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sábado, 23 de janeiro de 2016

Será que Totalmente Demais se tornará a nova Geração Brasil?


Quando o No Limite estreou no Brasil em 2000 e depois rolou a estreia da Casa dos Artistas e do Big Brother Brasil, muita gente na época disse que os folhetins estavam ameaçados pelas novelas da vida real que esses programas ofereciam. Bem, estamos em 2016 e as novelas seguem firmes e fortes, assim como os realities também. Foi questão de tempo para que esses dois formatos se misturassem.

Um dos primeiros exemplos que me lembro sobre reality show dentro da teledramaturgia foi um que tinha dentro da novela Celebridade, justamente para mostrar pessoas que queriam ser celebridades a todo custo. Sangue Bom, em seu último capítulo, criou o hilário AQPC - A Que Ponto Chegamos, com ex-famosos e subcelebridades confinados dentro de uma casa em busca de dois milhões de reais e, principalmente, de saírem do anonimato e voltarem pra mídia (qualquer coincidência com A Fazenda terá sido mera coincidência?). Ainda teve Amor à Vida, que mesclou com competência ficção e realidade com a presença da divertidíssima personagem Valdirene (Tatá Werneck) na casa do BBB14, interagindo com os brothers como se estivesse concorrendo mesmo ao prêmio. Mas a novela que inseriu um reality show com maior importância em sua trama foi Geração Brasil, com o tal reality que dava o título da novela para escolher o sucessor do poderoso Jonas Marra (Murilio Benício).


Para quem não se lembra, Jonas Marra era tipo um Steve Jobs tupiniquim e, após criar um império nos Estados Unidos, volta para o Brasil trazendo seus negócios para cá e criando o Concurso Geração Brasil, cujo grande vencedor seria o sucessor de Jonas na Marra Brasil. A seleção foi feita justamente através de um desafio, onde os hackers teriam que quebrar um sistema de segurança e invadir o site do empresário, provando que entendem tudo de computação e tecnologia. Os dez primeiros jovens, entre 14 e 23 anos, que conseguiram foram selecionados para entrar nesse tal reality, onde tiveram que passar por várias provas. Pretensiosa, Geração Brasil falhou ao mirar demasiadamente em tecnologia e no universo corporativo, desprezando os telespectadores não antenados e que não davam a mínima para o assunto. Mas disso eu deixo pra falar numa próxima matéria. O foco aqui é outro.


Os autores Filipe Miguez e Izabel de Oliveira acertaram na condução do reality fictício e as situações vividas pelos nerds no confinamento eram bem interessantes. Realmente, parecia um reality show e quem acompanha BBB podia identificar várias semelhanças nas provas, desafios e, principalmente, nos conflitos entre cada um dos participantes. Prejudicada pela transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2014, tinha dias em que Geração Brasil era exibida por apenas míseros cinco minutinhos. Nesse período, que durou cerca de duas semanas, os autores foram ousados e criativos ao transformarem o reality no grande protagonista temporário da novela. O problema é que, com o fim do concurso, Geração Brasil desandou completamente. A trama começou a patinar, a dar voltas e mais voltas que não levavam a lugar nenhum, ficou confusa, desinteressante e terminou como um grande trambolho. "Mas porque fazer toda essa longa introdução sobre Geração Brasil sendo que a matéria é sobre Totalmente Demais?", é que você deve estar se perguntando. Calma, leitor apressado...

Como eu disse em minha última crítica sobre Totalmente Demais (leia aqui), a novela é totalmente clichê. Uma das poucas inovações é uma espécie de reality show dentro da história, o Concurso Garota Totalmente Demais, que pretende revelar a new face do mundo da moda. E a trajetória do concurso trouxe alguns pontos positivos em relação à Geração Brasil. O primeiro deles é o fato de ser palatável para todo o público. Mesmo quem não gosta de reality ou de assuntos ligados ao mundo da moda, consegue se sentir envolvido na história porque o Garota Totalmente Demais é, acima de tudo, folhetim puro e possui os requisitos necessários de um bom melodrama para fisgar o público.


Entretanto, nem tudo são flores! A decisão de ter apenas uma modelo eliminada por etapa, além de ter todo o período de preparação para cada uma das tarefas, foi um bom aprendizado tirado de Geração Brasil, cujo concurso foi exibido rápido demais e resolvido em poucas semanas. Não foi a toa que a novela afundou após o fim dele. Mas bem que o Garota Totalmente Demais podia ser um pouquinho mais ágil, né? Lembram que cada praga do Egito demorava uma semana em Os Dez Mandamentos? Pois na novela das sete, cada etapa do concurso dura mais de uma semana! É verdade que a chegada da cativante perua Stelinha (Glória Menezes roubando a cena) deu um novo gás ao entrecho, servindo para apressar o processo de myfairladyzação de Eliza (Marina Ruy Barbosa). Mas a história do concurso, no geral, se resume unicamente na protagonista se preparando para cada uma das etapas e na Carolina (Juliana Paes) tentando sabotá-la com a ajuda de Cassandra (Juliana Paiva).

O grande barato do Concurso Geração Brasil era que ele movimentava todos os núcleos ao mesmo tempo, uma vez que cada família da história teve um integrante selecionado. Isso deixava a gente realmente curioso e na expectativa pra ver quem venceria o concurso. Já o do Garota Totalmente Demais é extremamente previsível. Das 13 garotas selecionadas, apenas duas fazem parte da trama: Eliza e Cassandra. O resto é tudo figurante, que, justamente, são sempre as eliminadas. Cassandra tinha sido a pior na primeira etapa, mas escapou por pouco da eliminação graças a uma outra garota que tinha infligido uma das regras do concurso. Na segunda etapa, Eliza foi a pior, mas escapou por pouco da eliminação graças a uma outra garota que revelou estar grávida. E assim se repetiu na terceira etapa e, certamente, nas subsequentes também. Uma repetição chata demais! Isso porque ainda estão dez garotas na disputa, logo, ainda teremos mais dez provas pela frente. Aja paciência!


Talvez, esse lengalenga sirva para mostrar a evolução de Eliza, cuja transformação pode ser percebida de forma sensível e gradativa. A atriz está ótima, assim como a Juliana Paiva, cuja Fatinha 2.0 é um delicioso alívio cômico. Para a nossa sorte, ao contrário de Geração Brasil, a novela não se restringe às várias fases do concurso e todas as histórias/conflitos dos personagens vão sendo desenvolvidas paralelamente. E é isso que faz de Totalmente Demais a novela mais agradável da atualidade, desde as paralelas até a trama principal (ouviu isso, A Regra do Jogo?). A grande questão é se Totalmente Demais conseguirá manter o ritmo após o fim do concurso ou se vai se tornar uma nova Geração Brasil. A seu favor, temos uma história mais simples e mais folhetinesca, com personagens atraentes e carismáticos e uma grande gama de novos enlaces narrativos - como a aposta de Arthur (Fábio Assunção) com Carolina (Juliana Paes), já que se Eliza não ganhar o concurso ele perderá a sua agência para ela e ela perderá sua agência para ele caso Eliza ganhe. É esperar pra ver...

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