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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

'Além do Tempo' chega em reta final "devagar, devagarinho"


Estava eu assistindo TV quando me deparei com o teaser de Além do Tempo que passa nos intervalos comerciais soltando aquela terrível frase: "últimas semanas". As chamadas de Êta Mundo Bom, próxima novela das seis, já estão no ar. A atual acaba dia 16 de janeiro, mas não percebi que estava tão perto assim do fim por um simples motivo: Além do Tempo está sendo cozinhada em fogo brando!

 
A história saiu do século XIX e passou a ser ambientada em 2015 a partir do dia 21 de outubro e, no início, tudo ainda funcionava como uma nova descoberta, mas que não era total, já que já existia certa familiaridade do público com os personagens. Essa era, justamente, a proposta de Elizabeth Jhin: falar sobre uma trama de reencarnação, que começava no passado e atravessaria o tempo, como bem sugere o título, mostrando duas vidas distintas de um mesmo grupo de almas. Com isso, Além do Tempo acabou perdendo o ritmo e até deu uma desacelerada inicial, mas continuou instigante e encantadora porque propôs uma brincadeira ao público de perceber o que mudou neste reencontro, onde estão posicionados os personagens que tanto curtiu em suas vidas anteriores e quais seriam os novos desfechos deles. Entretanto, essa fase de "reinício" da trama durou mais que o desejado. Um mês se passou no novo século e a novela continuava com cara de que tinha acabado de estrear.

Além do Tempo sempre usou e abusou de vários clichês na primeira fase e isso nunca foi motivo de crítica, pois os utilizava com competência. Só que agora, em pleno século XXI, acabou se tornando enfadonha essa temática tão clichê e folhetinesca. Tiro como exemplo a vilã Melissa (Paolla Oliveira), que já fez de tudo para não perder Felipe (Rafael Cardoso) e inferniza-lo: fingiu gravidez, acabou descobrindo que estava realmente grávida, perdeu o bebê, escondeu de todos que perdeu o bebê, fez chantagem emocional, usa o filho para manipular e ameaçar o ex-marido... Dá até pra fazer um bingo com todos esses clichês de mulher rejeitada em novela, né? Eu, particularmente, nunca gostei dessa "recaída" de Melissa. Logo no início da segunda fase, cheguei a simpatizar com ela, parecia uma esposa dedicada que não merecia ser traída. Mas com a volta da sua vilania, Além do Tempo ficou parecendo "mais do mesmo". Ainda que os personagens carreguem algumas características e "contas a acertar" das vidas passadas, ficou tudo previsível e igual demais, sem muitas novidades com relação à primeira fase. Nesse ponto, Elizabeth Jhin errou feio e poderia ter ousado mais. Seria interessante, por exemplo, se ela tivesse deixado o público dividido entre duas "mocinhas" disputando o amor de Felipe, sem essas diferenças tão grandes entre a Lívia (Alinne Moraes) e a Melissa. Tenho certeza que, no último capítulo, Felipe, Lívia, Melissa e Pedro (Emílio Dantas) terão quase o mesmo embate que no final da primeira fase, só que com um desfecho feliz para os mocinhos, querem apostar?
 

Pior do que ver Melissa repetindo que não vai aceitar perder Felipe e que fará da vida dele um inferno, é Anita (Letícia Persiles) se questionando pela milésima vez se deve seguir seu coração e se render pelo amor que tem por Afonso (Caio Paduan) ou ser racional e se render a proposta de ter um filho com Roberto (Rômulo Estrela). Aliás, foi muito óbvio esse lance de Roberto querer ter o filho de Anita que rejeitou na vida passada, né? Até agora estou querendo entender o Cadu Libonati (bem ruinzinho, diga-se de passagem) fazendo a reedição do Jeff de Malhação Sonhos, só que médium. E até a divertidíssima família de Mássimo (Luís Melo), que era um dos pontos altos da primeira fase da trama, perdeu bastante a graça. Salomé (Inês Peixoto), por exemplo, foi uma das personagens que mais perdeu a importância nessa segunda fase, assim como a Zilda (Nívea Maria). Em contrapartida, Dorotéia (Júlia Lemmertz) tem roubado a cena agora com sua boas tiradas, que conseguem divertir e quebrar um pouco a chatice da filha, Melissa. Outros que também cresceram bastante nessa nova fase foram Gema (Louise Cardoso), Raul (Val Perré), Severa (Dani Barros) e Emília (Ana Beatriz Nogueira).
 
A trama mais forte e empolgante (talvez, a única) da segunda fase é o embate entre Emília e Vitória (Irene Ravache), que vem desde a vida passada, quando eram nora e sogra e se detestavam. Só que antes, Vitória era rica e má e Emília a pobre e boa. Agora as posições se inverteram, a relação das duas mudou para mãe e filha e, com a entrada de Juca de Oliveira, a história ficou ainda melhor e mais instigante. Alberto (Juca de Oliveira) nunca perdoou Vitória por tê-lo abandonado quando a filha dos dois ainda era pequena. Pouco tempo depois, ela se arrependeu e quis reatar. Ele se recusou e inventou que a garota tinha morrido. Criou Emília estimulando um ódio profundo pela mãe e um desejo de vingança. Vitória passou anos mandando rezar missas pela filha que acreditava estar morta. Hoje rica, Emília já pisou em Belarrosa despejando a mãe e ocupando a casa dela. Nessa semana, Vitória veio, finalmente, descobrir o motivo de tanta ira por parte de Emília. A mentira de Alberto está vindo à tona. São esses acertos de contas que fazem o clima esquentar e rendem cenas épicas em um show de interpretação para Irene Ravache, Ana Beatriz Nogueira e Juca de Oliveira.
 
 
O problema é que essa trama de vingança parece não ter muita história para contar e render outros desdobramentos. Por isso, a autora vai cozinhando a novela em fogo brando e disfarçando a "barriga" da trama na maneira que pode: usando bons ganchos (o ápice no fim do capítulo), o que causa aquela sensação de que algo aconteceu no capítulo do dia, quando, na realidade, a trama anda "devagar, devagarinho"; os constantes flashbacks do século XIX intercalando com cenas da segunda fase; encerrando a novela com diálogos importantes da fase anterior num fundo musical arrepiante... São esses trunfos da Elizabeth Jhin que salvam Além do Tempo de ser uma espécie de Em Família 2.
 
Agora que estão faltando menos de três semanas para o fim da novela das seis, a julgar pela primeira fase, podemos esperar um final bastante movimentado e de tirar o fôlego, com todos os entrechos sendo resolvidos. Mas bem que a autora poderia ter levado essa trama com mais fervura, né? De qualquer forma, Além do Tempo segue sendo uma boa novela e já entrou para a história da teledramaturgia por sua ousada passagem de tempo em que virou "duas novelas em uma".
 
 

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