraçado foi ver depois Diana dizer que Filomena deveria agradece-la por ter mostrado quem Candinho era de verdade indo pra cama com ele e a mocinha (pasmem!) agradecendo. Tá de sacanagem, né?! Bora pra rua, vamos protestar: IMPEACHMENT DA FILÓ, JÁ! Amor fraquinho esse, que termina com qualquer armaçãozinha de araque...
"Ah, mas se o Candinho ficar feliz com Filomena e encontrar sua mãe agora acabou a história, não temos novela", é o que muitos vão dizer. Ué? Por quê? O ofício do autor não é criar histórias? Que Walcyr Carrasco bote a caixola para funcionar ao invés de ser dependente no que há de mais irritante nas novelas para fazer a história andar: a ingenuidade excessiva de seus personagens. Já deu!